ESCRITA - Lição 13, JESUS CRISTO, o Modelo Supremo de Caráter, Pr. henrique - EBD NA TV

Lição 13, JESUS CRISTO, o Modelo Supremo de Caráter
2º Trimestre de 2017 - Título: o Caráter do Cristão - Moldado Pela Palavra de DEUS e Provado Como Ouro
Comentarista: Pr. Elinaldo Renovato de Lima (Pr.Pres.ADPAR - Assembleia de DEUS em Parnamirim/RN)
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454
Ajuda - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao4-fhc-3tr13-jesus-omodeloidealdehumildade.htm
 
 
TEXTO ÁUREO"[...] E o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, DEUS Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." (Is 9.6).
 
 
VERDADE PRÁTICAComo Homem, JESUS encarnou e demonstrou ter um caráter perfeito, suportando as fraquezas humanas, sem dar lugar ao pecado.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Jo 1.2 JESUS, o Verbo de DEUS
Terça - Gn 3.15 JESUS, a semente da mulher
Quarta - Jo 1.14 JESUS, o Unigênito do Pai
Quinta - At 10.38 JESUS, ungido por DEUS
Sexta - Jo 14.6 JESUS, o caminho, a verdade e a vida
Sábado - Mt 24.30 JESUS voltará "com poder e grande glória"
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Mateus 1.18, 21-23; 3.16,17Mt 1.18 - Ora, o nascimento de JESUS CRISTO foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do ESPÍRITO SANTO.
21 - E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 22 - Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: 23 - Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL. (EMANUEL traduzido é: DEUS conosco).
Mt 3.16 - E, sendo JESUS batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o ESPÍRITO de DEUS descendo como pomba e vindo sobre ele. 17 - E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
 
OBJETIVO GERAL
Explicar que o crente só terá uma vida frutífera se estiver ligado à Videira Verdadeira.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar JESUS de Nazaré como Filho do Homem;
Apontar o ministério e caráter supremo de JESUS;
Explicar a respeito da morte, ressurreição e volta de CRISTO.
 
INTERAGINDO COM O PROFESSORPrezado professor, vamos concluir o trimestre estudando a respeito do Homem mais importante de todos os tempos - JESUS. Sua vinda a este mundo se deu de forma sobrenatural e foi tão significativa e marcante que a História foi dividida em duas partes: antes de CRISTO e depois. Como Homem, JESUS teve um desenvolvimento e um caráter perfeito que refletia a sua natureza divina. Até os 30 anos, Ele viveu como todo judeu. Foi apresentado no Templo por seus pais, participou das festas judaicas, trabalhou como carpinteiro, pagou impostos e teve uma vida sociável, indo a jantares na casa dos amigos e a festas de casamento. Por isso, JESUS deve ser nosso modelo e referência como Homem e servo. Que possamos seguir sempre os seus passos, glorificando o seu nome.PONTO CENTRAL - Como Homem, JESUS demonstrou ter um caráter perfeito
 
Resumo da Lição 13, JESUS CRISTO, o Modelo Supremo de Caráter
I - JESUS DE NAZARÉ, O FILHO DO HOMEM
1. Sua origem humana.
2. Sua entrada no mundo.
3. Seu desenvolvimento humano e espiritual.
II - SEU MINISTÉRIO E CARÁTER SUPREMO
1. O caráter exemplar de JESUS.
2. Na prática,
3. Seu caráter é referência para a Igreja.
III - A MORTE, RESSURREIÇÃO E VOLTA DE CRISTO
1. A morte de CRISTO, exemplo supremo de amor.
2. A ressurreição de JESUS e a sua vinda em glória.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - JESUS de Nazaré foi e é o Filho do Homem
SÍNTESE DO TÓPICO II - Como Filho do Homem, JESUS teve um ministério e caráter supremo.
SÍNTESE DO TÓPICO III - JESUS veio ao mundo, morreu, ressuscitou e voltará novamente para buscar aqueles que são seus
 
"JESUS é o maior e mais excelente personagem da História."
 
PARA REFLETIR - A respeito de JESUS CRISTO, o modelo supremo de caráter, responda: Para que JESUS se fez homem? Para remir o homem perdido.
Que fez JESUS dos doze aos trinta anos? Provavelmente, Ele exerceu o ofício de carpinteiro, aguardando o momento de iniciar seu ministério.
Que revelam as ações de JESUS em seu ministério? O lado divino e o lado humano de sua personalidade singular.
Cite algumas características do caráter de JESUS como homem perfeito. Humilde, manso, misericordioso, pacificador.
Como JESUS demonstrou seu amor pelos homens? Ele demonstrou seu amor na prática.
 
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 70, p42.
 
SUGESTÃO DE LEITURA - JESUS: Morto ou Vivo? - Ressurreição - A Supremacia de CRISTO em um Mundo Pós-Moderno
 
 
 
COMENTÁRIO RÁPIDO DO  DO Pr. Henrique
Lição 13, JESUS CRISTO, o Modelo Supremo de Caráter
INTRODUÇÃO
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Mateus 11:29
Nesta Lição estaremos aprendendo de JESUS que é a perfeição.
Tudo o que precisamos ser é como JESUS. O conhecimento de JESUS nos fará perfeitos.
Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2
Para ter o ESPÍRITO  SANTO é através DELE.  E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; João 14:16
Para se chegar ao PAI é através DELE. Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. João 14:6
Para ver o Pai tem que ver JESUS - Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? João 14:9
Para ser salvo é através DELE.  Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. 1 Timóteo 2.5
A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Romanos 10:9
 
Reflexão – Em que sou parecido com JESUS?
 
O APÓSTOLO  PAULO SE PARECIA COM CRISTO EM QUE?
Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. Gálatas 2:20.
 
São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.
Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas. Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase? Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é eternamente bendito, sabe que não minto. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem. E fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos. 2 Coríntios 11:23-33
 
EM QUE NÓS MINISTROS DE CRISTO NOS PARECEMOS COM CRISTO?
EM MANSÕES? EM FAZENDAS? EM LUGAR DE DESTAQUE NA MÍDIA? EM CONTAS NA SUIÇA E PARAISOS FISCAIS? EM CARGOS PÚBLICOS? EM FESTAS E BANQUETES MOVIDOS A CHURRASCOS E COCA COLA?
 
Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado; Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, Nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, Na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, Na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, Por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros;
Como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos;
Como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo. 2 Coríntios 6:3-10
 
I - JESUS DE NAZARÉ, O FILHO DO HOMEM
1. Sua origem humana.
DEUS (na pessoa de JESUS) se fez homem e habitou entre nós, mas nunca deixou de ser DEUS (na pessoa de JESUS) - As Escrituras dão testemunhos, de diversas maneiras, da humanidade de Jesus Cristo. Ele era “Filho de Abraão” (Mt 1.1); “da descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1.3), concebido pela virgem Maria (Lc 1.31), “nascido de mulher (Gl 4.4), nascido de Maria (Mt 1.252.11Lc 2.7), “se fez carne” (Jo 1.14; cf. Rm 1.31 Tm 3.16). Ele foi um bebê (Mt 2.11,14,20,21Lc 2.7,16), Ele “crescia em sabedoria, e em estatura” (Lc 2.52), trabalhou como carpinteiro (Mc 6.3), teve fome (Mt 4.2Mc 11.12), teve sede (Jo 4.719.28), viveu as emoções da alegria e da tristeza (Lc 10.21Jo 12.27), foi crucificado, morreu, e ressuscitou dos mortos. Ele é claramente chamado de homem (Jo 1.30Act 17.31Rm 5.151 Co 15.21,471 Tm 2.5Hb 2.6-9).
 
 
Jo 1.1- “No princípio era o verbo, e o verbo estava com DEUS, e o verbo era DEUS”.

Para compreender porque JESUS CRISTO é chamado de verbo, precisamos saber que uma frase para ser construída é necessário que haja um sujeito, um verbo e um complemento.
DEUS é um ser triuno, ou seja, é PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO (Jo 3.13-17).
Vamos aprender mais se construirmos uma frase, vejamos então:

Frase - DEUS salva o homem.

D E U S                S A L V A           O H O M E M
Sujeito                 Verbo                 Complemento
O que ordena       o que faz            o resultado
Idealizador           realizador           revelador
PAI                       FILHO                ESPÍRITO SANTO

Conclusão: DEUS PAI planejou a salvação do homem,
DEUS FILHO morreu por nós na cruz do calvário, executando o plano de DEUS,
DEUS ESPÍRITO SANTO revelou-nos esta salvação, convencendo-nos do pecado, da justiça e do juízo.

Outra demonstração para fácil assimilação da trindade de DEUS é tomarmos como exemplo o sol:
O sol em si representando o PAI, a ordem para fazer;
A luz do sol representando o FILHO, o cumprimento da ordem;
O calor do sol representando o ESPÍRITO SANTO, a revelação, o poder como resultado.
 

O homem é uma tricotomia - Três partes de um todo. Mas cada parte é distinta e não concordante. Por exemplo: Ao acordar Domingo pela manhã o aluno da EBD poderá ser pego na seguinte situação: Seu corpo quer ficar na cama e dormir, seu espírito quer ir para a EBD e sua alma, hora fica querendo ir para a EBD, hora quer dormir. É uma guerra do corpo contra o espírito e do espírito contra o corpo. Vence quem a alma apoiar (a alma que pecar, esta morrerá - ela tem o poder de decisão). por isso o homem não é uma trindade, não é uma triunidade. O corpo, a alma e o espírito podem ter opiniões diferentes e decisões diferentes. Já DEUS concorda em tudo, em três pessoas com os mesmos desejos e vontades e decisões.
 
 
E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele.
E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Mateus 3.16,17.
 AI ESTÁ A TRINDADE BEM CLARA - FILHO NA ÁGUA; ESPÍRITO SANTO EM FORMA CORPÓREA COMO POMBA; PAI FALA DOS CÉUS.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Mateus 28.19
 
Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade. Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num. 1 João 5:6-8 - VEJA A TRINDADE AQUI DE NOVO - o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo. AI ESTÁ DIZENDO - e estes três são um.
 
Não havia sequer um justo, todos pecaram – COMO SALVAR A HUMANIDADE? Não havia um homem que pudesse fazer isso.
E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei. Ezequiel 22:30
O QUE ERA NECESSÁRIO PARA SAVAR O HOMEM? Era preciso um homem que nunca pecou e que aceitasse levar sobre ele os pecados de todos e as maldições e as suas doenças e enfermidades, depois morrer no lugar deles numa cruz e ir para o lugar que eles deveriam ir, o inferno. DEUS nãop achou nenhum para fazer isto.
 
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Romanos 3:23
Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Romanos 5:12
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; Gálatas 3.13.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores. Isaías 53:4,5, 12.
 
DEUS MESMO VEIO FAZER O QUE O HOMEM NÃO PODIA FAZER.
DEUS SE TABERCULARIZOU – DEUS MESMO SE FEZ HOMEM PARA REALIZAR A TAREFA DE SALVAR O HOMEM.
 
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Filipenses 2:8
 
JESUS, O VERBO DE DEUS - CRISTOLOGIA - A doutrina de Jesus Cristo - Esequias Soares
NO PRINCÍPIO, ERA O VERBO, E O VERBO ESTAVA COM DEUS, E O VERBO ERA DEUS... E O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS, E VIMOS A SUA GLÓRIA, COMO A GLÓRIA DO UNIGÊNITO DO PAI, CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE
JOÃO 1.114
O apóstolo João começa seu evangelho apresentando Jesus como o Verbo de Deus. Ele usa o termo grego logos, que a maioria de nossas versões traduz por “Verbo” ou “Palavra”. Ele emprega esse vocábulo apenas no prólogo, duas vezes (Jo 1.114 ), e não no resto do evangelho, pois relata a história do Jesus Homem, o Verbo feito Carne. O apóstolo emprega, ainda, o referido termo em sua primeira epístola (1 Jo 1.1) e em Apocalipse 19.13. Trata-se de uma palavra que exige explicação para tornar-se compreensível ao povo na atualidade, entretanto, era conhecida aos leitores da época.
O LOGOS
Nós recebemos o ensinamento de que Cristo é o primogênito de Deus e indicamos que ele é o Verbo, do qual todo o gênero humano participou. Portanto, aqueles que viveram conforme o Verbo são cristãos.
O termo hebraico é דָּבָר (dābār),2 “palavra, fala, discurso, coisa” (HARRIS; ARCHER, JR.; WALTKE, 1998, p. 292), traduzida na Septuaginta alternadamente por λόγος e ῥῆμα (logos e rhēma). Esses vocábulos gregos são usados nela como sinônimos, sendo que rhēma é mais comum no Pentateuco, Josué, Juízes, Rute e Jó. Para o judeu ou qualquer oriental da antiguidade, a palavra não era um mero som, mas algo de existência independente e cheio de poder (Sl 33.6107.20147.15Jr 23.29). Veja que a palavra de Isaque, quando abençoou a Jacó, não podia mais voltar atrás (Gn 27.33). No relato da criação é manifesto o poder da Palavra de Deus (Gn 1.3611142024).
Os Targumim usam o termo aramaico מֵימַר (mēimar) “palavra, declaração, discurso” (JASTROW, 1996, p. 775; SOKOLOFF, 1992, p. 305) para “Senhor”, isso em diversas passagens onde há a presença de elementos antropomórficos empregados para Deus. Isso acontece centenas de vezes, mas vamos a alguns exemplos: “Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus” (Êx 19.17). Os judeus consideravam essa declaração demasiadamente humana para falar de Deus, por isso parafrasearam traduzindo por “ao encontro com a palavra de Deus”, no Targum de Ônquelos. Algo semelhante acontece no mesmo Targum com a frase “isso é um sinal entre mim e vós” (Êx 31.13), vertendo por “entre minha palavra e vós”. Algo semelhante acontece no profeta Isaías: “a minha mão fundou a terra” (Is 48.13), no Targum de Jonathan encontramos “por minha palavra fundei a terra”.
salmo 119 é um tesouro que melhor representa a palavra com suas diversas nuanças. Em Provérbios 8 e 9, a sabedoria é o agente de Deus na iluminação e na criação. Assim, sabedoria e razão são uma mesma coisa, dessa forma, o Logos está presente na literatura sapiencial ou de sabedoria, coletânea de pensamentos dos sábios de Israel, inspirados por Deus e registrados nos livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Essa coletânea ensina que a Sabedoria “é a tua vida” (Pv 4.13) e tem existência eterna (Pv 8.23).
AS TRÊS CLÁUSULAS DE JOÃO 1.1
A primeira parte de João 1.1 diz: “No princípio era o Verbo” (Jo 1.1a). No princípio ele já existia. Antes mesmo de Gênesis 1.1, o Verbo já estava com o Pai. Ele não pode fazer parte da criação: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). Assim, ele não pode ter sido uma criatura, porque nada há no universo que não tinha vindo dele. Antes da criação e do tempo começar, o Verbo já existia (Jo 8.58).
Essa afirmação diz respeito a sua eternidade. A Bíblia declara “no princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1), mas o apóstolo João foi mais além ao afirmar que “no princípio era”, ou seja, já existia o Verbo. O imperfeito grego ἦν (ēn), “era”, é existencial e transmite a idéia de continuidade. Esse pensamento teológico é confirmado em todo o contexto bíblico. Ele já existia mesmo antes de começar o tempo, existe por si mesmo (Jo 5.26) e transcende a linha do tempo “ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17). Estava com o Pai antes da criação do mundo (Jo 17.524).
A pré-existência de Cristo é eterna. O profeta Miquéias, ao anunciar o nascimento do Messias na cidade de Belém de Judá, concluiu a mensagem dizendo: “e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2). Isto revela que o Filho já existia na eternidade, antes da criação de todas as coisas. Em Isaías, Jesus é chamado de “Pai da Eternidade” (9.6). Como pode ser o Filho criatura, visto que o texto sagrado nos diz aqui que ele é o “Pai da Eternidade”?
Há outra passagem que corrobora esta grande verdade: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente” (Hb 13.8).
Além disso, lemos em João 1.3: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”; ou “por intermédio dele” (ARA). A palavra grega usada aqui é dia, διά (dia), “através de, por meio de, por, causa de” (BALZ & SCHNEIDER, 2001, vol. I, p. 894). Essa mesma palavra é aplicada ao Deus-Pai: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36). “Todas as coisas foram feitas por ele”? O texto joanino é claro e objetivo ao mostrar que nada há nesse infinito universo que não seja criado pelo Senhor Jesus.
O conceito de eternidade do Logos é o mesmo que a Bíblia apresenta como um dos atributos incomunicáveis de Deus: “O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade” (Sl 93.2). Isso significa que Deus é livre de toda a distinção temporal de passado ou de futuro, ele não teve um começo e nem terá fim em seu Ser, é de duração infinita de tempo, sem início nem fim. É essa a idéia que o apóstolo transmite ao afirmar “no princípio era o Verbo”.
“E o Verbo estava com Deus” (Jo 1.1b). O termo “Deus”, nessa cláusula, é uma referência ao Pai, pois o nome grego theos, “Deus”, no Novo Testamento, quando vem acompanhado do artigo ou sem outra qualificação, refere-se sempre ao Pai, veja os seguintes exemplos: ὀ δ ατς θες... (ho de autos theos...), “mas é o mesmo Deus” (1 Co 12.6), o artigo é “ho”; καὶ ἡ ἀγάπη το θεοῦ (kai hē ágapē tou theou), “e o amor de Deus” (2 Co 13.13), “tou” é a forma flexionada de hoες θες κα πατρ πάντων (heis theos kai patēr pantōn), “um só Deus e pai de todos”, “patēr” é o qualificativo (Ef 4.6); ες δόξαν θεο πατρός (eis doxan theou patros), “para a glória de Deus Pai”, patros é o qualificativo (Fp 2.11), são alguns exemplos. Nem sempre a presença do artigo grego aparece nas versões em língua moderna. Aqui, a expressão pros ton theon, “com o Deus”, mostra idéia de um relacionamento dinâmico numa comunhão perfeita na eternidade passada entre o Pai e o Filho. A preposição grega pros, “com”, na construção feita pelo apóstolo indica um plano de intimidade e igualdade, face a face.
Assim, a parte b de João 1.1 mostra o Pai como Pessoa distinta do Verbo, contra o pensamento modalista e, também, contra os unicistas da atualidade. Esses grupos, embora defendam a divindade de Jesus, negam a doutrina bíblica da Trindade.
A manifestação das três pessoas distintas é clara nas Escrituras. O batismo de Jesus (Mt 3.1617) e a oração sacerdotal de Cristo, em João 17, são exemplos clássicos contra a teologia deles (Jo 8.17181 Jo 2.22-24). O apóstolo volta a enfatizar que o Pai é uma pessoa e o Filho, outra, no vesículo seguinte, “ele estava no princípio com Deus” (Jo 1.2).
“E o Verbo era Deus” (Jo 1.1c). A idéia nesse versículo é progressiva, uma declaração vai esclarecendo a anterior até culminar com a declaração enfática “e o Verbo era Deus”. Se o prólogo do evangelho João (1.1-14) fosse o único lugar nas Escrituras em favor da divindade do Verbo já teríamos subsídios suficientes, entretanto, essa doutrina é ensinada em todo o contexto bíblico. Jesus é Deus igual ao Pai (Jo 5.18,10.30; Cl 2.9).
Ele é apresentado como Criador de todas as coisas: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3). O Criador do mundo agora estava ele entre os homens: “estava no mundo e o mundo foi feito por ele” (Jo 1.10); como Vida e Luz: “nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.4). Tanto o Pai como o Filho são a fonte da vida: “amando o SENHOR, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e te achegando a ele; pois ele é a tua vida” (Dt 30.20); “como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo” (Jo 5.26).
Vida é contrário de morte, de destruição, e a vida que Jesus veio trazer é a vida eterna, não simplesmente pela sua duração, mas pela sua qualidade, é a vida de Deus cheia de gozo e alegria, oferecida a todos os pecadores que se arrependerem de seus pecados. Jesus disse: “eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). No penúltimo capítulo do evangelho de João, o apóstolo declara “que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.30).
Luz é um atributo divino, é verdade que Jesus ensinou no Sermão do Monte que seus discípulos são “a luz do mundo” (Mt 5.14), mas não temos luz própria. Assim, como a lua reflete na Terra a luz do sol, da mesma maneira nós refletimos para o mundo a luz de Cristo. Todo o contexto bíblico mostra e ensina de maneira enfática e expressa que Deus é Luz (1 Jo 1.5), que “habita na luz inacessível” (1 Tm 6.16). Esse termo aparece mais de 20 vezes no evangelho de João, e Jesus é apresentado nele como a luz do mundo: “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). No relato da Criação afirma que Deus, pelo poder de sua Palavra, fez aparecer a luz, que desfez o caos (Gn 1.2,3). O Senhor Jesus é a “luz que alumia a todo o homem que vem ao mundo” (Jo 1.9) e desfaz o caos da vida humana.
“E O VERBO SE FEZ CARNE”
No prólogo do seu evangelho, o apóstolo João descreve algumas características e atributos divinos e encerra afirmando explicitamente que o Verbo se tornou homem: “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). Ele habitou entre nós. O verbo grego usado, aqui, para “habitar” é σκηνόω (skēnoō) “morar em uma tenda”, (BALZ & SCHNEIDER, 2002, vol. II, p. 1431); σκηνή (skēnē) significa “tenda, cabana, tabernáculo”. O apóstolo empregou um verbo que indica morada provisória, diferente daquele que o apóstolo Paulo usou para enfatizar a sua divindade: “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). O verbo grego, nesse caso, é κατοικέω (katoikeō), “viver, habitar” e cuja idéia é de morada permanente (BALZ & SCHNEIDER, 2001, vol. I, p. 2269, 2270). Ele andou entre nós, manifestando os atributos da divindade. As características divinas do Verbo feito carne são demonstradas ao longo de sua narrativa.
O termo Logos foi estratégia do Espírito Santo ao inspirar o apóstolo João na produção de seus escritos. Esse vocábulo foi um recurso extraordinário, naquela época, para alcançar judeus e gregos, pois era do conhecimento desses povos o conceito de “palavra”, ou seja, dâbâr, em hebraico e logos, em grego. As traduções hebraicas do Novo Testamento usam dābār, em João 1.1141 João 1.1 e Apocalipse 19.13. Convém ressaltar que a idéia grega é impessoal, porém, o Logos de João 1.1 é pessoal e recebeu o nome Jesus ao vir ao mundo. Foi o termo usado para que a mensagem do evangelho fosse perfeitamente compreensível pelas civilizações semítica e grego-romana, “primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16). A palavra é o principal recurso numa comunicação, por isso Deus revelou-se a si mesmo por meio de sua Palavra: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito, que no seio do Pai, este o fez conhecer” (Jo 1.18), ou “o Deus unigênito”, de acordo com alguns manuscritos (ARA).
Reúnem-se em Jesus todas as qualidades divinas que o descreve como o único Salvador da humanidade. Sua história e suas obras não se limitam ao período entre o nascimento e a morte, ele esteve presente desde a eternidade passada, atuou na história do povo de Israel, veio como homem e sua glória foi vista pelos de sua geração, realizou a obra da redenção na cruz do Calvário, retornou ao Céu, de onde dirige a sua igreja, e voltará em glória para estabelecer a paz universal.
 
"Mas, vindo a plenitude dos tempos, DEUS enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos" (Gl 4.4,5).
 
JESUS nasceu na plenitude dos tempos
“Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei” Gálatas 4,4
 
A expressão “plenitude do tempo”sublinha o caráter histórico escatológico da encarnação, a qual acontece em um ponto preciso da história humana (o aoristo “chegou”) coloca em evidência seu valor messiânico; “enviou Deus”: significando verbalmente enviar expedir, e interpreta-se com a descrição da missão do Filho Jesus enviado pelo Pai. Um verbo de uso comum no helenismo e muito usado na LXX aparece no versículo G1 4,4 e 4,6; entretanto, no Novo Testamento seu uso é raro, somente o encontramos em Lucas e nos Atos dos Apóstolos. A expressão “plenitude do tempo” confirma a espera da humanidade pela sua salvação e a concretização desta obra pelo filho de Deus Jesus no momento designado por Deus. http://www.abiblia.org/ver.php?id=2303
 
PLENITUDE DOS TEMPOS - http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-content/uploads/2009/05/plenitudedostempos.pdf
"Mas, vindo a plenitude dos tempos, DEUS enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos" (Gl 4.4,5).
A primeira observação que devemos fazer é: Jesus é um ser humano histórico, ou seja, ele viveu durante um certo intervalo de tempo e nesse mundo em que nascemos, vivemos e morremos até hoje. Não é exatamente isso que nos mostra o evangelista Lucas. Na verdade, ele buscou situar a pessoa histórica de Jesus dentro de limites temporais. Segundo ele, Jesus de Nazaré nasceu sob o governo do imperador Augusto (Lc 2,1). No ano décimo quinto do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe, tetrarca da Ituréia e da Traconítide, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo sumo-sacerdotes  Anás e Caifás (Lc 3,1). Como podemos observar em Mc 1,15 e Gl 4,4, existe uma delimitação temporal de um conjunto de condições históricas, políticas, econômicas, sociais e geográficas, às quais, para eles, propiciaram a encarnação do Verbo, constituindo assim, como vimos, o kairós de Deus. Esses textos revelam que Jesus Cristo não nasceu numa época qualquer, mas ao chegar a “plenitude dos tempos”. Como as profecias messiânicas não apontam para uma data da vinda do Messias, não se pode interpretar esses textos como fazendo alusão ao cumprimento de uma profecia específica. De acordo com os estudiosos, a interpretação adequada de “plenitude dos tempos” é: “tempo certo”, “momento ideal”, “ocasião propícia” designada por Deus, mas não revelada nas profecias escritas. Assim, temos a seguinte definição técnica para a expressão “plenitude dos tempos”:5 época ou contexto histórico cuja realidade (acontecimentos) foi muito favorável ao objetivo da vinda de Cristo ao mundo, que é a anunciação e propagação universal do Evangelho. A natureza dessa realidade é a uniformização política propiciada pelo sistema administrativo do Império Romano, somadas as contribuições religiosas, dos judeus, e culturais, dos gregos, que já faziam parte desse ambiente mundial. Como vimos acima, essas três civilizações trouxeram grandes contribuições para a ocorrência do evento central e único6 da linha da salvação durante o Império Romano do século I. Roma influenciou na política, os gregos na questão intelectual e os judeus na religiosidade. Os romanos Como já sabemos, os romanos influenciaram politicamente os povos sob seu domínio. A seguir, algumas contribuições prestadas por Roma à difusão do cristianismo:
1- Domínio mundial de Roma;
2- Os povos unificados;
3- A paz universal – pax romana;
4- A importância das cidades;
5- O intercâmbio entre os vários povos.
O cristianismo, durante os três primeiros séculos de existência, não ultrapassou os limites do Império Romano.
Os romanos, como nenhum outro povo até então, desenvolveram um sentido da unidade da espécie sob uma lei universal.
A paz universal – Pax romana - Era um período de paz. A ausência de guerras contribuiu para o cristianismo, contudo as guerras também influenciaram na prosperidade da nova religião. As conquistas romanas levaram muitos povos à falta de fé em seus deuses, uma vez que eles não foram capazes de protegê-los dos romanos.
A importância das cidades
A cultura helênica se alastrou restritivamente nas cidades, onde se concentravam o comércio e o trânsito, possibilitando a aquisição de riquezas e o desenvolvimento de uma vida de bem-estar. No meio rural, o conservadorismo das aldeias preservou sua diversidade. As mudanças na cidade ocorreram no sentido da busca de cultura grego-romana.  A população da cidade usava forma comuns em muitos setores de vida. A cidade, então, era o lugar onde a nova civilização podia ser experimentada, onde novos empreendimentos eram estimulados em primeiro lugar. Era o lugar em que, se houvessem mudanças, podiam ser constatadas e até procuradas. Assim como a cultura helênica era urbana, o cristianismo também o foi. A expansão da Igreja cristã deu-se, sobretudo, nas cidades espalhadas pelo Mediterrâneo. Paulo traçou sua estratégia de propagação do Evangelho a partir da seleção de cidades que possuíam intenso volume de difusão de cultura, cidades que serviam como rotas de grandes massas populacionais.
O intercâmbio entre os vários povos
“O fio condutor para qualquer história do cristianismo primitivo e mais antigo é a irresistível expansão da fé cristã na região do Mediterrâneo durante os primeiros cento e vinte anos”. Havia uma prosperidade aparente pelo fato de haver um intenso intercâmbio comercial entre todos os povos conquistados pelos romanos. Houve a construção de estradas, cuja função era propiciar a rápida comunicação entre os vários pontos do império, o que facilitava a relação entre as várias etnias existentes naquela região. Pelas estradas romanas circulavam mercadorias, pensamentos, cultura, dinheiro e pessoas. Essa ligação foi tão importante como o é a globalização atualmente. O mundo até então conhecido estava interligado, o, não por cabos e satélites, mas por estradas romanas. Estradas foram construídas e mantidas; o Mediterrâneo ficou quase que totalmente livre dos piratas. Cidades livres tinham permissão de cunhar suas próprias moedas. As taxas foram estabilizadas, passaram a ser cobradas de maneira mais eqüitativa e eficiente, e até, em alguns casos, foram temporariamente reduzidas.
Filosofia grega
Existem ai cinco elementos fundamentais na teologia cristã, os quais foram adotados da filosofia grega: • o conceito de transcendência: as idéias eram, para Platão, as essências das coisas. Se as idéias e, com elas, a abstração, representam o real, as coisas terrenas perdem seu valor; • a desvalorização da existência; • “a doutrina da queda da alma da eterna participação no mundo essencial ou espiritual, sua degradação terrena num corpo físico, que procura livrar-se da escravidão desse corpo, para finalmente elevar-se acima do mundo material”; • a Providência Divina; • “o divino é forma sem matéria, perfeito em sim mesmo” (Aristóteles). A filosofia grega preparou o caminho para a vinda do cristianismo por ter levado à destruição as antigas religiões.
Os judeus
Por mais importantes que as contribuições de Atenas e Roma, como pano de fundo histórico, tenham sido para o cristianismo, as contribuições dos judeus formam a herança do cristianismo. O cristianismo pode ter se desenvolvido no sistema político de Roma e pode ter encontrado o ambiente intelectual criado pela mente grega, mas seu relacionamento com o judaísmo foi muito mais íntimo. Os judeus prepararam o “berço do cristianismo”, fizeram os preparativos para seu nascimento e alimentaram-no na sua primeira infância. Abaixo estão elencadas as contribuições dos judeus para o desenvolvimento do cristianismo: • monoteísmo; • esperança messiânica; • sistema ético; • Antigo Testamento; • filosofia da história; • sinagoga.
Monoteísmo
O monoteísmo judaico apresenta algumas distinções do monoteísmo cristão. O monoteísmo judaico preparou os povos pagãos para o cristianismo. O judaísmo contrastava flagrantemente com a maioria das religiões pagãs, ao fundamentar-se num sólido monoteísmo espiritual.
Esperança messiânica
Os judeus ofereceram ao mundo a esperança de um messias que estabeleceria a justiça na terra.  Apesar da diversidade das versões sobre o messias e o tempo da salvação, todas elas tinham em comum a aparição do ungido de Deus como regente e juiz que poria termo à humilhação de Israel, expulsaria os pagãos e fundaria o reino da glória.
Sistema ético
Na parte moral da lei judaica, o judaísmo também ofereceu ao mundo o mais puro sistema ético de então. O elevado padrão proposto nos Dez Mandamentos chocava-se com os sistemas éticos prevalecentes e com práticas por demais corruptas dos sistemas morais pelos quais se pautavam.
Antigo Testamento
Jesus fez uso constante do Antigo Testamento para nutrir a sua própria vida e basear os seus ensinos, e, consoante seu exemplo, as Escrituras judaicas eram lidas regularmente nas reuniões de cultos primitivos cristãos. O Antigo Testamento era composto, como Jesus mesmo testifica (Mt. 5,17), pela Lei e os profetas.
Recém-nascida teologia judaica.
Em Alexandria, surgiu também a primeira escola teológica judaica que tentou combinar os ensinos das Escrituras com a filosofia grega, prática também utilizada por alguns apóstolos, como João e Paulo.
Filosofia da história
A filosofia da história substantiva procura estabelecer a significância de um evento dentro do contexto de toda a história. Os judeus tornaram possível uma filosofia da história por insistirem que a história tem significado. Eles se opuseram a toda e qualquer visão que deixasse a história sem significado.
Sinagoga
Os judeus também forneceram uma instituição, da qual muitos cristãos esquecem a utilidade, no surgimento e desenvolvimento do cristianismo primitivo. Essa instituição era a sinagoga. Foi ela a casa de pregação do cristianismo primitivo. No tempo de Jesus, existia uma sinagoga em cada povoado de judeus. Renan ressalta que “não se poderia compreender a disseminação do cristianismo sem as sinagogas”. Nas cidades maiores, como Jerusalém, e também Roma, Alexandria ou Antioquia, havia várias sinagogas para o culto, o estudo da lei e o ensino às crianças. Renan declara que as sinagogas já estavam espalhadas por toda a região marginal do Mediterrâneo. Notamos as três principais funções da sinagoga: culto, estudo da Lei e ensino das crianças.
Conclusão
Concluímos, do que foi exposto, que a plenitude dos tempos é o que podemos chamar de kairós de Deus — o tempo certo de Deus. Não haveria momento mais propício à eclosão do cristianismo do que aquele inaugurado por Augusto César. Um mundo unificado política e culturalmente jamais tinha existido até então. Havia um intercâmbio comercial, intelectual e populacional muito grande. O dialeto ático — koinê — era o utilizado nas cidades, a filosofia aguçava a mente humana para as coisas transcendentais, tudo era favorável para algo novo e revolucionário.
O ser humano greco-romano necessitava de respostas. Descobrir o sentido da existência era o cerne de suas vidas. O Evangelho deu-lhes aquilo que estavam buscando — o sentido para a existência — algo que a filosofia, o judaísmo, as religiões de mistérios etc. não conseguiram satisfazer.  O QUE O HOMEM NECESSITAVA ERA DE JESUS. A HORA ERA AQUELA - A PLENITUDE DOS TEMPOS CHEGOU.
 
 
2. Sua entrada no mundo.
POR QUE JESUS NASCEU DE UMA MULHER PARA VIR À TERRA NOS SALVAR?
O PRIMEIRO ADÃO FOI CRIADO POR DEUS COM CORPO, ALMA E ESPÍRITO - PRONTO JÁ - AQUI NA TERRA. POR QUE JESUS NÃO APRECEU DE REPENTE JÁ COM CORPO, ALMA E ESPÍRITO?
 
Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. João 10:1-5
 
Dois Que Vieram Do Céu E Estão Na Terra
Curral - Mundo
Ovelhas - Seres Humanos
Porta - Nascimento Físico (Nascer De Mulher)
Bom Pastor - JESUS
Outra Parte - Expulso Do Céu, Está No Mundo Também, Mas Sem Forma Humana, Não Nasceu De Mulher.
Ladrão E Salteador - Satanás
JESUS nasce de uma mulher, essa é a primeira vez que DEUS está na Terra numa forma totalmente humana. Em carne e osso. Em tudo semelhante ao homem, com excessão do pecado original vindo de Adão, já que não nasceu de semente humana corrompida proveniente de Adão. Quando é gerado pelo ESPÍRITO SANTO no últero virgem de Maria não existe contato físico dela com algum homem,portanto a herança pecaminosa de Adão não lhe é passada. A semente do pecado está no homem e vai passando de pai para filho (o esperma, a semente de Adão, contém o pecado).
Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Romanos 5:12
A semente que gera a vida está no homem, no espermatozoide - A mulher só recebe a semente e ela se desenvolverá até se formar um ser humano.
 
Lucas 2.1-7
1 E aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse. 2 (Este primeiro alistamento foi feito sendo Cirênio governador da Síria.) 3 E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. 4 E subiu da Galiléia também José, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), 5 a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida.
6 E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. 7 E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
 
Lc 1:26-56 (Comentario Biblico Moody)
A Anunciação à Maria. 1:26-56.
27. A uma virgem desposada com certo homem . . . cujo nome era José. A lei judaica considerava o compromisso do noivado tão válido quanto o casamento. O noivado era completado depois de negociações realizadas pelo representante do noivo e depois de pago o dote ao pai da moça. Depois de assumido o noivado, o noivo podia reclamar a noiva a qualquer momento. O aspecto legal do casamento estava incluído no compromisso de casamento; o casamento propriamente dito era apenas um reconhecimento do compromisso que já fora estabelecido. José tinha todo o direito de viajar com Maria a Belém. Da casa de Davi. Pelos direitos de adoção, considerado como filho de José, JESUS podia reclamar a herança real da casa de Davi.
28. Favorecida. A palavra pode ser traduzida para cheia de graça, mas refere-se a quem é o recipiente da graça e não a fonte da mesma.
29. Que significaria esta saudação. Ser escolhida dentre todas as outras mulheres para receber uma bênção era perturbador. Maria não entendeu por que ela fora escolhida para esta honra.
31. A quem chamarás pelo nome de JESUS. JESUS é a forma grega para o Josué hebreu, que significa Jeová é salvação. Compare a narrativa de Mateus da anunciação feita a José (Mt. 1:21).
32. O trono de Davi, seu pai. Os descendentes de Davi reinaram sobre Judá desde o Reino Unido até o Exílio numa dinastia ininterrupta. O anjo predisse que JESUS completaria essa sucessão.
33. Reinará para sempre sobre a casa de Jacó. Esse reino será tanto temporal quanto espiritual.
34. Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? A pergunta de Maria confirma a declaração de sua virgindade no versículo 27. José ainda não a tomara por mulher.
35. Descerá sobre ti o ESPÍRITO SANTO. Em contraste com as lendas pagãs da antiguidade relacionadas com reputada descendência de deuses e homens, não houve nenhuma intervenção física. O ESPÍRITO SANTO, por meio de um ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a Encarnação.
36. Isabel, tua parenta. Se Maria e Isabel eram primas em primeiro grau, JESUS e João Batista eram em segundo grau.
38. Aqui está a serva do Senhor. A pronta aceitação de Maria demonstrou seu caráter devoto e obediente. Ela estava pronta para se arriscar a cair em desgraça e divórcio para cumprir a ordem de DEUS.
43. A mãe do meu Senhor. A saudação de Isabel mostra que ela estava pronta a reconhecer o Filho de Maria como o seu Senhor.
46. A minha alma engrandece ao Senhor. Os versículos de 46 a 56 são chamados O Magnificat, que tem origem na primeira palavra da tradução latina. Compare à oração de Ana (I Sm. 2:1-10).
47. DEUS, meu Salvador. Maria não era sem pecado; ela reconhecia a sua necessidade de um Salvador.
48. Serva (gr. doulê). Literalmente, uma escrava.
49. Porque . . . me fez grandes coisas. Melhor: fez grandes coisas em meu favor.
 
Quando Nasceu Jesus? A melhor estimativa é 29 de setembro de 5 a.C.
 
Neve é comum por dois ou três dias em Jerusalém e nas proximidades de Belém em dezembro e janeiro. Esses eram os meses de inverno, de elevados índices de precipitação (muitas chuvas) quando as estradas, nos tempos bíblicos, ficavam praticamente inutilizáveis e as pessoas permaneciam dentro de casa, sempre que possível.
Essa constatação é uma evidência importante a reprovar dezembro como o mês de nascimento de Jesus Cristo. Perceba que, na época do nascimento de Jesus, os pastores mantinham seus rebanhos nos campos à noite. “Havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite” (Lucas 2:8). Era prática comum entre os pastores deixar os rebanhos nos pastos de abril até outubro, mas nos meses frios e chuvosos, os rebanhos eram trazidos de volta para os estábulos e ali abrigados.
Um comentário admite que, “como os pastores não haviam ainda levados seus rebanhos para os estábulos, é de se presumir que outubro ainda não havia começado e que, conseqüentemente, nosso Senhor não nasceu em 25 de dezembro, quando já não existem rebanhos nos campos! Não pode ele haver nascido depois de setembro, quando os rebanhos já não se encontravam mais nos campos à noite.  Efetivamente, a hipótese do nascimento de Jesus em dezembro precisa considerar esses fatos. A alimentação dos rebanhos à noite nos campos é um fato cronológico, que projeta considerável luz sobre esse ponto controverso” (Commentary, de Adam Clark, Abingdon Press, Nashville, nota sobre Lucas 2:8).
 
O evangelista, doutor Lucas, o médico amado, escreveu a história do nascimento de JESUS CRISTO, paralelamente, a de João Batista. Podemos chamar de histórias dos nascimentos dos dois meninos, pois, em primeiro lugar, Lucas apresenta os anúncios do nascimento de João Batista e de JESUS CRISTO (Lc 1.5-25, cf. w.26-38); depois, a visita de Maria a Isabel (Lc 1.39-45); o cântico de Maria e a informação de que ela passará três meses na casa de sua prima Isabel (Lc 1.46-56); em seguida, a narrativa do nascimento de João Batista (Lc 1.57-66); o cântico de Zacarias, seu pai (Lc 1.67-80); depois, a narrativa do nascimento de JESUS CRISTO (Lc 2.1-7); logo mais, a chegada dos pastores de Belém (Lc 2.8-20); em seguida, a circuncisão e a apresentação de JESUS no Templo (Lc 2.21-24); a alegria de Simeão e da profetisa Ana com o nascimento do Salvador (Lc 2.25-38); e  a visita dos "magos" com seus presentes; e o encontro de JESUS com os doutores da Lei, no Templo, aos doze anos de idade (Lc 2.39-52).
Nas seções narrativas dos anúncios natalícios sobre JESUS CRISTO e João Batista, e de seus respectivos nascimentos, os grandes hinos presentes na narrativa lucana tomou um vulto grandioso na História da Igreja: o Magnificat, cântico de Maria exaltando a DEUS pelas suas obras (1.46-55); o Benedictus, o cântico de Zacarias quando bendiz o DEUS de Israel e profetiza sobre o ministério de João Batista (1.68-79).
As narrativas dos nascimentos de JESUS e de João têm o objetivo de deixar claro, desde o início da obra evangélica, a importância suprema da pessoa JESUS CRISTO. Enquanto João tinha pai e mãe, e fora fruto do relacionamento entre Zacarias e Isabel, a narrativa igualmente deixa claro que a mãe de JESUS, Maria, não conheceu homem algum. E que o Filho de DEUS fora concebido no ventre de Maria pela obra do ESPÍRITO SANTO.
No Benedictus, o cântico de Zacarias, João Batista foi profetizado como o precursor do Messias, JESUS, o Salvador do Mundo. O grande profeta foi reconhecido pelo povo e por Herodes. João Batista descortinou o caminho do Filho de DEUS para o arrependimento do povo, após apresentá-lo a fim de que esse povo reconhecesse o Filho de DEUS, o desejado entre as nações.
É importante que o estudante da Bíblia compreenda a forma como as narrativas do Evangelho de Lucas estão estruturadas, pois ela apresenta uma estrutura que faz sentido na forma como JESUS CRISTO é apresentado a partir do capítulo 3 do Evangelho.
Revista Ensinador Cristão - CPAD, n° 62, p. 38.
É isto, juntamente com o que já encontramos (capítulos 1 e 2 do Evangelho de Mateus), é tudo o que sabemos a respeito do nosso Senhor JESUS, até que Ele iniciou a sua obra pública, aos trinta anos de idade.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 526.
 
