Escrita - Lição 5, Jacó, Um Exemplo de um Caráter Restaurado, Pr. Henrique, EBD NA TV

Lição 5, Jacó, Um Exemplo de um Caráter Restaurado
2º Trimestre de 2017 - Título: o Caráter do Cristão - Moldado Pela Palavra de DEUS e Provado Como Ouro
Comentarista: Pr. Elinaldo Renovato de Lima (Pr.Pres.ADPAR - Assembleia de DEUS em Parnamirim/RN)
Complementos, ilustrações e vídeos: Pr. Luiz Henrique de Almeida Silva - 99-99152-0454
 
 
TEXTO ÁUREO"Como está escrito: Amei Jacó ?e aborreci Esaú." (Rm 9.13)
 
 
VERDADE PRÁTICACom base em sua presciência e propósitos, DEUS escolhe pessoas para que cumpram seus desígnios.
(Jacó foi esccolhido, não porque DEUS consultou o futuro, mas porque DEUS tinha duas opções para continuar sua aliança até que viesse JESUS. DEUS escolheu Jacó antes mesmo de nascer).
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 27.11,12 A mentira traz maldição
Terça - Gn 27.41 Quando o ódio se torna mortal
Quarta - Gn 27.20 Jacó mentiu ao próprio pai
Quinta - Gl 6.7 O que o homem planta, isso colherá
Sexta - Rm 5.20 Onde abundou o pecado superabundou a graça de DEUS
Sábado - Sl 133.1 DEUS quer que os irmãos vivam em união

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Gênesis 25.28-34; Gênesis 32.24, 27, 28,30.
Gênesis 25.
28 - E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto; mas Rebeca amava a Jacó. 29 - E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo e estava ele cansado. 30 - E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso, se chamou o seu nome Edom. 31 - Então, disse Jacó: Vende-me, hoje, a tua primogenitura. 32 - E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer, e para que me servirá logo a primogenitura? 33 - Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó. 34 - E Jacó deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e foi-se. Assim, desprezou Esaú a sua primogenitura.
Gênesis 32.24 - Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia. 27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 28 - Então, disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois, como príncipe, lutaste com DEUS e com os homens e prevaleceste. 30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a DEUS face a face, e a minha alma foi salva.
 
OBJETIVO GERAL
Mostrar que DEUS escolhe pessoas para que cumpram seus desígnios.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar a origem de Jacó;
Mostrar a direção de DEUS na vida de Jacó;
Refletir a respeito de alguns aspectos do caráter de Jacó
 
INTERAGINDO COM O PROFESSORNa lição deste domingo, estudaremos a respeito do caráter de Jacó. Ele nasceu agarrado ao calcanhar de seu irmão primogênito e apelidado pelo nome de "enganador" por todos os que conhecem sua história. Todavia, DEUS em seus desígnios já o havia escolhido e revelado aos seus pais que o primogênito serviria ao caçula. Jacó fez jus ao seu apelido ao comprar a primogenitura de seu irmão e ao mentir e enganar seu pai. Seu engano e mentira levaram-no para longe de casa e fez com que ele também fosse enganado por seu tio Labão. Mas Jacó teve um encontro com DEUS e foi transformado por Ele. Todo encontro com DEUS é transformador. Ninguém sai da presença do Pai da mesma maneira que entrou. Atualmente, muitos apenas ouviram falar a respeito de DEUS, mas na verdade nunca tiveram um encontro real e pessoal com Ele. Somente DEUS, o Criador, pode transformar o nosso verdadeiro "eu".
 
PONTO CENTRAL - DEUS escolhe pessoas para que cumpram seus desígnios.
 
Resumo da Lição 5, Jacó, Um Exemplo de um Caráter Restaurado
I - QUEM ERA JACÓ
1. O filho mais novo de Isaque.
2. O preferido de sua mãe.
3. O preferido de DEUS.
II - A DIREÇÃO DE DEUS NA VIDA DE JACÓ
1. A visão da escada que tocava o céu.
2. A coluna em Betel.
III - ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ
1. Antes do seu encontro com DEUS.
a) Oportunista e egoístab) Interesseiro e calculista. c) Mentiroso e enganador.
2. Depois do seu encontro com DEUS.
a) Um caráter agradecido. b) Um caráter esforçado e sofredorc) Um homem na direção de DEUS.
3. No seu encontro com Esaú.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Jacó foi escolhido por DEUS ainda no ventre de sua mãe.
SÍNTESE DO TÓPICO II - Depois de deixar a casa dos seus pais, Jacó buscou a direção de DEUS para sua vida.
SÍNTESE DO TÓPICO III - Antes de ter um encontro com DEUS Jacó era oportunista, mentiroso e enganador.
 
CONHEÇA MAIS - *Jacó
"Era o terceiro no plano de DEUS para iniciar uma nação descendente de Abraão para dai nascer JESUS (Gl 3.16). O sucesso deste plano se deu mais 'apesar de' do que 'em razão da vida de Jacó. Antes de Jacó nascer, DEUS prometera que seu plano se desenvolveria através dele, e não de seu irmão gêmeo, Esaú. Embora os métodos de Jacó nem sempre fossem respeitáveis, suas habilidades, determinação e paciência tinham de ser reconhecidas. Ao acompanharmos sua vida desde o nascimento até à morte, vemos a mão de DEUS trabalhando." Para conhecer mais leia, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 46.
 
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO top2"Jacó fazia tudo, o certo e o errado, com grande zelo. Ele enganou seu próprio irmão Esaú, e seu pai, Isaque. Ele lutou com DEUS, e trabalhou catorze anos para se casar com a mulher que amava. Por intermédio de Jacó, aprendemos como um forte líder pode, também, ser um servo. Também vemos como ações erradas sempre voltam para nos perturbar.
Depois de enganar Esaú, Jacó correu para salvar sua vida, viajando mais de 640 quilômetros até Harã, onde vivia seu tio, Labão. Pelo caminho, ele recebeu uma mensagem do Senhor, em um sonho, e deu a esse lugar o nome de Betel. Em Harã, Jacó se casou e iniciou uma família" (Extraído de Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 58).
Reproduza o mapa abaixo para mostrar aos alunos a rota feita por Jacó até Padã-Ara.


 

PARA REFLETIR - A respeito de Jacó, um exemplo de caráter restaurado, responda:Que significa o nome Jacó?
"Aquele que segura pelo calcanhar" ou "suplantador".
Por que Esaú aborreceu a Jacó?
Por causa da bênção que seu pai deu a Jacó por engano.
Quantas vezes Jacó mentiu a seu pai por ocasião da bênção?
Três vezes.
O que Jacó prometeu a DEUS se fosse abençoado em sua viagem?
Dar o dízimo de tudo.
Que aconteceu com Jacó, no vau de Jaboque?
Seu nome foi mudado para Israel, e viu DEUS "face a face".
 
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 70, p38

SUBSÍDIO DIDÁTICO top3Professor, reproduza o esquema da página ao lado no quadro. Utilize-o para enfatizar as características de Jacó antes do seu encontro com DEUS e depois. Ressalte que somente DEUS pode mudar o nosso caráter.
 
 
Resumo Rápido do Pr. Henrique - Lição 5, Jacó, Um Exemplo de um Caráter Restaurado
INTRODUÇÃO
Estudemos nesta lição sobre Jacó, conhecido como enganador, mas escolhido por DEUS para dar continuidade à aliança abraâmica até que viesse o descendete que é CRISTO. De mau caráter a Israel, príncipe de DEUS. Quão importante é o encontro verdadeiro com DEUS! O verdadeiro caráter é forjado nas lutas do deserto.
I - QUEM ERA JACÓ
1. O filho mais novo de Isaque. 
Jacó, segundo filho de Isaque com Rebeca, nasceu agarrado ao calcanhar de seu irmão mais velho, Esaú, seu irmão gêmeo. Por isso seu nome - "aquele que segura ao calcanhar".
2. O preferido de sua mãe. Enquando Esaú era mais próximo das coisas do campo, erra mais prático, era mais próximo de seu pai que gostava muito da caça que lhe trazia. Jacó era mais próximo das coisas caseiras, era mais emotivo e mais chegado á sua mãe, pois a ajudava em suas tarefas domésticas, além de ter a promessa de DEUS de ser o sucessor espiritual de Isaque (Sua mãe sabia disto).
3. O preferido de DEUS. Havia luta entre as crianças no ventre de Rebeca. Ao consultar a DEUS, ELE lhe revela que o maior servirá ao menor. DEUS havia escolhido Jacó para continuar a descendência de Abraão até que viesse o Messias, JESUS (Gl 3.16).
II - A DIREÇÃO DE DEUS NA VIDA DE JACÓ
Após usar de astúcia e comprar o direito de primogenitura de seu irmão Esaú e enganar seu pai e ser aconselhado a ir para a Mesopotâmia, à casa do irmão de Rebeca, Labão, e também para fugir da ira de seu irmão Esaú e para arrumar uma esposa, Jacó pára em Betel e lá tem um sonho onde DEUS vem a ele e isso muda sua vida dali para frente. Antes de partir recebe uma bênção especiald e seu pai que reconhece sua escolha porparte de DEUS. Gênesis 28.4 E te dê a bênção de Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que em herança possuas a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.
1. A visão da escada que tocava o céu. DEUS vem a Jacó em um sonho onde anjos subiam e desciam numa escada que subia até ao céu. DEUS faz aliança com Jacó que lhe promete o dízimo de tudo.
2. A coluna em Betel. Jacó marca aquele local como local de aliança. Casa de DEUS. Se torna como seu avô e como seu pai, homens de altares.
E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus. Então levantou-se Jacó pela manhã de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por seu travesseiro, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela.
E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome porém daquela cidade antes era Luz. Gênesis 28:17-19
III - ASPECTOS DO CARÁTER DE JACÓ
Veja que Jacó era de péssimo caráter antes de ter um encontro com DEUS. Depois do encontro com DEUS em Betel começou a mudar seu caráter e depois com o encontro pessoal com DEUS, onde seu nome foi mudado para Isrtael, foi mais aperfeiçoado, embora tenha copiado a mania de dar preferência a um filho com seu pai Isaque e isso não ter deixado.
1. Antes do seu encontro com DEUS.
a) Oportunista e egoísta. b) Interesseiro e calculista. c) Mentiroso e enganador.
2. Depois do seu encontro com DEUS.
a) Um caráter agradecido. b) Um caráter esforçado e sofredor. c) Um homem na direção de DEUS.
3. No seu encontro com Esaú. Aqui vemos medo, insegurança, prevenção. Por fim Esaú se quebranta com a atitude humilde de seu irmão. é Esaú que vai apressadamnet aos braços de Jacó e chora com ele. Perdão e amor estão presentes.
E ele mesmo passou adiante deles e inclinou-se à terra sete vezes, até que chegou a seu irmão. Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram. Depois levantou os seus olhos, e viu as mulheres, e os meninos, e disse: Quem são estes contigo? E ele disse: Os filhos que Deus graciosamente tem dado a teu servo. Então chegaram as servas; elas e os seus filhos, e inclinaram-se. Gênesis 33:3-6
 
Gênesis 25. 21-28 - E Isaque orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu. E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao Senhor. E o Senhor lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor. E cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis gêmeos no seu ventre. E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido de pêlo; por isso chamaram o seu nome Esaú. E depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome Jacó. E era Isaque da idade de sessenta anos quando os gerou. E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas. E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava a Jacó.
 