Vos nasceu hoje... o Salvador (11). Esta é a palavra favorita de Lucas e também do seu companheiro Paulo. Os termos “Salvador” e “salvação” aparecem mais de quarenta vezes nos seus escritos, ao passo que aparecem raramente nos outros livros do Novo Testamento. Não é apenas o fato da chegada do Salvador que constitui as boas-novas da mensagem do anjo, mas a natureza da Sua salvação. Embora os pastores pudessem provavelmente ter interpretado aquela salvação como sendo material e política, todo o Novo Testamento é inequívoco na sua interpretação como sendo moral e espiritual. O bebê anunciado pelos anjos seria o Salvador que os libertaria do pecado.
Fica claro que os anjos desejavam que os pastores fossem e vissem o Salvador, pelo fato de que lhes indicaram o lugar - a cidade de Davi, a própria cidade deles. Além disto, o anjo lhes deu um sinal para que pudessem identificar o Salvador. Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 372.
 
3. Seu desenvolvimento humano e espiritual.
 
A INFÂNCIA DE JESUS - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao2-jhp-2tr15-o-nascimento-de-jesus.htm
E O MENINO CRESCIA E SE FORTALECIA EM ESPÍRITO, CHEIO DE SABEDORIA; E A GRAÇA DE DEUS ESTAVA SOBRE ELE... E CRESCIA JESUS EM SABEDORIA, E EM ESTATURA, E EM GRAÇA PARA COM DEUS E OS HOMENS
LUCAS 2.4052
São poucos os relatos inspirados da infância de Jesus, por isso devemos extrair deles tudo o que pudermos para uma melhor compreensão da mais bela história da humanidade. Nada se sabe da vida de Jesus depois do relato de seu nascimento até a sua manifestação pública a Israel, exceto o que Lucas escreveu. O relato de Lucas 2.40-52 quebra o silêncio desse período.
LOCALIZANDO OS FATOS NO TEMPO
Somente Mateus e Lucas registraram os acontecimentos do nascimento de Jesus, esses relatos estão nos dois primeiros capítulos de Mateus e de Lucas. Muito pouco sabemos desse evento, mas sobre a infância de Jesus sabemos menos ainda, pois restringe-se a uns poucos versículos de Lucas. Quanto à cronologia, o tempo mencionado no primeiro evangelho é muito vago, pois segue o estilo do Antigo Testamento, afirma que Jesus nasceu “no tempo do rei Herodes” (Mt 2.1) e que “naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia” (Mt 3.1), veja Êxodo 2.11 e Isaías 38.1. Lucas foi mais preciso e devemos a ele a localização dos fatos no tempo, pois afirma que Jesus nasceu por ocasião de um censo decretado por César Augusto quando Cirênio era governador da Síria (Lc 2.12) e o seu ministério começou no “ano quinze do império de Tibério César” (Lc 3.1). Essas datas existem porque os fatos são reais e históricos. Assim, Lucas fornece datas globais, e João deixa pista para se saber a duração do período do ministério terreno de Jesus.
Segundo os historiadores romanos Tácito e Suetônio, o período áureo de Roma do governo de Júlio César e Augusto havia terminado a partir de Tibério, que assumiu o governo depois da morte de Augusto em 14 d.C. Esse período chamado de “Período de Augusto” é reconhecido como o momento do apogeu da literatura latina, no seu governo Jesus nasceu.
Devemos ao apóstolo João a informação dos três anos e meio do ministério terreno de Jesus, pois ele menciona quatro páscoas: “estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém” (2.13); “depois disso, havia uma festa entre os judeus, e Jesus subiu a Jerusalém” (5.1); “e a Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima” (6.4); “estava próxima a Páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da Páscoa, para se purificarem... Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa a Betânia” (11.55; 12.1). Porém, há muita discussão sobre a “festa” mencionada em João 5.1, pois o texto não especifica visto que os judeus celebravam, na época, pelo menos cinco festas anuais: Festa da Páscoa (Lc 22.1), Festa do Pentecostes (At 2.1), Festa dos Tabernáculos (Jo 7.2), Festa de Purim, que só aparece no livro de Ester (Et 9.2628293132), e a Festa da Dedicação (Jo 10.22). Assim, fica difícil saber a que festividade o apóstolo está se referindo. Considerando a festa de João 5.1 como a da Páscoa, então teremos pouco mais de três anos desde o batismo de Jesus até ao Calvário.
O SILÊNCIO DOS EVANGELHOS
De Mateus infere-se que Jesus estava com cerca de dois anos de idade quando José e Maria fugiram para o Egito (2.16), esclarece-se que o retorno deles para Israel só aconteceu depois da morte de Herodes, o Grande, quando seu filho, Arquelau reinava na Judéia (2.19, 22). Jesus, provavelmente retornou do Egito, com José e Maria, quando estava com a idade entre três e quatro anos.
Muitos estranham o silêncio dos evangelhos sobre a vida de Jesus dos 18 anos entre a sua visita a Jerusalém, quando estava com 12 anos, até o início do seu ministério. Isso nunca foi problema para os cristãos, mas a curiosidade, às vezes, induz-nos a procurar mais informações sobre a vida de nosso Salvador. Porém, o compromisso do cristão é “não ir além do que está escrito” (1 Co 4.6). O silêncio que precedeu o início da apresentação pública de Jesus é natural e não deve surpreender os cristãos, porque os evangelhos se concentram no seu ministério, mesmo assim, dá atenção especial à última semana da vida terrena de Cristo, semana da Páscoa, em que foi realizada a redenção.
O CRESCIMENTO DE JESUS
Convém considerar a infância de Jesus, enfocando o seu desenvolvimento físico, intelectual e espiritual: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens... E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.4052).
Lucas apresenta, ainda que apenas um lampejo, o desenvolvimento físico “em estatura” (2.52), espiritual e intelectual de Jesus “e o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (2.40). Deus verdadeiro, Criador do Céu e da Terra, assumiu a forma humana vindo como homem de maneira que o curto relato rechaça toda e qualquer possibilidade de associação com a mitologia pagã ou com a magia. Era um desenvolvimento gradual físico e mental, seu crescimento espiritual na adolescência é mais uma prova de sua natureza humana.
Assim, temos autoridade para falar que foi criança e precisava da proteção divina, dos cuidados maternos, e que precisou aprender a comer, a andar e a falar dentre outras coisas comuns aos humanos. Ele viveu entre nós e andou entre os homens com todas as características dos seres humanos, mas sem pecado, pois deu testemunho de uma vida impecável. Essas informações fornecidas por Lucas, portanto, estão de acordo com todo o contexto bíblico e ajudam-nos a compreender a natureza humana de Cristo.
Jesus foi levado a Jerusalém para a cerimônia de purificação (Lc 2.22). Depois disso, parece ser a sua primeira visita à Cidade Santa e ao Templo, mas não podemos ter certeza, o que sabemos é que José e Maria iam anualmente para lá (2.41). Dessa vez, o menino Jesus estava com 12 anos (Lc 2.42). A ida de Jesus a Jerusalém, nessa idade, foi um evento significativo. Era o início de sua adolescência.
A Páscoa era naquela época, e é ainda hoje, a maior festa religiosa do judaísmo. Todos os adultos do sexo masculino tinham a obrigação de freqüentar o Templo para a celebração das festas solenes (Êx 23.1417). Quem morava numa região fora do raio de 25 quilômetros da Cidade Santa não tinha a obrigação de ir às festas religiosas judaicas, o Talmude expressamente isentava as mulheres desse compromisso (Hagigah 1.1).7 José e Maria eram religiosos dedicados e, como todo judeu devoto, por residirem na Galiléia, mais de 140 quilômetros de Jerusalém, não tinham essa obrigação, contudo, todos os anos iam à Festa da Páscoa: “Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa” (Lc 2.41). José e Maria não procediam de família rica, e mesmo com escassos recursos financeiros, não deixavam de ir aos cultos para adoração. Um exemplo de dedicação e amor a Deus que deve ser seguido por todos os cristãos.
A festa durava sete dias (Êx 13.6), ao final desse período, a caravana das mulheres partia de volta para suas casas com bastante antecedência, os homens seguiam posteriormente para se encontrarem com elas na parada seguinte para o pouso, à noite. “Terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e não o souberam seus pais” (Lc 2.43). É provável ter Maria pensado que o menino estivesse com José e vice-versa, quando descobriram que Jesus não estava na companhia deles, retornaram a Jerusalém (vv. 44, 45). Lá encontraram-no “no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os” (v. 46). Os doutores eram as autoridades religiosas de Israel, mestres da lei de Moisés, que conheciam com profundidade as Escrituras Sagradas.
A discuissão pode ter sido a respeito da Páscoa. Realmente não é possível saber pontos específicos, mas o assunto era com respeito às coisas de Deus, pelo que se infere de sua resposta a José e Maria: “Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49). O que chamava a atenção desses doutores e dos que presenciavam a cena era seu interesse pelas coisas de Deus em tão tenra idade, também, a sua inteligência e respostas. Tudo isso revelava tratar-se não de uma criança precoce, mas um menino como nenhum outro. Os grandes homens de Deus tiveram consciência de sua vocação divina nessa fase da vida.
O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA
José e Maria tinham conhecimento da origem de Jesus, Deus revelou-a a ambos, contudo, ficaram perplexos com a sua resposta: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49). Não compreendiam, porém, como Jesus, ainda adolescente, tinha o conhecimento perfeito de sua identidade. Essas são as primeiras palavras de Jesus registradas na Bíblia. Essa declaração pode revelar que não houve descuido do menino Jesus em não seguir a caravana, pois, na ocasião, foi despertado de tal maneira que estava agora absorvido em seu pensamento sobre sua identidade e missão. Ele havia se dado conta de que esta, de fato, era a casa de Deus. É possível que tudo isso tenha impulsionado de maneira irresistível de se ocupar nos negócios de seu Pai.
Depois de regressar a Nazaré, não sabemos se retornou a Jerusalém para outras festas até o dia de sua apresentação pública, para iniciar seu ministério. O grande ensino para nossos dias é, que mesmo sabendo que era o Filho de Deus, continuou submisso a José e Maria, “e era-lhes sujeito” (Lc 2.51). Essas palavras revelam, muito cedo, a manifestação de obediência ativa e passiva à vontade de Deus.
O escritor aos Hebreus esclarece sobre a necessidade de Deus haver-se tornado homem (2.14-18), apresentando o que consideramos no texto, mas fora dos evangelhos, o que evidencia a natureza humana de Jesus: “O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (5.7, 8). Os “dias de sua carne” é uma referência ao período em que ele habitou entre nós, os termos “clamor, lágrimas, orações e súplicas” referem-se às passagens dos evangelhos como a ressurreição de Lázaro, o Gestsêmane etc. O aprendizado, porém, diz respeito à fase que Lucas faz menção, da adolescência até ao dia sua manifestação pública. Essas coisas são evidência de um Jesus real, de um personagem histórico, de alguém que realmente existiu e cujos relatos registrados nos evangelhos são literais.
Os moradores de Nazaré, admirados com o que viam, perguntaram logo: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Mc 6.3). Ora, tal atitude do povo não se justificaria se Jesus fosse um recém chegado da Índia. Os três países, fora de Israel, que o Senhor Jesus visitou foram Egito (Mt 2.1415), Líbano, as antigas cidades de Tiro e Sidom, na Fenícia (Mt 15.21) e Jordânia.
Diante do exposto, damo-nos por satisfeitos com as poucas informações inspiradas disponíveis, pois são elas suficientes para a compreensão da vida de Jesus. São peças importantes na construção da verdadeira cristologia. O compromisso do cristão é com o que está escrito nas Escrituras, portanto, não devemos nos preocupar com especulações.
 
II - SEU MINISTÉRIO E CARÁTER SUPREMO
1. O caráter exemplar de JESUS.
JESUS SUPORTOU TODAS A TENTAÇÕES, MAS NUNCA PECOU
 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Hebreus 4:15
 
Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. 1 Coríntios 15:45-50
 
EXEMPLO Tradução das palavras gregas typos, hypogrammos, hypodeigma e deigma. A palavra em português "exemplo" é usada para ilustrar diferentes aspectos da conduta cristã. O estilo de vida e os valores adequados são dessa forma demonstrados individualmente e coletivamente, na vida de Cristo (Jo 13.15; 1 Pe 2.21), dos profetas (Tg 5.10), de Paulo (Fp 3.17; 2 Ts 3.9), das igrejas e dos seus líderes (1 Ts 1.7; 1 Tm 4.12; Tt 2.7; 1 Pe 5.3).
O exemplo negativo (deigma, "uma coisa mostrada, um espécime", Jd 7; hypodeigma, "figura, cópia, exemplo", 2 Pe 2.6) afirma a severidade do julgamento de Deus sobre a grave imoralidade sexual. Os exemplos de desobediência (Hb 4.11), idolatria e murmuração (1 Co 10.6-11) na peregrinação dos israelitas pelo deserto servem como advertências para os cristãos. As demais ocorrências da palavra "exemplo" são referências positivas de uma vida exemplar. Elas demonstram a relevância de se colocar Cristo como o centro da motivação ética de alguém, e os efeitos positivos de uma vida fiel, possibilitando que outros homens compreendam o significado da vida cristã.
O exemplo básico que o cristão deve seguir é o do próprio Senhor Jesus Cristo. Ele veio para cumprir a lei e aquilo que disseram os profetas (Mt 5.17), e assim Ele é o propósito da lei da justiça para todos aqueles que crêem (Rm 10.4). Somente em Cristo pode ser cumprido em nós o requisito da lei - o padrão divino da moralidade (Rm 8.4). Ele ensinou com autoridade (q.v.) e deu uma interpretação nova e profunda dos Dez Mandamentos, a essência da lei (Mt 5.17-48; veja Lei de Moisés) e "o núcleo da ética bíblica" (Murray, Principies ofConduct, p. 7). O novo mandamento de Jesus aos seus discípulos é o de se amarem uns aos outros como Ele mesmo os havia amado (Jo 13.34). Nós sabemos o que é o amor, e como demonstrar amor, porque Deus nos amou primeiro em Cristo (1 Jo 4.19). A descrição clássica de Paulo sobre o amor em 1 Coríntios 13.4-7 é, muito provavelmente, baseada na vida de Cristo. Jesus tinha ensinado: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos" (Jo 15.13), e assim Ele mesmo fez esse supremo sacrifício. Cristo prometeu enviar o mesmo Espírito que permitiu que Ele nos capacitasse a fazer as suas obras (Jo 14.12; 16.7) e assim produzíssemos o fruto do espírito (Gl 5.22). Assim, o Espírito de Cristo é a fonte da moralidade cristã, pois Ele ilumina a consciência, que é a capacidade que alguém tem de fazer julgamentos morais.
O Senhor Jesus Cristo é também o nosso padrão de humildade (Fp 2.5-8), de não agirmos para satisfazer a nós mesmos (Rm 15.2,3), de mansidão e bondade (2 Co 10.1) e de liberalidade (2 Co 8.9). Devemos imitar a Deus (Ef 5.1) e ter a mesma perfeição do nosso Pai Celestial na esfera do caráter moral, do amor e da misericórdia (Mt 5.44-48; Lc 6.36). Cristo é o modelo missionário que a igreja deve seguir para cumprir sua missão {veja Comissão, A Grande), pois Ele disse: "Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós" (Jo 20.21). Jesus esperava que seus discípulos se identificassem com Ele no seu propósito e destino, depois que Ele os purificou pela lavagem simbólica dos seus pés (Jo 13.1-17). Isso aconteceu durante a última noite em que Ele esteve com eles, antes de sua crucificação. O exemplo da lavagem dos pés {hypodeigma, "cópia") dado por Jesus, fornece uma demonstração audiovisual que leva os seus discípulos à essência da sua visão de vida e motivação (13.15). Jesus disse a Pedro que sem essa experiência de limpeza o apóstolo não teria parte com Ele (13.8). Tempos depois, com o discernimento de uma vida de experiência cristã, Pedro se referiu ao padrão de Jesus para a nossa vida, dizendo: "Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo {hypogrammos), para que sigais as suas pisadas" (1 Pe 2.21). A palavra grega indica que a própria vida de Cristo é a "cópia escrita" para os seus discípulos, levando-os ao íntimo envolvimento com Ele na sua vida de sofrimento, carregando a cruz. Pedro parece ter em mente a instrução que Jesus repetia, sobre o discipulado que requer a completa negação de si mesmo (Mt 10.38, 39; 16.24-26; Lc 14.26-33; 17.33; Jo 12.24-26).
Jesus apresentou sua própria vida modelo, como a base da ética cristã. Seguir a Cristo exigiria negar-se a si mesmo e tomar a cruz como o princípio de vida e como o objetivo de toda a vida (Mt 16.24). A vida cristã exemplar foi enfatizada por Jesus quando Ele disse, "eu faço sempre o que lhe agrada" (refe-rindo-se ao Pai; Jo 8.29), e "não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou" (5.30), e ainda, "eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (6.38). Esta é a essência da ética cristã - a vida que demonstra o princípio da cruz na conduta e no comportamento cristão.
No entanto, é necessário admitir que Cristo não fez nada apenas com a finalidade de dar o exemplo. O ideal da sua vida perfeita irá condenar apenas o pecador. A cruz tem o poder de levar os homens à santidade ao revelar, em primeiro lugar, a expiação feita pelos pecados que praticaram. Tiago (5.10) ressalta o "exemplo" {hypodeigma) dos profetas do Antigo Testamento, que serviam como mediadores da revelação de Deus por meio da sua pregação e dos seus ensinos. O exemplo dos seus sofrimentos é um testemunho de paciência para todos os cristãos.  Dicionário Wycliffe
 
Ele não depende de qualquer outro ser para sua existência; Ele é independente. Ele nunca muda em seu caráter; Ele é imutável. Ele não está sujeito ao processo do tempo do universo físico; Ele é eterno.
As ações de Deus revelam seu caráter e poder. Podemos conhecer a Deus pelo que Ele fez e continua fazendo. Deus não quer que o conheçamos como uma essência, uma abstração filosófica; mas Ele revelou a si mesmo, sua essência divina, a nós, através de Jesus Cristo (Jo 14.9-11).
 
“Do modo como eu fiz, façais vós também.”
 
2. Na prática.
Brilhou sempre no caráter de Jesus esse interesse pro­fundo pelo bem-estar de todos. Jesus se interessava mais por pessoas do que por credos, cerimônias, organizações ou equipa­mento. Via o povo "como ovelhas sem pastor" (Mar. 6:34). JESUS amava a todos. Quando os fariseus criticaram os discípulos de Je­sus por haverem colhido espigas no dia de sábado, ele os de­fendeu, dizendo: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (Mar. 2:27). Quando aquele jovem avarento e egocentralizado fez Jesus parar na estrada para lhe perguntar qual o caminho que conduz à vida, diz o evangelista que "Jesus, contemplando-o, o amou" (Mar. 10:21). Na ocasião em que certo homem atacado de lepra su­plicou a Jesus que o curasse, ele se sentiu todo tomado de profunda simpatia por aquele sofredor, e "estendendo a mão, tocou-o" (Mar. 1:41). Seu coração encheu-se de afeição pelos escribas que viviam a criticá-lo, pelos ciumentos fariseus, pelos desprezados e odiados publicanos, pelos pecadores mal­quistes, pelo cego, pelo surdo, pelo coxo.
Ele sempre amou a todos e se interessava vivamente por seus problemas. "Ele encarnou e revelou todo o amor de Deus, e se compadeceu dos homens por todos os seus males e padecimentos." O Mestre não só se interessou pelos problemas humanos, mas sempre buscou fazer alguma coisa para solucioná-los. Revelou sempre genuíno espírito missionário, e afirmava repetidamente que viera para servir, e não para ser servido (Mat. 20:29). Não se julgou tão cansado que não pudesse conversar sobre a Água da Vida com uma decaída junto ao poço de Sicar. Não achou que lhe seria desdouro visitar em sua própria casa um malquisto coletor de impostos. Não deu ouvidos à crítica dos líderes religiosos e se associou com pecadores, para tirá-los do seu pecado. Nas parábolas da ovelha e da dracma perdidas e do filho pródigo, Jesus mostrou que realmente estava interessado em tudo. Seu coração se derretia de simpatia por um mundo necessitado, e suas mãos secundavam e espalhavam essa simpatia por meio de serviço e ajuda.
A principal ocupação de Jesus foi o ensino. Algumas ve­zes ele agiu como curador, outras vezes operou milagres, pre­gou frequentemente; mas foi sempre o Mestre. Ele não se pôs a ensinar porque não tivesse outra coisa a fazer; mas, quando não estava ensinando, estava fazendo qualquer outra coisa. Sim, ele fez do ensino o agente principal da redenção."
"Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou" (João 13:13).  J. M. Price, A PEDAGOGIA DE JESUS
 
A revelação é a atividade divina da auto-revelação pela qual o Deus vivo revela algo do seu caráter e propósitos para a humanidade (Dt 29.29; 2 Co 4.6). As Escrituras são um produto daquela atividade reveladora, seu resultado linguístico e sua incorporação escrita. Deus revela a si mesmo no plano da história por meio dos seus atos salvadores (At 2.11), e no plano da verdade por sua Palavra misericordiosa (Is 55.11).
 
3. Seu caráter é referência para a Igreja.
Como a auto-revelação do caráter divino, Jesus Cristo é adequadamente designado como Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11), aquele que com absoluta fidelidade cumpre todas as responsabilidades de Sumo Sacerdote (Hb 2.17), Apóstolo (Hb 3.1,2) e Testemunha (Ap 1.5; 3.14).
Esta qualidade do caráter divino encontra o seu reflexo humano em homens de fé (He 2.4). Como o seu Divino Exemplar, eles manifestam uma firme confiabilidade em todas as suas obrigações (Mt 25.21; 1 Co 4.2); eles são tenazmente leais, a ponto de enfrentar o martírio (Ap 2.10). Em resposta à fé, o Espírito Santo produz nos homens este traço de fidelidade (Gl 5.22).
 
Outra palavra no NT para mente e pensamento, tem como forma substantiva o termo nous, um clássico conceito filosófico grego, também usado exclusivamente por Paulo no NT (exceto em Lc 24.45; Ap 13.18; 17.9), transmitindo a ideia de capacidade de raciocinar (Lc 24.45; Rm 1.28), de fazer julgamentos morais (Ef 4.23), de ser corrompido (Rm 1.28; Cl 2.18; 1 Tm 6.5; 2 Tm 3.8), e de ser renovado (Rm 12.2), de maneira que este termo é praticamente equivalente ao caráter. O homem espiritual tem "a mente de Cristo" (1 Co 2.16). Os substantivos cognatos trazem um conceito similar, noema, indicando pensamentos, mente (Fp 4.7) e propósito (2 Co 2.11); ennoia, pensamento (1 Pe 4.1); e dianoia, inteligência ou mente com a capacidade de refletir (Mt 22.37), enquanto o verbo noeo significa "perceber" ou "entender" (Mt 16.9). 0 termo kardia, frequentemente usado para afeto (Lc 24.32), pode indicar pensamento (Rm 1.21; Ef 1.18), e ocasionalmente/wewma (espírito, 2 Co 2.13), psuche (alma, Fp 1.27), e nephros (rins, Ap 2.23). As atitudes corretas semelhantes às de Cristo, que os apóstolos exortam cada crente a manter, envolvem: a humildade (Rm 12.3,16; Fp 2.3,5,8), unidade, cooperação e harmonia com seus irmãos, pela causa comum do evangelho (Fp 1.27; 2.2; 4.2; Rm 15.5; 2 Co 13.11; 1 Pe 3.8); a disposição de morrer ou sofrer por Cristo (1 Pe 4.1); a preocupação com os outros (Fp 4.10); e a espiritualidade (Rm 8.5-7; Cl 3.2). Todas essas atitudes são o oposto de uma atitude carnal e auto-indulgente (Fp 3.19; cf Mt 16.23).
 
Paulo ilustra, com sua própria vida, o significado de "exemplo" para os cristãos do seu tempo. Ele declara sua identificação com Cristo nos termos da cruz, quando escreve aos gálatas: "estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim" 12.20). Mais tarde, ele afirmou, "para mim o viver é Cristo" (Fp 1.21). Paulo personificou o "exemplo" identifican-do-se com ele em Filipenses 3.17, usando a palavra typos, "marca de um golpe, selo, impressão". Paulo se dizia parecido com CRISTO. Ele insistiu com os Filipenses para que observassem aqueles que andavam de acordo com o padrão que viam nele (3.17) e que eles mesmos também agissem de uma forma semelhante (4.9). Seu estilo de vida, e comportamento, estenderam-se a uma geração de testemunho e serviço cristão. Os cristãos filipenses receberam sua exortação quase no final do seu confinamento em uma prisão romana. Em uma de suas primeiras epístolas, ele havia escrito aos crentes de Tessalônica que tinha trabalhado "para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes" (2 Ts 3.9; cf. 3.7). A conduta de Paulo, portanto, demonstra a validade da sua mensagem e a autoridade do Evangelho em sua vida. Tal envolvimento em uma vida de sacrifícios pela fé em Cristo possibilitou que os dois apóstolos líderes falassem aos dois extremos da geração, cada um na sua época. Paulo a Timóteo, o representante da nova geração no Novo Testamento, e Pedro aos presbíteros. Paulo insistiu para que Timóteo não permitisse que nenhum homem desprezasse sua juventude; ao invés disso, Timóteo foi instruído a ser um exemplo para os fiéis (1 Tm 4.12). Pedro, por outro lado, ordenou que os presbíteros não somente governassem aqueles que estivessem sob os seus cuidados, mas também que servissem "de exemplo ao rebanho" (1 Pe 5.3).
Os cristãos tessalonicenses imitaram o apóstolo Paulo e o Senhor, tendo recebido a palavra, as revelações do Antigo Testamento, interpretadas e satisfeitas por Cristo, "em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo". Consequentemente, eles tornaram-se um "exemplo para todos os fiéis na Macedónia e Acaia" (1 Ts 1.6,7). O escritor aos Hebreus descreve de forma similar a correlação entre sofrimento e alegria na vida de Cristo, "o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz" (Hb 12.2). Os tessalonicenses, em sua experiência de sofrimento (1 Ts 2.14; 3.3,4; 2 Ts 1.4-7) e alegria, pareciam satisfazer o pedido de Jesus relacionado à unidade nele e no Pai, e no testemunho do amor de Deus (Jo 17.21,23).
O testemunho dado pelo exemplo dos cristãos aos outros cristãos, inevitavelmente precede o testemunho aos não cristãos, em uma escala ainda mais ampla. Esse foi o caso em Tessalônica (1 Ts 1.7,8). Seu testemunho em relação a Cristo estava diretamente relacionado à sua mudança de comportamento. Sua nova conduta era claramente evidente à população geral da Grécia, no sentido de que eles "converteram-se dos ídolos a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro" (1.9).
A base para tal mudança de comportamento está estabelecida no discipulado sem igual demonstrado pelos mesmos crentes em Tessalônica, de quem Paulo disse "fostes feitos nossos imitadores e do Senhor" (1 Ts 1.6). A palavra chave do seu discipulado é "imitadores" (mimetai). A conduta cristã, resultante da mudança de comportamento, efetivada pela conversão à fé no Deus vivo, está baseada na imitação do Senhor e do seu apóstolo, Paulo (cf. também 1 Coríntios 4.16; 11.1). A fé e a paciência de outros crentes e líderes cristãos também deveriam ser imitadas (Hb 6.12; 13.7).
Em outras palavras, a ética cristã tem o seu alicerce no mesmo princípio de vida que teve o Senhor Jesus Cristo. Os mandamentos de Deus, por meio dos seus profetas, dos seus apóstolos e do seu próprio Filho, combinados com o exemplo perfeito de Cristo, fornecem ao crente uma ética absoluta melhor do que o relativismo ético. O único princípio de vida totalmente inclusivo não é o amor intuitivo, que se relaciona às necessidades de outro, no momento único do encontro pessoal, mas sim: "quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10.31), e fazer tudo em nome do Senhor Jesus (Cl 3.17). O conteúdo da ética cristã está na vontade de Deus, que deve ser feita com amor, ou seja, "a fé que opera por caridade [ou amor]" (Gl 5.6).
Todo o comportamento de Cristo estava centrado em seu objetivo de servir e de dar sua vida como um resgate (Mt 20.28). Este era seu padrão para os seus seguidores (20.25-27). Paulo o aceitou. Também o fizeram os cristãos tessalonicenses. Eles tinham visto em Paulo o exemplo ("selo") de Cristo que lhes deu significado e entendimento. Eles tomaram esse exemplo para suas próprias vidas, incluindo a aflição (thlipsis, "pressão, tribulação"). Nesse contexto da ética cristã, em meio ao sofrimento, imitando a vida de Jesus e a conduta de Paulo, aqueles crentes coletivamente e espontaneamente compartilharam um testemunho dinamicamente significativo de Cristo pela Macedónia e pela Acaia.
O exemplo cristão, encontrado primeiramente em Jesus e em Paulo resulta no tipo de conduta fiel que efetivamente dá testemunho por meio do corpo combinado da igreja em qualquer outra área, fortalece o testemunho dos cristãos e possibilita que o comportamento dos obreiros (pastores e outros) inspire o rebanho a seguí-los. O testemunho cristão bem-suce-dido está centrado no exemplo.  Dicionário Wycliffe
 
III - A MORTE, RESSURREIÇÃO E VOLTA DE CRISTO
1. A morte de CRISTO, exemplo supremo de amor.
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao12-jhp-2tr15-a-morte-de-jesus.htm
O significado central da morte de Cristo está contido em três palavras importantes - redenção, propiciação e reconciliação. De acordo com Romanos 3.24, os que crêem em Cristo são "justificados gratuitamente por sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus". A ideia da redenção é a do resgate por meio do pagamento de um preço. A imagem envolve tanto a redenção pelo pagamento, como a libertação do objeto da redenção. Cristo, em sua morte, também constituiu uma propiciação ou uma satisfação da justiça de Deus (Is 53.11), como explicado pelo apóstolo Paulo em Romanos 3.25,26. Da mesma forma, em seu sacrifício, "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados" (2 Co 5.19). Por meio da morte de Cristo, o pecador desfruta uma transformação, tanto em sua situação como em sua natureza, recebe a vida eterna e consequentemente se reconcilia com Deus e com os seus santos padrões.
 
A FINALIDADE DO SOFRIMENTO E DA MORTE DE JESUS Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16
AMOR - A CHAVE DA MOTIVAÇÃO
JESUS  sofreu, ao executar o plano divino que previa resultados eternos.
Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. 1 João 4:19
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5:8.

1. JESUS  sofreu e morreu por nós, "para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" (Hb 9.26). 
Ele é o "Cordeiro de DEUS que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29). 
2. "Para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos mais ao pecado como escravos" (Rm6.6). 
O sofrimento de JESUS  teve por função libertar-nos da escravidão do pecado (Jo 8.32-36). 

3."Para que nos consideremos mortos para o pecado e vivos para DEUS" (Rm 6.11).
Os que vivem no pecado, mesmo vivos estão mortos (1 Tm 5.6). 
4. Para que o pecado não reine mais em nosso corpo mortal, dominando-nos através das paixões (Rm 6.12). 

5. JESUS  tomou os nossos pecados em seu corpo, para que o nosso corpo não seja instrumento de iniquidade, mas de justiça (Rm 6.13,19).
6. Para que a vida de JESUS  se manifeste em nosso corpo, proporcionando-nos a felicidade nesta vida. 
O apóstolo Pedro declara que CRISTO foi enviado para nos abençoar, no sentido de que cada um se aparte de suas perversidades (At 3.26).
Se cremos que CRISTO sofreu por nós, forçoso nos é admitir que Ele padeceu por estas sublimes finalidades, que são a expressão máxima do seu amor e a segurança da nossa eterna salvação. (Revista CPAD 2 - 1º trimestre de 1994 - Estevam Ângelo de Souza.)
 
2. A ressurreição de JESUS e a sua vinda em glória.
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao13-jhp-2tr15-a-ressurreicao-de-jesus.htm
 
JESUS PASSOU PELOS LENÇÓIS - Jo 20.8 – Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.
Lembramos aqui, ao leitor que tudo que João escreveu foi para provar aos incrédulos de sua época que JESUS CRISTO ressuscitou e que era o filho de DEUS (Jo 20.30,31)
 
Sendo João mais jovem correu mais depressa que Pedro, mas sendo mais reverente parou na entrada, mas quando Pedro chegou, com sua irreverência natural entrou correndo e ficou olhando e estudando o que havia acontecido; João agora entra e se lembra de que JESUS foi embalsamado (Jo 19.38-42) com muita mirra e aloés (cem arréteis = aproximadamente 80 Kg daquele composto) e o envolveram com lençóis como era costume judaico (enrolavam o corpo nos lençóis como múmia) e amarraram, com um lenço o seu queixo à sua cabeça para não ficar aberta a sua boca.
Vendo João que os lençóis estavam arrumados como se um corpo estivera ali dentro e o lenço à parte, separado, no lugar onde estivera antes a cabeça de JESUS, boquiaberto João creu maravilhado de que seu senhor ressuscitara com um corpo glorioso, espiritual e celeste (1 Co 15.44). Só é salvo quem crer nisso, na ressurreição de JESUS (1 Co 15.14, Rm 10.9-13).
O amigo leitor já pensou em ter um corpo assim? Nós teremos um corpo semelhante ao de JESUS quando da sua volta para nos levar para as moradas eternas (1Co 15.48; Rm 8.29,30; 1Jo 3.2).
Pv. Luiz Henrique - 99-99152-0454
 
A RESSURREIÇÃO DE JESUS É O ALICERCE DA FÉ CRISTÃ. A ressurreição é a chave para a fé cristã. Porque?
(1) Como ele havia prometido, ele ressurgiu dos mortos. Nós podemos estar confiantes, portanto, que ele cumprirá tudo que ele prometeu.
(2) A ressurreição do corpo nos mostra que o CRISTO vivo é soberano no reino eterno de DEUS, não um falso profeta ou impostor.
(3) Nós podemos ter certeza de nossa ressurreição porque ele foi ressuscitado. A morte não é o fim, existe a vida após a morte.
(4) O poder que trouxe JESUS de volta a vida está disponível para nós trazermos o nosso ser espiritual morto de volta a vida.
(5) A Ressurreição é à base do testemunho da igreja para o mundo. JESUS é mais que um líder humano, ele é o Filho de DEUS.
 
LEITURA BÍBLICA: 1 Coríntios 15:12-28 VERSÍCULO CHAVE: Ora, se se prega que CRISTO foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos?
A NOSSA RESSURREIÇÃO INCLUI O NOSSO CORPO E A NOSSA ALMA.
A maioria dos gregos não acreditavam que o corpo de uma pessoa poderia ser ressuscitado depois da morte. Eles viam a vida após a morte como algo só para a alma. De acordo com filósofos gregos, a alma era a pessoa de verdade presa a um corpo físico, e na morte a alma era liberta. Não havia imortalidade para o corpo, mas a alma entrava num estado eterno. O cristianismo, no entanto, afirma que o corpo e a alma serão unidos depois da ressurreição. A igreja de Corinto estava no coração da cultura grega, desta maneira, muitos crentes tinham dificuldade em acreditar na ressurreição do corpo.
 
NOSSA RESSURREIÇÃO É CERTA POR CAUSA DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO.
A ressurreição de CRISTO é o centro da fé cristã. Porque CRISTO ressuscitou, como ele havia prometido, nós sabemos que o que ele disse é a verdade – ele é DEUS. Porque ele ressuscitou, nós temos certeza que nossos pecados são perdoados. Porque ele ressuscitou, ele vive e nos representa perante DEUS. Porque ele ressuscitou e venceu a morte, sabemos que nós também ressuscitaremos.
 
A NOSSA RESSURREIÇÃO É A NOSSA ÚNICA ESPERANÇA PARA A VIDA ETERNA.
Nos dias de Paulo, o cristianismo levava a pessoa à execução, exclusão da família e, em muitos casos, a pobreza. Havia pouca vantagem em ser cristão naquela sociedade. O mais importante, no entanto, é que se CRISTO não tivesse ressuscitado, os cristãos não poderiam ser perdoados pelos seus pecados e não teriam nenhuma esperança de vida eterna.
 
CRER NA RESSURREIÇÃO DE JESUS É BÁSICO PARA SALVAÇÃO.
É tão importante crer na ressurreição de JESUS que Paulo afirma que aquele que não crê nisso a sua fé é vã e sem sentido.
1Co 15.17 E, se CRISTO não foi ressuscitado, a fé que vocês têm é uma ilusão, e vocês continuam perdidos nos seus pecados. 18 Se CRISTO não ressuscitou, os que morreram crendo nele estão perdidos. 19 Se a nossa esperança em CRISTO só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo. 20 Mas a verdade é que CRISTO foi ressuscitado, e isso é a garantia de que os que estão mortos também serão ressuscitados.
 
Na verdade Paulo nos assegura que para sermos salvos precisamos não só crer na morte expiatória de JESUS, mas também na sua ressurreição dentre os mortos, sendo esta uma exigência de DEUS para nossa justificação, uma condição para sermos salvos.
A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor JESUS, e em teu coração creres que DEUS o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. (Romanos 10:9)
Se CRISTO para você não ressuscitou, sua pregação e fé são vãs - sem valor.
E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. 1 Coríntios 15:14
 
O CRISTO glorificado
A visão de Estêvão At 7:55,56
A visão de Paulo At 26:13-15
A visão de João Ap 1:12-16
 
Provas da Ressurreição
A validade da ressurreição de Cristo baseia-se na certeza da morte e sepultamento de Jesus e no selamento da sepultura, a pedra removida e a sepultura vazia, a condição ordenada dos lençóis, e no registro de dez diferentes aparições físicas do Jesus ressurrecto. As aparições são atestadas em seis relatos -em todos os quatro Evangelhos, em Atos e 1 Coríntios 15:
1. A Maria Madalena (Jo 20.11-18).
2. Às outras mulheres (Mt 28.9,10).
3. A Pedro, em particular (1 Co 15.5; Lc 24.34).
4. A Cleopas e seu companheiro na estrada para Emaús (Lc 24.13-35).
5. A dez dos apóstolos em uma sala trancada (Jo 20.19-25; Lc 24.36-43).
6. A Tomé e aos outros uma semana depois (Jo 20.26-29).
7. A mais de 500 discípulos em uma ocasião (1 Co 15.6). É provável que este fato tenha ocorrido na Galileia, como cumprimento de Mateus 28.7,8 e Marcos 16.7. Esta pode ter sido a mesma ocasião em que o Senhor Jesus encarregou os seus seguidores da grande tarefa de evangelização (Mt 28.16-20).
8. A Tiago, o irmão do Senhor (1 Co 15.7).
9. A sete discípulos perto do Mar da Galileia (Jo 21.1-23).
10. Aos apóstolos e talvez a outros em Jerusalém no momento de sua ascensão (Lc 24.50-52; At 1.4-9).
Outras aparições como estas são mencionadas em Atos 1.3. A Paulo também apareceu como a um abortivo.
 
OS PROPÓSITOS DA RESSURREIÇÃO
 A compreensão natural do homem pecador não está apta a discernir os elevados propósitos de tão extraordinário acontecimento. Temos que ter a mente de CRISTO para avaliar as razões, profundas e misteriosas, de Sua ressurreição.
1. Demonstrar sua divindade.
A não ressurreição de JESUS tê-lo-ia deixado no túmulo, no mesmo nível dos demais homens. Ele teria sido apenas um mortal a mais. Através de Sua ressurreição o Pai declarou solenemente sua divindade (Rm 1.4). Pela ressurreição, CRISTO demonstrou ser impossível à morte detê­lo (At 2.24). Por causa de uma deliberada e amorosa vontade de salvar os homens, o Pai permitiu a JESUS ficar por três dias na região de sombra da morte, mas a sua divindade não lhe permitiu ficar entre os mortos, pois Ele é o Senhor da vida.
2. Aniquilar o medo.
"Não vos atemorizeis" , disse o anjo às mulheres (Mc 16.6). O medo, como estado, paralisa a pessoa, tira o ânimo e conduz à morte.
Foi o medo a primeira conseqüência do pecado: "Tive medo e me escondi " (Gn 3.10). JESUS muitas vezes bradou com autoridade: "Não temas" (Mt 10.26; 14.27;28.10; Mc 5.36; Lc 5.10; 8:50; 12.7; 12.32).
3. Garantir a nossa justificação.
Ao entregar-se à morte, na Cruz do Calvário, JESUS lançou a base do edifício de nossa justificação, que somente se tornou concluído com sua ressurreição (Rm 4.25).
4. Tornar-se as primícias dos que dormem.
Os atuais habitantes do Céu sabem que algum dia, a igreja do Senhor subirá, para lá também habitar. Eles olham para o CRISTO ressuscitado, sentado à destra do Pai e, sabendo que Ele aqui embaixo provou a morte e sobre ela triunfou mediante a ressurreição, sabem também que na sua ressurreição consiste a garantia da nossa. Ele subiu primeiro. Nós subiremos depois.
5. Dinamizar a pregação.
A crença na ressurreição de JESUS, produziu uma nova transformação na vida dos discípulos. Antes eram homens fracos, medrosos e desprezados (Lc 24.37,38). Veja por exemplo o intrépido Pedro, que negou o seu mestre por três vezes. Cf. Lc 22.34,54-60.
Após a ressurreição surgem como propagadores alegres, militantes e agressivos. Será que uma crença equivocada em supostas aparições, produziria uma convicção contagiante como a dos discípulos?
6. Quantos deram suas vidas, defendendo essa ressurreição? Será que morreriam em vão?
Um grande exemplo está marcado na memória do mundo, o Coliseu, em Roma, palco do derramamento do sangue de milhares de cristãos que testificaram assima morte e ressurreição de JESUS.
 
CONCLUSÃO
JESUS De Nazaré, se autodenominava “O Filho Do Homem”,  sendo DEUS veio ao mundo em forma humana. Sua Entrada No Mundo deveria ser como de outro homem qualquer, através do nascimento físico, de uma mulher. Do mesmo modo que todos os seres humanos teve seu desenvolvimento humano e espiritual.  Seu Ministério E Caráter foram de uma perfeição suprema. JESUS teve caráter exemplar, perfeito. Na Prática, Seu Caráter É Referência Para A Igreja. Sua Morte, sua Ressurreição e sua Volta certa para nos buscar estão registradas na Bíblia. A Morte De CRISTO é Exemplo Supremo De Amor verdadeiro e supremo.Aguardamos com expectativa o arrebatamento e nosso encontro com JESUS.
Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus." Apocalipse 22:20
Exemplo de JESUS - AMOR - Tudo se resume a amar.
 
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. Mateus 22:37-40
 
 
Alguns comentários extras
JESUS nasceu em uma manjedoura e morreu numa cruz. Seu púlpito inicial foi de pobreza absoluta e seu púlpito final foi de desprezo, sofrimento e dor - A Cruz.
JESUS amava tanto que passava metade de seu tempo curando e libertando as pessoas. Curava a todos. Até os mortos não permaneciam mortos perto Dele.
JESUS não pregou o evangelho da graça - pregou o evangelho do reino de DEUS.
Ele, porém, lhes disse: Também é necessário que eu anuncie a outras cidades o evangelho do reino de Deus; porque para isso fui enviado. Lucas 4:43
E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, Marcos 1:14
E aconteceu, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele, Lucas 8:1
Na Grande Tribulação e no milênio diferente de nossa época que pregamos o evangelho da graça.
Na Grande Tribulação, evangelho do reino novamente e no Milênio Evangelho Eterno .
Reino porque vai começar o milênio e JESUS estará governando.
Depois, no milênio, evangelho eterno, porque depois do milênio só a eternidade, ou na nova terra e novos céus ou no lago de Fogo e Enxofre.
Mt:9.35-36 - E percorria Jesus todas cidades e aldeias ensinando nas sinagogas deles, e pregando o EVANGELHO DO REINO DE DEUS e curando todas as enfermidades e moléstias entre
Nós pregamos o evangelho da Graça de DEUS - O que é graça? é JESUS morrendo por nós na Cruz, levando sobre Ele nosos pecados, doenças, enfermidades .(Is 53.4, 5, 12) e maldições (Gl 3.13).e depois ressuscitando, 
E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo, Apocalipse 14:6
Nosso período é da graça. Grande Tribulação é de Juízo - Milênio é de governo do próprio JESUS - Última oportunidade, para quem estiver vivo na época, é claro.
 
JESUS É O PROMETIDO EM Gn 3.15 - E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
 
JOÃO BATISTA -
A teologia de João Batista não dá a importância necessária aos milagres. SERÁ ESSE O PROBLEMA DA IGREJA ATUAL?
O próprio João sendo profeta e sendo cheio do ESPÍRITO SANTO não realizou nenhum milagre, embora pudesse, já que o ESPÍRITO SANTO estava nele e o poder para gerar o milagre está no ESPÍRITO SANTO. Por isso JESUS fazia e operava milagres - pelo dedo de DEUS - ESPÍRITO SANTO. Apesar de João Batista ver o ESPÍRITO SANTO descer sobre JESUS como está escrito -
E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. Mateus 3.16
Apesar de joão Batista ouvir a voz de DEUS dizendo - Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Mateus 3:17
MESMO ASSIM DUVIDOU QUE JESUS ERA O MESSIAS.
Será que era porque João era primo de JESUS e o conhecia bem? Suas mães eram amigas - Maria visitou Isabel quando ela estava grávida de seis meses de João Batista. Com ceretez se visitavam depois e iam às festas em Jerusalém juntas, com seus filhos. Será que o precursor de JESUS não acreditava que ele era o Messias por conhecê-lo tão de perto? Não o queria batizar por saber que Ele tinha um testemunho impecável. Nunca o vira mentir, desobedecer seus pais, nunca o viu transgredir uma lei sequer. O batismo de João era de arrependimento. JESUS não precisava, mas o cumpriu, pois veio cumprir tudo o que Dele estava escrito, veio cumpri toda justiça de DEUS, inclusive o juízo de DEUS sobre o pecado.
 
O problema de João é o mesmo da igreja de hoje - se esquecer de que os milagres comprovam ser alguém legítimo filho de DEUS.
O problema de João é o mesmo da igreja de hoje - se esquecer de que DEUS confirma suas palavras através de milagres.
O problema de João é o mesmo da igreja de hoje - se esquecer de que milagres atraem milhões de pessoas ao evangelho.
O problema de João é o mesmo da igreja de hoje - se esquecer que só através de milagres conseguiremos atingir os povos não alcvançados da Janela 10X40.
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porãoas mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, econfirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém. Marcos 16:17-20
 
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim. Mateus 11:4-6 

 
João se esqueceu da profecia - O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração,
A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. Lucas 4:18,19
.
 
Olha a resposta de JESUS para João quando seus discípulos foram com a pergunta querendo saber se ele era o Messias:
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim. Mateus 11:4-6
João se escandalizava com os milagres. Para ele os milagres de nada serviam. Porém JESUS diz para ele que os milagres são a comprovação de que ELE é o Messias, os milagres confirmam suas Palavras como sendo de DEUS.
 
João Batista não sabia que sinais, prodígios e maravilhas (milagres) são de tanta importância que metade dos evangelhos se ocupam com eles.
1- Os milagres Atestam a procedência do filho de DEUS.
2- Os milagres Atraem multidões para ouvir o evangelho.
3- Os Milagres Confirmam a pregação do Legítimo Evangelho.
(Mc 16 - E estes sinais seguirão aos que crerem. -
cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram).
Olha a resposta de JESUS para João quando seus discípulos foram com a pergunta querendo saber se ele era o Messias:
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim. Mateus 11:4-6
 
 
COMENTÁRIOS DE ALGUNS LIVROS
 
Harmonia dos eventos da Semana Santa
Dia
Evento
Mateus
Marcos
Lucas
João
 
Sexta-feira / Sábado
Jesus chega a Betânia
 
 
 
12:01
 
 
Maria unge Jesus
 
 
 
12:2-8
 
Multidão vem para ver Jesus
 
 
 
12:9-11
Domingo
Entrada triunfal em Jerusalém
21:1-11
11:1-10
19:28-44
12:12-18
 
 
Alguns gregos buscam Jesus
 
 
 
12:20-36
 
Jesus chora sobre Jerusalém
 
 
19:41
 
 
Entra no templo
 
11:11
 
 
 
Volta ao Betânia
21:17
11:11
 
 
Segunda-feira
Jesus amaldiçoa a figueira
21:18-19
11:12-14
 
 
 
 
Limpa o templo
21:12-13
11:15-17
19:45-46
 
 
Retorna para Betânia com os Doze
 
11:19
 
 
Terça-feira
Discípulos ver a figueira secou sobre o retorno a Jerusalém
21:20-22
11:20-21
 
 
 
 
Controvérsias templo em Jerusalém
21:23-23:39
11:27-12:44
20:01-21:04
 
 
Sermão do Monte sobre o regresso à Betânia
24:1-25:46
13:1-37
21:5-36
 
Quarta-feira
Jesus continua ensino diariamente no templo
 
 
21:37-38
 
 
 
Sinédrio lotes para matar Jesus
26:3-5
14:1-2
22:1-2
 
Quarta / quinta-feira
Os preparativos para a Páscoa
26:17-19
14:12-16
22:7-13
 
 
Quinta-feira
Refeição da Páscoa / Última Ceia
26:20-35
14:17-26
22:14-30
 
 
 
Cenáculo Discurso
 
 
 
13:01-17:26
 
Jesus ora no Getsêmani
26:36-46
14:32-42
22:39-46
 
Sexta-feira
Traição e prisão (após a meia-noite?)
26:47-56
14:43-52
22:47-53
18:2-12
 
 
Julgamento Judeu:
 
 
 
 
 
-Diante de Anás
 
 
 
18:13-24
 
-Diante de Caifás e parte do Sinédrio
26:57-75
14:53-72
22:54-65
18:19-24
 
-Antes cheio Sinédrio (depois do nascer do sol?)
27:1-2
15:01
22:66-71
 
 
Julgamentos romanos:
 
 
 
 
 
-Diante de Pilatos
27:2-14
15:2-5
23:1-5
 
 
-Antes de Herodes
 
 
23:6-12
 
 
-Diante de Pilatos
27:15-26
15:6-15
23:13-25
18:28-19:16
 
Crucificação ( aprox. 9:00 am às 3:00 pm )
27:27-54
15:16-39
23:26-49
19:16-37
 
Burial ( noite )
27:57-61
15:42-47
23:50-54
19:38-42
Domingo
Testemunhas Empty-túmulo
28:1-8
16:1-8
24:1-12
 
 
 
Aparições da ressurreição
28:9-20
16:9-20
24:13-53
20:01-21:25
 

 Dicionário Wycliffe - CRONOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento contém uma cronologia, no sentido de que ele registra a sua história com precisão e em ordem sequencial. Mas não apresenta uma crónica cuidadosamente datada. Por isso, existem esforços para tomar seus dados históricos, compará-los com as informações provenientes de outras fontes e determinar, se possível, as datas específicas para os seus principais acontecimentos.
Datas na Vida de Cristo
O seu nascimento. Os fatos das Escrituras que estão envolvidos na data do nascimento de Cristo são os seguintes: 1. Herodes era o rei da Judeia (Mt 2.1). O nascimento de Cristo ocorreu quando Herodes ainda era vivo, e não muito tempo antes da sua morte (Mt 2.20,22), possivelmente dois anos antes, no máximo (Mt 2.7,16). O historiador judeu Josefo identifica o ano da morte de Herodes como IV a.C. Ele até mesmo diz a época do ano, pouco antes da Páscoa, e registra um eclipse da lua que precedeu a sua última doença. Esse eclipse foi datado astronomicamente em 12 de março de IV a.C. Assim, a primavera de IV a.C. foi a data da morte de Herodes e a última data possível para o nascimento de Jesus. Levando-se em conta a preocupação de Herodes com a hora exata do aparecimento da estrela e a sua ordem de matar todos os meninos de Belém "de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos" (Mt 2.16), parece provável que o nascimento tenha ocorrido pelo menos um ano antes, talvez dois, portanto em VI ou V a.C. Fica claro, então, que o monge Dionysius Exiguus, que em aprox. 525 d.C. introduziu o atual método de datar para o futuro e para o passado "a partir do ano da encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo" cometeu um erro nos seus cálculos. Com base nos dados que possuía, ele fixou o nascimento de Cristo no ano 754 da era romana, ao invés de no ano 750 ou em um ano anterior.

2. O alistamento sob o governo de Cirênio (Lc 2.2). O que se sabe deste oficial romano a partir de informações externas à Bíblia está de acordo com o que as Escrituras dizem a seu respeito, mas não se fixa a data desse alistamento. Veja Censo; Cirênio.

3. A idade de Jesus na ocasião de seu batis-mo (Lc 3.23). "E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos" na época do seu batismo. Supondo-se que isto queira dizer que a sua idade estava próxima dos trinta anos, é possível calcular a data do nascimento de Jesus. A data do início do ministério de João é cuidadosamente fornecida por Lucas (veja abaixo) e, como demonstrado mais adiante, foi provavelmente 26 d.C. Se o batismo de Jesus ocorreu pouco tempo depois, que é a impressão que se tem ao fazer a leitura, então subtrair "quase trinta anos" nos leva a "aproximadamente" V a.C, como sendo a data do seu nascimento. Obviamente, este é um cálculo muito impreciso, mas coincide com a data calculada a partir da morte de Herodes.
4. A estrela de Belém. Foram feitas tentativas para fixar a data da natividade por meio da identificação da estrela vista pelos magos como sendo um fenómeno natural. Os astrónomos destacam o fato de que houve conjunções incomuns de planetas em VII ou VI a.C. Na China existe um registro de um cometa ou de uma estrela nova que ocorreu em março de V a.C, e em abril de IV a.C. No entanto, diversos argumentos são contrários a esta identificação. A conjunção de planetas nunca esteve suficientemente próxima para ser chamada de "uma estrela", e a data é muito adiantada, a menos que se assuma que os magos a viram muito tempo antes da sua chegada a Jerusalém. O mais importante, no entanto, é a afirmação de Mateus de que a estrela "se deteve sobre o lugar onde estava o menino". Isto seria impossível para qualquer estrela natural; isso requer um fenómeno sobrenatural, e deixa a explicação natural sem comprovação. Talvez o acontecimento natural incomum possa ter servido para despertar o interesse por parte dos magos, mas não ajuda a estabelecer a data do nascimento de Cristo.

5. E o que dizer do dia 25 de dezembro? Aqui devemos admitir livremente que a data é meramente tradicional, e é a última tradição nesse aspecto (século IV d.C.) Até mesmo a última tradição se divide entre 25 de dezembro e 6 de janeiro (que é a data ainda hoje observada pela igreja oriental para comemorar tanto o nascimento como o batismo de Cristo). Ambas as datas eram anteriormente comemorações pagãs, e provavelmente foram assumidas em uma tentativa para substituir as cerimónias pagãs pelas cristãs. As Escrituras não dão nenhuma pista. A estação do inverno não se encaixa bem no Evangelho. É improvável que os pastores estivessem nos campos com os seus rebanhos no meio do inverno.

O início do ministério público do Senhor Jesus Cristo
1. O 15° ano de Tibério (Lc 3.1,2). Lucas dá aqui uma detalhada referência à data do começo da pregação de João. O batismo de Jesus aconteceu pouco tempo depois. Esse dé-cimo-quinto ano de Tibério pode ter um cálculo variável; ele depende do início da contagem dos anos. Se esta contagem começou a partir de quando ele sucedeu Augusto, em 19 de agosto ou em 17 de setembro de XIV d.C, ou de quando ele foi nomeado governador conjunto das províncias do leste, em co-regência com Augusto, em.XII d.C. Lucas, como um provinciano, pode ter escolhido o segundo método. Para complicar ainda mais os cálculos, é incerto se os anos do seu reinado foram calculados de acordo com o sistema do "ano de ascensão" ou com o sistema do "não-ano-de-ascensão". Assim, as datas possíveis para o "ano quinze do império de Tibério César" (Lc 3.1) são quatro: 26,27,28 ou 29 d.C. Desses, o primeiro é o mais provável.
2. O 46° ano do templo (Jo 2.20). Esta referência ao templo não pode querer dizer que no passado haviam sido gastos 46 anos para concluí-lo, porque a construção ainda estava em andamento, e não foi concluída até quase quarenta anos mais tarde. Da afirmação normalmente se entende que o templo havia sido iniciado 46 anos antes daquela época. "Em quarenta e seis anos, foi edificado este templo". Josefo diz que ele começou no 18° ano de Herodes, ou seja, em 19 a.C. A Páscoa do 46° ano, portanto, seria a primavera de 27 d.C. Se o batismo de Jesus ocorreu no outono anterior, em 26 d.C, isso coincide com a data acima e a confirma como sendo o 15° ano de Tibério.
A duração do ministério público do Senhor Jesus Cristo.
1. Nos Evangelhos Sinóticos. Esses Evangelhos não fornecem nenhuma informação que permita determinar a duração do ministério público do Senhor. Sempre se afirma que eles refletem um ministério que durou somente um ano. Mas uma conclusão como esta é certamente equivocada, pois mesmo nesses Evangelhos existem indicações de pelo menos duas outras primaveras além da Páscoa durante a qual Ele foi crucificado (Mt 12.1; Mc 2.23, "colher espigas"; Mt 14.19; Mc 6.39. "erva verde").
2. As Páscoas mencionadas no Evangelho de João. João cuidadosamente lista algumas das festas judaicas anuais e as relaciona com o ministério público do Senhor. Essa lista inclui pelo menos três Páscoas (Jo 2.13; 6.4; 12.1), o que torna necessário um ministério público de pelo menos dois anos. Assumindo que a festa não denominada de João 5.1 seja outra Páscoa - e existem muitos argumentos para assim entendê-la - isto significaria mais um ano. Uma vez que o batismo e o começo do ministério de Cristo na Galileia precederam aquela primeira Páscoa pelo menos em seis meses, o período total do ministério público do Senhor seria de três anos e meio.
A data da crucificação do Senhor Jesus Cristo
1. De descobertas anteriores. Se, conforme indicado acima, o ministério público de Cristo começou em 26 d.C. e durou por quatro Páscoas, então a morte de Cristo ocorreu na Páscoa do ano 30 d.C. Este é o método de cálculo mais satisfatório e frutífero. Todos os outros métodos aqui apresentados somente confirmam os resultados obtidos, ou são de tal natureza que podem ser idealizados para adequar-se a qualquer resultado previamente obtido por este método.
2. Pôncio Pilatos. O governo de Pilatos, de acordo com Josefo, foi de 26 a 36 d.C. No julgamento de Jesus, parece que Pilatos já tinha tido problemas com os judeus, com os galileus e com Herodes; portanto, o julgamento não deve ter ocorrido no início do seu governo. Dificilmente seria possível tratar-se de uma Páscoa anterior a 28 d.C.
3. Anás, o sumo sacerdote. O sacerdócio de Anás oferece outro ponto de contato. Josefo afirma que ele foi deposto na época da morte de Herodes Filipe, ou em aproximadamente 34 d.C. Portanto, esta se torna a última data possível para a crucificação.
4. Cálculos astronómicos. Esforços elaborados foram realizados para estabelecer o ano, calculando-se em que ano a Páscoa coincidiu com uma sexta-feira. Assumindo que a crucificação ocorreu em uma sexta-feira, e que a última ceia era a refeição de Páscoa, seria possível chegar a uma data exata. Mas esse método de cálculo enfrenta muitas dificuldades: (a) Embora a tradição universal tenha colocado a crucificação em uma sexta-feira, houve e ainda há estudiosos que discutem essa interpretação, colocando-a em uma quinta-feira, ou quarta-feira. (b) Novamente, existe um desacordo quanto à natureza da última ceia, se a ocasião representava uma refeição comum, ou a refeição da Páscoa, (c) Existe um desacordo quanto ao primeiro dia da festa, se foi 14 ou 15 de Nisa. Claro que qualquer pessoa pode ado-tar a sua própria, entre as alternativas, e chegar a calcular uma data exata. Na verdade, as muitas pessoas que tentaram fazer isso terminaram com resultados totalmente divergentes. No entanto, a objeção fatal e principal a este método é (d) a incerteza quanto à maneira como os judeus definiram o seu calendário. Se eles calculavam o primeiro dia do mês astronomicamente, o método deveria funcionar. Se eles o faziam pela observação da aparição da lua nova, o que é muito mais provável, então é impossível ter certeza. Os fatores desconhecidos envolvidos, portanto, parecem tornar este método praticamente inútil na determinação da data da crucificação.

 
Dicionário Wycliffe (com algumas alterações minhas - Pr. Henrique)
Sob vários aspectos, JESUS CRISTO é uma pessoa singular, sendo que o mais importante é que Ele centraliza o evangelho da graça de DEUS. Ele mudou a face da história, pois através dele a eternidade invadiu o tempo. DEUS se fez homem e a vida humana adquiriu, por meio de sua redenção, um significado que a eleva acima da ordem natural e a apropria para a comunhão e a obra de DEUS.
Mas será que tal vida é possível? Um filósofo poderia estar inclinado a dizer que não, tomando como base o conceito de que o abismo existente entre DEUS e o homem é tão grande que não poderia ser transposto por um único ser, e que os elementos envolvidos são demasiadamente distintos para serem combinados em uma única personalidade. No entanto, os registros dos Evangelhos nos apresentam tal personalidade. Temos a opção de escolher entre a suposição de um milagre literário fundamentado na imaginação ou aceitar um milagre histórico baseado na soberana obra do DEUS Supremo, adequadamente comprovada por competentes testemunhos.
Um historiador poderia sentir-se impossibilitado de dispensar JESUS CRISTO como uma figura não histórica em vista do substancial caráter de todas as provas, entretanto ele se reconhece apreensivo perante a realidade de muitos elementos históricos presentes em nossas fontes. Afinal de contas, os primeiros Evangelhos surgiram cerca de 30 anos depois dos últimos eventos que lá estão relatados. Embora exista esse intervalo, ele não está totalmente vazio. Um grande número de recordações de JESUS de Nazaré permaneceu em centenas de vidas e essas recordações foram mantidas vivas através de freqüentes reminiscências estimuladas pela meditação e por sua proclamação.
Embora o Senhor JESUS nada tenha deixado escrito para a posteridade, Ele transmitiu aos seus mais próximos seguidores a certeza de que o ESPÍRITO de DEUS teria uma participação especial em seu ministério de levar às mentes desses homens a lembrança das coisas que Ele havia dito (Jo 14.26). Mesmo que não levássemos em conta esta ajuda espiritual, os discípulos nunca puderam se esquecer das cenas dramáticas que compartilharam com o Mestre. Alguns incidentes envolviam apenas a pessoa de JESUS, tal como o da tentação, mas não existem razões para supor que Ele tivesse se isolado a ponto de não os informar sobre o que havia acontecido.
Não é possível demonstrar que as matérias dos Evangelhos estejam sempre organizadas dentro de uma ordem estritamente cronológica. Mas está claro que todos os registros preservam uma ordem de acontecimentos que, procedendo daqueles que fizeram parte do início do ministério, vão até os que caracterizam o seu término, de modo que existe um sentido de progressividade e também de simetria. Ninguém poderia ficar com a impressão de que houvesse alguma coisa errada, ou de uma composição imaginária.
O cenário para essa vida, a maior de todas as vidas, é a terra da Palestina em uma época em que Roma havia estabelecido a sua soberania sobre a maior parte do Oriente Próximo. Funcionários do governo, militares e coletores de impostos exibiam a realidade constante e desagradável de que Israel não era uma nação livre. A inquietação, principalmente entre os zelotes, estava gradualmente se avolumando em direção a uma visível revolta. Em uma tal atmosfera não seria fácil desempenhar um ministério fundamentado em considerações espirituais. Os ensinos e as alegações pessoais de JESUS podiam ser facilmente mal interpretados. Qualquer assertiva pessoal sobre direitos reais estaria sujeita a ser distorcida por alguns como uma tentativa de assumir algum poder temporal. Qualquer comentário sobre liberdade seria imediatamente isolado de seu contexto de escravidão ao pecado e aplicado à situação política reinante. Foi somente com grande dificuldade que os doze apóstolos foram afastados dessas noções e, na época em que esse ajuste havia sido concluído (Atos 1), JESUS estava prestes a partir desse mundo. Dessa forma, mesmo que o conceito temporal do reino de DEUS houvesse persistido, a ele teria faltado qualquer possibilidade de realização, pois o Mestre estaria ausente desse cenário. Sob o controle do ESPÍRITO SANTO, a Igreja conseguiu caminhar apenas ao longo das linhas estabelecidas por JESUS — um reino livre de razões e métodos mundanos. Roma não precisava temer nenhuma competição exercida por este.
Embora JESUS tenha passado os seus dias na terra sob a égide da águia romana, a sua vida era muito mais influenciada pela herança judaica. Tendo nascido de mãe pai judeu por adoção, e sendo criado em um lar repleto de conceitos religiosos. Ele foi estimulado a amar as Escrituras e treinado na adoração e nas instruções da Sinagoga. Ele aprofundou sua mente na história e nas tradições de seu povo. A facilidade com que podia mencionar as Escrituras, assim como a fidelidade de suas referências, serve para atestar um prolongado e cuidadoso estudo. O desenvolvimento de sua infância, ao longo dessa linha, ficou oculto para nós; mas o que ficou bastante claro é que Ele procurou a Palavra não só como alimento espiritual, mas também para encontrar as indicações necessárias à sua própria missão (Lc 4.18,19; 22-37; 24.44-47). Desprovido de um treinamento rabínico formal, Ele foi capaz de determinar as necessidades espirituais de sua nação de maneira independente, e indicar os diferentes caminhos pelos quais os líderes haviam desviado o seu povo. Todo este raciocínio retrata a humanidade do Senhor JESUS CRISTO; porém não podemos nos esquecer de que Ele era simultaneamente DEUS e que estava consciente disto o tempo todo. Essa habilidade de pertencer ao judaísmo, e ao mesmo tempo de se colocar contra ele, está refletida em uma certa dualidade que permanece constante no ministério de JESUS, principalmente quando se trata da lealdade a Israel (Jo 4.22Mt 10.615.24), da admiração pela fé daqueles que estavam afastados da nação da aliança divina (Mt 8.10), da compaixão pelos seus compatriotas (Mt 23.37) e de uma direta previsão de que outros iriam assumir a herança de Israel (Mt 8.11,12). De diferentes maneiras, JESUS, o judeu, era o menos judeu dos homens. Ele era, na verdade, um homem universal. Talvez isso representasse exatamente parte daquilo que Ele procurava transmitir ao se intitular Filho do Homem. Na verdade, Ele era filho de Davi e Abraão (Mt 1.1). Não haveria nada de surpreendente nisso, pois Ele veio para cumprir a promessa feita aos pais e também assegurar que os gentios também poderiam ser capazes de glorificar a DEUS pela sua misericórdia (Rm 15.8,9).

Nascimento e Infância.
Herodes o Grande ainda reinava quando JESUS nasceu (Mt 2.1). Sua ciumenta apreensão fazia com que os judeus ficassem temerosos de mostrar grande entusiasmo pela anunciada chegada de seu prometido Rei. No entanto, a resposta dos pastores (Lc 2.8-18) pressagiava uma majestosa recepção de caráter divino por parte das pessoas comuns, embora os magos constituíssem as primícias dos gentios.
O relado feito por Mateus trata particularmente do ponto de vista de José como da casa de Davi, enquanto o relato de Lucas, provavelmente da humanidade de JESUS. O relato da natividade deu à Igreja tudo que ela precisava conhecer sobre esse assunto. Embora a doutrina da virgindade também tenha encontrado seu lugar no Credo dos Apóstolos, não fazia parte das pregações apostólicas na medida em que foi revelada pelos registros.
Poucas informações chegam até nós a respeito da infância de JESUS, e esse fato realça a verdade de que os Evangelhos não tinham a intenção de ser biografias no verdadeiro sentido dessa palavra. Embora forneçam algumas matérias sobre a vida de CRISTO, eles não foram escritos sob um ponto de vista biográfico, mas tiveram a finalidade de fornecer informações que pudessem levar a um melhor entendimento da própria mensagem dos Evangelhos. O silêncio relativo a esse período da vida de JESUS é atenuado pelo relato da visita que Ele fez ao Templo aos doze anos, precedida e seguida de um resumo dos acontecimentos sobre o seu desenvolvimento (Lc 2.40-52). Em suas discussões sobre as Escrituras, o jovem JESUS aparece como um ouvinte da Palavra, e em sna contínua obediência aos pais, no lar de Nazaré, Ele é visto como aquele que as cumpria.
Preparação para o ministério. Segundo a providência de DEUS, João Batista era um arauto que preparou o caminho para JESUS. João Batista proclamou publicamente que alguém maior havia chegado, alguém que seria ao mesmo tempo o Salvador (Jo 1.29) e o Juiz (Mt 3.12), e que os homens deveriam se arrepender de seus pecados por causa da proximidade do reino (Mt 3.2), Anúncios semelhantes foram feitos pelo próprio Senhor JESUS. Embora ambos fossem muito diferentes em hábitos e aparência, eles eram muito semelhantes ao contar com grande número de seguidores e criar opositores nos principais círculos do judaísmo, uma oposição que não se contentou apenas em tirar as suas vidas (Mt 17.12).
O batismo de JESUS, pelas mãos de João, marcou o abandono da vida de isolamento em Nazaré e a assunção de seu papel como o Servo de Yahweh (Mt 3.17; cf. Sl 2.7Is 42.10). (Observação Minha - Pr. Henrique - Recebeu o batismo no ESPÍRITO SANTO para exercer seu ministério de milagres.)
Ao prepará-lo para essa missão, o ESPÍRITO SANTO desceu sobre Ele e o céu o reconheceu. O detalhe principal dessa missão estava baseado na insofismável prontidão do Filho em identificar-se com a naçào pecadora que Ele havia vindo para redimir (Mt 3.15). A plena implicação dessa identificação se tomaria aparente em seu batismo de sangue na cruz (Mc 10.38Lc 12.50).
O Filho de DEUS ainda não estava pronto para se lançar ao trabalho, embora tivesse a aprovação divina e o equipamento necessário para acrescentar a sua própria dedicação a essa tarefa. Primeiro, Ele deveria se sujeitar a uma exaustiva tentação nas mãos de Satanás. JESUS teria que lidar com mentes que o demônio havia cegado, com pessoas cujos corpos estavam ligados a ele e reduzidos a uma virtual inoperâncía, com vidas obscurecidas e torturadas pelos seus emissários de espíritos imundos. Ao enfrentar todas as provas do maligno, JESUS tinha agora o poder do ESPÍRITO SANTO para expulsar os demônios e livrar os homens do seu terrível domínio. Ele podia desafiar a influência do reino de Satanás porque derrotou o príncipe desse mundo, desviou todos os dardos contra a armadura da fé e impediu qualquer movimento do seu adversário através da espada do ESPÍRITO e da Palavra de DEUS. Através da experiência da tentação, Ele alcançou o modelo de uma resoluta dependência de DEUS, que permaneceu como uma constante característica de seu ministério.

Local e duração do ministério.
A partir dos Sinóticos, está claro que grande parte do ministério do Senhor teve lugar na Galiléia, com um considerável itinerário de viagens entre cidades e vilas. Cafarnaum mostrou ser um local adequado para o quartel-general por causa de sua situação central. Certa ocasião, uma viagem a Tiro e Sidom levou JESUS e seus discípulos para fora dos limites da Palestina (Mc 7.24). Outra viagem levou-os através de um setor da região de Decápolis, que consistia de um grupo de esparsas comunidades gregas localizadas a leste do mar de Galiléia (Mc 7.31). Além disso, houve uma retirada para o Norte, para Cesaréia de Filipe (Mc 8.27), e alguma atividade desenvolvida na Peréia, um território a leste do rio Jordão (Mc 10.1).
Por outro lado, a partir do Evangelho segundo Joâo, ficamos sabendo pouco sobre a obra de JESUS na Galiléia, pois a maior parte da narrativa está centrada em visitas a Jerusalém, especialmente em conexão com as várias festas anuais dos judeus, como a Páscoa (Jo 2.236.413.1), Tabernáculos (7.2), Dedicação (10.22) e uma festa de nome ignorado (5.1). Os Sinóticos mencionam apenas uma Páscoa, a ocasião da paixão. A partir de Atos 10.37 é possível entender que JESUS exercia o seu ministério em outros lugares da Judéia, além de Jerusalém e suas vizinhanças.

Com a ajuda dessas referências a festas feitas por João, podemos calcular muito ligeiramente a duração do seu ministério. Ela deve ter excedido dois anos ou aproximadamente três. Alguns defendem um período de quatro anos (E. Stauffer, JESUS and His Story, pp, 6-7).
Ensinos de JESUS.

Os escritores dos Evangelhos nos proporcionam muitos quadros de nosso Senhor cercado por grandes multidões, e mantendo a atenção destas pessoas através de seus fascinantes ensinos. As pessoas ficavam impressionadas pela maneira como Ele falava - com autoridade (Mc 1,22), Ele não mencionava as citações dos rabinos e colocava as suas próprias afirmações ao lado dos ensinos do AT, sobrepujando muitas vezes até as declarações do passado que tinham autoridade (Mc 7.9-14Mt 5.33,34,38,39). Ao contrário da maioria dos mestres de seu povo, Ele não se perdia em um emaranhado de detalhes inconseqüentes nem recorria a excessivas minúcias, mas limitava o seu discurso a verdades essenciais. Uma grande simplicidade caracterizava as suas afirmações, e esta era auxiliada por sua aversão a termos técnicos e pelo uso freqüente de ilustrações especialmente relacionadas com as parábolas. Ele sabia como levar as pessoas do conhecido até o desconhecido.
Seus ensinos eram desenvolvidos em vários cenários - sobre o declive de uma montanha, à beira de um lago, nos lares, nas sinagogas e no Templo de Jerusalém. Tudo estava aberto ao público (Jo 18.20). O fato de Ele ensinar durante muitas horas de cada vez deve ter levado a um severo esgotamento de suas energias, pois o seu corpo era totalmente humano (Mc 4.36-38).
Em seus ensinos públicos, JESUS podia se apoiar no fato de que seus ouvintes eram crentes em DEUS e muito familiarizados com o AT. Provavelmente por essa razão Ele dispensava uma instrução menos formal sobre a natureza de DEUS, o que em outras circunstâncias talvez fosse necessário. A verdade de que DEUS é ESPÍRITO foi revelada a um samaritano, e não a um judeu (Jo 4.24). O Senhor JESUS dedicava uma considerável atenção à bondade divina (Mt 5.457.1119.17), ao cuidado que Ele tem para com os seus filhos (Mt 6.26,30,32) e à perfeição de seu amor (Mt 5.46-48). Ele dava a segurança do perdão divino àqueles que erravam em meio ao seu povo (Mc 11,25), e garantia a todos que estava sempre disposto a ouvir a oração que fosse feita com fé (Mc 11.22-24). Sua equidade é reconhecida (Mt 6.33) e também o seu trabalho como Juiz (Mt 10.28). Mas acima de tudo, JESUS estabelecia DEUS como Pai. A linguagem paterna havia sido usada no AT com o sentido de um Criador (Is 64.8), mas JESUS transmitia a seus ouvintes uma grande riqueza de interpretações até então desconhecidas, especialmente na área dos relacionamentos pessoais dos quais podia falar com imediato e íntimo conhecimento (Mt 11,27). Com muita graça divina, Ele convidava seus verdadeiros seguidores a passar a fazer parte da família celestial, o que os capacitaria também a chamar DEUS de seu Pai (Mt 6.9).
Um ponto central nos ensinos de CRISTO era a sua exposição sobre o reino de DEUS. Aqueles que participam desse reino não são os poderosos desse mundo, nem os farisaicos, mas os pobres de espírito e os perseguidos (Mt 5.3,10). Na verdade CRISTO, como Rei, exibe os mesmos traços exigidos de seus súditos (Mt 11.2921.5). Poderiamos dizer que Ele é o reino em sua essência. Através de sua vinda a esse mundo, o seu reino também adquiriu um sentido inicial. Em seus ensinos foram revelados os princípios desse reino. Depois de sua partida, o reino continuou a fazer o seu apelo (Act 28.31) e, de acordo com a sua previsão, será consumado em poder e glória por ocasião de sua volta (Mt 25.31-34).
A avaliação do homem, feita por JESUS, não deve ser apreendida apenas através das palavras que disse, mas de sua disposição de sacrificar sua própria vida para proporcionar a sua salvação à humanidade. Obviamente a humanidade deve, com toda a fé, ser declarada pecadora por aquele que conhece os corações melhor que ninguém (Mt 7.11). A corrupção vem de dentro e não de influências exteriores (Mc 7.18-23).
Dois defeitos da sociedade daquela época eram particularmente angustiantes para o Mestre. Um deles resultava de fatos religiosos centrados nos escribas e nos fariseus. Por causa de sua escrupulosa atenção às minúcias da lei e das tradições dos anciãos, e a comparativa negligência quanto às questões mais graves da justiça e do amor, esses líderes cegos estavam sufocando os impulsos religiosos da nação da aliança. O povo era como um rebanho sem pastor. Outra característica preocupante, muito influenciada pela primeira, era o desvio do homem comum em direção ao materialismo. Por demasiadas vezes, muitos haviam se inclinado a servir Mamom, imaginando que podiam se dedicar à avareza e ao mesmo tempo honrar a DEUS de uma forma apenas tolerável. JESUS precisava prevenir as pessoas sobre o perigo de perder a alma na vã tentativa de ganhar o mundo (Mc 8.36,37).
Ninguém conseguia ouvir JESUS sem perceber nele um tremendo entusiasmo sobre a vida e a maneira como deve ser vivida. Ela é o vestíbulo da eternidade. Para Ele, o céu e o inferno eram solenes realidades. Ele desafiava seus ouvintes a considerar o destino que teriam à luz de suas crenças e práticas.
Milagres de JESUS.
Não existe qualquer dúvida de que, juntamente com os seus ensinos, as poderosas obras de nosso Senhor foram muito influentes para despertar o entusiasmo popular, especialmente no auge da campanha da Galiléia. Ele não podia se esconder. Onde quer que fosse, as multidões o cercavam. Não seria possível estabelecer um modelo consistente do relacionamento que existia entre os seus ensinos e os milagres, nesse aspecto de atrair os seguidores; mas tendo Mateus 4.24-5.1 como guia, podemos razoavelmente concluir que as multidões estavam freqüentemente inclinadas a assegurar a cura para si próprias e seus entes queridos e, quando isso era alcançado, um grande número de pessoas permanecia para ouvir os ensinos do Senhor. Algo que se desprendia do mesmo poder sobrenatural, revelado nas obras de cura, se irradiava dos ensinos. Uma atividade complementava a outra.
Será que esses milagres podem ser constatados? Por serem prevalecentes nas narrativas dos Evangelhos, torna-se extremamente difícil considerá-los como piedosas criações dos escritores. Os milagres foram obviamente verídicos. Devemos ponderar sobre o fato de que a igreja primitiva, de acordo com o testemunho do livro de Atos e das epístolas, gozava do mesmo poder miraculoso que é atribuído ao Senhor JESUS CRISTO (At 4.109.34Rm 15.18,19Hb 2.4). Nossas fontes dão testemunho da transformação espiritual de um grande número de pessoas, inclusive dos apóstolos. São as mesmas fontes que proclamam o poder miraculoso de JESUS e ne seus seguidores. Como seria possível ter ao mesmo tempo a verdade e a mentira? O quadro geral deve permanecer ou então se desintegrar em termos não de um único ingrediente, mas de todos. As vidas qne foram transformadas não são menos maravilhosas que os sinais e os milagres, e sem estes a Igreja não poderia ter aberto o seu caminho nesse mundo. Devemos também nos lembrar de que os milagres foram tâo patentes, que não foram questionados na época de JESUS; nem mesmo por aqueles que se encontravam entre os seus inimigos (Mc 3,22Mt 27.42).
Existe, por detrás desses fatos, um propósito intencional e motivador sugerido por um dos termos utilizados para os designar. Eram os sinais. Isso significa que os sinais visavam dar testemunho sobre o Senhor que os realizava e também sobre a verdade que Ele proclamava. Eram calculados para assegurar, àqueles que os experimentavam ou testemunhavam, que o Ungido de DEUS estava trabalhando no meio deles (veja Lc 4.16-21). Visavam aumentar o peso da palavra falada, que convidava os homens a se livrarem de seus pecados e voltarem-se para DEUS com arrependimento e fé. O fato disso nem sempre acontecer logo após os milagres serem realizados, demonstra a indiferença do coração humano (Mt 11.20,21). Um dos Evangelhos faz uma conexão explícita entre a inclusão de certos sinais de JESUS em seus registros, e a expectativa de que, como resultado, a fé nele, que é o CRISTO, o Filho de DEUS (Jo 20.30,31) seria fortalecida.
Seria extraordinário esperar esse resultado da leitura dos Evangelhos se, com efeito, as pessoas não tivessem sido previamente levadas a essa fé através do testemunho desses sinais durante o ministério do Senhor JESUS. Mas insistir nesse propósito, como uma única reação aos milagres, não deixaria de ser uma atitude unilateral que pouco explicaria sobre a cura de todos os necessitados que constantemente se encontravam com JESUS. Mostrar o seu poder sobre alguns teria sido muito apropriado como demonstração de sua missão apostólica. Não podemos ignorar a clara insinuação feita pelas Escrituras da presença de um outro motivo. Nosso Senhor estava tão imbuído de compaixão pelas vicissitudes daqueles que a Ele afluíam que não podia deixar de ajudá-los. Como disse Pedro: “O qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo" (Act 10.38). Portanto, os milagres são justamente considerados como revelações do amor de DEUS em CRISTO, assim como símbolos de um compromisso divino.