Creio que Rebeca, conhecendo Isaque e sua predileção por Esaú, entendia que ele nunca daria o direito de primogenitura para Jacó. Então, já que DEUS a tinha orientado de que Jacó herdaria tal benção e o momento exigisse uma solução rápida, resolveu usar uma estratégia fraudulenta para enganar seu esposo e realizar a vontade de DEUS.
Jacó já era dono legítimo da primogenitura, pois a havia comprado de seu irmão.
Participou então do astucioso plano de sua mãe e obteve o que DEUS desejava e ele e sua mãe também.
E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Romanos 9:10-14.
 
Onde Paulo achou na Bíblia que DEUS amou Jacó e odiou Esaú?
Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não era Esaú irmão de Jacó? disse o Senhor; todavia amei a Jacó, E odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto. Malaquias 1:2,3 (grifo nosso)

Davi se passou por louco para escapar da morte - Por isso se contrafez diante dos olhos deles, e fez-se como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas de entrada, e deixava correr a saliva pela barba. 1 Samuel 21:13
Abraão e Isaque mentiram sobre suas esposas para escaparem da morte. 
Pedro mentiu para escapar da morte.

Na antiga aliança o homem chamado por Deus jamais conseguiria ser perfeito - Caráter ruim dos patriarcas. Às vezes eram de bom caráter. Na verdade, o que agradou a DEUS foi sua fé. ESTAMOS ESTUDANDO QUANDO FORAM DE BOM CARÁTER E DEVEMOS COPIAR SÓ O BOM. DEUS foi moldando o caráter de cada um com o passar dos anos e melhorando-os.
 
Jacó passou 20 anos fora de casa.
14 anos trabalhando por Raquel e mais 6 cuidando dos rebanhos do sogro para adquirir seu próprio rebanho.
Tenho estado agora vinte anos na tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; mas o meu salário tens mudado dez vezes. Gênesis 31:41
 
Após um encontro com DEUS o ser humano é mudado em um novo ser. Assim aconteceu com Jacó.
Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo. E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação, Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, 1 Pedro 1:14-19
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 2 Coríntios 5:17.
E o Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e tornar-te-ás um outro homem. 1 Samuel 10:6
 
DEUS não fêz predestinação, mas escolheu Jacó antes mesmo de nascer. Jacó não fez nada para ser escolhido. DEUS escolheu Jacó para continuar a aliança Abraâmica e dai nascer JESUS. Não escolheu por causa de alguma coisa que Jacó tenha feito, porque nem tinha nascido. Também não estava condenando Esaú porque não havia pecado e nem desprezado ainda a primogenitura. DEUS tinha que escolher um dos dois e escolheu Jacó.
 
Quem escolheu Saul?
Não se fala sobre salvação, mas sobre chamada de DEUS. Ele é soberano em sua chamada.
Saul e Judas foram escolhidos por DEUS, mas não mudaram seu caráter.
Deus escolheu Jacó e ele melhorou seu caráter depois. Já Saul, DEUS escolheu e continuou mau caráter.
"E quando Samuel viu a Saul, o SENHOR lhe respondeu: Eis aqui o homem de quem eu te falei. Este dominará sobre o meu povo." 1 Samuel 9:17
Deus já sabia que Saul não prestaria, que Judas trairia e que Sansão erraria e mesmo assim os escolheu.
Atos 13.15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. 16 E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome.
 
Penso que Rebeca já havia dito a Jacó sobre a escolha de DEUS e ele decidiu tornar isso oficial comprando a primogenitura. Pode ser ou não. A bíblia não diz. Pelo que parece, Isaque não sabia que DEUS havia escolhido Jacó, mas após dar as bênçãos a Jacó mudou de opnião e abençõou d novo a Jacó como sucessor seu na bênção de Abraão e sua descendência até chegar a CRISTO.
E Isaque chamou a Jacó, e abençoou-o, e ordenou-lhe, e disse-lhe: Não tomes mulher de entre as filhas de Canaã; Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e toma de lá uma mulher das filhas de Labão, irmão de tua mãe; E Deus Todo-Poderoso te abençoe, e te faça frutificar, e te multiplique, para que sejas uma multidão de povos; E te dê a bênção de Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que em herança possuas a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão. Gênesis 28:1-4
 
Esaú era fornicador ou profano
E ninguém seja fornicador ou profano,como Esaú,que,por um manjar,vendeu o seu direito de primogenitura. Hebreus 12.16 - Esaú foi considerado Fornicadore e profano por vender seu direito de primogenitura.
 
Jacó tinha direito à primogenitura tanto espiritual (dada por DEUS antes dele nascer) quanto material (adquirida em um negócio. Comprada e paga).
 
Cremos que Jacó se casou com Lia e com Raquel, aproximadamente com 50 anos.
Gn 25. 34 Ora, sendo Esaú da idade de quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu.
Logo depois de Esaú se casar vemos Rebeca reclamar do casamnto de Esaú que pelo menos já tinha 3 anos de casado para suas esposas já serem avaliadas por Rebeca. Jacó foi embora para a Mesopotâmia e lá trabalhou por 7 anos por raquel, mas lhe foi dada Lia. cremos que raqueçl lhe e dada também para que trabalhe mais 7 anos por ela..
 
Os 5 encontros com Deus que marcaram a vida de Jacó1. Em Betel (Gênesis 28:13-15).
2. A ordem para voltar (Gênesis 31:2-3)
3. A luta com Deus (Gênesis 32:26-28)
4. Jacó se dedica a Deus (Gênesis 35:1)
5. A bênção para ir para o Egito (Gênesis 46:2-4)
 
Jacó em sua luta com JESUS (Teofania)
Ele achava que poderia vencer. Saiu aleijado fisicamente, mas forte espiritualmente.
 
Tudo bem com Esaú até o fim desta história, mas seus descentes foram amaldiçoados. O mais famoso foi Herodes, comido por bichosl
 
Comentários de Vários Livros com algumas modificações do Pr. Henrique
 
JACÓ - Strong Português - יעקב Ya Ìaqob - Jacó = “aquele que segura o calcanhar” ou “suplantador”1) filho de Isaque, neto de Abraão, e pai dos doze patriarcas das tribos de Israel
 
ESAÚ - (Strong Português) -  עשו ÌEsav - Esaú = “peludo”
1) o filho mais velho de Isaque e Rebeca e irmão gêmeo de Jacó; vendeu o direito de primogenitura por comida quando estava faminto e a bênção divina ficou com Jacó.
 
Odiar - (Strong Português) שנא sane’ quer dizer Aborrecer   1) odiar, ser odioso 1a) (Qal) odiar 1a1) referindo-se ao homem 1a2) referindo-se a Deus 1a3) abominador, quem odeia, inimigo (particípio) (substantivo) 1b) (Nifal) ser odiado 1c) (Piel) o que odeia (particípio) 1c1) referindo-se a pessoas, nações, Deus, sabedoria

JACÓ - Enciclopédia Ilumina
INTRODUÇÃO
Neto de Abraão e filho de Isaque, Jacó foi um dos grandes patriarcas da nação de Israel. Na verdade, a nação em si foi nomeada com outro nome de Jacó: "Israel". Porém é o seu nome original - Jacó - que nos da uma idéia de seu caráter. Seu nome significa "enganador".
HISTORIA PESSOAL
A princípio, a vida de Jacó pode parecer sem graça, sendo que ele não fez muito mais que cuidar de seu gado e criar sua família. Porém se prestar atenção, você verá que sua vida foi cheia de dramas e conflitos entre ele e os membros de sua família e até entre ele e Deus. Sua história de vida é extraordinária desde o início.
COMEÇANDO UMA FAMíLIA
Os capítulos 29 e 30, do livro de Gênesis, descreve o nascimento da maioria dos filhos de Jacó. Léia deu quatro filhos à Jacó: Ruben, Simeão Levi e Judá (Gênesis 29:31-35).
Raquel não havia tido filhos, então deu sua serva Bilá à Jacó. Bilá teve dois filhos Dã e Naftali (Gênesis 30:1-8). Vendo que não estava mais concebendo, Léia deu sua serva Zilpa à Jacó como esposa. Ela concebeu mais dois filhos a quem Léia chamou de Gade e Aser (Gênesis 30:9-13).
Porém Léia ainda queria ter mais filhos. Então um dia, ela elaborou um plano quando viu que seu filho mais velho havia achado algumas mandrágoras no campo. Ela trocou as mandrágoras (acreditava-se que estimulava a concepção) pelos serviços de Jacó (Gênesis 30:14-15). Léia então concebeu os filhos de número cinco e seis, Issacar e Zebulom, que logo seguiu ao numero sete, uma filha chamada Diná (Gênesis 30:14-21).
Por fim, Raquel concebeu seu primeiro filho, José (Gênesis 30:22-24).
JACÓ COMO NAÇÃO DE ISRAEL
Deus prometeu aos três principais patriarcas - Abraão, Isaque e Jacó - que ele faria de suas descendências uma grande nação e que daria a eles a terra de Canaã para que morassem. Porém foi pelo nome dado por Deus a Jacó, "Israel" que essa nação é conhecida.
Além disso, até o nome "Jacó" tem significado vasto na bíblia. Os escritores bíblicos usaram o nome "Jacó" como sendo a nação, por volta de uma centena de vezes (Salmos 59:13). O nome "Jacó", é constantemente achado em paralelo com "Israel" (Números 23:7). Mais especificamente, "Jacó" é usado como o reino do norte de Israel (Amós 7:5). Em Isaias 41:21 o título "Rei de Jacó" se refere ao próprio Deus.
A maneira que o nome de Jacó foi usado, reflete a importância que ele ocupa na história da nação como o pai das doze tribos.O CONCERTO DE DEUS COM JACÓ. BEP - CPAD
(1) Isaque e Rebeca tinham dois filhos: Esaú e Jacó. Era de se esperar que as bênçãos do concerto fossem transferidas ao primogênito, i.e., Esaú. Deus, porém, revelou a Rebeca que seu gêmeo mais velho serviria ao mais novo, e o próprio Esaú veio a desprezar a sua primogenitura (ver 25.31 nota). Além disso, ele ignorou os padrões justos dos seus pais, ao casar-se com duas mulheres que não seguiam ao Deus verdadeiro. Em suma: Esaú não demonstrou qualquer interesse pelas bênçãos do concerto de Deus. Daí, Jacó, que realmente aspirava às bênçãos espirituais futuras, recebeu as promessas no lugar de Esaú (28.13-15). (2) Como no caso de Abraão e de Isaque, o concerto com Jacó requeria “a obediência da fé” (Rm 1.5) para a sua perenidade. Durante boa parte da sua vida, esse patriarca serviu-se da sua própria habilidade e destreza para sobreviver e progredir. Mas foi somente quando Jacó, finalmente, obedeceu ao mandamento e à vontade do Senhor (31.13), no sentido de sair de Harã e voltar à terra prometida de Canaã e, mais expressamente, de ir a Betel (35.1-7), que Deus renovou com ele as promessas do concerto feito com Abraão (35.9-13).
 