Resposta ao ministério.
Assim evoluiu o espectro de uma feroz oposição a uma adorável devoção. Os principais adversários eram os escribas e os fariseus. A princípio contentavam-se em observar as suas ações, mas logo fizeram ouvir suas vozes através de desafios relativos a uma variedade de acusações. Ficaram ofendidos quando Ele os acusou de ignorar os mandamentos de DEUS em favor de suas tradições (Mc 7.9). Sua censura era particularmente difícil de ser suportada porque Ele, não tendo sido treinado para ser rabino, tomava a liberdade de praticar julgamentos sobre eles. Atritos também surgiram por causa da insistência de JESUS de também praticar seu ministério de cura nos sábados, além dos outros dias (Mc 3.1-6). Aos olhos do Senhor, qualquer postergação do alívio do sofrimento humano carecia totalmente de sentido. Mas os líderes religiosos não tinham a mesma opinião sobre esse assunto. Ficaram tão furiosos que resolveram condenar JESUS à morte. Outra razão de afronta era a sua afirmação de poder perdoar os pecados. Aos seus opositores, isso representava uma blasfêmia absoluta, pois significava que Ele estava assumindo uma prerrogativa que pertencia exclusivamente a DEUS (Mc 2.7). Essa acusação de blasfêmia agigantou-se perante os olhos do Sinédrio, especialmente por envolver a admissão, por parte de JESUS, de sua filiação divina (Mc 14.61-64).
Entre as pessoas, em geral, as respostas variavam da indiferença a uma fé genuína. Talvez a característica mais frustrante para o nosso Senhor fosse a absoluta motivação egoísta de muitos que o seguiam. Certa ocasião Ele acusou a multidão de o estar seguindo meramente por aquilo que Ele podia lhes proporcionar sob a forma de bens materiais (Jo 6.26).
No entanto, havia naqueles dias alguns que, de bom grado, esqueceram-se de suas posses, objetivos de lucro, lares e entes queridos a fim de se tornar seus íntimos seguidores (Mt 19.27). Seria demasiadamente precipitado afirmar que os doze apóstolos eram mais dedicados que os outros, tendo especialmente em vista o ministério desempenhado por certas mulheres (Lc 8.1-3) e os laços de amizade que ligavam JESUS a seus amigos em Betânia (Lc 10.38-42Jo 11). No entanto, os Evangelhos enfatizam a fidelidade dos apóstolos e a correspondente atenção que JESUS lhes dedicava na preparação de seu futuro trabalho como líderes da Igreja. Ali existia um ministério dentro de outro ministério. JESUS lhes ensinou a confiar no Pai e orar a Ele pelas suas necessidades, a olhar com compaixão os sofrimentos e as adversidades daqueles que os rodeavam, e cultivar seu apostolado com permanente e profunda compreensão de suas implicações. Quanto mais claramente fossem capazes de entender, através do ministério de JESUS, as linhas mestras de seu próprio ministério, mais significativa se tomaria sua chamada.
Para esses homens foi um verdadeiro choque ouvir dos lábios de JESUS que Ele deveria ir a Jerusalém para ser rejeitado e condenado à morte (Mt 16.21,22). E todas as demais instruções sobre esse assunto deixaram a todos perplexos e perturbados, porém eles não abandonaram sua causa. Foi somente com muita dificuldade que JESUS lhes comunicou a natureza básica de sua missão - a obediência ao Pai e a entrega total até se oferecer como preço do resgate de muitos (Mc 10.45).
Naturalmente, os doze apóstolos enfrentavam dificuldades na área da própria humildade até serem capazes de aceitar a interpretação do ministério do Senhor e se ajustar a ele. Mas foi uma lição difícil de entender. Pouco antes daquelas sagradas horas finais da Ceia, ainda estavam disputando entre si quem seria o maior (Lc 22.24). Mas vendo o Senhor inclinar-se para lavar os pés de cada um, ouvindo-o falar mansamente sobre seu grande amor por eles, e sua oração para que fossem um nele, e depois de vê-lo submeter-se tranquilamente à prisão por seus algozes, e se dispor a beber do cálice que o Pai lhe havia oferecido - tudo isso lhes causou uma profunda impressão. Juntamente com a tristeza pelas suas numerosas fraquezas, inclusive pela deserção na hora da crise, estava seu pesar pela prisão, crucificacão e sepultamento do Mestre.
Mas desse abismo de penitência e pesar veio o renascimento da alegria e um novo senso de prestação de serviços ao seu Senhor, quando o acompanharam em sua ascensão. A eles restou serem cheios com o ESPÍRITO SANTO a fim de serem preparados para a obra apostólica. JESUS havia sido pai e amigo, mestre e também crítico. Agora que Ele deveria ser reconhecido como o Senhor universal, a fidelidade e a paciência demonstradas pelo Senhor nos dias do treinamento se avolumavam na mente dos discípulos. Que privilégio é servir a alguém como Ele!
O clímax do ministério. Assim como Cesaréia de Filipe representou uma pedra de moinho no progresso espiritual dos discípulos, ela também foi um ponto culminante na carreira terrena do Senhor JESUS (Mt 16.13-21). A partir desse local a paixão tornou-se difundida, não como uma tentativa, mas como alguma coisa já determinada e acatada. A partir desse momento o Senhor retornou mais de uma vez ao assunto, mostrando que ele estava monopolizando o seu pensamento.
A transfiguração, por todo o mistério que cobre o relato da glória visível da pessoa do Salvador, deve ser entendida em íntima relação com Cesaréia de Filipe. A voz divina, com sua grave advertência aos discípulos para que ouvissem atentamente ao Filho (Mt 17.5), encontra sua explicação na audácia de Pedro ao censurar JESUS por ter mencionado o assunto da cruz (Mt 16.22,23). Moisés e Elias haviam falado exatamente sobre isso no monte. A glória estava presente, também, com a finalidade de dramatizar a verdade da ressurreição e o triunfo que viria a seguir. Mais significativo ainda, para vincular a transfiguração à lembrança do ministério de JESUS, temos a observação de Lucas de que logo depois o Senhor se mostrou determinado a ir para Jerusalém (Lc 9.51). JESUS já estava prevendo o final, a despeito daquilo que ainda faltava para preencher esse ínterim, Ele desejava apressar o seu batismo de sangue (Lc 12.50).
O período que decorreu entre a transfiguração e a paixão apresenta vários problemas assim que alguém procura traçar os movimentos de JESUS. Basta dizer que parte desse intervalo foi passada ao longo da fronteira entre a Galiléia e a Samaria, e parte em Peréia. Grande parte daquilo que é peculiar a Lucas 9.51-19.27) pertence a esses lugares. Gradualmente, o Senhor preparou o seu caminho para Jerusalém. Crescentes multidões o cercavam (Lc 18.3619.3) de uma maneira que faz lembrar os seus dias mais ocupados na Galiléia.
Dois tópicos parecem dominar os seus ensinos à medida que a hora da paixão se aproximava (Jo 12.23-27). Um deles é a rejeição pelo seu próprio povo, e o outro é o seu regresso coberto de glória. Ele é o nobre que visita o campo para se apossar de seu reino e depois retoma. Os cidadãos o odeiam e insistem que não querem que ele os governe (Lc 19.14). Ele é o filho e herdeiro cujos súditos campesinos desejam matar para poderem se apossar de sua herança, mas com isso só conseguiram destruir a si próprios (Mt 21.33-41). Ele é a pedra que foi rejeitada pelos edificadores (Mt 21.42). Ele é o filho do rei, cujos convidados para o casamento rejeitam o convite a fim de darem prosseguimento aos seus próprios interesses (Mt 22.2ss.). Ele é o noivo que espera que haja vigilância em vista de seu retomo (Mt 25.1ss.). Ele é o Senhor que verificará a fidelidade de seus servos quando vier outra vez (Mt 25.14ss.), e o rei que irá julgar as nações (Mt 25.31ss.).

Se as palavras do profeta da Galiléia podiam ser consideradas provocadoras pelos judeus, seus atos não eram menos causadores de provocação - a audaciosa caminhada pela cidade, acompanhada pela entusiasmada aclamação do povo, a corajosa atitude de expulsar do Templo aqueles que comercializavam em seus pátios e o ofendiam, sendo casa de oração; e tudo isso acontecendo em plena luz do dia, sob os olhares dos sacerdotes que estavam se aproveitando desse comércio.
As perguntas dirigidas a nosso Senhor, durante a última semana, refletem a ira e frustração dos líderes judeus. Pensar que um forasteiro pudesse invadir o seu território dessa maneira e perturbar a situação reinante! Isso era desesperador! No entanto, não eram capazes de fazer com que Ele se confundisse em um debate para dessa forma desacreditá-lo. Desesperadamente, deliberaram e confessaram a sua impotência. Aparentemente, o único caminho que se abria para eles era aceitar a sentença do sumo sacerdote Caifás, proferida algum tempo antes, de que essa vida devia ser sacrificada para que toda a nação não fosse mergulhada em tumulto e revolução. Ele havia falado além de seu próprio conhecimento e, dessa forma, cumpriu a profecia da morte do Salvador (Jo 11.49-51). Mesmo assim, os governantes dos judeus estariam perdidos, sem saber como implementar essa decisão sem incorrer na ira do povo, caso Judas não tivesse se adiantado com a oferta de trair o Mestre (Mt 26.2-5,14-16).
Consciente da intriga de Judas, o Senhor JESUS não lhe contou o lugar onde encontraria os discípulos para comemorar a Páscoa e, dessa forma, foi capaz de gozar um período sem interrupções ao lado de seus companheiros na Ceia. As palavras pronunciadas nessa ocasião (Jo 13-16), bem como a sua oraçáo (Jo 17), fazem parte da mais preciosa coleção que nos foi deixada, de todo o seu ministério. Elas trazem a marca da pressão e da situação ״patética” da hora que se aproximava para JESUS, mas também possuem a tranqüila segurança da vitória que Ele conquistaria e comunicaria para o benefício da vida e da obra daqueles que o serviam, nos dias que se seguiriam.

Então se seguiu a luta da alma no jardim de Getsêmani (q.v.). O fato de JESUS precisar agonizar para fazer a vontade do Pai, é a nossa melhor indicação da severidade de seu conflito. A cruz, como instrumento de tortura, pouco pode responder por isso, mas a cruz como foco do pecado de todas as eras sobre o Crucificado, nos fornece a chave necessária para a solução desta questão. Somente uma alma totalmente livre de pecado poderia sentir tamanho horror, como sentiu JESUS, ao tomar sobre si os pecados do mundo.
Não se passaram muitas horas e Ele estava sobre a cruz. Depois de prendê-lo, as autoridades judaicas passaram o resto da noite em deliberação e, no início da manhã, decretaram sua condenação sob a acusação de haver cometido uma blasfêmia (Mc 14.60-64). Levando-o às pressas até Pilatos, o governador romano, antes que a cidade tivesse despertado completamente, os principais sacerdotes estavam assegurando a sentença que se baseava ostensivamente na acusação de que JESUS havia se declarado Rei dos Judeus (Mc 15.26; cf. Jo 19.21). Por volta das nove horas daquela manhã, Ele estava pendurado no madeiro maldito. De seus lábios não foi pronunciada nenhuma execração, mas uma oração pelos algozes. Seus acusadores continuaram inflexíveis, mas outros foram para casa batendo nos peitos (Lc 23.48). Cheio de admiração e espanto, o centurião exprimiu seus sentimentos de que Aquele homem só poderia ser o Filho de DEUS (Mc 15.39). Um dos ladrões descobriu que JESUS tinha a chave do Paraíso, e que a sua própria morte em uma cruz não representava uma barreira para a participação em suas alegrias (Lc 23.39-43). Não demorou muito para que o poder salvador do crucificado Filho de DEUS se pronunciasse.
Como JESUS já havia afirmado (Jo 10.18), Ele morreu voluntariamente, entregando o seu espírito a DEUS (Mt 27.50Jo 19.30). Será que Ele seria capaz de conceder o pedido de seu companheiro de voltar à vida novamente? O paradoxo é que os discípulos, apesar dos diversos pronunciamentos que prometiam a ressurreição, não a estavam esperando, enquanto os inimigos de JESUS, baseando-se em muito menos, estavam determinados a não oferecer nenhuma base para essa afirmação (Mt 27.62-66), O primeiro grupo não duvidava de que DEUS pudesse ressuscitá-lo, mas não esperava que o fizesse, enquanto o último contava apenas com a iniciativa humana, pela remoção do corpo, fornecendo assim uma base bastante ampla para a afirmação da ressurreição. O primeiro grupo, tomado de alegre surpresa, deu graças pela ressurreição porque amava o seu Salvador. O outro grupo tomou-se o protótipo daqueles que negam esse grande evento e permanecem alheios a esse poder transformador.
As aparições que aconteceram após a ressurreição representavam ocasiões de renovada comunhão entre o Senhor e os seus discípulos, mas também davam uma oportunidade para a explicação daquilo que havia acontecido segundo os termos das profecias do AT, e para a incumbência dos apóstolos de pregar o evangelho em todos os lugares através da autoridade universal do Senhor (Lc 24.44-49Mt 28.18-20).  Essas aparições terminaram com a Ascensão que, por sua vez, deu início a uma nova era caracterizada pela presença do Senhor no céu em benefício de seu povo (Hb 9.24). Como Cabeça da igreja, Ele continua a nos dar a sua verdadeira presença e poder sobre a terra, e sem dúvida cumprirá a sua promessa de retomar e consumar todas as coisas.

 
A humanidade de Jesus Cristo

As Escrituras dão testemunhos, de diversas maneiras, da humanidade de Jesus Cristo. Ele era “Filho de Abraão” (Mt 1.1); “da descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1.3), concebido pela virgem Maria (Lc 1.31), “nascido de mulher (Gl 4.4), nascido de Maria (Mt 1.252.11Lc 2.7), “se fez carne” (Jo 1.14; cf. Rm 1.31 Tm 3.16). Ele foi um bebê (Mt 2.11,14,20,21Lc 2.7,16), Ele “crescia em sabedoria, e em estatura” (Lc 2.52), trabalhou como carpinteiro (Mc 6.3), teve fome (Mt 4.2Mc 11.12), teve sede (Jo 4.719.28), viveu as emoções da alegria e da tristeza (Lc 10.21Jo 12.27), foi crucificado, morreu, e ressuscitou dos mortos. Ele é claramente chamado de homem (Jo 1.30Act 17.31Rm 5.151 Co 15.21,471 Tm 2.5Hb 2.6-9).
Quatro caracterizações resumem a doutrina da humanidade de Cristo.
1. A realidade deve ser enfatizada em oposição a qualquer ponto de vista que afirme ou implique em mera aparência ou semelhança. Foi essa heresia que João foi obrigado a combater, dizendo que ela era do anticristo (1 Jo 4.1-3). No entanto, existem maneiras mais sutis, com as quais a realidade da humanidade de Cristo pode ser comprometida. A natureza humana é finiita e, portanto, existem limitações inseparáveis da humanidade de Jesus. O significado de muitas das suas palavras e ações no tempo em que Ele estava em carne estarão perdidas, se não forem levadas em conta as suas palavras e ações em termos de sua natureza humana, e desta forma com as limitações correspondentes a estas. Evidente a esse respeito é o texto em Mateus 24.36, onde, sem representar um problema, é um indicador claro do conhecimento limitado que a sua consciência humana possuía, e da sua dependência das revelações para enfrentar tudo o que viria em seu raio de ação.

2. A integridade da humanidade de Cristo quer dizer que Ele possuía todas as qualidades essenciais à humanidade. Ele era corpo e espírito. Tinha conhecimento, sentimento e vontade humanos, que não estavam submersos nas qualidades da Divindade que Ele também possuía. O zelo com que a igreja deve manter essa integridade aparece naquilo que era central em sua missão. Ele sofreu e morreu em uma natureza humana. Seria uma infração contra a realidade da expiação tentar enfraquecer, de qualquer maneira, a inteireza com que Ele agiu, em termos de sua natureza humana.
3. A pureza de Jesus (que jamais pecou) distingue a sua natureza humana da de todos os demais. As limitações não devem ser comparadas com fraquezas de pecados nem com a falibilidade. Desde a sua concepção, Ele foi gerado de modo santo (Lc 1.35); nascido de uma virgem. Ele foi santo, inocente, imaculado e separado dos pecadores (Hb 7.26), e ninguém poderia condená-lo por algum pecado (Jo 8.46). Embora tentado de todas as maneiras, como nós também o somos, ainda assim é o adjetivo “sem pecado” qne lhe confere a capacidade de compadecer-se e conceder a sua graça e a sua virtude incomparáveis (Hb 4.15).

4. Â continuidade da Sua humanidade é indispensável para o cumprimento do seu ministério celestial. Na morte, o corpo e o espírito foram separados, o corpo permaneceu no sepulcro e o espírito partiu para junto do Pai. Mas o corpo e o espírito se reuniram na ressurreição. Na integridade da natureza humana, constituída tanto física quanto mentalmente, Ele subiu aos céus, e continua o seu ministério mediador até que no seu segundo advento Ele retorne com essa mesma natureza humana, para julgar o mundo e consuma o reino de Deus. J. M.
Jesus Cristo é o Filho de Deus, e a essência do Deus verdadeiro. Ele é constituído da mesma essência que o Pai e que o Espírito Santo, e igual em poder e em glória. Desta forma, tudo o que pode ser dito do Pai e do Espírito Santo poderá ser dito do Filho. Ele é o Criador (Jo 1.1-3Cl 1.16Hb 1.2), assim como o Pai (Gn 1.1Ap 4.11) e o Espírito Santo (Gn 1.2) criaram. Ele é o que mantém e que sustenta todas as coisas (Cl 1.17Hb 1.3), assim como o são o Pai (Gn 8.21,22) e o Espírito Santo (Jó 27.333.4). Ele é o Redentor (Ap 5.9Rm 3.24Tt 2.14), assim como O Pai (Is 63.16).
Provas bíblicas da Divindade de Cristo.
A Divindade de Cristo é provada por algumas afirmações expressas nas Escrituras (Emanuel, ou “Deus conosco”, em Is 7.14 e Mt 1.23Jo 1.1Jo 1.18Rm 9.5Tt 2.13Hb 1.8). Ele reivindicou ser capaz de perdoar os pecados (Mc 2.510.11Lc 7.48), o que é uma prerrogativa exclusiva de Deus, que assim era reconhecida (Mc 2.7Lc 5.21), Ele curou os enfermos (Mt 4.23,248.14-179.18-35Lc 5.17-267.18-23), e ressuscitou os mortos (Lc 7.11-158.41,42,49-55Jo 11.38-44; cf. 5.25- 29). Ele controlou a natureza acalmando as ondas (Mt 8.23-27). Ele agiu com criatividade, multiplicando os pães e os peixes (Mt 14.19-2115.32-38). Ele afirmou ser Deus (Jo 10.33); e existir, com Deus, antes que o mundo existisse (Jo 8.5817.5). Ele é igual ao Pai (Jo 14.9Pp 2.5-8) e um, em essência, com o Pai (Jo 10.30). Somente Ele, dentre todos os homens, é digno de ser adorado, um ato proibido quando dirigido aos seres criados e reservado exclusivamente a Deus (Jo 9.38Fp 2.9-11Ap 5.11-1419.1022.8ss.; Act 10.25ss.).

Provas filosóficas e teológicas. Se devemos ter um Deus que é infinito em sua pessoa e em seus relacionamentos, esse Deus deve ter uma natureza trina.
Qualquer visão - como a da fé muçulmana, a do judaísmo, a das Testemunhas de Jeová — que afirme que existe somente uma pessoa na Divindade prova ser inadequada. Tal visão apresenta um Deus que só teria conhecido um verdadeiro relacionamento sujeito- objeto (o relacionamento Eu-isso), um relacionamento pessoal real (o relacionamento Eu-Você) ou um verdadeiro relacionamento social (o relacionamento Nós-Você), depois de ter criado tanto o mundo como o homem. Este é o problema fatal em todas as visões unitárias. Pelo fato do homem conhecer e desfrutar de todos esses relacionamentos ele seria, nesses aspectos, maior do que um Deus não trino seria antes de criar o mundo e o homem. Assim, a eterna filiação e Divindade de Cristo são filosoficamente convincentes e necessárias.
A divindade de Jesus Cristo é de extrema importância para a nossa salvação. Somente uma pessoa infinita poderia oferecer um sacrifício infinito, suficiente para satisfazer a justiça de Deus, e para expiar os pecados de todos aqueles que têm fé. Embora o pecado tenha começado com um ato único, a desobediência, como um incêndio na floresta pode começar com uma única faísca, ele se espalhou por toda a humanidade; e a sua expiação — depois que o pecado envolveu toda a natureza e toda a humanidade - exigiu não um simples ato de um homem, mas do Todo- Poderoso, em Seu próprio Filho Onipotente. R. A. K.
 
HUMANIDADE DE JESUS
O Credo Niceno.
Nos séculos II e III d.C., visões extremamente divergentes do relacionamento de Jesus com Deus foram expressas nos escritos de diversos líderes cristãos. Justino Mártir afirmou que o Logos encarnado em Jesus Cristo era um segundo Deus. Irineu enfatizou a unidade de Deus, ou o monoteísmo, ao passo que Paulo de Samosata enfatizou a humanidade de Jesus, dizendo que Ele foi um homem sem pecado desde o seu nascimento. Sabelio acreditava que o Pai tinha nascido como Jesus Cristo, e sofrido como o Pai; pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram três modos ou aspectos de Deus. Tertuliano declarou que Deus é uma única essência, mas três pessoas ou partições, na atividade administrativa divina, e que Jesus era ao mesmo tempo Deus e homem, uma única pessoa que possuía duas essências ou naturezas. Orígenes era essencialmente ortodoxo, mas ensinava que embora o Filho seja co-eterno com o Pai, Cristo como a imagem de Deus é dependente do Pai e subordinado a Ele.
No início do século IV, Ário, um presbítero na igreja da Alexandria, afirmou que o Filho tinha um começo, e que não era uma parte de Deus. O Pai tinha criado o Filho para que Ele pudesse criar o mundo. Tai foi a controvérsia desenvolvida na parte leste do Império Romano, que o imperador Con- stantino convocou um Concílio de toda a igreja, que se reuniu em Nicéia, na Ásia Menor, em 325 d.C. Este foi o primeiro Concílio ecumênico, com a presença de mais de 300 bispos. O jovem Atanásio, um diácono de Alexandria, advogou a posição ortodoxa. O credo adotado por esse concilio afirma que o Filho é da mesma essência (/iomootisios) que o Pai. Ele diz o seguinte.
“(Nós cremos em um único Deus, o Paí Todo-Poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, e em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, o único gerado do Pai, da mesma essência (owsias) do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, da mesma essência (homoousion) do Pai, por quem todas as coisas foram feitas, tanto as do céu quanto as da terra, que para nós - seres humanos - e para a nossa salvação desceu dos céus e se fez carne, sofreu, ressuscitou no terceiro dia, subiu aos céus e virá para julgar os vivos e os mortos” .
Três bispos notáveis da Capadócia - Gregórío de Nazianzo, Basílio de Cesaréia e Gregório de Nissa - se encarregaram da discussão e argumentaram que existe somente uma ousia (substância, essência) que o Pai, o Filho e o Espírito Santo compartilham, mas que existem três hypostases (traduzida ao latim como personae, pessoas). Um segundo concilio ecumênico foi realizado em Constantinopla em 381, para trazer um final à controvérsia de Ário. A doutrina ortodoxa estabelecida em Nicéia foi confirmada, e o credo Niceno foi modificado e aumentado para a sua forma atual. J.R.

 

INFÂNCIA DE CRSITO -
O conhecimento da infância de Cristo depende de três fontes: histórica, cultural e das evidências indiretas.

1. Fofos registrados. Estes sâo os acontecimentos registrados que envolvem o nascimento e os primeiros anos da infância de Cristo, seguidas por um silêncio completo até o seu décimo segundo ano de vida, quando Ele foi ao templo com José e Maria, para participar da festa da Páscoa em Jerusalém. Os principais acontecimentos do seu nascimento incluem a época e o lugar (Mt 2.1ss.; Lc 2.1ss.), a anunciação aos pastores e a visita destes à manjedoura para adorar o Cristo menino (Lc 2.8-20), No oitavo dia, Ele foi circuncidado, e nessa ocasião lhe foi dado o seu nome (Lc 2.21). Na sua apresentação no templo, aos quarenta dias de vida, Maria fez a oferta de um par de rolas ou dois pombinhos, o que era apropriado para as pessoas pobres (Lv 12.8Lc 2.22-24).
Esta última cerimônia foi marcada pela profecia de Simeão, de que Jesus era o meio de salvação que fora proporcionado por Deus tanto para os judeus como para os gentios, embora a sua vinda fosse rejeitada por muitos em Israel (Lc 2.25-35). Essa profecia foi confirmada por Ana, uma mulher idosa que servia a Deus dia e noite no templo, com jejuns e orações, e que predisse que Jesus era aquele que foi enviado para a redenção de Jerusalém (Lc 2.36-38).
Os magos se informaram em Jerusalém sobre o o local do nascimento de JESUS cerca de dois anos depois de nascido e então visitaram Maria, José e o Bebê em Belém, pois a fuga para o Egito seguiu-se rapidamente a essa visita (Mt 2.1-14). Após a morte de Herodes, José, Maria e o Bebê retomaram à Galileia e viveram tranqüilamente em Nazaré (Mt 2.19-23). Podemos perfeitamente imaginar que José e Maria tenham contado a Jesus os acontecimentos surpreendentes e as profecias que envolveram o seu nascimento, e que esses detalhes tenham enriquecido enormemente a sua infância.
Em Lucas 2.42-50, o menino Jesus, com 12 anos de idade, mostrava ter uma grande compreensão de seu relacionamento peculiar com Deus. A pergunta que Ele fez a José e a Maria, “Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” mostra uma consciência de que Deus, e não José, era o seu verdadeiro Pai. Estas primeiras palavras mencionadas por Jesus, quando Ele se refere à sua filiação, são o registro do conhecimento que Ele tinha de sua missão na terra.
2. Cultura e costumes.
Um estudo dos costumes judeus e da sua cultura, particularmente como são registrados no Antigo Testamento, e revelados a Israel como a vontade de Deus, acrescenta muito ao nosso conhecimento sobre a infância de Cristo. As festas e a observância religiosa ocupavam uma grande parte da vida dos israelitas. A festa da Páscoa era celebrada em todas as famílias, seguida pelas festas dos Pães Asmos, das Primícias, de Pentecostes, das Trombetas, do Dia de Expiação e da Festa dos Tabernáculos. Algumas dessas festas duravam uma semana. Embora as principais celebrações acontecessem em Jerusalém, algumas festividades de natureza menor devem ter ocorrido em sinagogas locais.
As casas dos judeus tinham as Escrituras nos batentes das portas, e ali haviam ensinamentos e discussões diários da Bíblia (Dt 7.6-911.18-20). Havia ainda a memorização das Escrituras hebraicas, além dos rituais semanais aos sábados nas sinagogas. Sabemos que Cristo aprendeu a ler (Lc 4.17) e escrever (Jo 8.68־). Como qualquer menino judeu, Ele aprendeu um ofício, e com a carpintaria. JESUS foi batizado e levado pelo Espírito Santo ao seu ministério público (Mt 3.13- 17Lc 4.1,14).
3. Conclusões a partir das referências de Cristo à sua própria infância.
Jesus deve ter sido intensamente interessado pela natureza, por causa das suas referências a raposas, pássaros (Mt 6.268.2013.32Lc 9.5812.6), galinhas e pintinhos (Mt 23.37), flores (Mt 6.28-30) e o clima (Mt 16.2,3Lc 12,56). Supomos que Ele deva ter participado das mesmas brincadeiras de que as outras crianças participavam (Mt 11.16,17).
Em resumo, Jesus teve uma infância muito normal e saudável. Os seus pais eram humildes, honestos, trabalhadores e devotos. A sua mãe, em especial, era um exemplo de paciência e amor (Lc 2.19,51). José era um homem íntegro, e também compassivo (Mt 1.19-25); um homem de verdadeira fé. As experiências da infância de Cristo sem dúvida foram as de um menino que passa muito tempo fora de casa, unidas a um aprendizado completo de um ofício. Com isso Ele se desenvolveu tanto mentalmente quanto fisicamente. Os seus ensinos provaram o desenvolvimento mental, e a sua resistência física o desenvolvimento físico. Além disso, Ele amadureceu espiritualmente em seu relacionamento com Deus, e socialmente nos seus relacionamentos com os companheiros (Lc 2.40,52). R. A. K.

CRUZ DE CRISTO
Um pilar vertical com uma viga horizontal fixada perto do topo, onde os condenados eram executados no mundo romano.
Formas; (1) Crux simplex, a cruz simples, a saber, um pilar único ou estaca vertical; (2) cr«x commissa ou crux humilus, a de Santo Antônio, na forma de um “T”; (3) crux clecus- sata, a de Santo André, na forma de um “X”; (4) crux im,missa, a cruz latina; (5) Cruz de São George, formada por dois pedaços de mesmo comprimento; (6) cruz tripla, 3 cruzes em uma fileira, usada pelos sacerdotes e dignatários da igreja a partir do século V. Aceita-se de forma geral que Cristo foi crucificado na crux immissa, ou cruz latina, visto que as Escrituras declaram que a inscrição “Este é Jesus, o rei dos judeus”, foi colocada sobre a sua cabeça (Mt 27.37; cf. Mc 15.26Lc 23.38Jo 19,19). Acredita-se que na cruz de Santo André, e na cruz de Santo Antônio isso não poderia ter sido feito. As tradições cristãs primitivas afirmam que Jesus morreu sobre uma ctuz latina (Irineu, Against Heresies, ii.24.4; Justino, Trypho, 91).
A cruz de tau consistia de galhos ou estacas verticais plantadas permanentemente no campo de execução. Seu topo se afilava até um determinado ponto. O patíbulo era uma barra de madeira que pesava pouco mais de 56 quilos, com uma cavidade redonda esculpida no seu centro que se ajustava à ponta da haste. Algumas autoridades acreditam que esta era a cruz preferida pelos executores romanos, e que o título da placa podia ser fixado em um pedaço de madeira e pregado no patibulum, acima da cabeça ao criminoso.
A cruz, como um sinal, pode ter sido usada pelos primeiros cristãos judeus de Jerusalém, antes da destruição da cidade em 70 d.C. Ossuários (caixas retangulares de pedra onde se depositavam ossos humanos) foram encontrados em 1945 no subúrbio de Talpio- th, sendo que um deles estava marcado em cada um dos quatro lados com uma cruz rudimentar, como um sinal de mais. Um ossu- ário marcado de forma similar foi encontrado em um cemitério aparentemente cristão no Monte das Oliveiras (FLAP, pp. 331ss.). Na cidade de Herculano, destruída em 79 d.C. pela erupção do Monte Vesúvio, uma casa escavada mostrava uma cruz latina gravada na parede de cimento em cima de um pequeno gabinete de madeira, considerado como um local de oração ou altar (FLAP, pp. 363ss.).
Smbolo on emblema. A cruz é O símbolo de uma morte sob a maior culpa e a pior maldi- ção. Thayer diz que a cruz era “um instrumen- eo conhecido como a punição mais cruel e ver- gonhosa, emprestada aos gregos e romanos pelos fenícios; a ela foram condenados - entre os romanos, desde O tempo de Constantino O Grande - os criminosos mais execráveis, os pi- ores escravos, assaltantes, autores e cúmpli- ees de revoltas, e ocasíonalmente nas provín- cias, para O divertimento arbitrário dos gover- nadores, também os homens justos e parífi- cos,_e até mesmo os próprios cidadãos roma- nos” (J. H. Thayer, A Greek-English Lexicon of the New Testament, p. 586). Por isso a cruz, para nós cristãos, se tomou o sinal de que Cris- to tomou sobre si a culpa, e assim pagou a pe- nalidade pelos nossos pecados.
 
PAIXÃO DE CRISTO 
A expressão “paixão de Cristo” tem a sua origem na tradução do infinitivo aorista do verbo pascho em Atos 1.3, onde Lucas diz que Cristo “depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas”. O verbo aqui colocado no particípio significa “sofrer”, e é freqüentemente usado para se referir aos sofrimentos e à morte de Cristo (Mt 26.2117.12), e especificamente à morte de Cristo em Lucas 22.15;24.26. A expressão não deve ser confundida com as “paixões dos homens”, que se referem às emoções humanas (Act 14.15Tg 5.17). O seu uso em relação a Cristo personifica a idéia dos seus sofrimentos e da morte na cruz.
O cumprimento das profecias
A morte sacrificial de Cristo foi antecipada no sistema de sacrifícios do Antigo Testamento, e também foi o assunto freqüente das profecias do Antigo Testamento (Sl 22.69; Is 53Zc 12.1013.7; cf. Ap 1.7). Cristo predisse constantemente os seus próprios sonimen- tos e a sua morte, ao longo do ministério da sua vida e especialmente à medida que se aproximava do seu final (Mt 16.2117.22,2320.17-1926.12,28,31Mc 9.3114.8,24,27Lc 9.22,44,4518.31-3422.20Jo 2.19-2110.17,1812.7). Também houve uma antecipação no anúncio de João Batista (Jo 1.29), quando Cristo foi apresentado como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, e especialmente no Evangelho de João em diversas passagens clássicas (3.14-16; 6.51; 10.11; 11.49-52; 12.24; 15.13).
A crucificação - uma morte atormentadora prescrita pela lei romana para aqueles que não eram cidadãos romanos - juntamente com o sepultamento de Cristo, estão descritos nos quatro Evangelhos (Mt 27.31-56Mc 15.20-41Lc 23.26-49Jo 19.16-37). A ordem dos acontecimentos nos Evangelhos inclui a tentativa de Jesus de carregar a cruz até o lugar da crucificação. Por Ele não ter conseguido fazer isso, Sjmão, de Cirene (uma cidade no norte da África), foi obrigado a carregar a cruz (Mt 27.32Mc 15.21Lc 23.26). Somente João não menciona Simão. O lugar da crucificação, descrito como Gólgota, é interpretado como “o lugar da Caveira” (Mt 27.33Mc 15.22Jo 19.17). Somente Lucas o chama de Calvário (Lc 23.33).
A ordem dos acontecimentos que se seguiram ao ato da crucificação é a seguinte:
(1) Cristo recusando o vinagre com fe! (Mt 27.34Mc 15.23); (2) a crucificação de Cristo juntamente com dois ladrões (Mt 27.35-38Mc 15.24-28Lc 23.33-38Jo 19.18-24); (3) a sua primeira frase na cruz “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23.34); (4) os soldados lançando sortes sobre as suas vestes, como cumprimento da profecia (Sl 22.18Mt 27,35Mc 15.24Lc 23.34Jo 19.23,24); (5) a zombaria dos judeus (Mt 27.39-44Mc 15.29-32Lc 23.35-37);6) ־) a zombaria dos dois ladrões, embora mais tarde um deles viesse a crer (Mt 27.44Mc 15.32Lc 23.39-43); (7) a segunda frase de Cristo “hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43); (8) a terceira frase de Cristo “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19.26,27); (9) as três horas de escuridão (Mt 27.45Mc 15.33Lc 23.44); (10) a quarta frase de Cristo “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46,47Mc 15.34,35); (11) a quinta frase de Cristo “Tenho sede” (Jo 19.28); {12) a sexta frase de Cristo “Está consumado” (Jo 19.30); (13) a sétima e última frase de Cristo “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46); (14) Cristo entregando o seu espírito (Mt 27.50Mc 15.37Lc 23.46Jo 19.30); Veja Cruz.
Imediatamente após a sua morte, o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo, e os sepulcros se abriram. Mais tarde, os soldados quebraram as pernas dos dois ladrões, mas como encontraram Cristo morto, eles lhe perfuraram a lateral do corpo, como cumprimento das Escrituras (Jo 19.31-37; cf. Zc 12.10Ap 1.7). O corpo de Cristo foi solicitado por José de Arimatéia, que, juntamente com Nicodemos, preparou-o para o sepultamento e colocou-o num sepulcro novo, em um horto. Ao sepultamento de Cristo seguiu-se a sua ressurreição no primeiro dia da semana. A Importância Teológica da Morte de Cristo O significado central da morte de Cristo está contido em três palavras importantes - redenção, propiciação e reconciliação. De acordo com Romanos 3.24, os que crêem em Cristo são “justificados gratuitamente por sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”. A idéia da redenção é a do resgate por meio do pagamento de um preço. A imagem envolve tanto a redenção pelo pagamento, como a libertação do objeto da redenção. Cristo, em sua morte, também constituiu uma propiciação ou uma satisfação da justiça de Deus (Is 53.11), como explicado pelo apóstoIo Paulo em Romanos 3.25,26. Da mesma forma, em seu sacrifício, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2 Co 5.19). Por meio da morte de Cristo, o pecador desfruta uma transformação, tanto em sua situação como em sua natureza, recebe a vida eterna e conseqüentemente se reconcilia com Deus e com os seus santos padrões. Veja Propiciação; Reconciliação; Redenção.
As Diferentes Teorias Sobre a Expiação
Na história da igreja, foram apresentadas várias teorias sobre a expiação. A ortodoxia histórica apoiou o conceito de uma expiação substitutiva, também descrita como vicária ou penal. Isto se refere à morte de Cristo, como basicamente dirigida a Deus e à satisfação do seu caráter santo, e das suas justas exigências em relação aos pecadores (cf. Jo 1.292 Co 5.21Gl 3.13Hb 9.201 Pe 2.24). A expiação substitutiva é indicada por meio do uso das preposições peri, hyper e anti, usadas em relação ao sacrifício de Cristo em beneficio do pecador. O ponto de vista de A. H. Strong, chamado de “reconciliação ética”, e o de Louis Berkhof, são variações deste ponto de vista. Muitos pontos de vista alternativos surgiram. Os patriarcas da igreja, tais como Orígenes, Agostinho e outros, conservaram a teoria do resgate, que diz que a morte de Cristo foi uma penalidade paga a Satanás na forma de um resgate, um ponto de vista largamente abandonado hoje em dia. A teoria da recapitulação, sustentada por Irineu, encarava a morte de Cristo como uma fase do restabelecimento, por Cristo, de todas as fases da vida humana, inclusive a de ser feito pecado, sem excluir a idéia da satisfação da justiça divina.
A teoria comercial, defendida por Anselmo no século XI, considera a expiação como algo essencialmente comercial, ou uma das satisfações a Deus, no sentido de que ela satisfaz a honra de Deus. Embora não contradiga, necessariamente, a visão substitutiva, fracassa em ser penal.
A teoria da influência moral, apresentada por Abelardo em oposição à de Anselmo, é baseada em uma premissa de que Deus não exigiu a morte de Cristo como uma expiação do pecado, mas apenas para demonstrar o seu amor e comunhão no sofrimento. Este ponto de vista é seguido por estudiosos neo-ortodoxos modernos e Liberais, na sua forma moderna como a teoria do exemplo, segundo a qual Cristo morreu meramente como um exemplo.
Várias combinações dessas teorias foram apresentadas, tais como a de Tomás de Aquino, geralmente considerada a norma da teologia católica romana, que aceita a expiação substitutiva com algumas modificações. Aquino afirmava que Deus não precisava oferecer a expiação. Outro ponto de vista, o de Duns Scotus, nega a necessidade da expiação, no que diz respeito à natureza de Deus, e diz que se trata de uma escolha arbitrária por parte de Deus, ao aceitar o sacrifício de Cristo como suficiente, quer este seja ou não de fato suficiente.
Schleiermacher e Eitschl oferecem a teoria da experiência mística, uma variação da teoria da influência moral, em que a morte de Cristo, de uma maneira mística, influencia o pecador para o bem.
A teoria governamental de Grotius é outro compromisso entre a teoria do exemplo e a expiação substitutiva ortodoxa, na qual a morte de Cristo se origina da ordem de Deus e não do caráter de Deus.
A teoria da confissão vicária baseia-se na idéia de que Deus poderia perdoar, se o homem pudesse arrepender-se adequadamente, e confessasse os seus pecados. Como ele não podería fazê-lo, Cristo o fez em seu lugar.
As Escrituras apóiam o conceito substitutivo de que Cristo realmente morreu no lugar no pecador, e que isso trouxe uma base de justiça para que Deus perdoasse e salvasse os pecadores arrependidos (Is 53.11Rm 3.25,261 Pe 2.24). A morte de Cristo é, portanto, essencial, não somente para a fé e para a salvação humana, mas para o programa divino de redenção, e constitui um fundamento da doutrina cristã. J. F. W.
 
O milagre da Páscoa é o âmago da fé e da mensagem cristã.
A ressurreição e a cruz são os temas principais do livro de Atos e das Epístolas. Em seu discurso no dia de Pentecostes (Act 2.24), Pedro fala daquele “ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte”. Esta frase ou alguma expressão equivalente ocorre por diversas vezes em Atos (Act 3.154.105.3010.4013.23,30,3726.8) e da mesma maneira nas Epístolas de Paulo (Rm 8.1110.91 Co 6.1415.152 Co 1.9;4.14Gl 1.1Ef 1.201 Ts 1.10; cf. 1 Pe 1.21). A morte expiatória de Cristo e a sepultura vazia são mencionadas juntas por nosso Senhor no que pode ser chamado de um complexo de redenção. O Senhor associou as duas em seu ensino (Mt 16.2120.18,19Mc 8.319.3110.33,34Lc 18.32,33Jo 10.17,18), e o apóstolo Pedro faz o mesmo (1 Pe 1.2-43.18ss.).
A Teologia da Ressurreição de Cristo
A ressurreição é a prova miraculosa de que o Senhor Jesus Cristo fez a expiação pelo pecado (Act 2.24,3813.37,38Rm 1.4), e venceu a morte (2 Tm 1.10Ap 1.18). Através dela, ele foi declarado como sendo o Senhor e Cristo (Act 2.32-36) e o Filho de Deus com poder (Rm 1.4Fp 2.6-11; cf. Act 13.33). Como o primogênito dentre os mortos, ele foi declarado o Cabeça da Igreja e o Soberano do universo (Cl 1.16-18Ef 1.19-23; cf. Hb 1.3). Ele mesmo é a ressurreição, aquele que concede a vida eterna (Jo 11.25). Quando ressuscitou dos mortos e subiu às alturas, Ele enviou o Espírito Santo (Act 2.33,38; cf. Jo 15.2616.7).
E o Senhor ressurrecto que, como nosso Sumo Sacerdote, apresentou o seu sangue sacrificial a Deus, o Pai (Hb 10.19-22; cf. 8.310.10-14), agora intercede por nós (Rm 8.341 Jo 2.1), e é habilitado e ordenado para tirar os selos dos juízos no fim dos tempos (Ap 5.1-7) e ser o juiz final do homem (Jo 5.21,22Act 10.4217.31).
Soteriologia da ressurreição. Para que o pecado do homem seja expiado, deve haver uma vida perfeita de justiça, vivida em completa obediência à santa lei de Deus, para ser oferecida “sem mácula”; Cristo realizou esta importante obra através de sua vida (Rm 5.1910.4Hb 4.155.8,9). Também deve haver uma expiação satisfatória para os pecados do homem e a lei infringida que exige a pena de morte (Rm 6.23), e isto Ele proveu submetendo-se à morte como o nosso substituto. Deus mostrou sua absoluta satisfação com a obediência ativa e passiva de Cristo, ressuscitando o seu Pilho dos mortos, e assim atestando que sua obra que visava alcançar a nossa justificação foi aprovada e aceita (Rm 4.25).
Escatologia da ressurreição. A ressurreição revela a vitória completa e final sobre a morte e o pecado, e sobre os seus efeitos no homem e na criação. Pelo fato de Cristo ter ressuscitado, os crentes também ressuscitarão em corpos transformados (1 Co 15). Por meio deste mesmo fato, a natureza também será libertada da maldição. Esta é a explicação da ressurreição do crente ou a manifestação dos filhos de Deus através da “redenção do nosso corpo”, e a remoção da “servidão da corrupção’’ na segunda vinda de Cristo serem mencionados como ocorrendo simultaneamente em Romanos 8.1823־ (cf. Is 11.6- 1265.25Zc 14.5).
Negações da Ressurreição
Têm sido sugeridas várias teorias que negam a ressurreição corpórea de Cristo.
Teoria da fraude. Seus discípulos roubaram o seu corpo da sepultura e o esconderam em algum lugar. Esta opinião falha em explicar como os supostos covardes tornaram-se homens corajosos da noite para o dia, e também ignoram o fato da presença da guarda romana. Esta teoria presnme que a mentira dos soldados deva ser aceita ao invés do testemunho dos crentes em Cristo. Uma variação desta opinião é que os inimigos de Cristo roubaram o corpo e o esconderam. Por que, então, eles não usaram isto mais tarde para refutar as alegações dos discípulos de que o Senhor havia ressuscitado?
Teoria da alucinação. Os discípulos apenas pensaram ter visto Jesus. Esta teoria falha em levar em conta o fato de que eles sentiram suas mãos e seus pés, falaram com ele, e comeram com ele e ele com eles (Lc 24.42,43). Uma variação disto é a teoria da razão histórica de Richard Niebuhr, de que os discípulos tinham uma lembrança histórica tão vivida de Cristo, que pensavam e falavam dEle como se Ele estivesse vivo. Esta opinião falha pelas mesmas razões que as da teoria da alucinação. Além disso, como na teoria anterior, ela deve negar a sepultura vazia.
Teoria da visão objetiva. Deus concedeu aos seguidores de Jesus visões reais para lhes dar a certeza de que o Espírito de Jesus havia sobrevivido. Esta opinião, da mesma forma, não consegue levar em conta a sepultura vazia, nem o seu corpo tangível em suas aparições. Teoria do corpo espiritual transformado. A fim de tentar explicar como os lençóis foram deixados intactos e como o Cristo ressurrecto passou através de uma porta fechada, alguns têm afirmado com base em uma interpretação errônea de 1 Coríntios 15.44 que Jesus ressuscitou com um corpo completamente ״espiritual”, completamente imaterial; porém Ele comeu na presença de seus discípulos.
Teoria do desmaio. Cristo estava apenas desmaiado e seus discípulos o raptaram da sepultura e o reanimaram. Esta opinião envolve os discípulos em uma fraude. Enganadores não arriscariam a vida mais tarde por causas justas como fizeram os discípuos. Esta teoria falha em fazer justiça ao exame e pronunciamento dos soldados romanos de que Jesus estava morto. Isto é ainda mais aviltante para os fundadores da Igreja primitiva.
Teoria da sepultura errada. Kirsopp Lake sugere que as mulheres foram para a sepultura errada e encontraram um estranho, de quem elas fugiram. Esta é uma tentativa um tanto desesperada de explicar o fenômeno que Lake considera a priori impossível, isto é, o milagre de uma ressurreição. Esta teoria falha em explicar tanto a experiência dos soldados tomando conta da sepultura na qual Jesus estava sepultado, como o fato da sepultura da qual as mulheres fugiram estar vazia.
Provas da Ressurreição
A validade da ressurreição de Cristo baseia- se na certeza da morte e sepultamento de Jesus e no selamento da sepultura, a pedra removida e a sepultura vazia, a condição ordenada dos lençóis, e no registro de dez diferentes aparições físicas do Jesus ressurrecto. As aparições sâo atestadas em seis relatos - em todos os quatro Evangelhos, em Atos e 1 Coríntios 15:
1. A Maria Madalena (Jo 20.11-18).
2. Às outras mulheres (Mt 28.9,10).
3. A Pedro, em particular (1 Co 15,5Lc 24.34).
4. A Cleopas e seu companheiro na estrada para Emaús (Lc 24.13-35).
5. A dez dos apóstolos em uma sala trancada (Jo 20.19-25Lc 24.36-43).
6. A Tomé e aos outros uma semana depois (Jo 20.26-29).
7. A mais de 500 discípulos em uma ocasião (1 Co 15.6). E provável que este fato tenha ocorrido na Galiléia, como cumprimento de Mateus 28.7,8 e Marcos 16.7. Esta pode ter sido a mesma ocasião em que o Senhor Jesus encarregou os seus seguidores da grande tarefa de evangelização (Mt 28.16-20).
8. A Tiago, o irmão do Senhor (1 Co 15.7).
9. A sete discípulos perto do Mar da Galiléia (Jo 21.1-23).
10. Aos apóstolos e talvez a outros em Jerusalém no momento de sua ascensão (Lc 24.50-52Act 1.4-9).
Outras aparições como estas são mencionadas em Atos 1.3.
A ressurreição de Cristo é historicamente atestada por: (1) o fato da súbita mudança na vida dos apóstolos - os 11 se comportaram de forma covarde na ocasião da crucificação, mas se comportaram como homens prontos a dar suas próprias vidas 50 dias depois no Pentecostes; (2) a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, em cumprimento à promessa do Senhor Jesus (Jo 14.1615.2616.7; cf. 7.37-39Act 2.32,33); (3) a mudança do dia de adoração do sábado judaico para o primeiro dia da semana, como um testemunho do dia em que Cristo ressuscitou; (4) o súbito e espantoso crescimento da Igreja cristã; (5) a existência do NT, cuja mensagem depende da autenticidade da ressurreição.
A ressurreição corpórea de Jesus Cristo é o acontecimento melhor atestado na história antiga. E como Merril) C. Tenney resume: “A ressurreição é relevante para a necessidade humana de propósito e segurança... O evento está fixado na história; a dinâmica é potente para toda a eternidade” (The Reality ofthe Ressurrectton, p. 19).R. A. K.
 
JESUS - Comentário Bíblico - Matthew Henry (Exaustivo) AT e NT)
Mateus 1
Este evangelista começa com a descrição do nascimento e ascendência de CRISTO, os ancestrais de quem Ele descendia, e a forma de sua entrada no mundo, indicando que Ele era realmente o Messias prometido, pois fora profetizado que Ele deveria ser o filho de Davi, e deveria nascer de uma virgem; e aqui está claramente demonstrado que Ele cumpriu tudo isso. Pois o texto diz: I. Sua linhagem de Abraão em quarenta e duas gerações, três períodos de quatorze (vv. 1-17). II. Um relato das circunstâncias de seu nascimento, pois era um requisito mostrar que Ele nasceu de uma virgem (vv. 18-25). Dessa forma, a vida de nosso bendito Salvador é metodicamente escrita, como todas as vidas deveriam ser escritas, para que o propósito do exemplo delas seja o mais claro possível.
 
OBSERVAÇÃO SOBRE GENEALOGIA - Pr. Henrique
POR QUE DIFERENTES GENEALOGIAS ENTRE MATEUS E LUCAS?
Porque Lucas mostra a humanidade de JESUS e Mateus sua Realeza (na de Mateus é demonstrada a descendência de JESUS do rei Davi por causa de José que era da casa real)
Lucas coloca mais nomes de descendentes humildes e às vezes sem expressividade em sua genealogia para mostrar a humildade e humanidade de JESUS.
A intenção de Lucas é mostrar JESUS se fazendo homem para salvar a todos os descendentes de Adão. Por isso a genealogia de Lucas vai até Adão.
Já Mateus está interessado em provar que JESUS é rei e mostra JESUS descendente dos reis até Davi porque é filho de José, da casa de Davi. Entre tantos outros descendentes de Davi, José é mais um que poderia se candidatar ao trono. Assim JESUS nasce em Belém, tribo de Judá. Também é filho legalmente de José da casa de Davi.
 
Cuidado com fábulas artificialmente compostas (2 Pedro 1:16) de que na genealogia de Lucas está registrada a genealogia de Maria e que Eli ou Heli é pai de Maria.
Não existe nenhuma comprovação bíblica disso. A genealogia é de JESUS e as mulheres não influenciavam as genealogias. Apenas são citadas como esposas de alguém que faz parte da genealogia de JESUS.
A única família de Maria encontrada na Bíblia é a de Isabel, sua prima, descendente de Arão, da tribo de Levi.
Lucas 1:5 Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; e o seu nome era Isabel.
Lucas 1:36 E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
 
SE MULHER INFLUENCIASSE GENEALOGIA DAVI SERIA APENAS UM ZERO A ESQUERDA.
Davi é descendente de Raabe,a prostituta e de Rute, a Moabita (descendente de um incesto das filhas de Ló com ele)
E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé; Mateus 1:5. ISSO NOS MOSTRA CLARAMENTE QUE MULHER NÃO INFLUENCIA NA GENEALOGIA. JESUS SÓ É RECONHECIDO COMO DA CASA DE DAVI POR CAUSA DE JOSÉ, QUE É DA CASA DE DAVI. E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), Lucas 2:4
 
José tinha uma profissão que o mantinha dentro da classe média e não da pobre. Quando se ocupou com a ida a Belém, nascimento de JESUS, ida a Jerusalém para apresentação do menino JESUS e depois fuga para o Egito, ai sim, sem trabalhar, teve dificuldades financeiras, embora no Egito tivesse produtos ganhados no nascimento de JESUS com os quais podia sustentar sua família.
 
A Genealogia de CRISTO
Mateus 1.1-17
Com respeito a essa genealogia de nosso Salvador, observe:
I
Seu título. É o livro (ou o relato, de acordo com o significado dado, às vezes, à palavra hebraica sepher, um livro) da genealogia de JESUS CRISTO, de seus ancestrais conforme a carne; ou a narrativa de seu nascimento. É o Biblos Geneseos – um livro do Gênesis. O Antigo Testamento começa com o livro da criação do mundo, e é a sua glória que seja assim; mas a glória do Novo Testamento, exaltada neste documento, é começar com a genealogia daquele que criou o mundo. Como DEUS, suas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq 5.2), e ninguém pode explicar aquela criação; mas, como homem, Ele foi enviado na plenitude dos tempos, nasceu de uma mulher, e é esta criação que é proclamada aqui.
II
A principal intenção dela. Não é uma genealogia sem fim ou desnecessária; não é presunçosa como são geralmente as dos grandes homens. Stemmata, quid faciunt? – Qual a utilidade das antigas genealogias?Deviam ser usadas como evidência, para comprovar um título e apoiar uma alegação; o objetivo aqui é provar que o nosso Senhor JESUS CRISTO é o filho de Davi e o filho de Abraão, e, portanto, daquela nação e daquela família através da qual o Messias estava para surgir. Abraão e Davi eram, em seus dias, os grandes depositários da promessa relativa ao Messias. A promessa da bênção foi feita a Abraão e à sua semente, e a do poder, a Davi e à sua semente; e aqueles que teriam um envolvimento com CRISTO, como o filho de Abraão, em quem serão abençoadas todas as famílias da terra, deveriam ser fiéis e leais súditos dele como o filho de Davi, por quem serão governadas todas as famílias da terra. Foi prometido a Abraão e a Davi que CRISTO descenderia deles (Gn 12.322.182 Sm 7.12Sl 89.3ss.; Sl132.11); conseqüentemente, a menos que possa ser provado que JESUS é um filho de Davi, e um filho de Abraão, não podemos aceitar que Ele seja o Messias. Agora isso está provado aqui através dos registros autênticos do ofício da aristocracia. Os judeus eram muito precisos em manter a sua genealogia, e havia prudência nisso, pois assim podiam esclarecer a linhagem do Messias a partir dos patriarcas; e desde a sua vinda essa nação está tão dispersa e confusa que existe uma questão sobre se qualquer pessoa no mundo pode legalmente provar que é um filho de Abraão. De qualquer maneira, é certo que ninguém pode provar que é um filho de Abraão ou de Davi; desse modo, o ofício de sacerdote e de rei deve ser abandonado, como perdido para sempre, ou ser colocado nas mãos de nosso Senhor JESUS. CRISTO é aqui, pela primeira vez, chamado de filho de Davi, porque sob esse título, ele era freqüentemente comentado e esperado entre os judeus. Aqueles que reconheciam ser ele o CRISTO, chamavam-no de filho de Davi (Mt 15.2220.31;21.15). Desse modo, portanto, o evangelista tem a tarefa de comprovar que Ele não é apenas um filho de Davi, mas aquele filho de Davi sobre cujos ombros deveria estar o governo; não apenas um filho de Abraão, mas aquele filho de Abraão que seria o pai de muitas nações.
Ao chamar CRISTO de filho de Davi, e filho de Abraão, ele mostra que DEUS é fiel à sua promessa, e cumprirá tudo o que disse: 1. Embora o cumprimento fosse adiado por um longo período. Quando DEUS prometeu a Abraão um filho, que deveria ser a grande bênção do mundo, talvez ele esperasse que este fosse seu filho imediato; mas ficou comprovado que se tratava de um descendente que estava a quarenta e duas gerações de distância, cerca de 2.000 anos. DEUS pode profetizar com muita antecedência aquilo que deve ser feito e, às vezes, muito tempo depois cumprir o que foi prometido. Observe que embora a demora em conceder as misericórdias prometidas exercite a nossa paciência, ela não enfraquece a promessa de DEUS. 2. Embora alguém comece a perder a esperança. Esse filho de Davi e de Abraão, que deveria ser a glória da casa de seu Pai, nasceu quando a semente de Abraão era um povo menosprezado, que recentemente se tornara tributário do jugo romano, e quando a casa de Davi havia mergulhado na obscuridade. Pois CRISTO seria uma raiz arrancada de solo seco. Note que o tempo de DEUS para o cumprimento de suas promessas geralmente é aquele em que as condições se mostram mais desfavoráveis.
III
Uma seqüência particular, descrita em linha reta diretamente a partir de Abraão, de acordo com as genealogias registradas no início dos livros de Crônicas (até onde elas vão), e cuja utilidade vemos aqui.
Algumas peculiaridades que podemos observar na genealogia:
1. Entre os ancestrais de CRISTO que eram irmãos, geralmente Ele descendia do irmão mais novo; assim foi com o próprio Abraão, Jacó, Judá, Davi, Natã e Resa; para mostrar que a superioridade de CRISTO vinha, não como no caso dos príncipes terrenos, da primogenitura de seus ancestrais, mas da vontade de DEUS, que, conforme o método de sua providência, exalta os menores depositando uma honra mais abundante sobre a parte que menos tinha.
2. Entre os filhos de Jacó, além de Judá, de quem veio Siló, a atenção é dada aqui a seus irmãos: Judá e seus irmãos. Não é feita menção a Ismael, filho de Abraão, ou a Esaú, o filho de Isaque, porque eles foram impedidos de entrar na congregação. Todos os filhos de Jacó foram recebidos, embora não fossem os pais de CRISTO; mas mesmo assim foram patriarcas da igreja (At 7.8), e por isso são mencionados na genealogia, para o encorajamento das doze tribos que foram espalhadas pelo mundo, insinuando a estas que elas têm um envolvimento com CRISTO, e que permanecem relacionadas tanto a Ele como a Judá.
3. Perez e Zerá, filhos gêmeos de Judá, são igualmente mencionados, embora somente Perez fosse ancestral de CRISTO, pela mesma razão que os irmãos de Judá são mencionados; e alguns pensam que seja porque o nascimento de Perez e Zerá contenha uma espécie de alegoria. Zerá colocou sua mão para fora primeiro, como se fosse o primogênito, mas quando a recolheu, Perez ficou com o direito da primogenitura. A igreja judaica, como Zerá, alcançou antes o direito de primogenitura, mas pela sua descrença, ao retrair a mão, a igreja gentílica, como Perez, adiantou-se e conquistou o direito de primogenitura; e assim em parte a cegueira atinge a Israel, até que os gentios atinjam a plenitude e, então, Zerá nascerá e todo Israel será salvo (Rm 11.25,26).
4. Há quatro mulheres, e somente quatro, listadas nesta genealogia; duas delas originariamente não pertencentes à comunidade de Israel. Raabe, uma cananéia e, além disso, prostituta, e Rute, a moabita; pois em JESUS CRISTO não há nem grego nem judeu; os forasteiros e os estrangeiros são, em CRISTO, bem-vindos como concidadãos dos santos. As duas outras eram adúlteras, Tamar e Bate-Seba; o que foi uma marca a mais de humilhação colocada sobre nosso Senhor JESUS. É particularmente observado em sua genealogia que Ele era um descendente delas, e nenhum véu é posto sobre este fato. Ele tomou sobre si a semelhança da carne pecaminosa (Rm 8.3), e aceita até mesmo os maiores pecadores – após eles se arrependerem – em seu círculo de relações mais próximas. Note que não devemos criticar as pessoas pelos escândalos de seus ancestrais; é algo que elas não podem controlar, e isto ocorre até mesmo com as melhores pessoas; ocorreu até mesmo com o nosso próprio Mestre. O fato de Davi ter gerado Salomão através daquela que havia sido a esposa de Urias é mencionado (diz o Dr. Whitby) para mostrar que o crime de Davi, devido ao arrependimento, estava muito longe de impedir o cumprimento da promessa que lhe fora feita. O cumprimento da promessa agradava tanto a DEUS, que Ele tolerou que fosse cumprida através daquela mulher.
5. Embora diversos reis sejam aqui citados, nenhum é chamado de rei, exceto Davi (v. 6). Davi, o rei; porque com ele foi feito o pacto da realeza, e a ele foi feita a promessa do reino do Messias, sobre quem é dito que herdará o trono de seu pai Davi (Lc 1.32).
6. Na linhagem dos reis de Judá, entre Jorão e Uzias (v. 8), existem três que não são citados, especificamente Acazias, Joás e Amazias; e conseqüentemente quando é dito que Jorão gerou a Uzias, isto significa, de acordo com o uso da língua hebraica, que Uzias era um descendente dele em linha reta, assim como é dito a Ezequias que os filhos que haveria de gerar seriam levados para a Babilônia, levando em conta que várias gerações se passaram até que ocorresse a referida remoção. Provavelmente não foi por engano ou esquecimento que estes três foram omitidos nas tabelas genealógicas que o evangelista consultou. Mesmo assim, elas são consideradas como autênticas. Alguns dão a seguinte razão para isso: sendo desejo de Mateus, para facilitar a memorização, reduzir o número de ancestrais de CRISTO a três períodos de quatorze gerações, foi preciso que, nesse período, três fossem excluídos, e ninguém era mais adequado do que aqueles que eram descendentes diretos da amaldiçoada Atalia, que introduziu a idolatria de Acabe na casa de Davi, motivo pelo qual este estigma foi colocado sobre a família, e a iniqüidade atingiu até a terceira e a quarta geração. Dois desses três eram apóstatas; e dessa maneira DEUS geralmente coloca uma marca de desagrado sobre este mundo: os três foram levados ao túmulo com sangue.
7. Alguns observam que havia uma mistura de bons e maus na sucessão desses reis; como, por exemplo (vv. 7, 8), o mau Roboão gerou ao mau Abias; o mau Abias gerou ao bom Asa; o bom Asa gerou ao bom Josafá; o bom Josafá gerou ao mau Jorão. Nem a graça nem o pecado correm no sangue. A graça de DEUS pertence a Ele, e Ele a dá ou retira conforme lhe agrada.
8. O cativeiro da Babilônia é mencionado como um período singular nessa lista (vv. 11,12). Levando tudo em conta, foi um milagre que os judeus não tenham se perdido nesse cativeiro, como aconteceu com outras nações. Mas isso sugere a razão pela qual as multidões desse povo se mantiveram puras ao atravessar aquele mar morto: pois deles, segundo a carne, surgiria o CRISTO. “Não o destrua, pois há bênção nele”, até mesmo a bênção das bênçãos, o próprio CRISTO (Is 65.8,9). Foi com vistas a Ele que eles foram retomados, e sobre o santuário assolado o Senhor fez resplandecer o seu santo rosto (Dn 9.17).
9. É dito que Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos (v. 11); Jeconias quer dizer, aqui, Joaquim, que foi o primogênito de Josias; mas, quando se diz (v. 12) que Jeconias gerou a Salatiel, esse Jeconias era o filho daquele Joaquim que foi levado para a Babilônia e lá gerou a Salatiel (como mostra o Dr. Whitby), e, quando Jeconias é descrito como não tendo filhos (Jr 22.30), isso é explicado da seguinte forma: nenhum dos homens de sua semente prosperaria. Aqui é dito que Salatiel gerou a Zorobabel, enquanto que Salatiel gerou a Pedaías, e este gerou a Zorobabel (1 Cr 3.19); mas, como anteriormente, o neto é geralmente chamado de filho. É provável que Pedaías tenha morrido enquanto seu pai era vivo, e assim seu filho Zorobabel era chamado de filho de Salatiel.
10. A linhagem não vai até Maria, a mãe de nosso Senhor, mas até José, o marido de Maria (v. 16); pois os judeus sempre consideravam as suas genealogias pelo lado dos homens. Além disso, Maria era da mesma tribo e da mesma família de José, de modo que, tanto por sua mãe como por seu suposto pai, Ele era da casa de Davi; todavia a sua relação com essa nobreza deriva de José, com quem, segundo a carne, ele não tinha nenhuma relação, para mostrar que o reinado do Messias não é baseado em uma linhagem natural de Davi.
11. O centro em quem todas essas linhagens se encontram é JESUS, que é chamado de CRISTO (v. 16). Este é aquele que era tão ansiosamente desejado, tão impacientemente aguardado, e a quem os patriarcas tinham em vista quando desejavam tanto ter filhos para que pudessem ter a honra de fazer parte da linhagem sagrada. Bendito seja DEUS, por não estarmos agora em uma condição tão sombria e turva de expectativa como eles então estavam, mas podermos ver claramente aquilo que esses profetas e reis viram através de um vidro escuro. E nós podemos ter, a não ser por nossa própria culpa, uma honra maior do que aquela que eles tanto ambicionavam, pois aqueles que fazem a vontade de DEUS estão em uma posição mais honrada em relação a CRISTO do que aqueles que eram seus parentes segundo a carne (Mt 12.50). JESUS é chamado de o CRISTO, ou seja, o Ungido, o mesmo que a palavra hebraica Messias. Ele é chamado de Messias, o Príncipe (Dn 9.25), e freqüentemente de o Ungido de DEUS (Sl 2.2). Nessa condição, Ele era esperado: “És tu o CRISTO, o ungido?” O rei Davi foi ungido (1 Sm 16.13); Arão, o sacerdote, também o foi (Lv 8.12); e também Eliseu, o profeta (1 Rs 19.16), e Isaías, o profeta (Is 61.1). CRISTO, sendo designado e qualificado para todas essas posições, é por essa razão chamado de o Ungido, ungido com óleo de alegria, mais do que a seus companheiros; e por causa do seu nome, que é como uma unção que flui com abundância, todos os seus seguidores são chamados de cristãos, pois eles também recebem a sua unção.
Por último temos o resumo geral de toda essa genealogia (v. 17), onde ela é totalizada em três períodos de quatorze gerações, identificados por períodos extraordinários. No primeiro período de quatorze anos, temos a família de Davi em ascensão promissora como uma manhã. No segundo, nós a vemos prosperando até atingir o seu brilho máximo. No terceiro, ela entra em declínio, crescendo cada vez menos, diminuindo até chegar à família de um pobre carpinteiro, e então CRISTO surge dela, resplandecendo; Ele é a glória de seu povo, Israel.
 