JACÓ - Comentário Bíblico WesleyanaA história se repetiu um pouco no caso de Isaque e Rebeca, para eles, também, foi sem filhos por vinte anos. Isaque orou, o Senhor o ouviu, e Rebeca concebeu. Desconhecido para ela, ela concebeu gêmeos. Ela sentiu algo incomum nas animadas movimentos que ela sentia dentro dela, então ela procurou uma explicação da parte do Senhor. Como ela procurou iluminação divina não é indicada. Pode ter sido em oração, pelo sacrifício, ou de algum santo homem conhecido por sua capacidade de conversar com Deus, e que era respeitado por Isaque e Rebeca. Em todo o caso, a resposta foi dada de forma poética, revelando que duas nações estavam em seu ventre em forma de os gêmeos, nações que seriam inalteravelmente opostas entre si desde o nascimento. O oráculo divino também anunciou que um seria mais forte do que o outro, eo mais velho serviria ao mais jovem. Este é o primeiro de quatro lugares em que o Senhor definitivamente revelou Sua escolha de Jacó como o herdeiro do chamado de Abraão e bênção-aqui no oráculo de nascimento, e mais tarde na troca para o direito de primogenitura, na questão da bênção, e no sonhar em Betel.
No devido tempo, os gêmeos nasceram. O mais velho era vermelho (hebraico Admoni , um jogo de palavras com outro nome de Esaú, Edom-ver v. 30 ), que tem a aparência de uma peça de vestuário de cabelo (em hebraico seyar , aparentemente, um jogo de palavras em Seir, a terra em que Esaú acabaram por se instalar). Por causa de sua aparência peluda, foi nomeado Esau . Enquanto a conexão de Esaú com cabeludo não pode ser estabelecida com o nosso conhecimento atual da língua hebraica, um estudo do árabe intimamente relacionado torna provável. O irmão mais novo nasceu muito de perto por trás de seu irmão Esaú, com a mão segurando o calcanhar de Esaú. Assim, ele foi nomeado Jacó , ou hebraico ya'aqob a partir da raiz 'aqob , que significa "calcanhar." A forma verbal da palavra significa "seguir no calcanhar", "atacar de forma insidiosa", "contornar", ou "overreach."
b. O direito de primogenitura ( 25: 27-34 )
27 E cresceram os meninos, e Esaú era um caçador habilidoso, um homem do campo; e Jacó era um homem quieto, habitando em tendas. 28 Isaque amava a Esaú, porque comia da sua caça; e Rebeca amava a Jacó. 29 E Jacó fervida guisado, quando Esaú chegou do campo, muito cansado: 30 e disse Esaú a Jacó, Deixa-me, peço-te, com o mesmo vermelho lentilhas ; porque sou fraco:. Por conseguinte, o seu nome chamado Edom 31 E Jacó: Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura. 32 E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer, e que lucro é o direito de primogenitura fazer comigo? 33 E disse Jacó Jura-me em primeiro lugar; e ele jura-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó. 34 E Jacó deu pão e sopa de lentilhas Esaú; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e seguiu seu caminho: assim desprezou Esaú a sua primogenitura.
Os gêmeos cresceu para ser tão diferentes como o oráculo divino tinha indicado. Esaú tornou-se o caçador inquieto, andando pela zona rural. Jacó tornou-se o típico semi-nômade, concordou em morar em uma barraca e tendem seus rebanhos e manadas.Por alguma razão ou outra, o Isaque passiva foi atraído para o Esaú ativo, eo Rebekah mais impulsivo foi atraído pela Jacó nômade, que, no entanto, refletiu muitos dos traços de sua mãe. Este favoritismo parental era jogar uma grande parte nos problemas que se desenvolveram entre os dois filhos (cap. 27 ).
Um dia Jacó estava cozinhando lentilhas quando Esaú chegou da caça, fraco de cansaço e de fome. Ele exclamou: "Deixe-me ter um gole de que material vermelho lá; pois estou faminto. "Este é um novo jogo em cima de seu apelido Edom ou "Red". Mas Jacó não era tão livre com seus lentilhas. Ele era um jovem ambicioso. Ele pode ter sido dito por sua mãe coruja da revelação que lhe foi feita antes do nascimento dos gêmeos. E é possível que Esaú e ele havia discutido o direito de primogenitura antes e Esaú tinha tomado apenas um ligeiro interesse nele. Em qualquer caso, o comerciante oriental foi manifestado na proposta que ele fez a Esaú: Vende-me primeiro (ou "hoje") a tua primogenitura . Jacó, sem dúvida conhecia os pontos fracos de seu irmão, sua indignidade para continuar herança espiritual da família, e ele estava pronto para aproveitá-las-embora ele pode ter pensado que era por uma boa causa! Esaú demonstrou seu verdadeiro caráter com a resposta, Eis que eu estou prestes a morrer: e qual lucro é o direito de primogenitura fazer para me É questionável se tal uma forte robusto, homem, fora de portas como Esaú realmente pensei que ele ia a morrer por causa de sua fome intensa. Parece, sim, que ele estava meio brincando, neste ponto, mas em qualquer caso, o seu presente, necessidades físicas eram mais importantes para ele do que qualquer coisa de significado espiritual. Jacó insistiu em um acordo sério, juramentado primeiro ou "hoje". Com este Esau cumprido eo comércio foi consumado.
O direito de primogenitura deu para o filho mais velho de uma porção dupla de bens de seu pai e também o fez chefe da família após a morte de seu pai, fazendo-o governante sobre seus irmãos e provedor para sua mãe e irmãs solteiras se havia alguma.Mas de acordo com as leis e costumes, através da qual os patriarcas viveram, como é evidenciado através das descobertas da arqueologia, o filho mais velho poderia vender seu direito de primogenitura a um irmão mais novo ou até mesmo a um irmão adotivo.Um desses casos é registrado na qual um jovem trocou sua primogenitura por três ovelhas. Foi esta disposição que Jacó e Esaú seguido. A culpa recai sobre ambos os irmãos para este ato. Jacó já tinha sido escolhido por Deus para o património mais importante, a chamada família, e Deus não precisava de sua ajuda para realizá-la. Isaque poderia ter transferido a ele, como veremos no capítulo 27 . Então Jacó era culpado de presunção, bem como a negociação afiada. Esaú era culpado de desrespeito para com o nome da família, a rica herança em que ele compartilhou. Ele era carnal de espírito, um materialista ao extremo.
 