O Nascimento de CRISTO
Mateus 1. 18-25
O mistério da encarnação de CRISTO deve ser venerado, e não visto com curiosidade. Se não conhecemos o caminho do ESPÍRITO na formação das pessoas comuns, nem como os ossos são formados no útero daquela que está grávida (Ec 11.5), muito menos sabemos como o bendito JESUS foi formado no ventre da virgem bendita. Quando Davi se admira de como ele próprio foi feito em segredo e curiosamente formado (Sl 139.13-16), parece que ele está falando no espírito da encarnação de CRISTO. Algumas circunstâncias presentes no nascimento de CRISTO, que encontramos aqui, não constam na versão de Lucas, embora o evento seja mais amplamente descrito por este evangelista. Aqui temos:
I
O casamento de Maria com José. Maria, a mãe de nosso Senhor, desposou José. Ela não estava completamente casada, mas já havia celebrado um contrato de casamento. Este contrato era uma proposta de casamento solenemente manifestada com as palavras no futuro, e a promessa de realizá-lo se DEUS o permitisse. Lemos sobre um homem que desposou uma mulher e não a recebeu (Dt 20.7). CRISTO nasceu de uma virgem, mas uma virgem compromissada: 1. Para dar respeito ao casamento e para defendê-lo como algo honrado para todos, contra aquela doutrina do diabo que proíbe o casamento e identifica a perfeição na condição de solteiro. Quem foi mais favorecido do que Maria o foi em seu matrimônio? 2. Para salvar a reputação da bendita virgem, que de outra forma teria sido exposta. Era adequado que a sua concepção fosse protegida por um casamento, e assim justificada aos olhos do mundo. Um dos antigos diz: Seria melhor que perguntassem se este não era ”o filho do carpinteiro”, do que: Não é este o filho da meretriz? 3. Para que a bendita virgem pudesse ter alguém para ser o guia da sua juventude, o companheiro em sua solidão e viagens, um parceiro em suas preocupações e uma ajuda adequada em todos os momentos. Alguns pensam que José era então viúvo, e aqueles que são chamados de irmãos de CRISTO (Mt 13.55), eram filhos de José com uma esposa anterior. Esta é uma conjectura de muitos dos antigos. José era um homem justo, ela, uma mulher virtuosa. Aqueles que são crentes não devem se juntar de forma desigual com os não-crentes. Mas que se permita aos que são religiosos escolherem se casar com aqueles que também o são, já que eles esperam o conforto de tal relacionamento e, neste, a bênção de DEUS sobre eles. Nós também podemos aprender, com este exemplo, que é bom passar à condição de casado com ponderação, e não antecipar as núpcias com precipitação, através de um contrato. É melhor dedicar tempo para pensar antes, do que se arrepender depois.
II
Sua gestação da semente prometida; antes de se juntarem como um casal, Maria ficou grávida, e esta gravidez foi gerada pelo ESPÍRITO SANTO. O casamento foi postergado para tanto tempo depois do contrato, que ela ficou grávida antes de chegar o momento da celebração do casamento, embora o contrato já tivesse sido celebrado antes de ela conceber. Provavelmente, foi depois do retorno de Maria da casa de sua prima Isabel, com quem permaneceu três meses (Lc 1.56), que José percebeu que ela estava grávida, e ela não negou isso. Observe que as outras pessoas notam aqueles em quem CRISTO é formado: a obra de DEUS na vida de cada pessoa se torna patente. Assim sendo, nós bem podemos imaginar que perplexidade isto podia legitimamente causar à bendita virgem. Ela mesma conhecia o divino progenitor dessa concepção; mas como ela podia provar isso? Ela seria tratada como uma prostituta. Note que depois de grandes avanços, a fim de não ficarmos orgulhosos, podemos esperar que alguma situação ou pessoa nos humilhe, ou que soframos alguma repreensão, como um espinho na carne. E não apenas isto, mas às vezes essas situações são como uma espada nos ossos. Jamais alguma filha de Eva foi tão dignificada quanto a virgem Maria, e mesmo assim ainda correu o risco de cair sob a imputação de um dos piores crimes. Porém, observe que nós não a vemos se atormentando por causa disso; mas, consciente de sua própria inocência, ela se manteve calma e tranqüila, e comprometida com a causa daquele que julga com justiça. Note que aqueles que se preocupam em manter a consciência limpa podem alegremente confiar que DEUS manterá os seus bons nomes, e têm motivos para esperar que Ele limpe não apenas a sua integridade, mas também a sua honra, de uma forma tão clara como o sol ao meio-dia.
III
A perplexidade de José, e sua preocupação sobre o que fazer nesse caso. Nós podemos imaginar que grande problema e desapontamento foi para José descobrir que alguém sobre quem ele tinha tal opinião e consideração, ficasse sob a suspeita de um crime tão odioso. Essa é Maria? Ele começou a pensar: “Como podemos ser ludibriados por aqueles sobre quem pensamos o melhor! Como podemos nos desapontar com aqueles de quem mais esperamos!” Ele reluta em acreditar em algo tão ruim vindo de uma mulher que ele acreditava ser tão boa; e o caso em si, sendo ruim demais para ser perdoado, é também claro demais para ser negado. Que luta provocou este acontecimento em seu peito, entre aquele ciúme que é a ira do homem, cruel como uma sepultura, por um lado, e a afeição que ele sentia por Maria, por outro!
Considere: 1. “O extremismo que ele pensou evitar”. Ele não estava disposto a torná-la um exemplo público. Ele podia ter feito isso; pois, pela lei, uma virgem comprometida, se procedesse como prostituta, seria apedrejada até a morte (Dt 22.23,24). Mas ele não desejava usar a lei contra ela; se ela fosse culpada, o que até agora não se sabia, não seria conhecido através dele. Quão diferente era o ânimo mostrado por José em relação ao de Judá, que em um caso semelhante, apressadamente proferiu aquela sentença severa: “Tirai-a fora para que seja queimada!” (Gn 38.24). Que bom é pensar sobre as coisas como José fez aqui! Haveria mais ponderação em nossas críticas e julgamentos, haveria mais misericórdia e moderação neles. Castigá-la é aqui o chamado a fazer dela um exemplo; o que mostra que a finalidade a ser alcançada com a punição é passar um aviso para os outros: é através do terror que, em todo lugar, se ouve e se teme. “Fira o escarnecedor”, e os símplices se acautelarão.
Algumas pessoas de temperamento severo culpariam José por sua clemência, mas aqui este fato é mencionado como um elogio; pois ele era um homem justo, portanto não queria expô-la. Ele era um homem religioso e bom; e, portanto, inclinado a ser misericordioso como DEUS é, e perdoar como alguém que foi perdoado. No caso da donzela prometida, se ela fosse desonrada no campo, a lei caridosamente suporia que ela havia gritado (Dt 22.26), e ela não deveria ser punida. Talvez José tenha dado esta ou alguma outra interpretação caridosa a esse assunto; neste contexto, ele é um homem justo, cuidando do nome daquela que nunca antes havia feito qualquer coisa para manchá-lo. Note que cabe a nós, em muitos casos, sermos gentis com aqueles que estão sob suspeita de haver transgredido a lei, esperar o melhor no tocante a eles, e extrair o melhor daquilo que, a princípio, parece ruim, na esperança de que o melhor aconteça. Summum just, summa injuriae – O rigor da lei é (às vezes) a medida da injustiça. O tribunal da consciência restringe o rigor da lei ao que nós chamamos de um tribunal justo. Aqueles que são considerados delituosos foram talvez surpreendidos no erro, e devem ser reabilitados com o espírito de brandura; e a intimidação, mesmo quando justa, deve ser moderada.
2. “A oportunidade que ele encontrou para evitar este extremo”. Ele tinha em mente abandoná-la em segredo, ou seja, dar-lhe em mãos uma carta de divórcio diante de duas testemunhas, e assim manter o assunto somente entre eles. Sendo um homem justo, ou seja, um estrito observador da lei, ele não daria andamento ao seu casamento com Maria, mas resolveu afastar-se dela; mesmo assim, em um gesto de carinho para com ela, decidiu fazer isso tão secretamente quanto possível. Note que as críticas àqueles que transgrediram a lei devem ser conduzidas sem estardalhaço. As palavras dos sábios são ouvidas com discrição. O próprio CRISTO não discutiria nem gritaria. O amor cristão e a prudência cristã encobrirão uma grande quantidade de pecados, alguns deles graves, até o ponto em que isso não signifique solidarizar-se com eles.
IV
A libertação de José dessa perplexidade por um mensageiro enviado do céu (vv. 20,21). Enquanto ele pensava nessas coisas e não sabia o que decidir, DEUS graciosamente indicou-lhe o que fazer, facilitando-lhe as coisas. Note que aqueles que costumam receber a orientação de DEUS devem pensar a respeito dela e consultar a si mesmos a este respeito. DEUS guiará aquele que reflete, e não o irracional. Quando José estava confuso, e havia pensado sobre o assunto tanto quanto conseguia, então DEUS se manifestou com uma recomendação. Note que a hora de DEUS em que Ele se manifesta com uma orientação para o seu povo, é aquela em que eles estão confusos e indecisos. O conforto de DEUS deleita a alma em meio à profusão de seus pensamentos e de sua perplexidade. A mensagem foi enviada a José através de um anjo do Senhor, provavelmente, o mesmo anjo que levou à Maria a notícia da concepção, o anjo Gabriel. Agora a comunicação com o céu, através de anjos, com a qual os patriarcas haviam sido dignificados, mas que há muito tinha sido interrompida, começa a ser reativada; pois, quando o Primogênito fosse trazido a este mundo, os anjos seriam instruídos a acompanhar os seus movimentos. Quanto pode DEUS agora, de um modo invisível, fazer uso do auxílio dos anjos para livrar o seu povo das suas dificuldades, não podemos dizer; mas disto nós temos certeza: todos eles são espíritos que atuam para o bem dele. Este anjo apareceu a José em um sonho quando ele estava dormindo, da maneira como DEUS algumas vezes falou aos patriarcas. Quando estamos quietos e tranqüilos, estamos no melhor estado de espírito para receber as notícias da vontade divina. O ESPÍRITO se move em águas calmas. Este sonho, sem dúvida, carregava em si a evidência de que se originava de DEUS, e não de uma presunçosa imaginação. Agora:
1. José é orientado aqui a prosseguir com o seu casamento. O anjo o chama: “José, filho de Davi”; ele o lembra de sua relação com Davi, para que possa estar preparado para receber esta surpreendente capacidade de entendimento de sua relação com o Messias, que, todos sabiam, seria um descendente de Davi. Às vezes, quando grandes honras recaem sobre aqueles que têm poucas posses, eles não se preocupam em aceitá-las, querendo desistir delas; era, portanto, necessário colocar na mente desse pobre carpinteiro o valor desse nascimento: “Valoriza a ti mesmo, José, tu és aquele filho de Davi através de quem a linhagem do Messias está para ser traçada”. Podemos então dizer a cada verdadeiro crente: “Não temas, tu, filho de Abraão, tu, filho de DEUS; não esqueças a dignidade do teu nascimento, do teu novo nascimento”. “Não temas receber a Maria, tua mulher”; assim isso pode ser entendido. José, suspeitando que ela estava grávida devido à prostituição, temia aceitá-la, com receio de que colocasse sobre si mesmo a culpa ou a acusação. Não, diz DEUS, não temas; a questão não é essa. Talvez Maria tivesse lhe dito que havia engravidado pelo ESPÍRITO SANTO, e talvez ele tenha ouvido o que Isabel disse a ela (Lc 1.43), quando a chamou de a mãe do seu Senhor; e, se este foi o caso, talvez ele temesse ser presunçoso ao se casar com alguém tão superior a ele. Mas, qualquer que fosse a causa do aparecimento de seus medos, estes foram todos silenciados com estas palavras: “Não temas receber a Maria, tua mulher”. Note que é uma grande bênção sermos libertados de nossos medos, e termos as nossas dúvidas solucionadas, para que assim possamos prosseguir em nossos afazeres com satisfação.
2. Aqui ele é informado sobre aquele ser sagrado, que a sua esposa tinha em seu ventre. Aquele que foi concebido nela tem origem divina. Ele está tão longe do risco de compartilhar a impureza ao casar-se com ela, que com isso compartilhará a maior honra possível. Duas coisas lhe são ditas:
(1) Que ela tinha concebido ”pelo poder do ESPÍRITO SANTO”; e não pela força da natureza. O ESPÍRITO SANTO, que criou o mundo, gerou nela agora o Salvador do mundo, e preparou para Ele um corpo como lhe fora prometido, quando Ele disse: “Corpo me preparaste” (Hb 10.5). Desse modo, é dito que Ele nasceu de uma mulher (Gl 4.4), e, além disso, que Ele é o segundo Adão, que é o Senhor do céu (1 Co 15.47). Ele é o Filho de DEUS, e mesmo assim compartilha a essência de sua mãe ao ser chamado de fruto do ventre (Lc 1.42). Era necessário que a sua concepção fosse diferente da normal, para que assim Ele compartilhasse da natureza humana, e mesmo assim pudesse escapar da corrupção, e da contaminação desta, e não ser concebido e formado na iniqüidade. Histórias nos contam sobre algumas mulheres que em vão fingiram ter concebido por um poder divino, como a mãe de Alexandre; mas nenhuma realmente o fez, exceto a mãe de nosso Senhor. Seu nome, por isso, como em outras situações, é Maravilhoso. Nós não lemos que a própria virgem Maria tenha proclamado a honra que recebeu; mas ela ocultou isso em seu coração, e por isso DEUS enviou um anjo para testificar. Aqueles que não procuram a sua própria glória terão a honra que vem de DEUS; ela é reservada para os humildes.
(2) Que ela daria à luz ao Salvador do mundo (v. 21). Ela daria à luz um filho; e que ele seria foi declarado:
[1] Pelo nome que deveria ser dado ao seu Filho: “lhe porás o nome de JESUS”, o Salvador. O nome é o mesmo que Josué, apenas com a terminação sendo mudada para adequar-se ao grego. Na Septuaginta, Josué é chamado de JESUS (At 7.45Hb 4.8). Havia dois homens com esse nome no Antigo Testamento, e eram ambos reconhecidos tipos de CRISTO. Josué, o comandante de Israel em seu primeiro assentamento em Canaã, e Josué, o sumo sacerdote em seu segundo assentamento após o cativeiro (Zc 6.11,12). CRISTO é o nosso Josué; tanto o Comandante da nossa salvação, como o Sumo Sacerdote da nossa profissão de fé. E, em ambos os casos, Ele é o nosso Salvador, um Josué que vem no lugar de Moisés, e faz por nós aquilo que a lei não pode fazer, naquilo em que ela era fraca. Josué havia sido chamado de Oséias, mas Moisés prefixou a primeira sílaba do nome Jeová, e assim tornou-o Josué (Nm 13.16), para indicar que o Messias, que teria esse nome, deveria ser Jeová; Ele é, portanto, o maior salvador, e em nenhum outro há salvação.
[2] Na razão desse nome: “Porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”; não apenas a nação dos judeus (Ele veio para eles e eles não o receberam), mas todos que foram dados a Ele pela escolha do Pai, e todos que se deram a Ele por si mesmos. Ele é um rei que protege seus súditos, e, como os antigos juízes de Israel, lhes traz a salvação. Note que aqueles que CRISTO salva, Ele os salva dos pecados que praticaram; da culpa do pecado, em virtude da sua morte, e do domínio do pecado, pelo ESPÍRITO da sua graça. Ao salvá-los do pecado, Ele os salva da ira e da maldição, e de todo sofrimento aqui e na vida futura. CRISTO veio para salvar o seu povo, não em seus pecados, mas dos seus pecados; para comprar para ele não a liberdade para pecar, mas a libertação do pecado, para redimi-lo de toda iniqüidade (Tt 2.14); e assim redimi-lo de entre os homens (Ap 14.4) para si mesmo, pois está separado dos pecadores. Para que aqueles que deixarem os seus pecados, e se entregarem a CRISTO como seu povo, estejam envolvidos com o Salvador, e na grande salvação que Ele planejou (Rm 11.26).
V
O cumprimento das Escrituras em tudo isso. Este evangelista, escrevendo entre os judeus, observa mais freqüentemente isto do que qualquer outro evangelista. Aqui as profecias do Antigo Testamento tiveram a sua consumação em nosso Senhor JESUS, através do qual fica claro que este era aquele que deveria vir, e que nós não devemos procurar por nenhum outro; porque este é aquele sobre o qual todos os profetas deram testemunho. Agora a Escritura que foi cumprida no nascimento de CRISTO foi a da promessa de um sinal que DEUS fez para o rei Acaz (Is 7.14): “Eis que uma virgem conceberá”. Aqui o profeta, encorajando o povo de DEUS a esperar pela prometida libertação da invasão de Senaqueribe, o instrui a aguardar ansiosamente pelo Messias, que viria do povo dos judeus e da casa de Davi. Daí era fácil inferir que – embora aquele povo e aquela casa estivessem angustiados – nem um nem o outro poderiam ser abandonados à ruína, enquanto DEUS tivesse tal honra e tal bênção reservadas para eles. Os livramentos que DEUS concedeu à igreja do Antigo Testamento eram símbolos e figuras da grande salvação através de CRISTO; e, se DEUS consegue fazer aquilo que é maior, Ele não falhará em fazer aquilo que é menor.
A profecia aqui citada é devidamente introduzida com as palavras: “em sonho, lhe apareceu”, que indicam tanto atenção como admiração; pois aqui temos o mistério da graça, que é, sem controvérsia, notável, de que DEUS se manifestou em carne.
1. O sinal dado era que o Messias deveria nascer de uma virgem. “Uma virgem conceberá”, e, por ela, Ele será manifestado na carne. A palavra Almah significa uma virgem no sentido mais exato, tal como Maria declara ser (Lc 1.34): “Não conheço varão”. Este não seria um sinal tão maravilhoso como se pretendia que fosse, se tivesse sido de outra forma. Foi anunciado desde o princípio que o Messias deveria nascer de uma virgem, quando foi dito que Ele deveria vir da semente da mulher. Podemos entender que a expressão “semente da mulher” não poderia ser o mesmo que “a semente de qualquer homem”. CRISTO nasceu de uma virgem não apenas porque seu nascimento tinha que ser sobrenatural e completamente extraordinário, mas porque deveria ser imaculado, e puro, e sem qualquer mancha de pecado. CRISTO nasceria, não de uma imperatriz ou rainha, porque Ele não veio em pompa ou esplendor externos, mas de uma virgem, para nos ensinar a pureza espiritual, a morte para todos os deleites dos sentidos, e assim nos mantermos sem a mácula do mundo e da carne, para que possamos ser apresentados a CRISTO como virgens castas.
2. A verdade demonstrada por esses sinais é que Ele é o Filho de DEUS, e o Mediador entre DEUS e os homens: porque eles o chamarão ”pelo nome de Emanuel”; isto é, Ele será o Emanuel; e a expressão “Ele será chamado” significa que Ele será o Senhor, Justiça Nossa. Emanuel significa DEUS conosco; um nome misterioso, mas muito precioso; DEUS encarnado entre nós, e assim DEUS reconciliado conosco, em paz conosco, nos conduzindo ao pacto e à comunhão consigo. Os judeus tiveram DEUS consigo, em símbolos e sombras, morando entre os querubins; mas nunca do modo como quando a Palavra se tornou carne – que era o bendito Shekinah. Que passo feliz é dado no sentido de estabelecer a paz e a harmonia entre DEUS e o homem, reunindo as duas naturezas na pessoa do Mediador! Por isso Ele se tornou um árbitro irrepreensível, com plenas condições de colocar as suas mãos sobre ambos, uma vez que ele compartilha a natureza de ambos. Veja, nisto, o mistério mais profundo, e a misericórdia mais rica que jamais existiu. Pela luz da natureza, vemos DEUS como um DEUS acima de nós; pela luz da lei, o vemos como um DEUS contra nós; mas pela luz do Evangelho, nós o vemos como Emanuel, DEUS conosco, em nossa própria natureza – e (o que é ainda melhor) a nosso favor. Aqui o Redentor glorificou o seu amor. Com o nome de CRISTO, Emanuel, nós podemos comparar o nome dado à igreja do Novo Testamento (Ez 48.35). Jeová-Samá – O Senhor está ali; o Senhor dos exércitos está conosco.
Nem é impróprio dizer que a profecia que expressou que Ele deveria ser chamado Emanuel foi cumprida, com o desígnio e a intenção que possuía, quando Ele foi chamado de JESUS; pois se Ele não tivesse sido Emanuel, DEUS conosco, Ele não poderia ter sido JESUS, o Salvador. E nisso consiste a salvação que Ele preparou, ao reunir DEUS e o homem em um só corpo; isso foi o que Ele planejou, trazer DEUS para estar conosco, que é a nossa grande felicidade, e trazer-nos para estar com DEUS, que é o nosso grande dever.
VI
A obediência de José ao divino preceito (v. 24). Tendo despertado pela impressão que o sono deixou em si, José fez como o anjo do Senhor ordenou, muito embora isso fosse contrário aos seus sentimentos e intenções anteriores; ele tomou para si a sua esposa; ele fez isso rapidamente, sem demora, e alegremente, sem discutir; ele não foi desobediente à visão divina. No presente, não esperamos por uma orientação extraordinária como essa; mas DEUS ainda tem meios de tornar a sua vontade conhecida em casos ambíguos através de indícios da providência, de debates de consciência, e de conselhos de amigos confiáveis. Em cada um desses meios, aplicando as regras gerais da Palavra escrita, nós devemos, portanto, em todos os passos de nossa vida, particularmente nas grandes mudanças, como esta de José, receber a orientação de DEUS, e perceber quão seguro e confortável é agir como Ele nos ordena.
VII
A consumação da promessa divina (v. 25). Ela deu à luz a seu primogênito. As circunstâncias disso são mais amplamente relatadas em Lucas 2.1ss. Note que aquilo que é concebido pelo ESPÍRITO SANTO nunca fracassa, mas certamente será trazido à luz em seu devido tempo. O que é da vontade da carne e da vontade do homem, freqüentemente fracassa; mas, se CRISTO estiver consolidado na alma, o próprio DEUS inicia a boa obra que Ele realizará; o que é concebido na graça, sem dúvida nascerá em glória.
Observa-se aqui, além disso: 1. Que José, embora tivesse celebrado o contrato de casamento com Maria, a quem desposara, manteve-se afastado dela enquanto ela estava grávida, tendo em seu ventre o ser sagrado; ele não a conheceu até que ela tivesse dado à luz. Muito tem sido dito no tocante à virgindade perpétua da mãe de nosso Senhor; Jerônimo ficou muito irritado com Helvídio por negá-la. É certo que isso não pode ser provado a partir das Escrituras. O Dr. Whitby inclina-se a pensar que quando se diz que José não a conheceu até que ela deu à luz seu primogênito está implícito que, depois disso, cessado o motivo, ele viveu com ela de acordo com a lei (Êx 21.10). 2. Que CRISTO era o primogênito; e assim Ele deveria ser chamado – mesmo que a sua mãe nunca mais tivesse outro filho depois dele – de acordo com a linguagem das Escrituras. Também não é sem mistério que CRISTO é chamado de seu primogênito, pois Ele é o primogênito de toda criatura, ou seja, o Herdeiro de todas as coisas; e Ele é o primogênito entre muitos irmãos, para que em todas as coisas possa ter a preeminência. 3. Que José deu-lhe o nome de JESUS, conforme a orientação que lhe foi dada. Tendo-o DEUS designado para ser o Salvador – o que está implícito ao lhe dar o nome de JESUS – devemos aceitar que Ele seja o nosso Salvador, e, em concordância com essa designação, devemos chamá-lo de JESUS, nosso Salvador.
Mateus 2
Esse capítulo descreve a história da infância do nosso Salvador, em que descobrimos como seu sofrimento se iniciou muito cedo e como em sua pessoa a expressão da justiça se tornou uma realidade, antes mesmo de começar a praticá-la em toda sua extensão. Temos então: I. Os magos perguntando ansiosamente por CRISTO (vv. 1-8). II. O piedoso tratamento que dedicaram a Ele, ao descobrir onde se encontrava (vv. 9-12). III. A fuga de CRISTO para o Egito, a fim de fugir à crueldade de Herodes (vv. 13-15). IV. O bárbaro assassinato dos infantes de Belém (vv. 16-18). V. Seu retorno do Egito para a terra de Israel (vv. 19-23).Os Magos do Oriente
Mateus 2. 1-8
Foi um sinal da humilhação imposta ao Senhor JESUS o fato de, embora ser o Desejado de todas as nações, sua vinda ao mundo ter sido pouco comentada, passando quase despercebida, e que seu nascimento tenha sido ignorado e desconsiderado. Ele havia se tornado um ser anônimo e desconhecido. Se o Filho de DEUS devia vir ao mundo, poderíamos, com toda razão, esperar que fosse recebido com o maior cerimonial possível, que coroas e cetros se colocassem imediatamente aos seus pés e que os soberanos e os poderosos príncipes do mundo se tornassem seus humildes servos; um Messias assim era o que os judeus esperavam, mas não foi isso que aconteceu. Ele veio ao mundo e o mundo não o conheceu, isto é, Ele veio para o seu povo, mas o seu povo não o recebeu. Por ter se incumbido de satisfazer a justiça do Pai pelas ofensas e pela desonra contra Ele praticadas através dos pecados do homem, Ele assim o fez anulando-se e privando-se de todas as honras que, sem dúvida, deveriam ser concedidas a uma Divindade encarnada. No entanto, por ocasião do seu nascimento, assim como sucedeu mais tarde, raios de glória brilharam nos momentos mais importantes da sua humilhação. Embora seu poder se mantivesse oculto, raios brilhantes saíam das suas mãos (Hc 3.4), suficientes para condenar o mundo, especialmente os judeus, pela estupidez que demonstraram.
Depois do seu nascimento, os primeiros a tomar conhecimento de CRISTO foram os pastores (Lc 2.15ss.) que viram e ouviram coisas gloriosas a seu respeito e as transmitiram a todo mundo, para a admiração de todos os ouvintes (vv. 17,18). Em seguida, Simeão e Ana falam sobre Ele, pela inspiração do ESPÍRITO, a todos que estavam dispostos a prestar atenção às suas palavras (Lc 2). No entanto, alguém poderia pensar que estas mensagens deveriam ter sido atendidas pelos homens da Judéia e pelos habitantes de Jerusalém que, com braços abertos, receberiam o tão longamente esperado Messias. Porém, por mais estranho que pareça, durante quase dois anos Ele permaneceu em Belém sem receber qualquer atenção até a chegada dos magos. Na verdade, nada iria despertar aqueles que estavam resolvidos a ser indiferentes. Ó, que incrível estupidez a desses judeus! E também dos muitos que ostentam o nome de cristãos! Observe:
I
Quando foi realizada esta pesquisa a respeito de CRISTO. Foi nos dias do rei Herodes. Esse rei Herodes era um idumeu, nomeado rei da Judéia por Augusto e Antônio, os principais chefes do estado romano daquela época. Era um homem falso e cruel e, no entanto, havia sido agraciado com o título de Herodes, o Grande. CRISTO nasceu no 35.º ano do seu reinado e isto foi registrado para mostrar que o cetro havia se apartado de Judá e o legislador dentre seus pés. Portanto, havia chegada a hora da vinda de Siló e para ele se congregariam todos os povos. Observe esses magos em Gênesis 49.10.
II
Quem e o que eram esses magos; aqui eles são chamados de “magos”. Alguns consideravam o nome no bom sentido; entre os persas, os magos representavam seus filósofos e seus sacerdotes. O povo não aceitaria ninguém para ser rei se não tivesse antes estudado entre os magos; mas outros pensavam que eles lidavam com artes espúrias. No original, esta palavra (mago) foi usada para Simão, o mágico (At 8.9,11), e também para Elimas, o feiticeiro (At 13.6,8). Também, nas Escritura, ela é empregada com um outro sentido, como um primeiro exemplo e presságio da vitória de CRISTO sobre o diabo, quando aqueles que haviam sido seus adeptos se tornaram adoradores do menino JESUS, logo que os troféus da sua vitória sobre os poderes das trevas foram erguidos. Bem, quaisquer coisas que tenham sido antes, agora os magos se tornaram verdadeiros sábios quando decidiram indagar sobre CRISTO.
De uma coisa temos certeza 1. De que eram gentios e não pertenciam à nação de Israel. Os judeus não se importavam com CRISTO, porém esses gentios decidiram perguntar por Ele. Muitas vezes aqueles que estão mais próximos aos meios estão mais longe do fim (veja Mt 8.11,12). A homenagem prestada a CRISTO por esses gentios representava um feliz presságio e também um exemplo daquilo que iria acontecer quando CRISTO trouxesse para perto de si aqueles que estavam distantes. 2. De que eram sábios. Eles lidavam com artes; artes curiosas. Os bons sábios devem ser bons cristãos que completam seu aprendizado quando aprendem sobre CRISTO. 3. De que eram homens do Oriente, notáveis por suas profecias (Is 2.6). A Arábia é chamada de terra do Oriente, ou oriental (Gn 25.6), e os árabes são chamados de homens do Oriente (Jz 6.3). Os presentes que trouxeram eram produtos do seu país. Os árabes haviam prestado homenagem a Davi e Salomão como exemplos de CRISTO. Jetro e Jó eram desse país. Tudo que podemos dizer sobre eles é que as tradições da igreja romana são de pouco valor, ao afirmarem que eles eram em número de três (embora um dos antigos diga que eram quatorze), que eram reis e que se encontram enterrados em Colen, daí a razão de serem chamados de os três reis de Colen. Não desejamos ir além do que está escrito.
III
O que os levou a fazer essa pesquisa. Quando ainda estavam no seu país oriental, eles viram uma estrela extraordinária, como nunca haviam visto antes, que entenderam ser a indicação de que uma pessoa extraordinária havia nascido na Judéia, sobre cujas terras ela parecia pairar, como se tivesse a natureza de um cometa, ou melhor, de um meteoro, nas regiões mais baixas da atmosfera. Isso era tão diferente de qualquer outra coisa habitual, que foram levados a concluir que ela também devia significar uma coisa incomum. Veja que as extraordinárias aparições de DEUS às criaturas devem nos levar a indagar sobre o seu espírito e a sua intenção. CRISTO era a antecipação dos sinais celestiais. Seu nascimento foi comunicado aos pastores judeus através de um anjo, e aos filósofos gentios, por uma estrela; e a ambos DEUS falou na sua própria língua e da forma que eles estavam mais familiarizados. Alguns pensam que a luz que os pastores viram brilhando em volta de si, na noite seguinte ao nascimento de CRISTO, foi a mesma vista pelos magos, que viviam num lugar distante, com a aparência de uma estrela. Mas isso não pode ser facilmente admitido porque a estrela que viram no Oriente foi a mesma que tornaram a ver muito depois, e que os levou até a casa onde CRISTO se encontrava deitado na manjedoura. Tratava-se de uma luz colocada no céu com o propósito de os guiar até CRISTO. Os idólatras adoravam as estrelas como sendo os exércitos dos céus, especialmente as nações do Oriente, onde os planetas tinham o nome dos seus deuses e ídolos. Sabemos de uma estrela que era particularmente venerada (Am 5.26). Desse modo, as estrelas que antes haviam sido mal usadas passaram a ter uma correta finalidade, guiar os homens a CRISTO; os deuses dos pagãos haviam se tornado seus servos. Alguns pensam que essa estrela os levou a pensar na profecia de Balaão, isto é, que uma estrela procederia de Jacó, indicando um cetro que iria se levantar de Israel (veja Nm 24.17). Balaão tinha vindo das montanhas do Oriente e era um dos seus sábios. Outros atribuem a pesquisa deles à expectativa geral acolhida naquela época, nessas regiões, de que algum grande príncipe iria aparecer. Tácito, na sua história (liv. 5), observa isso. Pluribus persuasio inerat, antiquis sacerdotum literis contineri, eo ipso tempore fore, ut valesceret oriens, profectique Judaea rerum potirentur – Existia, na mente de todos, uma convicção de que alguns escritos antigos dos sacerdotes continham uma profecia de que mais ou menos nessa época um poder do Oriente iria prevalecer e que as pessoas provenientes da Judéia iriam alcançar o domínio. Também Suetônio, na vida de Vespasiano, fala sobre isso. De forma que esse extraordinário fenômeno foi interpretado como a indicação desse rei. Podemos imaginar a divina impressão que se estabeleceu em suas mentes, permitindo-lhes interpretar essa estrela como um sinal enviado pelos céus sobre o nascimento de CRISTO.
IV
Como deram seguimento a essa pesquisa. Eles haviam vindo do Oriente até Jerusalém para aprofundar suas indagações sobre esse príncipe. Onde iriam pesquisar sobre o Rei dos Judeus a não ser em Jerusalém, a cidade-mãe, para onde sobem as tribos, as tribos do Senhor? Eles poderiam ter respondido: “Se tal príncipe viesse a nascer, logo ficaríamos sabendo no nosso próprio país e haveria tempo suficiente para lhe prestar homenagens”. Mas estavam tão ansiosos por conhecê-lo melhor que deram início à uma longa viagem com o propósito de fazer a sua pesquisa. Veja bem, aqueles que verdadeiramente desejam conhecer a CRISTO, e encontrá-lo, não se importarão com as dores e os perigos que terão de enfrentar em sua jornada. Logo o conheceremos plenamente, se continuarmos a buscá-lo.
Sua pergunta era: “Onde está aquele que é nascido Rei dos Judeus?” Eles não perguntaram: Será que Ele nasceu? (tinham certeza disso e falavam com segurança, tão forte estava essa crença entranhada nos seus corações). Mas, onde tinha nascido? Observe que aqueles que conhecem alguma coisa sobre CRISTO sempre querem conhecer ainda mais sobre Ele. Eles chamam CRISTO de o Rei dos Judeus, pois era isso que o Messias deveria ser, o Protetor e o Líder do Israel espiritual; Ele nasceu como Rei.
Eles não tinham dúvida sobre essa questão, mas queriam uma resposta imediata, encontrar toda Jerusalém adorando aos pés desse novo rei. Iam de porta em porta fazendo essa pergunta, mas ninguém podia lhes dar qualquer informação. Existe mais ignorância no mundo, e também na igreja, do que podemos imaginar. Muitos daqueles que julgamos poder nos levar diretamente a CRISTO, o desconhecem. Eles perguntam, como faz a noiva às filhas de Jerusalém: “Vistes aquele a quem ama a minha alma?” Mas ninguém nunca sabia responder. Entretanto, assim como a noiva, eles continuam com sua indagação. “Onde está aquele que é nascido Rei dos Judeus?” E as pessoas queriam saber: “Por que fazem essa pergunta?”. É porque vimos a sua estrela no Oriente. Então os outros continuam: “Que negócios vocês têm com ele? O que os homens do Oriente querem com o Rei dos Judeus?” Os magos têm uma resposta pronta: “Viemos adorá-lo”. Sabem que, com o passar do tempo, Ele se tornará o seu rei, portanto desejam ser agradáveis a Ele e aos que o cercam. Note que aqueles em cujo coração nasceu a estrela da manhã, para dar-lhes algum conhecimento sobre CRISTO, devem se dedicar a adorá-lo. Será que nós também vimos a estrela de CRISTO? Vamos estudar para lhe prestar todas as honras.
V
Como essa pesquisa foi tratada em Jerusalém? Por fim, notícias sobre ela haviam chegado até a corte e, ao tomar conhecimento desse fato, Herodes ficou muito perturbado (v. 3). Ele não podia desconhecer as profecias do Antigo Testamento a respeito do Messias e do seu reino, e da época fixada para a sua aparição através das semanas de Daniel. Mas tendo reinado durante tanto tempo e com tanto sucesso, ele começou a esperar que tais promessas não se realizariam e que seu reino seria estabelecido e se perpetuaria, a despeito delas. Que desânimo, portanto, deve ter se abatido sobre ele ao ouvir falar que esse Rei havia nascido e que o momento da sua aparição havia chegado! Observe que aquilo que o coração dos iníquos mais teme é o cumprimento das Escrituras.
Porém, embora Herodes, o idumeu, tivesse ficado perturbado, poderíamos supor que o povo de Jerusalém fosse ficar extremamente feliz ao saber que o Messias tinha chegado. No entanto, parece que, com exceção daqueles que aguardavam pela consolação de Israel, as pessoas ficaram tão perturbadas quanto Herodes e apreensivas por desconhecer as conseqüências do nascimento desse novo rei, que poderia envolvê-las numa guerra ou refrear sua luxúria. Por seu lado, eles não queriam outro rei a não ser Herodes, nem mesmo o próprio Messias. Veja que a escravidão do pecado é mais insensatamente preferida à gloriosa liberdade dos filhos de DEUS, somente porque esta apresenta algumas dificuldades que exigem uma revolução necessária, cujo objetivo é o controle da alma. Herodes e Jerusalém ficaram ambos perturbados por causa da errônea noção de que o reino do Messias iria interferir e se chocar contra os poderes seculares, embora a estrela, que o havia proclamado rei, houvesse claramente anunciado que seu reino era celestial, e não desse mundo inferior. Veja que as razões que levam os reis da terra e as pessoas em geral a se oporem ao reino de CRISTO não se devem ao fato de desconhecê-lo, mas estarem enganados a seu respeito.
VI
Que ajuda estes magos receberam dos escribas e dos sacerdotes em sua pesquisa (vv. 4-6). Ninguém tinha a pretensão de informar onde estava o Rei dos Judeus, mas Herodes desejava saber onde esperavam que ele fosse nascer. As pessoas que ele consultou eram os principais sacerdotes, que tinham o ofício de mestres, e os escribas, que tinham como profissão estudar as leis. Eles deviam conhecê-las e era a eles que as pessoas deviam perguntar a esse respeito (Ml 2.7). Era do conhecimento comum que CRISTO deveria nascer em Belém (Jo 7.42), mas Herodes queria ter a opinião dos conselheiros sobre o assunto, portanto convocou as pessoas adequadas e, para poder ser melhor atendido, também os principais sacerdotes e escribas, exigindo que informassem qual era o lugar, de acordo com as Escrituras do Antigo Testamento, onde CRISTO iria nascer. Muitas perguntas inocentes são feitas com maus propósitos, e foi isso que aconteceu com Herodes.
Os sacerdotes e os escribas não precisaram de muito tempo para dar sua resposta, nem suas opiniões se revelaram diferentes, pois todos concordaram que o Messias devia nascer em Belém, cidade de Davi, agora chamada de Belém da Judéia, para distingui-la de outra cidade do mesmo nome nas terras de Zebulom (Js 19.15). Belém significa ”casa de pão”, o lugar mais adequado para o nascimento daquele que é o verdadeiro maná, o pão vivo que desceu do céu, que foi dado pela vida do mundo. A prova que apresentaram está em Miquéias 5.2, onde está previsto que, embora Belém fosse pequena entre milhares de cidades de Judá (como consta em Miquéias), e um lugar de pequena população, ainda assim não seria considerada a última entre as principais de Judá (como está aqui), pois a honra de Belém não está, como acontece com as outras cidades, na quantidade de habitantes, mas na magnificência dos príncipes que produz. Embora, em alguns relatos, Belém fosse uma pequena cidade, ela ainda mantinha uma proeminência sobre as demais cidades de Israel, que o Senhor iria considerar ao determinar às pessoas que esse homem, CRISTO JESUS, ali iria nascer (Sl 87.6). Dela viria um Governador, o Rei dos Judeus. Observe que CRISTO será um Salvador somente para aqueles que estão dispostos a considerá-lo como seu Rei. Belém era a cidade de Davi, e Davi era a glória de Belém. Portanto, era lá que o filho e sucessor de Davi devia nascer. Havia uma famosa cisterna, perto da porta de Belém, da qual Davi teve vontade de beber (2 Sm 23). Através de CRISTO, recebemos não só o pão suficiente para comer (que chega até a sobrar), como também a liberdade de tomar livremente da água da vida. Observe aqui como os judeus e os gentios comparam seus conhecimentos sobre JESUS CRISTO. Os gentios ficaram conhecendo o momento do seu nascimento através de uma estrela, enquanto os judeus conheciam o lugar desse nascimento através das Escrituras, dessa forma eles eram capazes de trocar informações. Note que muito iria contribuir para aumentar nosso conhecimento se mutuamente comunicássemos o que sabemos. Os homens ficam ricos no comércio e nas trocas, portanto se tivermos conhecimentos para comunicar aos outros, eles também estarão prontos para se comunicar conosco. Muitos iriam fazer discursos, correr de uma para outra parte, e a ciência se multiplicaria.
VII
O projeto e a intenção sanguinária de Herodes nasceu dessa pesquisa (vv. 7, 8). Nessa ocasião, Herodes já era um homem velho, que havia reinado durante trinta e cinco anos, enquanto esse outro rei havia acabado de nascer. Provavelmente, ele não iria dar início a qualquer considerável empreendimento por muitos anos, mas ainda assim ele despertou o ciúme de Herodes. Cabeças coroadas não conseguem suportar a idéia de ter sucessores, e muito menos rivais. Portanto, somente o sangue desse rei infante iria satisfazê-lo. Além disso, Herodes não poderia se permitir a liberdade de pensar que, se esse infante fosse realmente o Messias, poderia se opor a ele, ou preparar-lhe algum atentado. Nesse caso, ele acabaria tendo de lutar contra DEUS e nada seria mais inútil ou perigoso. As paixões são capazes de dominar a razão e a consciência.
Assim: 1. Veja como Herodes foi esperto ao elaborar o seu projeto (vv. 7, 8). Convocou particularmente os magos para com eles conversar sobre esse assunto. Não iria demonstrar publicamente o seu ciúme e temores, seria sua desgraça deixar que fossem percebidos e um perigo se as pessoas ficassem sabendo sobre eles. Muitas vezes, os pecadores são atormentados pelos medos secretos que guardam dentro de si. Por intermédio dos magos, Herodes ficou sabendo sobre a data do aparecimento da estrela e assim pôde tomar as medidas apropriadas. Depois, usou-os para aumentar seus conhecimentos e os convidou a lhe trazer informações. Tudo isso poderia parecer suspeito se não tivesse sido coberto por uma exibição de piedade, isto é, para que ele também pudesse ir visitar e adorar o Messias. Observe que, muitas vezes, a maior iniqüidade se esconde atrás de uma máscara de piedade. Absalão revestiu seu projeto de rebelião com uma promessa.
2. Veja como, estranhamente enganado e apaixonado por esse projeto, ele o confiou aos magos e não procurou a orientação de outros que teriam sido mais fiéis aos seus interesses. Estavam a apenas sete milhas de distância de Jerusalém; teria sido muito fácil enviar espiões para vigiar esses magos, e poderiam logo destruir essa criança enquanto eles a adoravam! Não se esqueça de que DEUS pode esconder dos olhos dos inimigos da igreja aqueles métodos que poderiam facilmente destrui-la. Quando o seu propósito é afastar os príncipes ímpios, o seu método consiste em tornar os juízes néscios.
 
Os Magos Adoram a CRISTO
Mateus 2. 9-12
Vemos aqui a humilde visita feita por essa comitiva ao recém-nascido Rei dos Judeus, e as honras que lhe foram prestadas. Eles foram de Jerusalém para Belém, resolvidos a procurar até encontrar. Mas é muito estranho o fato de terem ido sozinhos, de não terem sido acompanhados por alguma pessoa da corte, da sinagoga, ou da cidade, mesmo que não agissem desta forma pela sua consciência, mas como prova de sua amabilidade para com eles. Ou mesmo poderiam estar tomados pela curiosidade de conhecer esse novo príncipe. Como a rainha do Sul, também esses magos do Oriente irão se levantar para julgar os homens dessa geração e condená-los, pois tinham vindo de um país distante para adorar a CRISTO, enquanto os judeus, seus conterrâneos não deram sequer um passo e não foram até à cidade próxima para lhe dar boas-vindas. Os magos devem ter ficado desanimados ao encontrar aquele a quem procuravam, ao vê-lo tão negligenciado em sua própria terra natal. Será que deviam ir tão longe para honrar o Rei dos Judeus, provocando os próprios judeus a lançar seu desprezo sobre Ele e sobre nós? Mas eles mantiveram sua decisão. Observe que devemos continuar a servir a CRISTO, mesmo se estivermos sozinhos; a despeito do que os outros façam, devemos servir ao Senhor. Se eles não forem para o céu conosco, não devemos ir para o inferno com eles. Agora:
I
Veja como eles encontraram CRISTO através da mesma estrela que haviam visto no seu próprio país (vv. 9,10). Observe: 1. Como foram bondosamente guiados por DEUS. Na primeira aparição da estrela, ficaram sabendo onde poderiam indagar sobre esse Rei, mas ela então desapareceu, e a eles restou apenas adotar os métodos habituais para levar adiante a sua procura. Observe que não se deve esperar receber qualquer ajuda extraordinária quando temos à mão os meios habituais. Bem, eles haviam perseguido esse objetivo até onde podiam, haviam feito a viagem a Belém, mas Belém é uma cidade populosa. Onde iriam encontrá-lo, quando lá chegassem? Agora estavam perdidos, não sabiam mais o que fazer, mas sua fé não tinha acabado, acreditavam que DEUS, que os havia levado até lá com sua palavra, não os abandonaria, e isso Ele não fez. Observe que a estrela que haviam visto no Oriente estava à sua frente. Não esqueça, se formos até o máximo que pudermos no caminho do dever, DEUS irá nos dirigir e nos capacitar a fazer aquilo que sozinhos não podemos fazer. Continue a praticar e o Senhor estará contigo. Vigilantibus, non dormientibus, succurit lex – A lei oferece segurança, não aos indolentes, mas aos ativos. A estrela os havia abandonado por muito tempo, mas agora havia retornado. Aqueles que seguem a DEUS no escuro verão que a luz foi semeada e está reservada para eles. Israel havia sido guiado por uma coluna de fogo até à terra prometida, e os magos, por uma estrela até à Semente prometida, pois ela é a própria luz, a brilhante Estrela da Manhã (Ap 22.16). DEUS preferiu criar uma coisa nova a deixar que aqueles que o buscam com fé e diligência se percam. Essa estrela era um sinal da presença de DEUS ao seu lado, porque Ele é a luz que caminha à frente do seu povo como um Guia. Veja bem, se com fé conseguirmos ver DEUS em todos os nossos caminhos, estaremos seguindo sob sua direção; Ele nos guiará com seus olhos (Sl 32.8). Ele disse aos magos: Essa é a estrada, caminhem por ela. Há uma estrela da alva que aparece no coração daqueles que perguntam por CRISTO (2 Pe 1.19). 2. Observe com que alegria eles seguiram a direção de DEUS (v. 10). Ao ver a estrela, eles ficaram tomados de indizível alegria. Agora podiam ver que não haviam se enganado e não tinham feito essa viagem em vão. A realização da vontade é uma árvore de vida. Tinham agora certeza de que DEUS estava ao seu lado; os sinais da sua presença e do seu favor enchem de indizível alegria a alma daqueles que sabem como lhe dar o devido valor. Agora podiam rir dos judeus de Jerusalém que, provavelmente, haviam rido deles por causa da sua insensata viagem. Os guardas não podem dar à esposa notícias do seu amado, no entanto não faz muito que ele passou por eles, e logo irá encontrá-lo (Ct 3.3). Não podemos esperar muito do homem, nem pouco de DEUS. Que grande alegria tomou conta desses magos quando avistaram a estrela. Ninguém conhece melhor que aqueles que, depois de uma longa e melancólica noite de tentação e abandono, sob o poder do espírito da servidão, recebem, por fim, o espírito da adoção, testemunhando que são filhos de DEUS. Esta é a luz que nasce em meio às trevas; é a vida que surge entre os mortos. Agora tinham razão para esperar por uma rápida visão do CRISTO, do Sol da Justiça, pois haviam visto a Estrela da Manhã. Devemos nos alegrar com todas as coisas que nos mostram o caminho para CRISTO. Essa estrela foi enviada para receber os magos e conduzi-los à câmara do Rei; foram apresentados pelo seu mestre de cerimônias para receber sua audiência. DEUS cumpre a sua promessa de ir ao encontro daqueles que estão dispostos a se alegrar e a praticar a justiça (Is 64.5), e que cumprem os seus preceitos. Alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor (Sl 105.3). Note que, às vezes, DEUS se compraz em favorecer os novos convertidos com sinais do seu amor, para encorajá-los, devido às dificuldades que encontram quando estão procurando andar nos seus caminhos.
II
Veja como se dirigiram a Ele ao encontrá-lo (v. 11). Podemos bem imaginar a expectativa de encontrar esse infante real que, embora desprezado pela nação, havia sido reverenciado em casa. E como ficaram desapontados ao descobrir que uma choupana era o seu palácio, e que sua pobre mãe era todo o séqüito que possuía! Seria esse o Salvador do mundo? Seria esse o Rei dos Judeus, o Príncipe dos reis da terra? Sim, era Ele mesmo, aquele que embora fosse rico, em nosso nome havia se tornado pobre. Entretanto, esses magos eram bastante sábios e puderam ver através desse véu e perceber nesse desprezado infante a glória do Filho Unigênito do Pai. Portanto, não se sentiram decepcionados ou enganados na sua pesquisa e, tendo encontrado o Rei que procuravam, lhe ofertaram primeiro a sua pessoa, e depois as suas dádivas.
1. Eles se apresentaram a Ele; prostraram-se e o adoraram. Não ficamos sabendo se dedicaram tantas honras a Herodes, embora ele estivesse ocupando o apogeu da grandeza real. Porém, a esse infante foram dadas todas essas honras, não só como rei (nesse caso, teriam feito o mesmo a Herodes), mas como um DEUS. Observe que todos que encontram CRISTO se prostram perante Ele, o adoram e se submetem a Ele. Ele é o nosso Senhor e devemos adorá-lo. Essa é a sabedoria dos mais sábios dos homens. Com isso, mostram seu conhecimento de CRISTO, o conhecimento de si mesmos e seus verdadeiros interesses, se forem fiéis e humildes adoradores do Senhor JESUS.
2. Eles apresentaram a Ele as suas ofertas. Nas nações orientais, as pessoas oferecem presentes quando prestam homenagem aos seus reis; essa é a mencionada submissão dos reis de Sabá a CRISTO (Sl 72.10). Eles trarão presentes e oferecerão dádivas (veja Is 60.6). Veja que, em relação a nós mesmos, devemos oferecer tudo que temos a JESUS CRISTO e, se formos sinceros ao nos submetermos a Ele, estaremos dispostos a nos separar daquilo que nos é mais caro e mais valioso para oferecer a Ele e por Ele. As nossas dádivas nem seriam aceitas, se primeiro não oferecêssemos a nós mesmos como sacrifícios vivos. DEUS respeitou Abel e as suas ofertas. As dádivas que os magos ofereceram eram ouro, incenso e mirra; ofertas que poderiam ser transformadas em dinheiro. A Providência havia enviado esse oportuno alívio para José e Maria em sua presente condição de pobreza. Essas dádivas eram produtos do seu próprio país. Devemos honrar a DEUS com as dádivas que dele recebemos. Alguns acreditam que havia algum significado nesses presentes. Eles ofereceram ouro, reconhecendo que o infante era um rei e assim era digno de receber tributos: a ”César as coisas que são de César”. O incenso, reconhecendo-o como DEUS, pois eles honravam a DEUS com a fumaça do incenso. E a mirra porque era um homem, e como tal deveria morrer; pois a mirra era usada para embalsamar os corpos mortos.
III
Veja como o deixaram depois de terem prestado suas homenagens (v. 12). Herodes havia recomendado que trouxessem notícias das descobertas que fizessem e é provável que assim acontecesse, caso não tivessem recebido ordens ao contrário, pois não suspeitavam ser usados como ferramentas de um iníquo desígnio. Aqueles que se comportam bem e com sinceridade são facilmente levados a acreditar que os outros também o são e ignoram a verdadeira maldade do mundo; mas o Senhor sabe como libertar os justos da tentação. Não sabemos se os magos haviam prometido voltar para Herodes e, caso tivessem, isso deve ser visto com a devida ressalva, isto é, se DEUS permitisse. Mas DEUS não lhes permitiu, impedindo a maldade que Herodes havia destinado ao menino JESUS e a aflição que os magos teriam sentido pelo fato de terem sido um involuntário acessório dessa maldade. Eles foram prevenidos por DEUS, por intermédio de ”divina revelação”. Alguns acreditam que haviam pedido uma orientação a DEUS, e que esta foi a resposta. Veja que, se pedirem conselhos a DEUS, aqueles que agem cautelosamente e têm medo do pecado e das suas ciladas, serão levados para o caminho do bem. Os magos foram aconselhados a não voltar para Herodes, nem para Jerusalém. Aquele povo seria indigno de ter notícias a respeito de CRISTO, pois tiveram a oportunidade de vê-lo com os seus próprios olhos, e não o quiseram. Assim, os magos partiram para o seu próprio país, percorrendo caminhos diferentes a fim de levar as notícias aos seus irmãos. No entanto, é estranho que nunca mais ouvimos falar deles, e que nem eles ou os seus tenham depois visitado o infante no Templo, aquele que haviam adorado no berço. Entretanto, a orientação que receberam de DEUS para o seu retorno seria uma confirmação adicional da sua fé nessa criança, como sendo o Senhor do céu.
 
A Fuga para o Egito
Mateus 2. 13-15
Temos aqui a fuga de CRISTO para o Egito, a fim de escapar da crueldade de Herodes, resultado das indagações dos magos a seu respeito. Antes disso, a obscuridade em que se encontrava havia sido a sua proteção. Foi apenas uma pequena homenagem (comparada à que deveria ter sido oferecida) aquela que foi prestada a CRISTO na sua infância; mas, mesmo assim, ao invés de ser reverenciado pelo seu povo, tal homenagem serviu, antes, para expô-lo.
Agora observe:
I
A ordem dada a José em relação a essa fuga (v. 13). José não conhecia os perigos aos quais a criança estava exposta, nem como fugir. Mas, através de um anjo, DEUS explicou num sonho o que ele devia fazer, da mesma maneira como havia feito anteriormente, no capítulo 1, versículo 20. José, antes de seu comprometimento com CRISTO, não tinha tido tanta vontade de conversar com os anjos como agora. Note que aqueles que estão espiritualmente relacionados com CRISTO pela fé têm uma comunhão e um relacionamento com o céu – algo que, anteriormente, lhes era totalmente estranho.
1. Aqui José é informado sobre a natureza do seu perigo: Herodes iria procurar os infantes para destrui-los. Note bem, DEUS conhece todos os propósitos e projetos cruéis dos inimigos da sua Igreja. “Conheço... o teu furor contra mim”, disse DEUS a Senaqueribe (Is 37.28). JESUS era ainda muito jovem quando foi envolvido pelo sofrimento! Geralmente, mesmo aqueles cuja maturidade é perturbada por perigos e fadigas tiveram uma infância tranqüila e agradável. Mas não foi isso que aconteceu com nosso bendito JESUS: sua infância e seus sofrimentos começaram ao mesmo tempo. Ele nasceu como um homem seriamente esforçado, assim como Jeremias (Jr 15.10), que foi santificado antes de sair do ventre (Jr 1.5). Tanto CRISTO, que é a cabeça, como a Igreja, que é o seu corpo, estão de acordo em dizer: “Muitas vezes eles me afligiram, desde a minha juventude”. A crueldade do Faraó impõe-se sobre os filhos dos hebreus, e um grande dragão vermelho está pronto para devorar o menino assim que nascer (Ap 12.4).
2. Ele foi informado sobre o que devia fazer para escapar ao perigo. Tomar o pequeno infante e fugir para o Egito. Assim, muito cedo CRISTO nos dá um exemplo das suas próprias leis (Mt 10.23). “Quando for perseguido numa cidade, fuja para outra”. Aquele que veio para morrer por nós, embora sua hora ainda não tivesse chegado, fugiu para salvar sua vida. A preservação da vida, por ser um ramo da lei da natureza, é parte eminente da lei de DEUS. Fugir, mas por que o Egito? O Egito era conhecido pela sua infamante idolatria, tirania e inimizade com o povo de DEUS: havia sido o berço da escravidão de Israel e particularmente cruel para com seus filhos. No Egito, assim como em Ramá, Raquel havia chorado pelos seus filhos; no entanto, essa nação havia sido indicada para ser um lugar de refúgio e apoio do menino JESUS. Veja que DEUS, quando assim deseja, pode fazer com que o pior lugar do mundo possa servir aos melhores propósitos, pois a terra pertence ao Senhor e Ele faz com ela o que bem entende. Às vezes, a terra ajuda a mulher (Ap 12.16). DEUS, que fez de Moabe o refúgio dos seus proscritos, transformou o Egito num refúgio para o seu Filho. Podemos considerar isso:
(1) Como prova de fé para José e Maria. Eles poderiam ser tentados a pensar: “Se essa criança é o Filho de DEUS, como nos foi dito, será que não teria outra forma de se proteger contra um homem que é um verme, a não ser através de uma fuga inglória e ignóbil como essa? Será que não poderia convocar legiões de anjos para serem seus guarda-costas, ou de querubins com espadas flamejantes, a fim de conservar sua árvore da vida? Não poderia atingir mortalmente a Herodes, ou secar a mão que se estende contra ele, e assim nos poupar o trabalho dessa viagem?” Havia pouco tinham sido informados de que seu filho seria a glória do povo de Israel; a terra de Israel iria tão cedo se tornar demasiado perigosa para Ele? Mas sabemos que eles não fizeram nenhuma dessas objeções; quando sua fé foi testada, ela se mostrou firme. Eles acreditavam que esse era o Filho de DEUS e, embora não vissem nenhum milagre previamente forjado para a preservação da sua vida, foram levados a empregar os meios mais comuns para alcançá-la. José havia recebido a grande honra de ser o marido da abençoada virgem, mas essa honra exigia muita atenção, assim como acontece com todas as honras desse mundo. José precisava tomar o pequeno infante e carregá-lo para o Egito. Agora percebemos as providências de DEUS para com essa criança e sua mãe ao nomear José para ser seu parente próximo. Agora o ouro que os magos haviam trazido iria ser de grande utilidade para o sustento deles. DEUS prevê as dificuldades do seu povo e, de antemão, procura atendê-las. DEUS anunciou que seus cuidados e sua orientação iriam continuar quando disse: “Foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga”. Dessa forma, Ele manterá o seu povo numa permanente dependência dele.
(2) Como um exemplo da humilhação do nosso Senhor JESUS. Assim como não havia lugar na hospedaria de Belém, também não havia para Ele nenhum lugar tranqüilo na terra da Judéia. Dessa forma, Ele foi banido da terra de Canaã para que nós, que pelo pecado fomos banidos da Canaã celestial, pudéssemos a ela retornar. Se nós, e nossos filhos, nos encontrarmos alguma vez em dificuldades, devemos nos lembrar das dificuldades enfrentadas por CRISTO na sua infância, e assim enfrentarmos as nossas.
(3) Como sinal do desagrado de DEUS para com os judeus, que pouco se importaram com Ele. É justo que DEUS abandone aqueles que o desprezam. Temos aqui também a realidade dos seus favores para com os gentios, a quem os apóstolos iriam levar o Evangelho depois de as boas novas terem sido rejeitadas pelos judeus. Se o Egito recebeu JESUS quando foi forçado a fugir da Judéia, não vai levar muito tempo para que seja dito: “Bendito seja o Egito, meu povo” (Is 19.25).
II
A obediência de José a essa ordem (v. 14). A viagem iria ser cheia de perigos e dificuldades, tanto para o pequenino ser como para sua mãe: tinham poucos recursos e provavelmente iriam enfrentar uma fria acolhida no Egito. No entanto, José não desobedeceu à visão celestial, não fez qualquer objeção nem prolongou sua desobediência. Assim que recebeu a ordem, levantou-se imediatamente e partiu durante a noite, segundo parece, ainda naquela mesma noite. Observe que aqueles que desejam provar sua obediência devem fazê-lo rapidamente. José partiu, da mesma maneira que seu pai Abraão, debaixo de uma implícita dependência de DEUS, sem saber para onde ia (Hb 11.8). José e sua esposa, mesmo dispondo de muito pouco, nada tinham com que se preocupar durante a jornada. Toda abundância dificulta qualquer fuga. Se as pessoas ricas têm uma vantagem em relação aos pobres por causa das suas riquezas, os pobres têm vantagem sobre os ricos quando são chamados a se separar daquilo que possuem.
José “tomou o menino e sua mãe”. Alguns observam que o nome da criança é mencionado antes, como sendo a pessoa principal, e Maria é chamada não de esposa de José, mas, com grande dignidade, de mãe daquela criança. Esse não foi o primeiro José a ser levado de Canaã para o Egito à procura de um abrigo contra a ira dos seus irmãos; esse José deveria ter uma boa acolhida nessa nação, em nome do José que o precedeu.
Se pudermos dar crédito à tradição, de terem ido a um templo quando da sua entrada no Egito, todas as imagens dos seus deuses foram derrubadas por um poder invisível e caíram ao chão, como Dagom perante a arca, de acordo com essa profecia: “Eis que o Senhor… virá ao Egito; e os ídolos do Egito serão movidos perante a sua face” (Is 19.1). Eles permaneceram no Egito até a morte de Herodes, que, segundo alguns, levou sete anos, segundo outros, menos ainda. Lá eles se mantiveram longe do Templo, dos seus serviços e estavam no meio dos idólatras. Mas DEUS os havia enviado a esse lugar, e mostraria misericórdia a esse sacrifício. Embora estivessem longe do Templo do Senhor, tinham ao seu lado o Senhor do Templo. Pode ser que os justos sejam forçados a suspender rituais ordenados pelas leis de DEUS, estando entre iníquos; porém jamais devem se entregar ao pecado. Uma situação como essa não pode ser outra coisa senão uma causa de tristeza para os justos.
III
O cumprimento das Escrituras como está em Oséias 11.1: “Do Egito chamei o meu filho”. De todos os evangelistas, Mateus é o que mais se preocupou com o cumprimento das Escrituras na pessoa de CRISTO. Seu Evangelho foi publicado primeiramente entre os judeus e isso iria lhe acrescentar muito mais força e importância. Essas palavras do profeta provavelmente se referiam à libertação de Israel do Egito, como propriedade e primogênito de DEUS (Êx 4.22). Mas aqui, o Egito foi aplicado como uma analogia a CRISTO, a Cabeça da Igreja. Observe que nas Escrituras existem copiosas realizações, muito bem ordenadas em todas as coisas. DEUS está, diariamente, cumprindo as Escrituras. Elas não devem ter uma interpretação particular, mas receber um entendimento amplo. “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho”. Aquele que lê essas palavras deve, nos seus pensamentos, não só olhar para trás, mas também para o futuro. “O que foi, isso é o que há de ser” (Ec 1.9). Isto nos é anunciado apenas pela forma da expressão, pois não está dito: Eu o chamei, mas: Chamei meu filho do Egito. Veja bem, não era nenhuma novidade que os filhos de DEUS estivessem no Egito, uma terra estranha, numa casa de escravidão, mas de lá eles seriam resgatados. Eles poderiam se esconder no Egito, mas lá eles não ficariam. Todos os eleitos de DEUS, sendo por natureza filhos da ira, nascem num Egito espiritual e, na sua conversão, são efetivamente resgatados. Alguém poderia objetar contra CRISTO, que Ele esteve no Egito. O Sol da Justiça deverá se levantar da terra das trevas! Isso não está nos mostrando uma coisa estranha; Israel foi resgatado do Egito, para ser levado às mais elevadas honras. E a mesma coisa volta a ocorrer de novo.
 