JACÓ - Dicionario ChamplinEsboço:
I. O Nome - II. Israel e Seus Significados - III. Informes Históricos Sobre Sua Vida - IV. Seu Caráter - V. Sentidos Espirituais e Metafóricos - VI. A Arqueologia e a Vida de Jacó
I. O Nome
O Jacó do Antigo Testamento era o filho mais novo de Isaque e Rebeca, e o terceiro dos patriarcas hebreus históricos: Abraão, Isaque e Jacó. Tinha um irmão gêmeo, levemente mais velho que ele, Esaú. Sua intima identificação com a nação de Israel, que se desenvolveu de sua linhagem, torna-se imediatamente evidente pelo fato do que seu nome foi alterado para Israel, depois do incidente de sua luta com o anjo (Gên. 32:28). Dali por diante, a nação inteira de Israel, que se multiplicou partindo dos doze filhos de Jacó, veio a ser assim denominada. 0 termo hebraico por detrás do nome «Jacó» é Yaakov, provavelmente, uma forma abreviada da palavra que significa «Deus protege». No entanto, em Gên. 25:26 o nome é explicado como se significasse «aquele que segura pelo calcanhar», posto que, por ocasião de seu nascimento, Jacó emergiu do útero materno segurando o calcanhar de seu irmão gêmeo, Esaú. Daí é que vem o sentido secundário de «suplantador», isto é, «alguém que toma o lugar de outro, mediante astúcia». Isso alude ao incidente em que Jacó, mediante ludibrio, furtou a bênção paterna de Esaú, e por causa do que Jacó obteve ascendência sobre seu irmão gêmeo. 0 fato de que Esaú também perdeu seu direito de primogenitura para Jacó fez parte dessa atividade dele como suplantador (ver Gên. 27:36). Sem dúvida alguma, «Deus protege» é o sentido original do nome, e as outras idéias derivam-se de uma etimologia popular e, talvez, mediante um jogo de palavras: «Este homem, cujo nome é Deus protege, de fato é um agarrador de calcanhar e um suplantador!» A raiz ‘qb tem sido encontrada entre os povos dos grupos semitas ocidentais, como os amorreus. 0 mesmo vocábulo hebraico que tem por base a palavra calcanhar também é um elemento básico do verbo que significa «enganar», provavelmente como um termo homófono. Apesar de esse nome ter sido encontrado em fontes extrabíblicas, à parte do patriarca Jacó, ninguém mais foi chamado por esse nome. No período helenista, entretanto, o nome começou a ser largamente usado. Há mais de trezentas referências a Jacó no Antigo Testamento, e vinte e quatro ocorrências no Novo Testamento. Quase uma quarta parte do volume de Génesis devota-se diretamente a traçar a biografia de Jacó. E o período de vida desse patriarca ocupa metade do volume do mesmo livro.
II. Israel e Seus Significados
Quando Jacó lutou com o anjo de Deus e prevaleceu, e então exigiu dele uma bênção, tornou-se apropriada a alteração de seu nome de Jacó para Israel. Isso assinalou um significativo avanço em sua vida, em preparação para o desenvolvimento da nação de Israel. 0 nome Israel faz parte da tradição judaica desde que apareceu pela primeira vez no Antigo Testamento, em Gên. 32:28. 0 anjo deu a Jacó esse novo nome que significa «Deus luta». Naturalmente, deve-se entender que essa luta refere-se ao ato de prevalecer, mediante o qual Jacó recebeu a bênção que desejava, para daí por diante ser considerado um príncipe de Deus, por meio de quem a nação se desenvolveria, debaixo da proteção e bênção especiais de Deus. Portanto, do indivíduo o nome foi transferido a todos os seus descendentes, por meio de seus doze filhos. A antiga designação tornou-se também o nome oficial da restaurada nação, o Estado de Israel. A moderna nação de Israel foi organizada em 1948, sendo um dentre mais de cinquenta estados soberanos que vieram à existência desde o término da Segunda Guerra Mundial.
Era natural que esse nome envolvesse muitos usos diferentes. No artigo sobre Israel, História de, na primeira seção, alistamos oito usos diferentes, incluindo aqueles que dizem respeito à Igreja cristã.
III. Informes Históricos Sobre sua Vida
1. Extensão do material bíblico que versa sobre Jacó. Metade do volume do livro de Génesis conta a sua história (ver Gên. 25-50). Condições e costumes constantes nessa narrativa têm sido ilustrados na literatura não-bíblica, e também através de muitas descobertas arqueológicas. Isso demonstra a autenticidade do relato bíblico, e do fato de que Jacó não é nenhuma figura mitológica, inventada para ser o pai de uma nação, conforme se dá no caso dos mitos de vários povos amigos.
2. As Datas de Jacó. Sua data tradicional aproximada é de 1800 A.C. Porém, é notoriamente problemático encontrar datas precisas para o tempo dos patriarcas hebreus. No nosso artigo, Cronologia do Antigo Testamento, abordo essa questão. Correlações exatas e explícitas entre o relato de Génesis e outras narrativas históricas (não-bíblicas) são difíceis de encontrar; depender das datas que nos são fornecidas nas genealogias, é uma maneira precária de fazer qualquer cálculo. Há evidências de que Jacó viveu durante o século XVIII A.C. Nesse caso, ele viveu no tempo da dominação do Egito pelos invasores hicsos. Sua data faria a vida de Abraão ter acontecido nos séculos XX e XIX A.C., havendo evidências bíblicas e arqueológicas em favor disso.
3. Circunstâncias do Nascimento de Jacó. A concepção de Jacó ocorreu como resposta à oração (Gên. 25:26). Ele foi o segundo filho gêmeo de Isaque e Rebeca. Seu irmão, levemente mais velho, era Esaú. Nasceu segurando o calcanhar de Esaú, o que, de acordo com uma etimologia popular (e talvez por via de um jogo de palavras), deu-lhe o nome de Jacó. Ver sob a primeira seção quanto a uma completa explicação desse nome. Ver Gên. 25:26.0 cabeludo Esaú tornou-se um homem que gostava de viver ao ar livre, como bom caçador. Jacó, por sua vez, era homem introvertido e tranquilo, que preferia habitar em tendas (Gên. 25:26,27). Houve tensões entre os dois gêmeos desde o seu nascimento. Isaque tinha preferências por Esaú, mas Rebeca tinha em Jacó o seu filho favorito.
4. Real Relação Entre Jacó e Esaú. Eles nasceram para se tornarem personagens bem diferentes uma da outra, conforme se vê no parágrafo acima. Suas diferenças tornaram-se ainda mais irreconciliáveis quando Esaú vendeu seu direito de primogenitura a Jacó, em troca de um prato de lentilhas cozidas (ver Gên. 25:30). Esaú vendeu sua primogenitura em um ato impulsivo, quando não conseguiu caçar nenhum animal; e, estando com muita fome, vendeu aquele direito por tão pouco. Os tabletes de Nuzi confirmam o fato de que o direito de primogenitura podia ser vendido. Os intérpretes percebem uma espécie de indiferença, por parte de Esaú, no tocante ao seu privilégio como primogénito. Seria mesmo difícil explicar por que razão ele fez assim, a menos que ele tivesse alguma atitude básica de indiferença para com seus direitos religiosos. Metaforicamente, isso fala sobre sua indiferença espiritual sobre questões importantes, um sinal típico do homem carnal. Esse foi o primeiro ato suplantador de Jacó, a ser registrado na Bíblia, através do qual ele adquiriu o seu nome. O segundo desses atos ocorreu quando ele enganou seu pai, Isaque, e recebeu a bênção paterna que se destinava a Esaú (Gên. 27). Tal bênção, uma vez conferida, não podia mais ser revogada (Gên. 27:33 ss), um detalhe igualmente ilustrado nos tabletes de Nuzi. Dessa forma, Jacó tornou-se o porta-bandeira da promessa messiânica, e o cabeça da raça eleita, segundo aprendemos em Rom. 9:10 ss. Esaú teve de se contentar então com uma bênção secundária, e com territórios menos férteis que aqueles prometidos a Jacó, isto é, Edom. Ver o artigo com esse título, quanto a maiores esclarecimentos. Desnecessário é dizer que Esaú ficou furioso, tornando necessário que Jacó fugisse. Jacó, pois, fugiu para a terra natal de Rebeca, em Padã-Harã (ver Gên. 26:41-28:5). Rebeca tinha a esperança que Jacó se casasse com uma mulher dentre a parentela dela, porquanto Esaú se casara com mulheres hititas (ver Gên. 26:34 e 27:46).
5. O Incidente de Betei. A caminho de Berseba para Harã, Jacó parou para descansar, em Betei, que era chamada Luz, antes de receber aquele nome. Ali Jacó recebeu a visão da escada, com anjos que subiam e desciam pela mesma, posta entre a terra e o céu. Ele ficou sumamente admirado com a divina manifestação, e rebatizou o local com o nome de Betei, «casa de Deus» (Gên. 28:18,19). Jacó consagrou uma décima parte de toda a sua renda a Deus (Gên. 28:10-22), aparentemente de forma perpétua. Betei (vide) ficava cerca de cem quilómetros de Berseba, pelo que esse incidente ocorreu ainda no começo de sua jornada, provavelmente com o propósito de infundir-lhe coragem. A Jacó, pois, foi garantida a proteção divina. O pacto-abraâmico foi confirmado com Jacó nessa oportunidade fGên.
28:3,4), pelo que os propósitos divinos estavam em operação, apesar das vicissitudes da vida de Jacó, a despeito de seus fracassos misturados com sucessos. Jacó erigiu um altar ali, e fez seus votos, incluindo o pagamento de dízimos a Yahweh.
6. Jacó em Harã, Sujeito a Labão. Aproximando-se de Harã, Jacó veio até um poço que havia fora da cidade. Ali conheceu sua prima, Raquel. Imediatamente amou-a com grande amor, e assim começou um dos maiores romances de amor que há na história antiga. Raquel levou Jacó a Labão, tio dele e irmão de Rebeca. Jacó estava apaixonado por Raquel e concordou em trabalhar para Labão, pelo espaço de sete anos, a fim de tê-la como esposa (Gên. 29:1 ss). 0 trecho de Gên. 29:20 revela-nos que Jacó trabalhou durante os sete anos, os quais «...lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava». Essa é uma fantástica declaração, na qual eu não teria crido se não a tivesse lido diretamente na Bíblia. Jacó quis receber o seu pagamento, Raquel. Labão concordou mas, mediante um artifício, pôs Lia em lugar de Raquel, quando o casal se retirou para a tenda deles. Jacó só descobriu que fora ludibriado no dia seguinte, em plena luz do dia. Essa é outra incrível declaração sobre a qual nem quero comentar. Mas, pelo menos, podemos estar certos de que, naquele momento, Jacó deve ter-se sentido como Esaú, a quem ele havia enganado em proveito próprio. E foi assim que, para desposar Raquel, Jacó teve de comprometer-se que serviria a Labão por outros sete anos com a diferença que ela lhe foi dada como esposa em antecipação pelo serviço, de tal maneira que, no decurso de uma semana, Jacó estava com duas esposas ao mesmo tempo. E Labão ia prosperando com o fiel trabalho prestado por Jacó, tendo compreendido que a presença de Jacó atraía bênçãos. E Jacó também foi prosperando materialmente, visto que a mão de Deus estava com ele.
Rúben, primogénito de Jacó, nasceu de Lia. Três outros filhos de Lia seguiram-se, a saber: Simeão, Levi e Judá. Raquel, sem filhos, deu Bila a Jacó, para que ela tivesse filhos em nome dela. Dessa união ,pois, nasceram Dã e Naftali. Zilpa, criada de Lia, tomou-se a segunda concubina de Jacó, e dessa nova união nasceram Gade e Aser, além de uma filha, Diná. Em seguida, Lia deu à luz Issacar e Zebulom. Finalmente, Raquel teve o muito querido e amado José. Ver Gên. 29:1-30:24. Passados mais alguns anos, Raquel também teve Benjamim. Dessa maneira, encontramos os doze filhos de Jacó, dos quais vieram as doze tribos de Israel. José não se tornou cabeça de alguma tribo; mas seus dois filhos, Manassés e Efraim, tornaram-se cabeças de tribos. Isso daria treze tribos, mas doze é o número tradicional, visto que Levi tomou-se um clã sacerdotal, que não herdou territórios. Assim quando Levi aparece como uma tribo, então Efraim e Manassés sãc reputados como a tribo de José (ver Num. 26:28, Jos. 17:14,17). Em Apocalipse 7:14 ss, Dã é excluído e José substitui Efraim. Ver esses problemas discutidos no NTI, em Apo. 7:5.
As Esposas e os Filhos de Jacó.
 
Lia
Raquel
1. Rúben
12. José
2. Simeão
3. Levi
4. Judá
9. Issacar
10. Zebulom
11. Diná
13. Benjãmim
Bila
Zilpa
5. Dã
7. Gade
6. Naftali
8. Aser

 
N.B. — Os números indicam a ordem dos nascimentos.7. Jacó Parte de Harã. As relações entre Jacó e Labão não demoraram nada a azedar. Jacó sofreu às mãos de seu tio, Labão, o mesmo tratamento que Jacó havia conferido a Esaú, o que mostra que a lei da colheita segundo a semeadura estava operando. Todavia, Labão prosperava, porquanto Jacó era fiel e operoso, e Labão nunca teria abandonado a situação se o próprio Jacó não tivesse desistido. Reunindo sua família e suas propriedades, Jacó partiu de Padã-Harã a fim de retornar à sua terra de Canaã, o que ocorreu em cerca de 1960
A.C. Labão só descobriu a fuga de Jacó ao terceiro dia; mas, quando a percebeu, saiu ao encalço do sobrinho e genro com um grupo armado. Todavia, Deus fez intervenção e advertiu Labão a que não tentasse fazer qualquer mal a Jacó. Assim, não sendo capaz de fazer qualquer coisa de radical, ao alcançar Jacó, limitou-se a repreendê-lo severamente. Por que Jacó partira secretamente? Por que havia enganado seu tio? Por que havia levado suas filhas e netos, sem dar-lhe uma oportunidade de despedir-se? E, acima de tudo, por que Jacó cometera o ultraje de furtar seus deuses domésticos (seus santos protetores)?
Dessa vez, pelo menos Jacó disse a verdade. Ele temia o que Labão poderia querer fazer contra ele. E calculou que, no mínimo, mandá-lo-ia vazio, e que os seus familiares e os seus bens seriam forçados a ficar em Padã-Harã. No tocante aos terafins ou deuses domésticos, Jacó afirmou que não os havia tirado, e que qualquer um que o tivesse feito poderia ser executado. (Raquel não contara a Jacó que ela é quem furtara os tais deuses). Labão procurou e apalpou por toda a parte e nada achou. Raquel estava assentada sobre a sela de seu camelo, e os deuses estavam ocultos debaixo da sela. Ela estava serenamente sentada, com um ar de inocência. E disse a Labão que ele teria de desculpa-ia, pois não podia levantar-se, visto que estava menstruada. Os ídolos permaneceram seguramente ocultos debaixo da sela, porquanto uma mulher, e tudo quanio ela tocasse, era considerado imundo, estando ela nesse período. Pelo menos assim se dava na lei mosaica posterior, e podemos supor que a crença era anterior a essa data.
Jacó ficou observando a busca com grande ansiedade, mas, quando viu que coisa alguma pertencente a Labao havia sido achada, ele então tomou coragem. Era a sua vez de repreender severamente Labão. Que maldade ele havia alguma vez feito a Labão? Por que o seu salário, durante todos aqueles anos, lhe havia sido negado? Por que Labão mudara para pior o seu salário por dez vezes? Jacó acusou Labão de ser um enganador e um homem duro, dizendo que sabia que se anunciasse a sua intenção de voltar à sua terra, Labão fá-lo-ia regressar de mãos abanando. E, concluindo sua argumentação, Jacó relembrou a Labão que Deus havia aprovado a Raquel sua fuga, ao advertir que Labão não deveria tentar tolhê-lo. A discussão perdurou mais um pouco, sem produzir qualquer resultado. Finalmente, Labão sugeriu que eles firmassem um acordo. E Jacó concordou. Eles levantaram uma grande pedra, como coluna, e também fizeram um montão de pedras. Esses emblemas eram testemunhas dos termos do acordo. Dessa circunstância é que vieram aquelas imortais palavras: «Vigie o Senhor entre mim e ti, quando estivermos apartados um do outro». Essas palavras têm servido de grande consolo quando pessoas que se amam têm de se separar, provocando muitas lágrimas. Jacó chamou o monumento de Galeed, «monte do testemunho»; e Labão chamou-o de Mizpah, «posto de vigia». Labão também avisou a Jacó de que se ele não cuidasse bem de suas filhas, então entraria em dificuldades. Em seguida, invocaram o Deus de Abraão e Naor (avô de Abraão), como testemunha do acordo estabelecido. Jacó jurou pelo Temor de Isaque, nome dado a Yahweh com base na circunstância da bem conhecida reverência de Isaque ao Senhor Deus. Jacó ofereceu sacrifícios e houve um banquete. Eles se banquetearam a noite inteira e, ao amanhecer, os dois partiram cada um em sua direção. Labão, o idoso espertalhão, amava as suas filhas e seus netos, e, com o coração saudoso, beijou-os, abençoou-os e deixou-os partir. Quão difícil é deixarmos ir os nossos filhos, o círculo familiar desmanchando-se para que se formem outros círculos familiares, e nós avançando em anos! Apesar das grandes disputas, das mentiras, dos enganos e das astúcias, tudo termina da mesma maneira: mais uma daquelas dolorosas separações familiares que a minha própria família, com seus ramos internacionais, tem sofrido por tantas vezes. Ver o capítulo trinta e um de Génesis, quanto a essa narrativa bíblica.
O Relato é Tão Humano. Houve alguns elementos religiosos distorcidos, houve a velha idolatria que domina tanto o coração humano, transformando os homens em tolos; houve mentiras, egoísmo, ludíbrios. No entanto, também houve amor; e cada um, à sua maneira, a despeito de seus defeitos, estava cumprindo o desígnio divino. Essa é uma cena em miniatura do próprio drama humano. A fim de estabelecer o acordo que fizeram, tiveram de invocar a Deus como testemunha. Se Deus não for chamado como testemunha dos lances da vida humana, essa vida não terá sentido.
8. A Presença de Deus. A separação teve lugar, e Jacó, agora uma unidade familiar distinta, começou a viver uma nova fase em sua vida. Ansioso, ele encetou sua nova caminhada. Quase imediatamente em seguida, porém, o quadro ameaçador foi aliviado. Um grupo de anjos encontrou-se com ele no caminho, e Jacó exclamou, admirado: «Este é o acampamento de Deus» (Gên. 32:2). E Jacó denominou o lugar de Maanaim, «dois exércitos», evidentemente referindo-se aos dois grupos, o seu próprio grupo, composto por pessoas mortais como ele, que o acompanhavam, e o outro grupo, formado pelos anjos imortais. Temos aí uma ótima lição, ensinada com maiores detalhes no décimo primeiro capítulo da Epístola aos Hebreus. 0 grupo imortal cuida do grupo mortal e o guia pelo caminho.
9. 0 Antigo Problema Entre Jacó o Esaú. A fuga de Jacó necessariamente fá-lo-ia atravessar o território ocupado por Esaú. Por essa razão, enviou mensageiros à sua frente, que anunciassem sua aproximação. Jacó temia tanto por sua vida como pelas vidas dos seus, segundo se vê em Gên. 32:6-8. E então soube que Esaú estava vindo ao seu encontro com uma companhia de quatrocentos homens, o que, para Jacó, representava um poderoso e hostil exército. Fora capaz de enfrentar Labão, com a ajuda de Deus, mas, poderia enfrentar Esaú? A vida é assim. Nenhuma vitória é definitiva e vence a guerra. Precisamos avançar para novos conflitos, procurando obter novas vitórias.
Em seu temor e aflição, Jacó fez a única coisa ao seu alcance. Voltou-se para Deus, para que o livrasse. Em oração, lembrou ao Senhor que ele é quem o enviou naquela jornada de retomo à sua terra natal. Lembrou-0 acerca do pacto abraâmico e da parte do Senhor nesse pacto. Agora, restava Deus cumprir tudo quanto havia dito, visto que Jacó estava impotente, diante de Esaú que se aproximava.
10. Jacó Torna-se Israel. Jacó traçou planos elaborados para salvar o máximo que pudesse, no caso de Esaú promover um massacre (Gên. 32:16 ssj. Porém, o método de Deus era simples. Quando Jacó estava sozinho, veio ao seu encontro um anjo, e começou uma furiosa luta física. Essa luta durou a noite inteira. Jacó era forte, e o anjo não era capaz de vencê-lo. Portanto, tocou no nervo de sua coxa e a deslocou, embora a luta tivesse continuado. Quando a madrugada chegou, Jacó anunciou que não deixaria o «homem» ir-se embora, a menos que o abençoasse (Gên. 23:26). Dessa bênção é que se derivou a mudança do nome de Jacó, o suplantador e enganador, para Israel, fazendo com que Jacó se tornasse um príncipe diante de Deus, aquele que se esforça e prevalece em suas lutas (Gên. 32:28). Jacó tornou-se alguém dotado de poder diante de Deus. Jacó chamou o lugar onde isso ocorreu de Peniel, ou seja, «face de Deus», pois, ao defrontar-se com o Anjo do Senhor, isso foi a mesma coisa que se ter defrontado com o próprio Deus e, no entanto, a sua vida fora preservada. Ele quis saber a identidade do anjo, mas essa identidade não lhe foi conferida. Assim, podemos passar por grandes experiências místicas, mas muitas coisas continuam ocultas de nós.