A Matança dos Inocentes
Mateus 2. 16-18
Vemos aqui:
I
O ressentimento de Herodes pela partida dos magos. Ele havia esperado longamente pelo retorno deles; achava que, embora fossem demorar, não o decepcionariam e que iria esmagar o seu rival na sua primeira aparição. Mas ficou sabendo que eles haviam partido por outros caminhos e isso aumentou o seu ciúme e o levou a suspeitar que estavam agindo segundo os interesses desse novo Rei. Isso o deixou excessivamente irado, e também desesperado e insultado por acreditar que havia sido enganado. Observe que a inveterada corrupção se avoluma nos poderosos pelas obstruções que encontram ao seu pecaminoso empreendimento.
II
Apesar do acontecido, seu artifício político era eliminar aquele que nascera como Rei dos judeus. Se não tinha condições de alcançá-lo através de uma execução particular, ele não tinha dúvidas de envolvê-lo num golpe generalizado que, como a espada da guerra, iria devorar uns e outros. Essa seria uma obra decisiva; desse modo, aqueles que tinham o propósito de destruir a sua própria iniqüidade deveriam não deixar de destruir todas as suas iniqüidades. Herodes era um idumeu e dentro dele havia nascido e se desenvolvido uma inimizade contra Israel. Doegue era um edomita que, por causa de Davi, tinha sacrificado todos os sacerdotes do Senhor. Era estranho que Herodes pudesse encontrar pessoas tão desumanas e capazes de serem usadas para realizar um trabalho tão sangrento e bárbaro. Mas às mãos iníquas nunca faltam ferramentas iníquas com as quais possam trabalhar. Os infantes sempre haviam gozado de uma proteção especial, não só das leis humanas, como também da própria natureza humana. No entanto, foram sacrificados à ira desse tirano, sob o qual, assim como também sob Nero, a inocência nada representava quando se tratava de sua segurança. Herodes havia sido, durante todo o seu reinado, um homem sanguinário. Não fazia muito tempo que ele mandara destruir todo o Sinédrio, isto é, o grupo de juízes judeus. Mas o sangue, para o sanguinário, é como a bebida para o beberrão: “Quanto mais bebem, mais sedentos ficam”. Herodes tinha cerca de setenta anos de idade, de modo que essa criança, com menos de dois anos de vida, provavelmente nunca iria lhe causar qualquer perturbação. Ele também não era muito apegado aos próprios filhos, ou tinha preferência por eles, pois havia anteriormente mandado matar dois deles, Alexandre e Aristóbulo, e depois a seu filho Antípatre, apenas cinco dias antes de morrer. Ele fez isso apenas para satisfazer à sua cruel ambição e orgulho. “Tudo que caía em sua rede era peixe”.
Observe as grandes medidas que ele tomou: 1. Quanto à idade, mandou matar todos que tivessem dois anos ou menos. É provável que nessa época o bendito JESUS tivesse menos de um ano, no entanto Herodes incluiu todos que tivessem até dois anos para ter a certeza de que a sua presa não escaparia. Esse tirano não se preocupava com quantas cabeças pudessem rolar, mesmo de inocentes, desde que não escapasse aquele que ele cria ser o culpado. 2. Quanto ao lugar, mandou matar todos os meninos, não só em Belém, mas também os que viviam nos arredores, e em todas as comunidades daquela região. Isto era ser ”demasiadamente ímpio” (Ec 7.17). O ódio, quando nasce de uma ira descontrolada, e é armado de um poder ilegítimo, transporta muitas vezes o homem aos mais absurdos e injustos estágios da crueldade. DEUS não estava sendo injusto quando permitiu que isso acontecesse; toda vida está penhorada à sua justiça desde que começa. Quando o pecado foi introduzido pela desobediência do homem, a morte veio com ele. Nada devemos supor além dessa culpa geral; não devemos supor que essas crianças fossem sofrer tais coisas por serem os maiores pecadores que existiam em Israel. Os julgamentos de DEUS são profundos. A enfermidade e a morte das crianças são reflexos do pecado de Adão e Eva. No entanto, devemos considerar a morte desses infantes sob um outro aspecto; ela representou o seu martírio. Como começou cedo a perseguição contra CRISTO e o seu reino! Você pensa que Ele veio para trazer paz à terra? Não, mas uma espada, uma espada igual a essa (Mt 10.34,35). Aqui foi introduzido um testemunho passivo do Senhor JESUS. Da mesma forma que, quando ainda no ventre materno, Ele foi reconhecido pelo salto de alegria de outra criança em um outro ventre, quando dele se aproximou, também agora, quando tinha apenas dois anos, Ele teve outras testemunhas contemporâneas, com idade próxima à sua. Elas derramaram seu sangue por Ele e, mais tarde, Ele mesmo derramou seu sangue por elas. Essa era a infantaria do nobre exército dos mártires. Se essas crianças foram então batizadas com sangue, embora o delas próprias, dentro da Igreja triunfante, poderíamos dizer que com o que receberam no céu elas foram plenamente recompensadas pelo que perderam na terra. Da boca desses infantes, DEUS recebe o perfeito louvor; doutro modo, o Supremo não permitiria tal aflição.
A tradição da igreja grega diz que o número de crianças mortas chegou a 14.000, mas isso é um grande absurdo. Acredito que mesmo nas cidades mais populosas do mundo, se tivesse sido registrado semanalmente o número de crianças nascidas do sexo masculino, não encontraríamos muitas com menos de dois anos, quanto mais numa cidade que nem chegava a ser a quarta parte disso. Mas este é um exemplo da vaidade da tradição. É estranho que esta história não tenha sido incluída nos relatos de Josefo, que escreveu algum tempo depois de Mateus. É provável que Josefo não tenha registrado algumas informações para não favorecer ou reforçar a história do cristianismo, pois ele era um judeu muito zeloso. De qualquer modo, se esse fato não tivesse sido verdadeiro e muito bem documentado, ele o teria contestado. Macróbio, um outro escritor pagão, nos diz que César Augusto, ao saber que entre as crianças menores de dois anos assassinadas por ordem de Herodes estava o seu próprio filho, escarneceu dele dizendo que era melhor ser o porco de Herodes do que seu filho. A tradição do país proibia que alguém matasse um porco, mas nada impedia que matasse seu próprio filho. Alguns acreditam que ele tinha um filho pequeno num berçário em Belém; outros pensam que, por engano, os dois acontecimentos foram confundidos, o assassinato dos infantes e o do seu filho Antípatre. Mas o fato de a igreja de Roma colocar os Santos Inocentes, como são chamados, no seu calendário e consagrar a eles um dia em sua memória, é fazer como seus predecessores que construíram as tumbas dos profetas, pois essa igreja muitas vezes justificou os seus bárbaros massacres, às vezes até mesmo sobrepujando aquele que foi cometido por Herodes.
Alguns chegam a observar um outro desígnio da Providência no assassinato das crianças. Parece que em todas as profecias do Antigo Testamento, Belém era o lugar e esse era o tempo do nascimento do Messias. Portanto, se todas as crianças de Belém nascidas nessa época foram assassinadas, com exceção de JESUS, que escapou, somente Ele podia reivindicar ser o Messias. Herodes acreditava ter frustrado todas as profecias do Antigo Testamento, e derrotado as indicações da estrela e a piedade dos magos, livrando o país desse novo Rei. Tendo queimado a colméia, concluiu que havia matado a abelha rainha. Mas do céu DEUS o ridicularizou e menosprezou. Quaisquer que sejam os ardilosos e cruéis artifícios do coração dos homens, os desígnios do Senhor permanecem imutáveis.
III
O cumprimento das Escrituras (vv. 17,18). Então a profecia se cumpriu (Jr 31.15) e uma voz foi ouvida em Ramá. Observe e adore a plenitude das Escrituras! Essa profecia havia se cumprido na época de Jeremias, quando Nebuzaradã, depois de ter destruído Jerusalém, levou todos os prisioneiros para Ramá (Jr 40.1), onde fez com eles o que bem entendeu, com a espada ou o cativeiro. Então, o apelo de Ramá foi ouvido até Belém (pois essas duas cidades, uma na região de Judá e a outra na de Benjamim, não eram distantes); agora a profecia cumpriu-se novamente na grande tristeza pela morte desses infantes. A Escritura havia se cumprido:
1. No lugar da lamentação. O pranto foi ouvido desde Belém até Ramá, pois a crueldade de Herodes havia se estendido desde toda a costa de Belém até a região de Benjamim, e entre os filhos de Raquel. Alguns acreditam que as terras em volta de Belém eram chamadas de Raquel, por ter sido o lugar onde ela morreu e foi sepultada. O sepulcro de Raquel estava junto a Belém (Gn 35.16,19). Compare com 1 Samuel 10.2. O coração de Raquel estava sobre os seus filhos, como estava sobre o seu filho naquele trabalho de parto que a levou à morte e a quem ela deu o nome de Benoni, que significa filho do meu sofrimento. Essas mães eram como Raquel, moravam perto do seu túmulo e muitas delas eram suas descendentes. Portanto, seus lamentos foram elegantemente representados no pranto de Raquel.
2. Na intensidade dessa manhã. Aconteceu uma lamentação e um pranto, um grande pranto; porém, este era demasiadamente pequeno para refletir o sentimento causado por essa exacerbada calamidade. Houve um grande clamor no Egito, quando os primogênitos foram mortos, e o mesmo aconteceu aqui, quando novamente os primogênitos foram mortos, por quem sentimos uma particular ternura. Ali teve lugar uma representação do mundo em que vivemos. Podemos ouvi-la nos lamentos, no pranto e na tristeza, vemos nas lágrimas dos oprimidos, alguns por uma razão, outros por outra. Nossos caminhos atravessam um vale de lágrimas. Essa dor era tão grande que as pessoas não queriam ser confortadas. Elas se endureceram em meio a tamanha dor, e desejavam se lamentar profundamente. Bendito seja DEUS, não existe nenhum motivo para tristeza nesse mundo – não, nem aquela provocada pelo próprio pecado – que justifique a atitude de recusarmos o conforto! Eles não queriam ser consolados porque as crianças não estavam mais na terra dos vivos, não estavam mais nos braços de suas mães. Como realmente não estavam mais ali, haveria alguma desculpa pela tristeza, porém não poderiam perder as esperanças; pois sabemos que não estavam perdidas – tinham apenas partido precocemente. Se nos esquecermos disso, perderemos o fundamento do nosso conforto (1 Ts 4.13). Alguns entendem essa dor dos belemitas como um castigo por terem desdenhado a CRISTO. Aqueles que não se regozijaram com o nascimento do Filho de DEUS foram justamente levados a chorar a morte dos seus próprios filhos, pois haviam apenas se admirado pelas notícias trazidas pelos pastores, mas não as receberam de boa vontade.
A citação dessa profecia pode servir para eliminar a objeção que alguns poderiam fazer contra CRISTO, em razão dessa triste providência. “Pode o Messias, que deve ser o Consolo de Israel, ser apresentado com toda essa lamentação?” Sim, pois assim havia sido profetizado, e as Escrituras devem ser cumpridas. Além disso, se examinarmos melhor essa profecia, iremos descobrir que esse amargo lamento em Ramá representava apenas o prólogo de uma grande alegria, pois está escrito: “Teu trabalho será recompensado e existe esperança no fim”. Ou seja, quanto piores forem as coisas, mais rapidamente elas serão reparadas. Para eles, havia nascido uma criança, plenamente suficiente para reparar as perdas que sofreram.
 
A Volta do Egito
Mateus 2. 19-23
CRISTO retorna do Egito para a terra de Israel. O Egito poderia servir, por algum tempo, como um lugar de breve residência, ou de abrigo, mas não para uma longa permanência. CRISTO havia sido enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel, portanto para elas Ele devia retornar. Observe:
I
O que abriu caminho para seu retorno foi a morte de Herodes, que aconteceu pouco depois do assassinato dos infantes. Segundo alguns, ainda não havia se passado mais que três meses. Tal expedito acontecimento fora obra da vingança divina! Observe que Herodes devia morrer. O dia dos tiranos orgulhosos, terrores dos poderosos e opressores dos justos na terra dos vivos, deve chegar e no abismo devem ser lançados. “Quem pois és tu, para que temas o homem, que é mortal” (Is 51.12,13), considerando especialmente que na morte não só sua inveja como seu ódio irão perecer (Ec 9.6) e que irão cessar de perturbar (Jó 3.17) e serão punidos. De todos os pecados, a culpa pelo sangue dos inocentes é a que mais rapidamente irá saturar a medida. É um terrível relato aquele feito por Josefo sobre a morte desse mesmo Herodes (AntiqJud., liv. 17, caps. 6 e 7), dizendo que ele foi tomado por uma doença que o queimava por dentro com uma inexprimível tortura; que tinha uma insaciável avidez pela carne, apresentando cólicas, gota e inchaço. Sua doença era acompanhada por um intolerável mau cheiro, a ponto de ninguém poder se aproximar dele. Tão irascível e impaciente estava que se tornara um tormento para si mesmo e um terror para todos os que o atendiam. Sua inata crueldade, estando assim exacerbada, o tornava mais bárbaro que nunca, tendo ordenado a morte do seu próprio filho. Ele mandou prender muitos nobres e pessoas de boa família e ordenou que fossem executados logo depois da sua morte. Mas essa ordem não foi cumprida. Observe que espécie de homens eram os inimigos e perseguidores de CRISTO e dos seus seguidores! Aqueles poucos que se opuseram ao cristianismo haviam primeiramente renunciado à própria humanidade, como Nero e Domiciano.
II
As ordens emanadas dos céus relativas ao seu retorno, e a obediência de José (vv. 19-21). DEUS havia enviado José ao Egito e lá ele permaneceu até que aquele que o havia levado ordenasse a sua volta. Observe que em todos os nossos movimentos será bom que o nosso caminho seja claro, e que DEUS esteja caminhando à nossa frente. Não devemos seguir um caminho ou outro sem receber ordens. Essas ordens foram enviadas a José por um anjo. Observe que se mantivermos a nossa comunhão com DEUS, ela também será mantida por parte dele em qualquer lugar que possamos estar. Nenhum lugar pode impedir as bondosas visitas de DEUS. Os anjos vieram a José no Egito, a Ezequiel na Babilônia e a João em Patmos. Portanto: 1. O anjo informou sobre a morte de Herodes e dos seus cúmplices: “Já estão mortos os que procuravam a morte do menino”. Eles haviam morrido, mas o pequenino estava vivo. Os santos que são perseguidos muitas vezes vivem tempo suficiente para pisar sobre o túmulo dos seus perseguidores. Foi assim que o Rei da Igreja venceu a tempestade, e é assim que muitos na igreja têm resistido. “Já estão mortos”, isto é, Herodes e seu filho Antípatre. Embora entre eles houvesse um sentimento mútuo de ciúme, provavelmente estavam de acordo em procurar a destruição desse novo Rei. Se primeiramente Herodes mandou matar Antípatre e depois ele mesmo encontrou a morte, as coisas naquela região ficaram limpas; o Senhor é conhecido pelos castigos que aplica quando um iníquo instrumento é empregado para a ruína dos outros. 2. O Senhor ordenou a José o que devia fazer. Devia voltar para a terra de Israel, e sem demora. Sem pleitear a tolerável e boa situação que gozava no Egito, nem alegando os inconvenientes da jornada, especialmente se, como se supõe, estavam no início do inverno – ocasião em que Herodes havia morrido –, a obediência veio em primeiro lugar. O povo de DEUS segue as suas ordens em qualquer direção que Ele os possa levar, ou abrigar. Se olharmos para o mundo apenas como o nosso Egito, lugar da nossa escravidão e exílio, e para o céu apenas como a nossa Canaã, nosso lar e nosso repouso, deveremos prontamente levantar e partir quando formos chamados, como fez José quando saiu do Egito.
III
As novas ordens que recebeu de DEUS, qual caminho devia seguir e onde se fixar na terra de Israel (vv. 22,23). DEUS poderia ter-lhe dado essas instruções junto com aquelas que recebera anteriormente, mas Ele revela gradualmente seu pensamento ao povo, para mantê-lo sempre esperando por Ele, aguardando receber mais notícias. José recebeu essas ordens num sonho, provavelmente da mesma maneira como havia recebido as ordens anteriores, através da intervenção de um anjo. DEUS poderia ter revelado a sua vontade a José através do menino JESUS, mas a nossa opinião é que Ele não tomaria conhecimento desses movimentos, nem daria um sinal sobre qualquer coisa que ocorresse, certamente porque em todas as coisas seria conveniente agir como os seus irmãos; sendo uma criança, Ele agiu e se comportou como uma criança, colocando um véu sobre o seu infinito conhecimento e poder. Entendemos que, como uma criança, Ele tenha crescido em sabedoria.
Portanto, as ordens transmitidas a essa santa e real família foram: 1. De que não deveria se estabelecer na Judéia (v. 22). José poderia pensar que JESUS, tendo nascido em Belém, deveria ser criado lá; no entanto, estava prudentemente temeroso pela pequena criança, pois ficara sabendo que Arquelau reinava no lugar de Herodes, não sobre todo o reino, como seu pai, mas somente sobre a Judéia, sendo que as outras províncias estavam em outras mãos. Observe que sucessão de inimigos havia para lutar contra CRISTO e a sua Igreja! Se um deles se retirasse do contexto, outro surgiria imediatamente para dar continuidade à inimizade que vinha desde a antiguidade. Portanto, por essa razão, José não devia levar o pequeno infante para a Judéia. Observe que DEUS não lança os seus filhos aos limites do perigo, exceto se tal atitude for para a própria glória do Senhor ou para provação deles; pois são preciosas à vista do Senhor a vida e a morte dos seus santos; para Ele, o sangue deles é precioso.
2. Que deviam se estabelecer na Galiléia (vv. 22). Nessa ocasião, reinava na Galiléia um homem tranqüilo e brando chamado Filipe. A providência de DEUS geralmente assim ordena, que ao seu povo não falte um abrigo tranqüilo do tumulto e da tempestade; quando um clima se torna demasiadamente quente e abrasador, um outro se mantém fresco e temperado. A Galiléia estava localizada mais ao norte, e Samaria, entre ela e a Judéia. Para lá foram enviados, isto é, para Nazaré, cidade situada sobre uma colina, no centro da região de Zebulom. Lá vivia a mãe do nosso Senhor quando concebeu o ser santo e provavelmente era também a residência de José (Lc 1.26,27). Lá tinham muitos conhecidos e estariam entre parentes. Era o lugar mais apropriado para ficar. Lá eles continuaram a viver e lá nosso Salvador foi chamado JESUS de Nazaré, nome que para os judeus representava um obstáculo, pois, diziam eles, poderia ”vir alguma coisa boa de Nazaré?”
Nisso, dizem que se cumpriu o que havia sido dito pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”. O que podemos considerar é: (1) Que era um homem de honra e dignidade, embora esse nome significasse primeiramente apenas alguém de Nazaré. Existe uma alusão ou mistério ao falar disso, pois significa falar o que CRISTO seria: [1] O Homem, o Rebento, mencionado em Isaías 11.1. A palavra aqui é Netzar, que significa rebento, ou a cidade de Nazaré. Ao receber o mesmo nome da cidade, Ele é declarado como sendo esse Rebento. [2] Menciona que Ele seria o grande nazireu; os nazireus legais formavam um tipo e uma figura (especialmente Sansão, Juízes 8.5). José é chamado de nazireu entre os seus irmãos (Gn 49.26) e há uma referência àquilo que tinha sido prescrito em relação aos nazireus em Números 6.2, e em outras passagens. Não que CRISTO fosse, estritamente falando, um nazireu, pois bebia vinho e tocava no corpo daqueles que haviam morrido. Mas era eminentemente assim, singularmente santo. Por solene indicação e designação, havia sido escolhido para honrar a DEUS Pai na obra da nossa redenção, da mesma maneira que Sansão havia sido escolhido para salvar Israel. Trata-se de um nome que nos dá todo motivo para conhecê-lo e nos alegrarmos. Ou: (2) Que era um nome digno de reprovação e desprezo. Ser chamado de Nazareno era o mesmo que ser chamado de um ser desprezível, de um homem do qual nada de bom alguém poderia esperar e que não merecia nenhum respeito. O diabo primeiro ligou este nome a CRISTO, para torná-lo desprezível e criar no povo um preconceito contra Ele. E esse nome ficou como um apelido para Ele e seus seguidores. Porém, embora isso não tivesse sido particularmente previsto por nenhum profeta, era geralmente comentado por eles que CRISTO seria desprezado e rejeitado pelos homens (Is 53.2,3). Seria um verme, não um homem (Sl 22), e seria um estranho para os seus irmãos (Sl 69.7,8). Não deixemos que, em nome da religião, qualquer nome possa parecer suficientemente vergonhoso para nós, tendo em vista que o nosso próprio Mestre foi chamado de Nazareno.
Mateus 3
No início deste capítulo, ao tratar do batismo de João, tem início o Evangelho (Mc 1.1); o que é apresentado antes é apenas o prefácio ou a introdução; este é o “Princípio do evangelho de JESUS CRISTO”. E Pedro observa a mesma data (At 1.22), começando no batismo de João, que foi quando CRISTO se manifestou pela primeira vez a João, e depois se manifestou a Pedro, e por meio de Pedro, a todo o mundo. Aqui estão: I. A gloriosa subida da estrela da manhã (que aparece antes do sol), João Batista (v. 1). 1. A doutrina que ele pregava (v. 2). 2. Em João Batista, o cumprimento das Escrituras (v. 3). 3. A sua maneira de viver (v. 4). 4. As multidões que iam vê-lo, e a submissão delas ao seu batismo (vv. 5,6). 5. O seu sermão, que pregou aos fariseus e aos saduceus, empenhando-se para levá-los ao arrependimento (vv. 7-10), e, conseqüentemente, levá-los a CRISTO (vv. 11,12). II. O brilho ainda mais glorioso do Sol da justiça, imediatamente depois, onde temos: 1. A honra que Ele conferiu ao batismo de João (vv. 13-15). 2. A honra que Ele recebeu, com a descida do ESPÍRITO sobre Ele, e uma voz vinda do céu (vv. 16,17).
 João Batista
Mateus 3. 1-6
Aqui temos um relato da pregação e do batismo de João, que foram o amanhecer do dia do Evangelho. Observe:
I
A ocasião em que ele apareceu. “Naqueles dias” (v. 1), ou depois daqueles dias, muito tempo depois do que foi registrado no capítulo anterior, que deixou o menino JESUS na sua infância. “Naqueles dias”, na ocasião indicada pelo Pai para o início do Evangelho, quando a plenitude dos tempos era chegada, um período que era freqüentemente mencionado dessa maneira no Antigo Testamento. Naqueles dias. Agora, tinha se iniciado a última das semanas de Daniel, ou melhor, a última metade da semana, quando o Messias iria confirmar o concerto com muitos (Dn 9.27). As manifestações de CRISTO ocorrem todas no seu devido tempo. Coisas gloriosas tinham sido ditas, tanto sobre João Batista como sobre JESUS, por ocasião dos seus nascimentos, e antes deles, o que teria dado oportunidade para se esperar algumas extraordinárias manifestações da presença e do poder divino com eles, quando eram ainda muito jovens; mas as coisas aconteceram de maneira muito diferente. Com exceção do debate entre CRISTO e os doutores, quando tinha doze anos de idade, nada parece notável a respeito de nenhum deles, até completarem aproximadamente trinta anos. Nada é registrado sobre a infância e a juventude deles, mas a maior parte das suas vidas é envolta em trevas e obscuridade: estas crianças pouco diferem, na sua aparência, de outras crianças, da mesma maneira como o herdeiro, enquanto ainda é pequeno, não é nada diferente de um servo, embora ele seja senhor de tudo. E isto queria dizer que: 1. Mesmo quando DEUS está agindo como o DEUS de Israel, o Salvador, Ele é verdadeiramente um DEUS que se oculta (Is 45.15). “O Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gn 28.16). “O meu amado... está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas” (Ct 2.9). 2. A nossa fé deve principalmente ter CRISTO em vista, o seu ministério e as suas obras, pois existe uma demonstração do seu poder; mas na sua pessoa está o esconderijo do seu poder. Todo o tempo, CRISTO foi DEUS-homem; mas nós não sabemos o que Ele fez ou disse, até Ele aparecer como um profeta, e então o ouvimos. 3. Os jovens, embora bastante qualificados, não devem se sentir entusiasmados a se apresentar no ministério público, mas devem ser humildes e modestos, rápidos para ouvir e lentos para falar.
Mateus não nos fala nada sobre a concepção e o nascimento de João Batista, que é relatado com detalhes por Lucas. Mateus encontra João Batista já adulto, como se tivesse caído das nuvens para pregar no deserto. Pois durante mais de trezentos anos Israel ficou sem profetas; aquelas luzes havia muito tempo se apagaram, para que ele pudesse ser o mais desejado, aquele que seria o maior profeta. Depois de Malaquias não houve profeta, nem algum pretendente ao cargo, até João Batista, a quem, portanto, o profeta Malaquias aponta mais diretamente do que qualquer dos profetas do Antigo Testamento tinha feito (Ml 3.1): “Eis que eu envio o meu anjo”.
II
O lugar onde Ele se manifestou pela primeira vez: “No deserto da Judéia”. Não se tratava de um deserto inabitado, mas de uma parte do país não tão povoada, nem tão próxima a campos e a vinhedos, como eram outras partes; era um deserto que continha seis cidades e suas aldeias, com seus nomes (Js 15.61,62). Nessas cidades e aldeias, João pregou, pois naquelas redondezas ele tinha vivido até então, tendo nascido em Hebrom; as cenas da sua atividade têm início ali, onde ele tinha passado muito tempo em contemplação, e mesmo quando se apresentou a Israel, ele mostrou o quanto gostava do isolamento, até o ponto em que isto estivesse de acordo com o seu ministério. A palavra do Senhor encontrou João ali, em um deserto. Observe que nenhum lugar é tão remoto a ponto de nos impossibilitar as visitas da graça divina; não, normalmente a relação mais doce que os santos têm com o Céu acontece quando eles se afastam dos ruídos deste mundo. Foi nesse deserto de Judá que Davi escreveu o Salmo 63, que tanto fala da doce comunhão que ele tinha com DEUS (Os 2.14). Foi num deserto que a lei foi entregue ao povo; e assim como o do Antigo Testamento, também o Israel do Novo Testamento foi fundado primeiramente no deserto, e ali DEUS o orientou e instruiu (Dt 32.10). João Batista era um sacerdote da ordem de Arão, mas nós o encontramos pregando em um deserto, e nunca servindo no Templo; porém CRISTO, que não era um filho de Arão, é freqüentemente encontrado no templo, e sentado ali como uma pessoa de autoridade; assim foi predito (Ml 3.1): “Virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais”, e não o mensageiro que devia preparar o seu caminho. Isto sugere que o sacerdócio de CRISTO devia substituir o de Arão, e conduzi-lo ao deserto.
O início do Evangelho em um deserto traz consolo aos desertos do mundo gentio. Agora as profecias devem ser cumpridas: “Plantarei no deserto o cedro” (Is 41.18,19). “O deserto se tornará em campo fértil” (Is 32.15). “O deserto e os lugares secos se alegrarão com isso” (Is 35.1,2). A Septuaginta fala dos “desertos do Jordão”, o mesmo deserto onde João pregava. Na igreja romana, existem aqueles que se denominam eremitas, e fingem seguir a JESUS, mas “se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais” (Mt 24.26). Havia “aquele… que fez uma sedição e levou ao deserto quatro mil” (At 21.38).
III
A sua pregação. Este foi o seu trabalho. Ele não veio lutando, nem disputando, mas pregando (v. 1). Pois por meio da aparente insensatez é que o reino de CRISTO deve ser estabelecido.
1. A doutrina que ele pregava era a do arrependimento (v. 2): “Arrependei-vos”. Ele pregava isto na Judéia, entre aqueles que eram chamados de judeus, e fez uma declaração de fé, pois até mesmo eles precisavam de arrependimento. Ele pregava o arrependimento, não em Jerusalém, mas no deserto da Judéia, entre as pessoas simples; pois mesmo aqueles que se julgam livres da tentação, e portanto das vaidades e dos vícios da cidade, não podem lavar as suas mãos na inocência, mas devem fazê-lo em arrependimento. O trabalho de João Batista era chamar os homens para que se arrependessem dos seus pecados: “Admitam uma segunda idéia, para corrigir os erros da primeira, como uma reflexão posterior. Ponderem sobre os seus métodos, mudem o modo de pensar; vocês pensaram de maneira errada; pensem novamente, e pensem certo”. Observe que os verdadeiros penitentes têm outros pensamentos sobre DEUS e CRISTO, sobre o pecado e a santidade, e sobre este mundo e o outro, pensamentos que são diferentes dos que tinham antes, e são influenciados por eles. A mudança de modo de pensar produz uma mudança de caminho. Aqueles que realmente lamentam o que fizeram mal, terão o cuidado de não fazê-lo novamente. Este arrependimento é uma obrigação necessária, em obediência ao mandamento de DEUS (At 17.30); e uma preparação e qualificação necessárias para os consolos do Evangelho de CRISTO. Se o coração do homem tivesse continuado justo e incólume, as consolações divinas poderiam ter sido recebidas sem esta dolorosa operação anterior; mas, como o coração era pecaminoso, ele primeiramente precisava sofrer aflições antes de poder ter tranqüilidade, precisava trabalhar antes de poder descansar. A dor deve ser procurada, caso contrário, não poderá ser curada. “Eu firo e eu saro”.
2. O argumento que ele usava para reforçar o seu chamado era: “porque é chegado o Reino dos céus”. Os profetas do Antigo Testamento chamavam as pessoas ao arrependimento, para obter e garantir as misericórdias temporais sobre a nação, e para evitar e remover o julgamento temporal sobre a nação. Mas agora, embora o dever recomendado seja o mesmo, o motivo é novo, e puramente evangélico. Agora os homens são considerados na sua capacidade pessoal, e não tanto como naquela época, de uma maneira social e política. Arrependam-se agora, “pois é chegado o Reino dos céus”: a revelação que o Evangelho faz do concerto da graça, da abertura do Reino dos céus a todos os crentes, pela morte e ressurreição de JESUS CRISTO. É um reino no qual CRISTO é o Soberano, e nós devemos ser os súditos leais e dispostos deste reino. É um reino dos céus, e não deste mundo, um reino espiritual; a sua origem é o céu, o seu destino é o céu. João pregava que este reino era chegado; naquele tempo, estava à porta; para nós, já chegou, pelo derramamento do ESPÍRITO e pela plena exposição das riquezas do Evangelho da graça. Assim sendo: (1) Este é um grande incentivo para que nós nos arrependamos. Não há nada como a consideração da divina graça para partir o coração, tanto por meio do pecado como por causa dele. Isto é o arrependimento evangélico, que flui a partir de uma visão de CRISTO, de uma sensação do seu amor, e das esperanças de perdão por meio dele. A bondade é conquistar; a bondade ofendida ou maltratada traz a humilhação e a comoção. Que infeliz eu era, por pecar contra tal graça, contra a lei e o amor de um reino como este! (2) É um grande incentivo para nos arrependermos. “Arrependam-se, pois os seus pecados serão perdoados depois do seu arrependimento. Voltem-se a DEUS em obediência, e Ele, por meio de CRISTO, trará cada um de vocês ao caminho da misericórdia”. A proclamação do perdão descobre e atrai o malfeitor que antes fugia e se esquivava. Dessa maneira, somos atraídos com as cordas do homem e com os laços de amor.
IV
A profecia que se cumpriu nele (v. 3). Era dele que se falava no início daquela passagem da profecia de Isaías, que é principalmente evangélica, e que aponta para a época e a graça do Evangelho (veja Is 40.3,4). Aqui, se fala de João Batista como:
1. A voz daquele que clama no deserto. João era esta voz (Jo 1.23): “Eu sou a voz do que clama no deserto”, e isto é tudo, DEUS é quem fala, quem dá a conhecer o que está em sua mente por meio de João, assim como um homem o faz com a sua própria voz. A palavra de DEUS deve ser recebida como tal (1 Ts 2.13); o que é Paulo, e o que é Apolo, a não ser a voz! João é chamado de “a voz” daquele que está gritando, que está assustando e despertando. CRISTO é chamado de “a Palavra”, que, sendo distinta e eloqüente, é mais instrutiva. João, sendo a voz, despertava os homens, e então CRISTO, sendo a Palavra, os ensinava. Como vemos em Apocalipse 14.2,3: “A voz de muitas águas e como a voz de um grande trovão; e uma voz de harpistas, que tocavam com a sua harpa. E cantavam um como cântico novo”. Alguns observam que, embora a mãe de Sansão não devesse beber nada forte, ainda assim ele foi designado para ser um homem forte; da mesma maneira, o pai de João Batista ficou mudo, e João Batista foi designado para ser a voz do que clama. Quando a voz do que clama é gerada por um pai mudo, isto mostra a excelência do poder de DEUS, e não dos homens.
2. Como alguém cujo trabalho era preparar o caminho do Senhor, e endireitar as veredas para Ele; isto foi dito dele antes de seu nascimento, que ele deixaria um povo preparado para o Senhor (Lc 1.17), trabalhando como o arauto e o precursor de CRISTO. Ele era alguém íntimo com a natureza do reino de CRISTO, pois ele não veio com as roupas ostentosas de um arauto em armadura, mas com a roupa simples de um eremita. Soldados eram enviados à frente dos grandes homens, para limpar a passagem; assim, João Batista preparou o caminho do Senhor. (1) Ele fez isto pessoalmente entre os homens daquela geração. Na nação judaica, naquela época, tudo estava seguindo um rumo errado; havia uma enorme falta de religiosidade, os órgãos vitais da religião estavam corrompidos e eram devorados pelas tradições e imposições dos anciãos. Os escribas e os fariseus, isto é, os maiores hipócritas do mundo, tinham as chaves do conhecimento e a chave do governo no seu cinturão. Em geral, as pessoas eram extremamente orgulhosas dos seus privilégios, confiantes da sua justificação pela sua própria justiça, insensíveis ao pecado; e, embora agora sob as mais humildes circunstâncias, tendo sido transformados em uma província do Império Romano, ainda assim não eram humildes; eles tinham o mesmo temperamento que tinham na época de Malaquias, eram insolentes e arrogantes e estavam sempre prontos para contradizer a Palavra de DEUS; assim, João foi enviado para nivelar estas montanhas, para derrubar a alta opinião que eles tinham de si mesmos, e para mostrar a eles os seus pecados, para que a doutrina de CRISTO pudesse ser mais aceitável e eficaz. (2) A sua doutrina de arrependimento e humilhação é ainda tão necessária quanto era naquela ocasião, para preparar o caminho do Senhor. Observe, há muita coisa a ser feita para abrir caminho para CRISTO em uma alma, para curvar o coração para a recepção do Filho de Davi (2 Sm 19.14); e nada é mais necessário, para isto, que a descoberta do pecado, e uma convicção da insuficiência da sua própria justiça. O que não convém permanecerá, até que seja tirado do caminho. Os preconceitos precisam ser removidos; a atitude de pensar em si mesmo com excessiva importância precisa ser rompida, e assim os pensamentos serão levados cativos à obediência de CRISTO. Portões de bronze precisam ser rompidos, e barras de ferro precisam ser separadas, antes que as portas eternas se abram para que o Rei da glória possa entrar. O caminho do pecado e de Satanás é um caminho deformado; para preparar um caminho para CRISTO, as veredas precisam ser endireitadas (Hb 12.13).
V
A roupa com a qual ele aparecia, a sua imagem, e o seu modo de vida (v. 4). Os judeus, que esperavam o Messias como um príncipe temporal, pensavam que o seu precursor viria com grande pompa e esplendor, que os seus acompanhantes seriam impressionantes e joviais; mas foi exatamente o contrário. Ele será grande aos olhos do Senhor, mas insignificante aos olhos do mundo; e, como o próprio CRISTO, sem aparência ou formosura; para declarar em breve que a glória do reino de CRISTO deveria ser espiritual. Os súditos deste reino seriam comumente pobres e desprezados (em sua condição natural, ou teriam se tornado assim por causa do reino). Eles obtêm as suas honras, os seus prazeres, e as suas riquezas de um outro mundo.
1. As suas roupas eram simples. Este mesmo João tinha a sua roupa feita de pêlos de camelo, e um cinto de couro ao redor de seus lombos; ele não se vestia com roupas compridas, como os escribas, nem macias, como os fariseus, mas com as roupas de um homem do campo; pois ele vivia no campo, e adaptava os seus hábitos ao lugar onde morava. Observe que é bom que nos acomodemos ao lugar e às condições nos quais DEUS, na sua providência, nos colocou. João apareceu com estas roupas: (1) Para mostrar que, como Jacó, ele era um homem simples, mortificado para este mundo, para os prazeres e as satisfações que este propiciava. Vejam um verdadeiro israelita! Aqueles que são humildes de coração o mostram com uma negligência e uma indiferença santas na sua aparência; e não vestem roupas que os enfeitem, nem avaliam os demais pelas suas vestes. (2) Para mostrar que ele era um profeta, pois os profetas usavam roupas ásperas, como homens mortificados (Zc 13.4); e, especialmente, para mostrar que ele era o Elias prometido; pois observações especiais são feitas sobre Elias, de que ele era um homem vestido de pêlos (alguns julgam que isto se refere às roupas de pêlos que ele usava) e com os lombos cingidos de um cinto de couro (2 Rs 1.8). João Batista em nada parece inferior a ele, em sua mortificação; portanto, este era aquele Elias que havia de vir. (3) Para mostrar que ele era um homem determinado; seu cinto não era elegante, como os que se usavam na época, mas era resistente, era um cinto de couro; e bem-aventurado é este servo, pois o seu Senhor, quando vier, encontrará cingidos os seus lombos (Lc 12.351 Pe 1.13).
2. A sua dieta era simples; a sua refeição consistia de gafanhotos e mel silvestre; não como se ele nunca comesse qualquer outra coisa; mas isto era o que ele comia freqüentemente, e assim fazia muitas refeições, quando se retirava para lugares solitários, e continuava ali por muito tempo, para meditar. Os gafanhotos eram um tipo de inseto voador, muito bom como alimento, e permitido, por ser puro (Lv 11.22); eles não precisavam de muito tempero, e eram de digestão leve e fácil. Por isto, quando se fala das enfermidades e da velhice (com a sua conseqüente falta de forças), costuma-se utilizar a expressão “quando o gafanhoto for um peso” (Ec 12.5). O mel silvestre era aquele mel abundante em Canaã (1 Sm 14.26). Ele era colhido imediatamente, quando caía sobre o orvalho, ou era encontrado em cavidades de árvores e rochas, onde as abelhas os fabricavam em colméias sob o cuidado e a inspeção dos homens. Isto indica que João comia com moderação, e, na realidade, podemos concluir que ele comia pouco: um homem teria que passar muito tempo comendo para saciar a fome com gafanhotos e mel silvestre. João Batista veio sem comer e sem beber (Mt 11.18), e estava desprovido da curiosidade, da formalidade, e da familiaridade com que as outras pessoas o faziam. Ele estava tão completamente absorvido pelas coisas espirituais, que mal podia encontrar tempo para fazer uma refeição. Agora: (1) Isto estava de acordo com a doutrina do arrependimento que ele pregava, e com os frutos do arrependimento que ele mencionava. Observe que aqueles que conclamam outros a se lamentarem pelo pecado, e a mortificá-lo, devem viver uma vida sóbria, uma vida de contrição, de mortificação e lamento pela situação do mundo. Assim, João Batista demonstrava quão profundamente sentia a maldade do tempo e do local onde vivia, o que tornava a pregação do arrependimento extremamente necessária; cada dia era, para ele, um dia de jejum. (2) Este comportamento estava de acordo com o seu ofício como precursor de CRISTO. Através dessa prática, João demonstrava que conhecia o Reino dos céus, e que experimentava o seu poder. Observe que aqueles que conhecem os prazeres espirituais divinos não podem ter outra atitude a não ser olhar para os deleites e ornamentos dos sentidos com uma santa indiferença – pois eles conhecem algo muito melhor. Exemplificando esta atitude para as outras pessoas, ele estava preparando o caminho para CRISTO. Observe que a convicção da vaidade do mundo e de todas as coisas que nele há é o melhor preparativo para a recepção do Reino de DEUS no coração. Bem-aventurados são os pobres de espírito.
VI
As pessoas que o procuravam e o seguiam em grandes grupos (v. 5): “Ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia”. Grandes multidões vinham ter com ele, provenientes da cidade, e de todas as partes do país; de todos os tipos, homens e mulheres, jovens e velhos, ricos e pobres, fariseus e publicanos; eles o procuravam, assim que ficavam sabendo da sua pregação do Reino dos céus, para poderem ouvir aquilo de que tanto falavam. Agora: 1. Era uma grande honra para João o fato de que tantas pessoas o procurassem, e com tanto respeito. Observe que freqüentemente aqueles que mais são honrados são os que menos se importam com a honra. Aqueles que vivem uma vida de mortificação, que são humildes e que se autonegam, e que morrem para o mundo, motivam respeito; e os homens têm uma consideração e uma reverência secretas por eles, mais do que eles poderiam vir a imaginar. 2. Isto dava a João uma excelente oportunidade de fazer o bem, e era uma evidência de que DEUS estava com ele. Agora as pessoas começavam a se agrupar e a “empregar força para entrar” no Reino dos céus (Lc 16.16); e que visão maravilhosa era esta (“como vindo do próprio seio da alva, será o orvalho da tua mocidade”; Sl 110.3), ver a rede lançada onde havia tantos peixes. 3. Isto era uma prova de que esta era uma época de grandes expectativas; geralmente se pensava que “logo se havia de manifestar o Reino de DEUS” (Lc 19.11) e, portanto, quando João se apresentasse a Israel, vivesse e pregasse à sua maneira, tão completamente diferente dos escribas e dos fariseus, eles estariam prontos para dizer que ele seria o CRISTO (Lc 3.15); e isto provocava esta confluência de pessoas para junto dele. 4. Aqueles que se beneficiassem do ministério de João precisariam ir com ele ao deserto, e compartilhar a sua reprovação. Observe aqueles que realmente desejam o leite verdadeiro da Palavra: se este não lhes for trazido, irão à sua procura. E aqueles que aprendessem a doutrina do arrependimento precisariam sair da confusão deste mundo e se aquietar. 5. Aparentemente, dos muitos que vinham ao batismo de João, apenas uns poucos aderiam a ele; observe a fria recepção que CRISTO teve na Judéia e nas redondezas de Jerusalém. Observe que pode haver uma multidão de ouvintes entusiasmados, mesmo onde haja apenas alguns poucos crentes verdadeiros. A curiosidade e a aparente novidade e variedade podem levar muitos a comparecerem à boa pregação e serem influenciados por ela durante algum tempo, sem, no entanto, se sujeitarem ao poder dela (Ez 33.31,32).
VII
O rito, ou a cerimônia, com que ele aceitava discípulos (v. 6). Aqueles que recebiam a sua doutrina, e se sujeitavam à sua disciplina, eram batizados por ele no Jordão, desta forma professando o seu arrependimento e a sua fé de que era chegado o reino do Messias. 1. Eles davam testemunho do seu arrependimento, ao confessar os seus pecados; uma confissão geral, é provável, que faziam a João de que eram pecadores, de que estavam contaminados pelos seus pecados, e de que precisavam de purificação. Mas a DEUS, eles faziam uma confissão de seus pecados particulares, pois Ele é a parte ofendida. Os judeus eram ensinados a se justificarem; mas João os ensina a se acusarem, e a não se limitarem, como costumavam fazer, na confissão feita por todo o Israel, uma vez por ano, no dia da expiação, mas a fazerem, cada um, um reconhecimento particular do mal em seu próprio coração. Observe que uma confissão penitente do pecado é necessária para obter a paz e o perdão; e somente quem a faz estará preparado para receber a JESUS CRISTO como sua Justiça – estes são trazidos à sua própria culpa com tristeza e vergonha (1 Jo 1.9). 2. Os benefícios do Reino dos céus, que agora estão disponíveis, eram concedidos a eles pelo batismo. João Batista os lavava com água, como um símbolo de que DEUS os estava limpando de todas as suas iniqüidades. Era usual, entre os judeus, batizar aqueles que eles aceitavam como prosélitos à sua religião, especialmente aqueles que eram somente prosélitos de porta, que não eram circuncidados, como eram os prosélitos da justiça. Alguns acreditam que é provável que pessoas eminentes do judaísmo, que eram os líderes, admitissem alunos e discípulos por meio do batismo. A pergunta de CRISTO, a respeito do batismo de João Batista: “O batismo de João era do céu ou dos homens?”, dava a entender que existiam os batismos dos homens, que não eram uma missão divina, e com este uso João Batista estava de acordo, mas o seu batismo era do céu, e pelas suas características era diferente de todos os outros. Este era o batismo do arrependimento (At 19.4). Todo Israel foi batizado em Moisés (1 Co 10.2). A lei cerimonial consistia de submergir na água, ou batizar-se (Hb 9.10), mas o batismo de João se refere à lei corretiva, a lei do arrependimento e da fé. Ele batizava as pessoas no Jordão, aquele rio que ficou famoso pela passagem de Israel por ele, e pela cura de Naamã; mas é provável que João não batizasse neste rio no início, mas que depois, quando as pessoas que vinham ao seu batismo eram em maior número, ele tenha passado a usar este rio. Por meio do batismo, ele os exortava a levar uma vida santa, de acordo com a profissão de fé que estavam assumindo. Observe que a confissão dos pecados sempre deve estar acompanhada de determinações santas, com a força da divina graça, para nunca mais retornar ao pecado.
 