11. Jacó e Esaú Encontram-se. Chegou o dia de prestação de contas. Aproximou-se a companhia que vinha com Esaú. Jacó, temeroso, enviou à sua frente suas esposas e seus filhos, a fim de tentar tocar o coração de Esaú e fazê-lo sentir misericórdia. Porém, tudo era desnecessário. Esaú não estava mais irado. Os anos haviam varrido sua ira e amargura. E tudo se resumiu em uma daquelas tocantes reuniões de família, após tantos anos de separação. Esaú nem ao menos estava interessado nos liberais presentes que Jacó lhe oferecia. Respondeu que tinha de sobra. Portanto, todos os elaborados planos de Jacó para aplacar seu irmão, foram inúteis. Deus já havia cuidado da situação. Nesse ponto do relato, encontramos outro grande versículo que deveria servir de modelo em todas as relações domésticas: Jacó humilhou-se diante de Esaú e prostrou-se por sete vezes; mas Esaú não poderia ter dado menor atenção às homenagens. «Esaú correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou, e eles choraram» (Gên. 33:4). O antigo conflito e o coração iracundo desapareceram subitamente, e o amor cobriu uma multidão de pecados.
Esaú observou o grande número de pessoas que estavam em companhia de Jacó, suas esposas, seus filhos, seus criados e todos os animais. Admirado, indagou quem era toda aquela gente. Jacó falou-lhe sobre como Deus o havia feito prosperar; e isso é o que explica todas as boas coisas que acontecem conosco. Então Jacó forçou Esaú a aceitar alguns generosos presentes, que Esaú aceitou com relutância. Jacó afirmou: «...aceita o presente da minha mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tu te agradaste de mim» (Gên. 33:10).
Pouco depois, os dois irmãos separaram-se em paz e amizade, o que prevaleceu durante todo o resto de suas vidas. E não se encontraram de novo senão quando chegou o tempo de sepultar o pai deles, Isaque, na sepultura da família (Gên. 35:29).
12. Jacó Retorna a Betei. Jacó entrou em conflito com os habitantes de Siquém. Sua filha, Diná, foi violentada, e dois dos filhos dele vingaram-se sanguinariamente dos homens daquele lugar, quase exterminando-os (Gên. 34). Mediante uma ordem divina, Jacó voltou a Betei. Ali é que ele tinha visto os anjos subindo e descendo pela escada que ia da terra ao céu, há mais de vinte anos, e erigira um altar em honra a Yahweh. Mas, antes de encetar viagem, ordenou que todos quantos estavam em sua companhia se desfizessem de seus deuses estrangeiros e se purificassem. Podemos supor que foi nessa ocasião que foi dado sumiço aos ídolos do lar que Raquel trouxera de Padã-Harã. Todos os ídolos foram enterrados sob um carvalho, perto de Siquém; e, pouco depois, Deus renovou o pacto abraâmico com Jacó, em Betei.
13. Perda de Duas Vidas Queridas. Em viagem entre Betei e Efrata, Raquel, a amada esposa de Jacó, morreu de parto, ao dar à luz seu segundo filho Benjamim (Gên. 35:20). Não demorou muitos anos para José ser vendido como escravo pelos seus próprios irmãos; e Jacó foi enganado por seus filhos, os quais disseram que tinham encontrado uma peça do vestuário de José, toda ensanguentada, dando a entender que teria sido morto por alguma fera. Ver Gên. 37. Nesta vida, depois de algumas alegrias sempre há algumas lágrimas; e ninguém está isento de inevitáveis sofrimentos neste mundo.
A VIDA
Feliz aquele que em modesta lida Isento da ambição e da miséria,
No regaço do amor e da virtude A vida passa. Mais feliz ainda Se, das turbas ruidosas afastado,
A sombra do carvalho, entre os que adora,
Sente a existência deslizar tranquila,
Como as águas serenas do ribeiro;
Mas, que digo! Nem esse, infindos males Comuns a todos, seu viver não poupam.
(Soares de Passos, Portugal)
14. Os Filhos de Jacó Descem ao Egito. Veio a fome, e todos padeceram muito. No Egito, mediante seu dom profético, José soubera da aproximação do período de fome, tendo interpretado corretamente os sonhos do Faraó. Assim, em meio ao flagelo da natureza, os egÍDnos tinham abundância de viveres. E Jacó enviou seus filhos ao Egito, para adquirirem alimentos, tendo conservado em sua companhia somente Benjamim (seu favorito, na ausência de José), temendo que alguma tragédia também o atingisse. Os filhos de Jacó retomaram com bom suprimento de cereais, mas informaram a Jacó que o oficial que tinham visto no Egito pensara que eles eram espiões; e, como prova de que não eram, havia exigido que levassem seu irmão mais novo, Benjamim, na próxima vez em que descessem ao Egito. Naturalmente, esse oficial era José, embora seus irmãos ainda não tivessem descoberto isso.
Pressionados no Egito, e sob suspeita, eles lembraram seu crime de terem vendido José como escravo. Simeão foi retido no Egito, como garantia da volta dos demais irmãos. A fome continuou e o suprimento de alimentos se esgotou. Tornava-se necessária outra viagem, e assim Jacó, com relutância, permitiu que Benjamim também fosse com eles, dessa vez. E os irmãos de José chegaram novamente ao Egito. Foi conseguido um encontro com José, a quem seus irmãos conheciam somente como um duro oficial egipcio. Simeão foi solto, e todos os irmãos de José estavam presentes. Quando José viu Benjamim, seu único irmão que não era meio-irmão, filho de sua mãe, Raquel, deixou-se dominar pela emoção e teve de fazer uma retirada estratégica, para não chorar diante de todos. Controlou-se e voltou, e foi servido um banquete. Finalmente, os irmãos de José foram despedidos e partiram. Mas a taça de prata de José havia sido posta na sacola de Benjamim. Essa taça seria usada para adivinhações, no dizer de José, não havendo certeza se ele disse isso para fingir-se um egípcio ou se ele usava mesmo a tal taça como uma espécie de bola de cristal. Assim, um grupo de homens saiu ao encalço dos irmãos de José e, feita uma busca, encontrou-se a taça na saca de Benjamim. E, por causa do crime, Benjamim foi declarado escravo; Judá fez então uma longa exposição procurando convencer o «oficial egipcio» a aceitá-lo em lugar de Benjamim, pois a permanência de Benjamim no Egito fatalmente faria o pai deles morrer de tristeza. José estava iniciando uma longa e elaborada charada; mas, de súbito, vencido por suas emoções, mandou para fora todos os circunstantes, exceto os seus irmãos. Então José prorrompeu em choro, em voz alta, de modo que os egípcios ouviram tudo. Então José anunciou sua verdadeira identidade, dizendo: «Eu sou Jose. Vive ainda meu pai?» E os seus irmãos não sabiam como responder, tão pasmos estavam diante dele (ver Gên. 45:3). Sentiam-se consternados, uns miseráveis, sentindo todo o peso de seus pecados; José, entretanto, consolou-os, assegurando-lhes que o desígnio de Deus é que permitira que tudo aquilo acontecesse, a despeito dos maus propósitos que tinham inspirado o ato deles, ao vender seu próprio irmão como escravo.
«Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito» (Rom. 8:29).
15. Jacó Desce ao Egito. Quando o Faraó e outros oficiais egípcios souberam que os irmãos de José estavam entre eles, ficaram muito satisfeitos e sugeriram que Jacó fosse chamado ao Egito, onde poderia desfrutar de grande abundância. Os irmãos de José apressaram-se a voltar à Terra Prometida; e, ali chegando, contaram a Jacó a incrível história de José. E, como eles haviam trazido de volta provas palpáveis de que José estava vivo, Jacó, finalmente deixou-se convencer de que seus filhos estavam dizendo a verdade. 0 quadragésimo sexto capítulo de Génesis relata a descida de Jacó ao Egito.
Após algum tempo, a bonança haveria de transformar-se em um longo período de servidão, à outra casa reinante do Egito. Os descendentes de Jacó multiplicaram-se no Egito, formando uma numerosa nação. Mas foi preciso Moisés surgir, a fim de que Deus pusesse fim à escravidão dos filhos de Israel.
0 capítulo quarenta e nove de Génesis registra as bênçãos proferidas por Jacó a seus filhos, e o último versículo daquele capítulo registra sua morle. E o último versículo do último capítulo de Génesis registra a morte de José. Jacó faleceu com a idade de cento e quarenta e sete anos (ver Gên. 45:28), em cerca de 1854 A.C. Seu corpo foi embalsamado e transportado com grande cuidado para a terra de Canaã, sendo sepultado no sepulcro da família, onde já estavam seus genitores e sua esposa Lia, na caverna de Macpela (Gên. 50:1,13). No entanto, quando José morreu, o seu corpo foi embalsamado e posto em um esquife, no Egito.
O cativeiro de Israel no Egito perdurou por cerca de quatrocentos e trinta anos, de acordo com o texto hebraico, mas apenas duzentos e quinze anos, de conformidade com a Septuaginta. Ver Êxo. 11:40. Estêvão, em Atos 7:6, arredonda esse número para quatrocentos anos, Quanto a esses anos, há problemas de harmonia, que são discutidos no artigo intitulado Cronologia do Antigo Testamento 5.d.3. Pouco antes de morrer, José fez seus irmãos prometerem que, quando saíssem do Egito, levariam consigo o seu corpo. Essa promessa foi cumprida por Moisés (Êxo. 13:19). E seus ossos foram finalmente sepultados em Siquém (Jos. 24:32), no sepulcro da família, com o resto dos mortos da família patriarcal.
IV. Seu Caráter
A primeira coisa que nos impressiona na vida de Jacó é que, apesar de suas fraquezas e fracassos, em muitas oportunidades ele teve experiências místicas que em muito alteraram o curso de sua vida. O propósito dessas experiências não era apenas o de abençoá-lo pessoalmente, pois também envolvia a nação de Israel e, finalmente, a promessa messiânica. Jacó mostrou-se muito afetuoso com a sua família. E herdou a astúcia de Rebeca, que também era própria de seu tio, Labão. Havia momentos em que Jacó perdia o ânimo; mas logo se lançava aos cuidados de Deus. Foi homem que passou por muitas provações e recuos, embora também tivesse alcançado vitórias súbitas e gloriosas. Sua desonestidade e astúcia eram neutralizadas por seus momentos de grandes vitórias e avanços espirituais. Sua história é o relato de um homem que, começando sua vida como suplantador e enganador, terminou sendo um príncipe diante de Deus, mediante o propósito remidor.
V. Sentidos Espirituais e Metafóricos
1. Os vários incidentes da vida de Jacó foram muito usados nos escritos judaicos a fim de ilustrar grandes e numerosas lições espirituais. Temos indicado algo sobre isso, ao longo deste artigo.
2. O Talmude usa a vida de Jacó para ilustrar a vida da própria nação de Israel. Sua vida é ali entendida como emblemática da sorte do povo de Israel. Motivos morais são vistos em todos os seus atos, e muitos detalhes lendários têm ornado o relato do Antigo Testamento, como acréscimos tradicionais. Assim como Jacó teve muitos momentos de triunfo e de derrota, mas Deus sempre esteve com ele, intervindo por ele, sempre que necessário, assim também tem acontecido à nação de Israel, ao longo dos séculos.
3. Há vinte e quatro referências a Jacó no Novo Testamento, algumas das quais visam a ensinar-nos alguma lição espiritual. Ver especialmente Atos 7:8-16, que contém um sumário da vida de Jacó. Ver também Rom. 9:10 sse Heb. 11:20,21, onde Jacó aparece como um modelo da vida de fé.
4. A transformação de Jacó em Israel ilustra como o homem não-remido, dotado de um caráter moral questionável, pode tornar-se um príncipe diante de Deus, mediante o propósito remidor.
5. A vida de Jacó ilustra como o plano divino mostra-se ativo, no caso de indivíduos e de nações, de tal modo que o valor da vida é garantido, bem como, finalmente, uma digna realização.
6. Usos Figurados com o Nome de Jacó: O Deus de Jacó é o Deus de Israel (Êxo. 3:6; 4:5; II Sam. 23:1; Sal. 20:1; Isa. 24). Deus também é denominado de «o poderoso de_ Jacó» (Sal. 132:2). A casa de Jacó corresponde à nação de Israel (Êxo. 19:3; Isa. 2:5,6; 8:17). O povo judeu está em foco, nas seguintes expressões: a semente de Jacó (Isa. 45:19; Jer. 33:26), os filhos de Jacó (I Reis 18:31, Mal. 3:6), ou simplesmente, Jacó (Núm. 23:7; 10:23; 24:5). «Em Jacó» significa «entre o povo judeu».
VI. A Arqueologia e a Vida de Jacó
Em Nuzi, entre 1925 e 1941, foram descobertos cerca de quatro mil tabletes de argila, ilustrando certos aspectos dos relatos sobre os patriarcas hebreus, sobretudo Jacó. Naturalmente, a luz se projetou mais sobre aquela área da Mesopotâmia, com o resultado de que se sabe mais sobre aquela região do que sobre qualquer outra região da Mesopotâmia. Nuzi ficava cerca de catorze quilómetros e meio a oeste da moderna cidade de Kirkut, na parte nordeste da Mesopotâmia, no atual Iraque, e cerca de cento e sessenta quilómetros da fronteira com o Irã, mais para nordeste. Os tabletes ali achados tratam sobre cidadãos comuns, em contraste com os de Mari, que abordavam a família real. Ver os artigos separados sobre Nuzi e Mari, quanto a maiores detalhes.
Ilustrações dos Tabletes de Nuzi sobre a Vida Patriarcal nos Dias Bíblicos:
1. Adoção. Não há relato direto de adoção, no Antigo Testamento; mas Abraão, antes de Isaque ter nascido, pensou em fazer de Eliezer de Damasco seu filho e herdeiro adotivo (Gên. 15:2). A lei de Israel não tem qualquer provisão sobre adoções, mas em Nuzi essa questão era regulamentada por lei. Um homem sem filhos podia adotar um filho que levasse avante o nome e a herança da família. Alguns vêem um certo paralelo no relacionamento entre Labão e Jacó (Gên. 29-31), como se houvesse entre eles uma situação de adoração, um filho adotivo podia tomar como esposa uma filha de seu pai adotivo, mas não podia tomar uma segunda esposa, fora do círculo da família. 0 paralelo disso com o caso de Labão e Jacó e duvidoso.
2. A Venda da Prímogenitura. Isso tem um paralelo direto com as leis mencionadas no material encontrado em Nuzi. Os privilégios de um filho primogénito podiam ser transferidos para outro. Isso envolvia tanto um filho adotivo como um filho autêntico. Em certo caso mencionado, o direito de primogenitura foi vendido em troca de três ovelhas, mais do que o preço pago por Jacó a Esaú, mas, mesmo assim, bastante humilde.
3. Os Deuses Domésticos, ou Terafins. Raquel ansiava por assenhorar-se daqueles ídolos, que representavam os deuses da família (Gên. 31:34). Os tabletes de Nuzi esclarecem que a posse desses ídolos emprestava o direito de liderança da família, bem como a herança paterna. Labão tinha filhos para quem a herança seria transmitida. Ficava subentendido que Jacó, se ficasse com aqueles ídolos, poderia suplantar novamente a seus cunhados, obtendo a maior parte da herança deixada por Labão. É perfeitamente possível, pois, que os motivos de Raquel fossem económicos, e não meramente religiosos. Isso permite-nos ver a natureza séria da ofensa. Ver Gên. 31:19,30,35.
4. O Nome Jacó. O sentido básico desse nome é que EI (Deus) proteja (no hebraico, Ya’ qub 'el). Esse nome tem sido encontrado em tabletes do século XVIII A.C., descobertos em Chagar Bazar, no norte da Mesopotâmia. O nome Jacó também foi encontrado como nome locativo, na lista de lugares de Tutmés III, do século XV A.C.
5. As Criadas de Lia e Rebeca. Os críticos têm duvidado do relato sobre como Labão deu criadas às suas duas filhas, criadas essas que, posteriormente, tornaram-se concubinas de Jacó. Eles supõem que tais informes são interpolações posteriores, com base no documento chamado S (sacerdotal). Ver o artigo separado sobre Código Sacerdotal, e outro sobre J.E.D.P.(S), as alegadas fontes do Pentateuco. Todavia, os tabletes do Nuzi ilustram o costume.
6. Os Nomes Divinos. Os tabletes de Mari, em escrita cuneiforme, em número de cerca de vinte mil, ilustram os nomes divinos que figuram no livro de Génesis, falando sobre Yawi-Addu e sobre Yawi-el, que seriam paralelos de Yahweh e El, nomes comuns dados a Deus, no Antigo Testamento. Ver sobre Deus, Nomes de.
7. Vida Nómade. Os tabletes de Mari também ilustram a vida nómade dos habitantes da região da Mesopotâmia, os caneanos, suteanos e benjamitas, e isso lança alguma luz sobre as vidas dos patriarcas hebreus e, mais tarde, as vagueações do povo de Israel pelo deserto.
Bibliografia. AM E GOR(1940) GOR (1937) GORD HUN MILL ND UNZ
 