A Pregação de João Batista
Mateus 3. 7-12
A doutrina que João pregava era a do arrependimento, considerando que era chegado o Reino dos céus; aqui nós temos o uso desta doutrina. A sua aplicação é uma vida de pregação, e esta era a pregação de João.
Observe: 1. A quem ele a aplicava; aos fariseus e aos saduceus que vinham ao seu batismo (v. 7). Aos outros, ele pensava que era suficiente dizer: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus”; mas quando ele viu estes fariseus e saduceus se aproximando, achou que era necessário explicar-se, e ser mais específico. Estas eram duas das três seitas destacadas entre os judeus daquela época, a terceira era a dos essênios, sobre os quais nada lemos nos Evangelhos, pois eles se afastavam e evitavam se envolver em questões públicas. Os fariseus eram zelosos pelas cerimônias, pelo poder da sinagoga e pelas tradições dos anciãos; os saduceus estavam no extremo oposto, e eram ligeiramente melhores que os deístas, negando a existência de espíritos e de um estado futuro. É estranho que eles viessem ao batismo de João, mas a sua curiosidade os trouxe para ouvir; e alguns deles, provavelmente, se submeteram ao batismo, mas certamente a maioria deles não o fez, pois CRISTO diz (Lc 7.29,30) que “todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a DEUS. Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de DEUS contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele”. Observe que muitos vinham para os rituais e não eram influenciados por eles. Para estes, aqui João se dirige com toda a devoção, e o que ele disse a eles, o disse à multidão (Lc 3.7), pois o que ele dissesse seria aplicável a todos eles. 2. Qual era a aplicação. Era clara e familiar, e dirigida às suas consciências. Ele fala como alguém que vem não para pregar diante deles, mas para pregar a eles. Embora a sua educação fosse reservada, ele não era acanhado quando aparecia em público, nem temia a presença dos homens, pois estava cheio do ESPÍRITO SANTO e de poder.
I
Aqui está uma mensagem de condenação e de despertamento. Ele começa de maneira áspera, não os chama de rabinos, não se dirige a eles por seus títulos, e tampouco lhes dedica os aplausos aos quais eles estão acostumados. 1. O título que lhes atribui é “raça de víboras”. CRISTO lhes atribuiu o mesmo título (12.34; 23.33). Eles eram como víboras; embora de aparência enganosa, eram venenosos, e cheios de maldade e inimizade a tudo o que fosse bom; era uma raça de víboras, a semente e a descendência de outros que tinham tido o mesmo espírito; isto já nascia com eles. Eles se vangloriavam disso, de serem a descendência de Abraão; mas João Batista mostrou-lhes que eles eram a semente da serpente (compare Gn 3.15); a semente do pai deles, o diabo (Jo 8.44). Constituíam um grupo mau, todos semelhantes; embora inimigos entre si, ainda se uniam em maldades. Observe que uma geração malvada é uma geração de víboras, e eles precisavam saber disso; é necessário que os ministros de CRISTO sejam ousados ao mostrar aos pecadores o verdadeiro caráter deles. 2. O alerta que João dá é o seguinte: “Quem vos ensinou a fugir da ira futura?” Isto dá a entender que eles estavam se arriscando à ira futura; e o caso deles era quase tão desesperado, e seus corações estavam tão endurecidos pelo pecado (os fariseus, pela sua exibição de religião, e os saduceus, pelos seus argumentos contra a religião), que era necessário algo muito próximo a um milagre para realizar alguma coisa que trouxesse esperança entre eles. “O que os traz aqui? Quem iria imaginar vê-los aqui? Que medo incutiram em vocês, para que vocês procurem o Reino dos céus?” Observe: (1) Existe uma ira futura; além da ira presente, cujos pequenos frascos são derramados agora. Existe a ira futura, o que está acumulado para o futuro. (2) É do maior interesse de cada um de nós fugir dessa ira. (3) É pela misericórdia divina que nós somos advertidos claramente para fugir dessa ira. Pense: Quem nos advertiu? DEUS nos advertiu, Ele que não se alegra com a nossa ruína. Ele nos adverte pela palavra escrita, pelos ministros, pela consciência. (4) Estas advertências, às vezes, assustam aqueles que parecem ter estado muito endurecidos na sua segurança e boa opinião sobre si mesmos.
II
Aqui há uma mensagem de exortação e orientação (v. 8). “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”. Portanto, como vocês foram advertidos a fugir da ira futura, deixem que o temor ao Senhor vos conduza a uma vida santa. Ou, portanto, como vocês professaram arrependimento, e ouviram a doutrina, e passaram pelo batismo do arrependimento, mostrem que são verdadeiros penitentes. O arrependimento nasce no coração. Ele está ali, como uma raiz; mas em vão fingiremos possuí-la, se não produzirmos os frutos dele, em uma transformação universal, abandonando todo o pecado e nos apegando ao que é bom. Estes são frutos dignos do arrependimento. Observe que aquele que afirma que lamenta os seus pecados, mas continua persistindo neles, não é digno de ser chamado de penitente, nem de ter os privilégios dos penitentes. Aquele que professa arrependimento, como o fazem todos os que são batizados, deve agir como um ser penitente e nunca fazer qualquer coisa imprópria a um pecador penitente. É conveniente que os penitentes sejam humildes aos seus próprios olhos, que sejam gratos à menor graça, pacientes sob as maiores dificuldades, que estejam alertas contra todas as manifestações do pecado e às suas investidas, que sejam abundantes no cumprimento de todos os seus deveres, e que sejam caridosos ao julgar os outros.
III
Aqui há uma mensagem de recomendação para que não confiem nos seus privilégios externos, pois esta atitude pode retardar estes chamados ao arrependimento (v. 9). “Não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão”. Observe que há muita coisa que os corações carnais são aptos a dizer a si mesmos, deixando de lado o poder persuasivo da Palavra de DEUS (que é repleta de autoridade). Os ministros devem procurar prever estas atitudes, para que possam tratá-las no tempo certo; os pensamentos vãos que se alojam naqueles que são chamados a lavar os seus corações (Jr 4.14). “Não finjam, não sejam presunçosos, dizendo estas coisas dentro de si mesmos. Não pensem que isto poderá salvá-los; o refúgio não está na arrogância”. Alguns interpretam esta passagem da seguinte maneira: “Não sintam prazer dizendo isto; não se embalem para dormir com isto, nem se elogiem no paraíso de um tolo”. Observe que DEUS percebe aquilo que nós dizemos dentro de nós, o que não ousamos proferir em voz alta, e conhece todos os falsos descansos da alma e as falácias com as quais ela se engana. Mas ela não os revelará, para que o engano não seja apontado. Muitos escondem a mentira que os destrói na sua mão direita, e a ocultam sob a língua, porque têm vergonha de possuí-la. Estas pessoas trabalham para satisfazer os interesses do diabo, sob a orientação do diabo. Agora, João lhes mostra:
1. Qual era a sua desculpa: “Temos por pai a Abraão”; nós não somos pecadores gentios; é adequado, realmente, que os gentios sejam chamados a arrepender-se, mas nós somos judeus, uma nação santa, um povo especial, o que representa isto para nós? Observe que a mensagem não traz nenhum benefício, se nós não a assumirmos como dirigida e pertencente a nós. Portanto, não pensem que por serem filhos de Abraão: (1) Vocês não precisam se arrepender; vocês não têm nada de que se arrepender. A sua relação com Abraão e o seu interesse no concerto feito com ele é o que os denomina de santos, a ponto de não haver oportunidade de que vocês mudem de idéia ou de rumo. (2) Que vocês estão suficientemente bem, embora não se arrependam. Não pensem que isto irá evitar o seu julgamento e protegê-los da ira futura. Que DEUS irá tolerar a sua impenitência, porque vocês são a semente de Abraão. Observe que é presunção vã pensar que as nossas boas relações irão nos salvar, embora nós mesmos não sejamos bons. Embora sejamos descendentes de antepassados religiosos, tenhamos sido abençoados com uma educação religiosa, tenhamos uma família na qual o temor a DEUS é absoluto e tenhamos bons amigos que nos aconselham e oram por nós, de que maneira tudo isto poderá nos beneficiar, se não nos arrependermos e vivermos uma vida de arrependimento? Nós temos Abraão como nosso pai, e, portanto, temos direito aos privilégios do concerto realizado com ele sendo sua semente, nós somos filhos da igreja, o templo do Senhor (Jr 7.4). Observe que muitos, repousando nas honras e nas vantagens da sua filiação visível à igreja, não conseguem alcançar o céu.
2. Como era tola e infundada esta desculpa; eles pensavam que, sendo semente de Abraão, eram o único povo que DEUS tinha no mundo e, portanto, se eles fossem rejeitados, DEUS não teria uma igreja; mas João lhes mostra a tolice desta arrogância: “Eu vos digo (não importa o que dizeis em si mesmos) que mesmo destas pedras DEUS pode suscitar filhos a Abraão”. Ele estava batizando no Jordão, em Betânia (Jo 1.28), o lugar da passagem, onde os filhos de Israel atravessaram o rio; e ali estavam as doze pedras, uma para cada tribo, que Josué erigiu como um memorial (Js 4.20). Não é improvável que ele apontasse para estas pedras, que DEUS poderia fazer com que fossem mais do que uma representação das doze tribos de Israel. Ou talvez ele estivesse se referindo a Isaías 51.1, onde Abraão é chamado de rocha da qual todos tinham sido cortados. Aquele DEUS, que trouxe Isaque daquela rocha, pode, se necessário, fazer a mesma coisa em um outro contexto, pois para Ele nada é impossível. Alguns opinam que ele apontou para os soldados pagãos que estavam presentes, dizendo aos judeus que DEUS iria erigir uma igreja para si mesmo em meio aos gentios, e conceder a bênção de Abraão sobre ela. Assim, quando os nossos primeiros pais caíram, DEUS poderia tê-los deixado perecer, e das pedras teria criado outro Adão e outra Eva. Ou podemos interpretar da seguinte maneira: “As próprias pedras serão consideradas semente de Abraão, em lugar de pecadores endurecidos, secos, e infrutíferos como vocês”. Observe que da mesma maneira como isto está diminuindo a confiança dos filhos de Sião, também está incentivando as esperanças dos filhos de Sião de que, aconteça o que acontecer com a geração atual, DEUS nunca ficará sem uma igreja neste mundo; se os judeus forem arrancados, os gentios serão enxertados (Mt 21.43Rm 11.12 etc.).
IV
Existe uma mensagem de terror para os fariseus, os saduceus e outros judeus descuidados e seguros, que não conhecem os sinais dos tempos, nem o dia da sua visitação (v. 10). “Agora olhem à sua volta, agora que o Reino de DEUS está prestes a se manifestar, a ponto de podermos senti-lo”.
1. “Como é rígido e curto o seu julgamento. ‘Agora, está posto o machado’ diante de vocês, está junto ‘à raiz das árvores’, e agora vocês dependem do seu bom comportamento, e estarão assim por um curto período de tempo; agora vocês estão marcados para a ruína, e não podem evitar isto, a não ser por meio de um arrependimento rápido e sincero. Agora vocês precisam esperar que DEUS faça com vocês um trabalho mais rápido, pelos seus julgamentos, do que fez antes, e isto terá início na casa de DEUS. onde DEUS dá mais meios, Ele concede menos tempo”. “Eis que venho sem demora”. Naquele momento, eles estavam diante do seu último julgamento: era agora ou nunca.
2. “Como será doloroso o seu destino, se vocês não melhorarem”. Então, vem a declaração – com o machado junto à raiz – para mostrar que DEUS é sincero na declaração de que toda árvore, ainda que alta em dons e honras, mas verde nas profissões de fé e nos desempenhos externos, se não der bons frutos – os frutos obtidos pelo arrependimento – será cortada, repudiada como uma árvore na vinha de DEUS que é indigna de ter o seu espaço ali, e será lançada no fogo da ira de DEUS, que é o melhor lugar para as árvores infrutíferas. Para que mais elas servem? Se não servem para dar frutos, servem como combustível. Provavelmente, isto se refere à destruição de Jerusalém pelos romanos, o que não foi, como o foram outros julgamentos, como o podar dos galhos ou o derrubar de uma árvore, deixando a raiz para brotar novamente, mas seria a extirpação completa final e irrevogável destas pessoas, na qual pereceriam todos os que continuassem impenitentes. Agora DEUS traria o desfecho final, e a ira que cairia sobre eles seria completa.
V
Uma mensagem de orientação a respeito de JESUS CRISTO, em quem toda a pregação de João Batista estava centrada. Os ministros de CRISTO pregam, não a si mesmos, mas a Ele. Aqui temos:
1. A dignidade e a superioridade de CRISTO acima de João. Veja de que maneira humilde ele fala de si mesmo para poder engrandecer a CRISTO (v. 11): “Eu, em verdade, vos batizo com água”, e isto é o máximo que eu posso fazer. Observe que os sacramentos não obtêm a sua eficácia de quem os administra; estas pessoas somente podem aplicar o sinal; é prerrogativa de CRISTO dar significado às coisas (1 Co 3.62 Rs 4.31). “Mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu”. Embora João tivesse muito poder, pois ele veio no espírito e poder de Elias, CRISTO tinha mais; embora João fosse verdadeiramente grande, grande aos olhos do Senhor (nenhuma pessoa nascida de uma mulher o superou), ainda assim ele se julga indigno de estar no mero lugar de auxiliar de CRISTO: “Não sou digno de levar as suas sandálias”. Ele vê: (1) O quão poderoso CRISTO é, em comparação consigo mesmo. Observe que é um grande consolo para os ministros fiéis pensar que JESUS CRISTO é mais poderoso do que eles, que Ele pode fazer as coisas para eles, e por eles, o que eles não podem fazer; a sua força se aperfeiçoa na fraqueza dos ministros. (2) Quão inferior ele é, em comparação com CRISTO, sentindo-se indigno de levar as suas sandálias! Observe que aqueles que DEUS honra são, por esta razão, muito humildes e inferiores aos seus próprios olhos; desejam ser humilhados para que CRISTO possa ser enaltecido; desejam ser qualquer coisa, ou nada, para que CRISTO possa ser tudo.
2. O modo e a intenção da manifestação de CRISTO, que eles agora deviam esperar. Quando foi profetizado que João seria enviado como o precursor de CRISTO (Ml 3.1,2), imediatamente a seguir está escrito que “virá o Senhor, a quem vós buscais, o anjo do concerto... e assentar-se-á... e purificará” (v. 3). E depois da vinda de Elias, “aquele dia vem ardendo como forno” (Ml 4.1), que é ao que João Batista parece referir-se aqui. CRISTO virá para fazer uma distinção:
(1) Pela obra poderosa da sua graça: “Ele vos batizará com o ESPÍRITO SANTO e com fogo”. Observe: [1] É prerrogativa de CRISTO batizar com o ESPÍRITO SANTO. Isto Ele fez concedendo os dons extraordinários do ESPÍRITO, desde os dias dos apóstolos, aos quais o próprio CRISTO aplica estas palavras de João (At 1.5). Isto Ele faz na graça e no consolo do ESPÍRITO, concedendo-os àqueles que lhe pedem (Lc 11.13Jo 7.38,39; veja At 11.16). [2] Aqueles que são batizados com o ESPÍRITO SANTO, são batizados como que com o fogo. Os sete espíritos de DEUS aparecem como sete lâmpadas de fogo (Ap 4.5). O fogo ilumina? Também o ESPÍRITO é um ESPÍRITO que ilumina. O fogo aquece? E os corações não queimam dentro deles? O fogo consome? E o ESPÍRITO de julgamento, como um ESPÍRITO que arde, não consome as impurezas das corrupções dos pecadores? O fogo torna tudo o que alcança semelhante a si? E se move para o alto? Também o ESPÍRITO torna a alma santa como Ele mesmo o é, e tende a se dirigir para o céu. CRISTO diz: “Vim lançar fogo na terra” (Lc 12.49).
(2) Pela determinação final do seu julgamento (v. 12): “Em sua mão tem a pá”. A sua capacidade de distinguir, pela sabedoria eterna do Pai, que vê tudo como verdadeiramente é, e a sua autoridade de distinguir, como a Pessoa à qual todos os julgamentos se submetem, é a pá que está na sua mão (Jr 15.7). Agora, Ele se assenta e purifica. Observe aqui: [1] A igreja visível é a eira de CRISTO: “Ah! Malhada minha, e trigo da minha eira!” (Is 21.10). O Templo, um tipo da igreja, foi construído sobre uma eira. [2] Nesta eira, há uma mistura de trigo e palha. Os verdadeiros crentes são como o trigo, importantes, úteis e valiosos; os hipócritas são como a palha, leves e vazios, inúteis e sem valor, e levados pelos ventos; agora, eles estão misturados, os bons e os maus, sob a mesma profissão exterior de fé, e na mesma comunhão visível. [3] Virá, porém, o dia em que a eira será purificada, e o trigo e a palha serão separados. Alguma coisa desse tipo sempre é feita neste mundo, quando DEUS chama o seu povo da Babilônia (Ap 18.4). Mas é o dia do Juízo Final que será o grande dia da colheita, da distinção, que de maneira inequívoca irá determinar o resultado das doutrinas, das obras (1 Co 3.13), e das atitudes das pessoas (Mt 25.32,33). Os santos e os pecadores serão separados para sempre. [4] O céu é o celeiro onde JESUS CRISTO em breve irá reunir todo o seu trigo, e nem um grão sequer dele será perdido; Ele o reunirá como os frutos da colheita. A ceifadeira da morte será usada para reuni-los ao seu povo. No céu, os santos serão reunidos, e não mais ficarão espalhados; estarão seguros, e não mais expostos; separados dos vizinhos corruptos e dos desejos corruptos interiores, e não haverá mais palha entre eles. Eles não somente são reunidos no celeiro (Mt 13.30), mas no silo, onde são completamente purificados. [5] O inferno é o fogo inextinguível, que irá queimar a palha, o que certamente será a punição eterna dos hipócritas e descrentes. Dessa forma, aqui estão a vida e a morte, o bem e o mal, dispostos diante de nós; de acordo com a maneira que estivermos no campo, estaremos então na eira.
 
O Batismo de JESUS
Mateus 3. 13-17
O nosso Senhor JESUS, desde a sua infância até agora, quando estava com quase trinta anos de idade, tinha estado escondido na Galiléia, como se estivesse enterrado vivo. Mas agora, depois de uma longa e escura noite, eis que o Sol da justiça se levanta em glória. A plenitude dos tempos era chegada para que CRISTO pudesse assumir o seu trabalho profético, e Ele decide fazê-lo, não em Jerusalém (embora seja provável que Ele tivesse estado ali nas três festas anuais, como todas as outras pessoas), mas ali, onde João estava batizando; pois Ele procurou aqueles que esperavam o consolo de Israel, os únicos para os quais Ele seria bem-vindo. João Batista era seis meses mais velho que o nosso Salvador, e supõe-se que tenha começado a pregar e batizar cerca de seis meses antes da manifestação de CRISTO; até então ele se dedicava a preparar o caminho do Senhor, na região próxima ao rio Jordão. E muito mais se fez para isto nesses seis meses do que tinha sido feito em muitos séculos antes. A vinda de CRISTO, da Galiléia ao Jordão, para ser batizado, nos ensina a não nos escondermos da dor e do trabalho árduo, para podermos ter a oportunidade de nos aproximarmos de DEUS, ao seu serviço. Devemos estar dispostos a nos excedermos na comunhão com DEUS, e não a sentirmos falta dela. Para encontrar, é preciso procurar.
Na história do batismo de CRISTO, podemos observar:
I
Com que dificuldade João foi persuadido a fazê-lo (vv. 14,15). Foi um exemplo da grande humildade de CRISTO o fato de Ele se oferecer para ser batizado por João; que aquele que não conheceu pecado se submetesse ao batismo do arrependimento. Observe que assim que CRISTO começou a pregar, Ele pregou humildade, pregou-a segundo o seu exemplo, pregou-a a todos, especialmente aos jovens ministros. CRISTO estava destinado às maiores honras, mas no seu primeiro passo Ele se humilha desta maneira. Observe que aqueles que se destinam a subir mais alto, devem começar mais baixo. “Diante da honra vai a humildade”. Esta era uma grande demonstração de respeito por João, pois CRISTO veio até ele; e foi uma retribuição pelo serviço que ele tinha prestado ao Senhor, avisando da sua chegada. Observe que DEUS honrará aqueles que o honram. Aqui, temos:
1. A objeção que João fez contra batizar JESUS (v. 14). João objetou, da mesma maneira como Pedro o fez, quando CRISTO foi lavar seus pés (Jo 13.6,8). Note que a condescendência graciosa de CRISTO é tão surpreendente, que parece inacreditável, à primeira vista, para os crentes mais vigorosos; tão profunda e misteriosa, que mesmo aqueles que conhecem bem o seu modo de pensar não conseguem descobrir o significado dela, mas, por razões de falta de esclarecimento, colocam objeções contra a vontade de CRISTO. A modéstia de João o leva a pensar que esta é uma honra excessivamente elevada para ele receber, e ele assim se expressa ao Senhor, da mesma maneira como a sua mãe tinha feito com a mãe de CRISTO (Lc 1.43): “Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?” João tinha conquistado um nome, e era nacionalmente respeitado; ainda assim, veja como ele ainda é humilde! Observe que DEUS tem grandes honras reservadas para aqueles cujo espírito continua humilde quando a sua reputação cresce.
(1) João acha que é necessário que ele seja batizado por CRISTO. “Eu careço de ser batizado por ti”, com o ESPÍRITO SANTO e com fogo, pois este era o batismo de CRISTO (v. 11). [1] Embora João estivesse cheio do ESPÍRITO SANTO desde o útero (Lc 1.15), ainda assim ele reconhece que tem a necessidade de ser batizado com aquele batismo. Note que aqueles que têm uma grande comunhão com o ESPÍRITO de DEUS, ainda assim, neste estado imperfeito, percebem que precisam de mais; e para que tenham mais precisam pedir a CRISTO. [2] João tem a necessidade de ser batizado, embora ele fosse o maior homem já nascido de uma mulher; mas, tendo nascido de uma mulher, ele está contaminado, como os outros da semente de Adão estão, e sabe que precisa de purificação. Observe que as almas mais puras são mais sensíveis à sua própria impureza residual, e procuram ansiosamente a purificação espiritual. [3] Ele sente necessidade de ser batizado por CRISTO, aquele que pode fazer por nós o que ninguém mais pode; aquilo que deve ser feito para nós, caso contrário seremos arruinados. Observe que os melhores e mais santos homens têm necessidade de CRISTO, e quanto melhores eles são, mais percebem esta necessidade. [4] Isto foi dito diante da multidão, que tinha uma grande veneração por João, e que estava pronta a aceitá-lo como o Messias; mas ele publicamente reconhece que tinha necessidade de ser batizado por CRISTO. Note que não é nenhum menosprezo, aos maiores homens, reconhecer que estão perdidos, sem CRISTO e a sua graça. [5] João era o precursor de CRISTO, e ainda assim reconhece que tinha a necessidade de ser batizado por Ele. Observe que mesmo aqueles que nasceram antes de CRISTO neste mundo dependem dele, recebem dele e têm os olhos nele. [6] Embora João estivesse tratando das almas dos outros, observe com quanto sentimento ele fala do caso da sua própria alma: “Eu careço de ser batizado por ti”. Note que os ministros, que pregam aos outros e que batizam os outros, se preocupam em pregar para si mesmos, e serem, eles mesmos, batizados com o ESPÍRITO SANTO. “Tem cuidado de ti mesmo e... te salvarás” (1 Tm 4.16).
(2) Portanto, ele acha que é completamente absurdo e ilógico que CRISTO seja batizado por ele. “Vens tu a mim?” O santo JESUS, que está separado dos pecadores, vem para ser batizado por um pecador, como um pecador, e entre os pecadores? Como isto é possível? Como podemos descrever isto? Lembre-se que a vinda de CRISTO até nós pode ser também espantosa.
2. A rejeição dessa objeção (v. 15). JESUS disse: “Deixa por agora”. CRISTO aceitou a sua humildade, mas não a sua recusa; Ele queria fazer isso; e é adequado que CRISTO siga o seu método, embora não possamos compreendê-lo, nem apresentar uma razão para ele. Observe:
(1) Como CRISTO insistiu nisto. “Isto deve ser assim, por ora”. Ele não nega que João tivesse necessidade de ser batizado por Ele, mas ainda assim Ele será agora batizado por João. Que seja assim, por agora. Observe que tudo está bem, na sua ocasião. Mas por que agora? Por que já? [1] CRISTO estava naquele momento em um estado de humilhação; Ele estava vazio, e não tinha uma reputação. Ele não apenas era encontrado como homem, mas à semelhança da carne pecadora, e, portanto, “agora”, Ele deveria ser batizado por João. Como se Ele precisasse ser lavado, embora fosse perfeitamente puro; e assim Ele se fez pecado por nós, embora não conhecesse o pecado. [2] O batismo de João agora adquire reputação, é aquele pelo qual DEUS está agora realizando o seu trabalho; esta é a presente revelação, e, portanto, JESUS será agora batizado com água, mas o seu batismo com o ESPÍRITO SANTO está reservado para mais tarde, não muito depois destes dias (At 1.5). O batismo de João tem o seu dia, e, portanto, deve ser honrado, e aqueles que o procuram devem ser incentivados. Aqueles que são os maiores destinatários de dons e graças devem, ainda, por sua vez, dar o seu testemunho aos rituais instituídos, comparecendo humilde e diligentemente a eles, para poderem dar um bom exemplo aos demais. Nós precisamos receber o que vemos que pertence a DEUS, e enquanto vemos que Ele o está concedendo. João agora estava crescendo, e, portanto, isto deveria ser assim naquele momento; dentro de pouco tempo, ele irá decair, e então as coisas serão diferentes. [3] Isto deve ser assim agora, porque agora é o momento da manifestação de CRISTO em público, e esta é uma boa oportunidade para isto (veja Jo 1.31,34). Assim Ele foi manifestado a Israel, e houve maravilhas do céu como sinais, naquele seu ato, que era de completa condescendência e humilhação pessoal.
(2) A razão que Ele dá para isso: “Assim nos convém cumprir toda a justiça”. Observe: [1] Havia uma adequação em tudo o que CRISTO fez por nós. Havia graça (Hb 2.107.26); e nós devemos estudar para fazer não somente aquilo que nos é conveniente, mas também aquilo que é digno de nós; não somente aquilo que é indispensavelmente necessário, mas aquilo que é agradável e bom. [2] O nosso Senhor JESUS viu isto como algo perfeitamente digno dele, para cumprir toda a justiça, isto é (como o Dr. Whitby o explica), para possuir toda a instituição divina, e para mostrar a sua disposição em estar de acordo com todos os preceitos da justiça de DEUS. Assim, Ele justifica a DEUS Pai, aprovando a sua sabedoria, ao enviar João para preparar o seu caminho, por meio do batismo do arrependimento. Desse modo, é digno estimularmos e incentivarmos tudo o que for bom, tanto por padrão como por preceito. CRISTO freqüentemente mencionou João e o seu batismo com honra; e o que é melhor, Ele mesmo foi batizado. Assim, JESUS começou primeiro a agir, e depois a ensinar; e os seus ministros devem seguir o mesmo método. Portanto, CRISTO cumpriu a justiça da lei cerimonial, que consistia de várias lavagens. Dessa forma, Ele recomendou, no Evangelho, a ordenança do batismo para a sua igreja, honrou este batismo, e mostrou que virtude Ele lhe destinava. Foi conveniente a CRISTO submeter-se à lavagem com água de João, porque isto era um mandamento divino; mas foi conveniente a Ele opor-se à lavagem com água dos fariseus, porque isto era uma invenção e imposição humanas; e Ele justificou os seus discípulos que se recusavam a realizá-la.
Com a vontade de CRISTO, e a sua razão para isto, João ficou completamente satisfeito, e então ele fez o que devia. A mesma modéstia que o fez, a princípio, declinar da honra que CRISTO lhe oferecia, agora o levou a realizar o serviço que CRISTO lhe impunha. Observe que nenhuma desculpa de humildade deve fazer-nos recusar qualquer dever.
II
Com que solenidade o Céu se alegrou em honrar o batismo de CRISTO com uma exibição especial de glória (vv. 16,17). “Sendo JESUS batizado, saiu logo da água”. Os outros que eram batizados permaneciam para confessar os pecados (v. 6), mas CRISTO, não tendo nenhum pecado a confessar, saiu imediatamente da água; é isto o que lemos, mas não exatamente; pois é apo tou hydatos – da água, da margem do rio, ao qual ele desceu para lavar-se na água, isto é, para lavar a sua cabeça ou o seu rosto (Jo 13.9); pois não há menção de CRISTO tirando ou recolocando as suas roupas, o que não teria sido omitido, se Ele tivesse sido batizado nu. Ele se levantou imediatamente, como alguém que inicia o seu trabalho com a determinação e a alegria mais completas. Ele não podia perder tempo. Ele se endireitou e se levantou assim que o batismo foi realizado!
Quando Ele estava saindo da água, e todo o grupo colocou os olhos sobre Ele:
1. Os céus se abriram sobre Ele, como para descobrir alguma coisa acima e além do firmamento estrelado, pelo menos para Ele. Isto aconteceu: (1) Para incentivá-lo a prosseguir em sua empreitada, com a perspectiva da glória e da alegria que se apresentava diante dele. O céu estará aberto para recebê-lo, quando Ele tiver concluído a obra que agora está começando. (2) Para nos incentivar a recebê-lo, e a nos sujeitar a Ele. Observe que em JESUS CRISTO, e por meio dele, os céus estão abertos para os filhos dos homens. O pecado trancou o céu, interrompeu todas as relações amistosas entre DEUS e o homem; mas agora CRISTO abriu o Reino dos céus a todos os crentes. A luz e o amor divinos são derramados sobre os filhos dos homens, e nós temos a ousadia de entrar no SANTO dos Santos. Nós temos recibos da misericórdia de DEUS, nós retribuímos com nosso dever a DEUS e tudo por meio de JESUS CRISTO, que é a escada que tem o pé na terra e o topo no céu. Somente através dele é que podemos ter um relacionamento confortável com DEUS, ou qualquer esperança de chegar, por fim, ao céu. Os céus se abriram quando CRISTO foi batizado, para nos ensinar que quando comparecemos, como devemos fazer, aos rituais de DEUS, nós podemos esperar a comunhão com Ele e a comunicação por parte dele.
2. Ele viu o ESPÍRITO de DEUS descendo como uma pomba e vindo sobre Ele, ou pousando sobre Ele. CRISTO viu (Mc 1.10) e João viu (Jo 1.33,34), e é provável que todos os presentes também tenham visto, pois esta devia ser a sua primeira manifestação pública. Observe:
(1) Ele viu o ESPÍRITO de DEUS, que desceu e pousou sobre Ele. No início do mundo, o ESPÍRITO SANTO se movia sobre a face das águas (Gn 1.2), flutuando como uma ave sobre o ninho. Aqui, no começo deste novo mundo, CRISTO, como DEUS, não precisava receber o ESPÍRITO SANTO, mas tinha sido previsto que o ESPÍRITO do Senhor repousaria sobre Ele (Is 11.261.1), e aconteceu isto aqui; pois: [1] Ele devia ser um Profeta, e os profetas sempre falavam pelo ESPÍRITO de DEUS, que descia sobre eles. CRISTO devia realizar a obra profética, não pela sua natureza divina (diz o Dr. Whitby), mas pela inspiração do ESPÍRITO SANTO. [2] Ele devia ser a Cabeça da igreja; e o ESPÍRITO desceu sobre Ele, para ser, por seu intermédio, transmitido a todos os crentes, com os seus dons, as suas graças, e o seu consolo. A unção sobre a cabeça desceu até às bordas das vestes; CRISTO recebeu dons para os homens, para que Ele os pudesse dar aos homens.
(2) O ESPÍRITO desceu sobre Ele como uma pomba; se esta era uma pomba real, e viva, ou, como era normal em visões, a representação ou a semelhança de uma pomba, não se sabe. Se é necessária uma forma corpórea (Lc 3.22), não poderia ser a de um homem, pois o ser visto como homem era peculiar à Segunda Pessoa: nenhuma forma, portanto, era mais adequada do que a forma de uma das aves do céu (que agora estava aberto), e entre todas as aves, nenhuma era tão significativa quanto a pomba. [1] O ESPÍRITO de CRISTO é um ESPÍRITO que pode ser tipificado por uma pomba; não como uma pomba enganada, sem entendimento (Os 7.11), mas como uma pomba inocente, sem amargura e sem ódio. O ESPÍRITO desceu, não sob a forma de uma águia, que, embora seja uma ave real, é uma ave predatória, mas sob a forma de uma pomba, que é a mais inofensiva das criaturas. Assim é o ESPÍRITO de CRISTO: Ele não luta nem grita; assim os cristãos devem ser, inofensivos como pombas. A pomba é notável por seus olhos; nós descobrimos que tanto os olhos de CRISTO (Ct 5.12) como os olhos da igreja (Ct 1.154.1) são comparados aos olhos das pombas, pois têm o mesmo espírito. A pomba geme muito (Is 38.14). CRISTO chorava; e as almas penitentes são comparadas às pombas dos vales. [2] A pomba era a única ave que era oferecida em sacrifício (Lv 1.14), e CRISTO, pelo ESPÍRITO, o ESPÍRITO eterno, se ofereceu, imaculado, a DEUS. [3] As notícias do fim do dilúvio de Noé foram trazidas por uma pomba, que tinha um ramo de oliveira no bico; na ocasião adequada, portanto, as alegres notícias da paz feita com DEUS são trazidas pelo ESPÍRITO, como uma pomba. Isto fala da boa vontade de DEUS em relação aos homens; que os seus pensamentos sobre nós são pensamentos de bem, e não de mal. Através da expressão: “a voz da rola ouve-se em nossa terra” (Ct 2.12), a paráfrase em aramaico dá a entender que esta é a voz do ESPÍRITO SANTO. O fato de que DEUS está em CRISTO, reconciliando consigo o mundo, é uma mensagem de alegria, que chega até nós sobre as asas de uma pomba.
3. Para explicar e completar esta solenidade, veio uma voz do céu, que, temos razões para pensar, foi ouvida por todos os que estavam presentes. O ESPÍRITO SANTO se manifestou à semelhança de uma pomba, mas DEUS, o Pai, por uma voz; pois quando a lei foi entregue, não se viu semelhança, somente se ouviu uma voz (Dt 4.12). E este Evangelho veio assim, e realmente é um Evangelho, a melhor boa-nova que já veio do céu à terra; pois ela fala clara e plenamente sobre a graça de DEUS para com CRISTO, e também para conosco nele.
(1) Veja como o nosso Senhor JESUS pertence a DEUS: “Este é o meu Filho amado”. Observe: [1] A relação que Eles tinham; Ele é o meu Filho. JESUS CRISTO é o Filho de DEUS, por geração eterna, como foi gerado do Pai antes de toda a criação, ou seja, “dos mundos” (Cl 1.15Hb 1.3), e por concepção sobrenatural; portanto, Ele foi chamado de Filho de DEUS, porque foi concebido pelo poder do ESPÍRITO SANTO (Lc 1.35). Mas isto não é tudo. Ele é o Filho de DEUS por designação especial para o trabalho de Redentor do mundo. Ele foi santificado, selado, e enviado a esta missão, e sempre esteve de pleno acordo com o Pai para o desempenho dela (Pv 8.30), indicado para ela. “Lhe darei o lugar de primogênito” (Sl 89.27). [2] O afeto que o Pai sentia por Ele: “Este é o meu Filho amado”; o seu Filho amado, o Filho do seu amor (Cl 1.13). Ele tinha estado no seu seio por toda a eternidade (Jo 1.18), sempre tinha sido a sua alegria (Pv 8.30), mas particularmente como mediador, e ao assumir a obra da salvação do homem, Ele era o seu Filho amado. “Ele é o meu Eleito, em quem se compraz a minha alma” (veja Is 42.1). Por ter consentido no concerto da redenção, e se alegrado por realizar esta vontade de DEUS, o Pai o amou (Jo 10.173.35). Observem, então, observem e maravilhem-se, que tipo de amor o Pai nos concedeu, para nos entregar aquele que era o Filho do seu amor para sofrer e morrer por aqueles que eram a geração da sua ira; portanto, DEUS Pai o amou, porque Ele deu a sua vida pelas ovelhas! Agora nós sabemos que DEUS Pai nos amou, porque Ele não poupou o seu próprio Filho, o seu único Filho, o Isaque que Ele amava, mas, ao invés disso, o entregou para ser um sacrifício pelos nossos pecados.
(2) Veja aqui como Ele está disposto a nos tornar pertencentes a Ele, em CRISTO: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Ele se compraz com todos os que estão nele, e estão unidos a Ele pela fé. Até agora, DEUS tinha estado descontente com os filhos dos homens, mas agora a sua ira foi afastada e Ele nos fez agradáveis a si no Amado (Ef 1.6). Que todo o mundo saiba que este é o Pacificador, o Ancião de dias, que colocou a sua mão sobre nós, e que não há como ir a DEUS Pai senão por Ele, como Mediador (Jo 14.6). Nele, nossos sacrifícios espirituais são aceitáveis, pois é dele o altar que santifica todas as ofertas (1 Pe 2.5). Sem CRISTO, DEUS é um fogo consumidor; mas, em CRISTO, Ele é um Pai reconciliado. Este é o resumo de todo o Evangelho; é uma mensagem fiel e merecedora de toda a aceitação, a de que DEUS declarou, por meio de uma voz do céu, que JESUS CRISTO é o seu Filho amado, em quem Ele se compraz, com o que nós devemos, pela fé, alegremente estar de acordo e dizer que Ele é o nosso amado Salvador, em quem nos comprazemos.

 OBSERVAÇÃO SOBRE GENEALOGIA - Pr. Henrique
POR QUE DIFERENTES GENEALOGIAS ENTRE MATEUS E LUCAS?
Porque Lucas mostra a humanidade de JESUS e Mateus sua Realeza (na de Mateus é demonstrada a descendência de JESUS do rei Davi por causa de José que era da casa real)

Lucas coloca mais nomes de descendentes humildes e às vezes sem expressividade em sua genealogia para mostrar a humildade e humanidade de JESUS.
A intenção de Lucas é mostrar JESUS se fazendo homem para salvar a todos os descendentes de Adão. Por isso a genealogia de Lucas vai até Adão.
Já Mateus está interessado em provar que JESUS é rei e mostra JESUS descendente dos reis até Davi porque é filho de José, da casa de Davi. Entre tantos outros descendentes de Davi, José é mais um que poderia se candidatar ao trono. Assim JESUS nasce em Belém, tribo de Judá. Também é filho legalmente de José da casa de Davi.
 
Cuidado com fábulas artificialmente compostas (2 Pedro 1:16) de que na genealogia de Lucas está registrada a genealogia de Maria e que Eli ou Heli é pai de Maria.
Não existe nenhuma comprovação bíblica disso. A genealogia é de JESUS e as mulheres não influenciavam as genealogias. Apenas são citadas como esposas de alguém que faz parte da genealogia de JESUS.
A única família de Maria encontrada na Bíblia é a de Isabel, sua prima, descendente de Arão, da tribo de Levi.
Lucas 1:5 Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; e o seu nome era Isabel.
Lucas 1:36 E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
 
SE MULHER INFLUENCIASSE GENEALOGIA DAVI SERIA APENAS UM ZERO A ESQUERDA.
Davi é descendente de Raabe,a prostituta e de Rute, a Moabita (descendente de um incesto das filhas de Ló com ele)
E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé; Mateus 1:5. ISSO NOS MOSTRA CLARAMENTE QUE MULHER NÃO INFLUENCIA NA GENEALOGIA. JESUS SÓ É RECONHECIDO COMO DA CASA DE DAVI POR CAUSA DE JOSÉ, QUE É DA CASA DE DAVI. E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), Lucas 2:4
 
José tinha uma profissão que o mantinha dentro da classe média e não da pobre. Quando se ocupou com a ida a Belém, nascimento de JESUS, ida a Jerusalém para apresentação do menino JESUS e depois fuga para o Egito, ai sim, sem trabalhar, teve dificuldades financeiras, embora no Egito tivesse produtos ganhados no nascimento de JESUS com os quais podia sustentar sua família.
 
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
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