Jacó - Dicionário Wycliffe
Em hebraico, o nome ya‘aqob significa '1apanhador de calcanhar", “malandro” ou “suplantador". No sul da Arábia e na Etiópia, a palavra significa “que Deus proteja" e vem do verbo ‘aqaba, “guardar”, “cuidar”, ou “proteger”. A raiz ‘aqab é urna palavra semita gerai que ocorre nos nomes árabes pessoais, em inscrições acádias e aramaicas, assim como nos idiomas siríaco e palmireno. O substantivo que significa “calcanhar” ocorre em hebraico Vaqeb), aramaico, siríaco, árabe, ugarítico e acádio. O nome de Jacó era, assim, um antigo membro da onomástica do Oriente ao invés de um nome unicamente bíblico.
1. O patriarca. O filho gêmeo mais novo de Isaque e Rebeca; mais tarde chamado de Israel.
A vida na Palestina (Gn 25-27). O nascimento de Esaú e Jacó está registrado em Gênesis 25.21-28. Isaque casou-se com Rebeca quando tinha quarenta anos de idade (veja este belo episódio em Gn 24). Rebeca, assim como Sara (cf. Gn 11.30; 16.1,2), era estéril. As orações de Isaque por sua esposa foram ouvidas e atendidas. Ela deu à luz dois meninos gêmeos, que lutaram no útero assim como a posteridade de suas nações fez na vida real (veja no tema Esaú a história desta longa e amarga luta). Esaú, o primeiro a nascer, foi assim chamado porque era peludo. O segundo foi chamado de Jacó porque saiu do útero agarrado no calcanhar de seu irmão. Os filhos gêmeos de Rebeca herdaram suas principais características, Esaú herdou sua mente aberta; Jacó, sua astúcia. Esaú tornou-se um hábil caçador, um homem do campo, a quem Isaque amava, porque este seu filho lhe dara carne de caça para comer. Em contraste, Jacó era calado, introspectivo, acomodado, um homem íntegro vivendo em tendas, amado por Rebeca, sua mãe.
Deus prometeu a Abraão que através de sua semente, Isaque, faria dele uma grande nação. Esta promessa foi renovada em Isaque. A questão era, através de qual semente, Jacó ou Esaú? Esta luta resultou em um conflito doméstico e forçou Jacó a viver sob constante tensão. Gênesis 25.23 declara que pela escolha divina, Jacó seria o herdeiro da promessa; mas dois eventos interessantes ocorrem para implementar o propósito divino.
O primeiro é a compra do direito de primogenitura de Esaú (Gn 25.29-34). Quando Esaú, o caçador, veio do campo faminto e de mãos vazias, desejou um pouco daquele guisado vermelho (Gn 25.30, lit.), um cozido que seu irmão pastor, Jacó, estava preparando. Em sua condição faminta, Esaú negociou o seu direito de primogenitura. Jacó insistiu em um juramento, considerado irrevogável (Gn 25.33; cf. Js 9.19). Então, através de uma providência sagaz (como quem tira vantagem de uma forma injusta), Jacó adquiriu a reputação de seu nome e ganhou o direito de primogenitura, que a sua ordem de nascimento não lhe dava. A intenção de Deus (Gn 25.23) estava tomando-se realidade com a ajuda de Jacó, embora o Senhor a pudesse realizar de uma forma diferente e sem a ajuda deste. De qualquer forma, junto com a boa sorte de Jacó, sementes de hostilidade que trariam grandes aborrecimentos futuros a Jacó foram plantadas (Gn 27.41). As tábuas Nuzu descobertas a sudeste de Nínive em 1926 revelam que na cultura prevalecente na Mesopotâmia na primeira metade do segundo milênio a.C., o direito de primogenitura podia ser comprado e vendido. Veja Primogênito; Nuzu.
O segundo evento é o roubo da bênção da aliança (Gn 27.1-46), O já idoso Isaque, temendo a morte iminente (137 anos de idade - porém 43 anos antes de sua morte), instruiu Esaú para que preparasse para ele o seu prato favorito, para que pudesse transmitir ao seu primogênito a bênção patriarcal contida em sua alma (Gn 27.4). A medida que o inocente Esaú estava cumprindo a sua tarefa, Jacó cooperou com o plano de Rebeca a fim de tomar a bênção para si mesmo. Com audácia e mentiras grosseiras, Jacó executou a fraude conforme havia sido esboçado por sua mãe (Gn 27.19,24). Jacó acrescentou blasfêmias chocantes (v. 20: “Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro”). O fato patético da ocasião toma-se ainda mais agravante devido à cegueira de Isaque. Tomado de suspeita e dúvida (a voz de Jacó, mas as mãos ae Esaú, 27.22), o pai cego finalmente colocou sobre Jacó a sua bênção final, já no leito de morte (Gn 27.27- 29; cf. 24.1-9; 49.1-33). Por ocasião do retorno de Esaú, quando Isaque tomou conhecimento do logro, a bênção não podia mais ser alterada nem retirada (27.37,38). Então, nada mais do que uma triste sorte restava para Esaú (27.39,40).
A vida em Harã (Gn 28-30). Quando a trama toda foi descoberta, Jacó foi enviado para junto de seus parentes em Harã. Em sua viagem a partir de Berseba, Jacó, como um exaurido, cansado, e fugitivo pecador, passou sua primeira noite nas proximidades do antigo santuário cananeu de Luz. Em uma visão noturna, Deus revelou-se a este peregrino como o Deus de seu pai. Ele também renovou a bênção da aliança (Gn 12.7; 13.14- 17; 26.3-5), prometeu-lhe a terra, deu-lhe uma missão universal e assegurou-lhe que teria a orientação divina e uma vida próspera. Jacó respondeu com um voto pessoal e chamou o local de Betel (q.v.).
Jacó chegou a Arã-Naaraim (Mesopotâmia) e a misericórdia do Senhor veio resgatá-lo novamente. Lá, conheceu Raquel, no poço, e este foi um caso de amor & primeira vista. Ela, por sua vez, levou-o até à casa de seu pai, Labão, que era tio dele, e o apresentou (Gn 29.10,11,18,20). O amor de Jacó por Raquel garantiu-lhe um emprego permanente junto a Labão. Jacó trabalhou por sete anos para tê-la como esposa. Na manhã seguinte à cerimônia de casamento, ele descobriu que, ao invés de ter se casado com Raquel, que tinha uma voz suave, havia se casado com Léia, que tinha uma enfermidade nos olhos. O engodo de Labão era equivalente à ira de Jacó, por isso, ele concordou em dar-lhe Raquel após as festividades tradicionais de casamento que duravam uma semana, se este o servisse por mais sete anos. Jacó trouxe grande prosperidade a seu sogro (Gn 30.30), e o astuto Labão sempre era capaz de reconhecer um bom negócio.
A prosperidade de Jacó aumentou assim como sua família. Doze filhos nasceram a Jacó na Mesopotâmia. Léia era mãe de Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, e de uma filha, Diná (Gn 29.31-35; 30.17-21). Da criada de Léia, Zilpa, ele teve Gade e Aser (Gn 30.9-13). Da criada de Raquel, Bilã, nasceram Dã e Naftali (Gn 29.31; 30.1,2; cf. 16.2; 25.21; 30.3-8). Finalmente, Deus abriu a madre de Raquel e ela teve José, e mais tarde, em Canaã, Benjamim (Gn 30.22-24; 35.16-18).
A preparação de Jacó para voltar para casa (Gn 31). Jaoó desejava retomar à Palestina (Gn 30.25). Labão, percebendo que sua prosperidade havia sido alcançada por causa de Jacó, o exortou a ficar (Gn 30.27), e Jacó concordou sob uma condição (Gn 30.29ss.). Mas, agora, o Senhor havia instruído Jacó para que voltasse para casa (Gn 31.3,11-13). Jacó falou com suas esposas e as lembrou de que seu pai Labão havia mudado seus ganhos “dez vezes” (Gn 31.4-7). Elas lhe asseguraram a aceitação de seus planos (vv. 14-16).
Enquanto Labão estava pastoreando o seu rebanho, Jacó com suas esposas, filhos, servos e rebanhos partiram rumo à terra de seu rebanho, Jacó com suas esposas, filhos, servos e rebanhos partiram rumo à terra de seu pai (Gn 31.17-20). Eles cruzaram o rio Eufrates e seguiram em direção a Gileade. Depois de três dias, Labão, ouvindo sobre a fuga, os perseguiu durante sete dias, encontrando-os na montanha de Gileade a, aproximadamente, 650 quilômetros de Harã (vv. 21-25). Irado, Labão levantou três acusações contra Jacó (vv. 26-30): (1) que ele fugiu em segredo; (2) que sequestrou suas filhas; (3) e, que roubara seus ídolos do lar (terafim; cf. G. E. Wright, Biblical Archaeology, p· 44). Jacó contava com vinte anos de servjço árduo e sofria a constante tentativa de Labão de defraudá-lo em seus ganhos. Depois de muitos discursos bombásticos, nos quais cada um tentava sobrepujar o outro exagerando nos erros cometidos pela outra parte, Labão sugeriu uma trégua, que foi marcada pelo estabelecimento de uma coluna e um monte de pedras, e que culminou em um banquete de aliança que durou a noite toda (vv. 3154־). Na manhã seguinte, Labão retomou a Harã e Jacó viajou em direção ao sul.
O retorno da Palestina (Gn 32-33). Vinte anos haviam se passado desde que Jacó havia enganado Isaque e roubado a bênção de Esaú. Quando Jacó aproximou-se da terra de seu coração, um grupo de anjos veio ao seu encontro (32.1,2), assegurando-lhe mais uma vez a proteção de Deus para recebê-lo, dando-lhe as boas vindas por seu auspicioso retorno. Passando pela parte rasa do ribeiro de Jaboque (q.v.) para proteger sua família de Esaú, Jacó encontrou-se com “um varão” que lutou com ele até o romper do dia (v. 24). Embora estivesse com seu quadril ferido, Jacó foi bem-sucedido e ganhou, do varão com quem lutou, uma bênção que mudou o seu nome de Jacó (“enganador”) para Israel (“o que luta com Deus”; veja Israel). O estranho revelou sua verdadeira identidade abençoando Jacó e também mudando o seu nome - Ele era o próprio Eterno (cf. Gn 17.5; 35,9־ 15; Is 65.15; Os 2.23; 12.3,4).
O próximo obstáculo de Jacó era apaziguar seu injuriado irmão Esaú. O encontro de Jacó e Esaú está registrado em Gênesis 33.1-16. Temeroso de que a ira de Esaú ainda fosse intensa, Jacó enviara mensageiros para espionar os planos de Esaú, e estes relataram que Esaú estava marchando com 400 homens armados. Então, Jacó, sendo ainda o mais astuto, tinha a intenção de fazer as pazes com o seu irmão gêmeo e proteger a si e à sua família contra aquele possível ataque (Gn 32.3-8,13-21; 33.1-3). Além desta estratégia, ele havia orado (32.9-12) e feito seu pedido ao Deus de Abraão e Isaque - Aquele que combina os eventos passados (32.9), com as necessidades do presente (32.11), e as promessas do futuro (32.12). Em meio à confusão das ações humanas, Jacó reconheceu a necessidade da ajuda do Senhor. Ele não ganhou apenas a ajuda de Deus, mas também o coração de Esaú, apesar da presença de seus homens armados. Em uma cena de grande ternura, Jacó encontrou-se com Isaú, e a discórdia foi resolvida, pelo menos temporariamente, com magnanimidade e afeição.
Vivendo pela segunda vez na Palestina (Gn 33.17-45.5). Esaú foi a Seir e lá formou uma nação (Gn 33.16; cf. o cumprimento da promessa de Gn 25.23; 27.39-40; 36.1-43). Jacó passou a residir em Canaã para assumir sua herança. Ele agora era de fato um patriarca. Após a partida de Esaú, Jacó permaneceu a leste do rio Jordão e acampou próximo a Sucote; então foi para Siquém, onde comprou terras e reconstruiu um altar (Gn 33.17-20). Sob a ordem de Deus, foi para Betel e lá o Senhor renovou as promessas patriarcais (35.1-5). Jacé e sua caravana seguiram em direção ao sul, e, durante sua jornada, a amada Raquel morreu no parto (durante o nascimento de Benjamim) e foi sepultada no caminho para Efrata (Belém, 35.16-20). Jacó juntou-se a Esaú em Manre (Hebrom) e, lá, sepultaram seu pai na caverna de Macpela, o sepulcro da família (35.27-29; 49.30,31).
Os anos posteriores de Jacó demonstraram as advertências de Moisés a Israel: “... porém sentireis o vosso pecado...”, ou ainda, como em outras traduções, “podeis estar certos de que o vosso pecado vos alcançará” (Nm 32.23). As provações domésticas seguiram Jacó até o final de sua vida. Primeiro, houve sérios conflitos entre seus filhos tempestuosos, Simeão e Levi, com os filhos de Hamor em Siquém devido ao problema de Diná (Gn 34.1-31). Então, Débora (a ama de Rebeca), a confidente e conselheira da família, morreu e a família inteira foi afetada (35.8). Raquel, objeto do amor profundo de Jacó, foi levada pouco tempo depois (3ã.l6ss.). “Rúben foi e deitou- se com Bilã, concubina de seu pai; e Israel soube-o” (35.22). José, seu filho predileto, foi levado e afastado dele; e o velho Jacó, já de cabelos grisalhos, foi tomado pelo sofrimento (37.34ss.). Por fim, opatriarca já idoso foi forçado a exilar-se no Egito para preservar sua própria vida e a de sua família (46.3).
Os anos finais de Jacó. Estes anos no Egito (Gn 46.6-50.13) também fazem parte da história de José (Gn 37-50). Veja José.
Quando os sete anos de escassez e fome atingiram Canaã, Jacó e seus filhos foram para o Egito. No caminho, em Berseba, ele foi assegurado do favor de Deus (46.1-4). José fez os preparativos para que Jacó e sua companhia se estabelecessem na terra de Gosén, onde permaneceu até sua morte. Com 130 anos de idade Jacó teve uma audiência com o Faraó e o abençoou (47.7-10).
Antes de morrer com a idade avançada de 147 anos (47.28), Jacó concedeu a bênção patriarcal aos filhos de José, Efraim e Manassés (48.8-20), e Subseqüentemente a seus próprios filhos (49.1-33). A promessa de Deus a Jacó foi cumprida. Em sua morte, os egípcias lhe prestaram uma grande homenagem. Seus filhos, liderados por José, o primeiro ministro do Egito, levaram seu corpo de volta a Canaã, e o sepultaram em Macpela com Abraão e Isaque (49.29-50.13; cf. 25.9-10; 35.28-29), realizando um desejo comum dos antigos, de serem enterrados em sua terra natal (cf. o Sinuhe egípcio, ANET, pp. 20ssj. Veja Era Patriarcal.
Jacó é um típico exemplo da graça redentora de Deus. Ele era comum, egoísta, intrigante e um trapaceiro impetuoso com capacidade para os negócios. Mas, em seu coração, tinha tempo para Deus. Sua natureza era sensível ao toque do Senhor, e capaz de alcançar um grande desenvolvimento. Ele tinha sonhos e visões; anjos o visitavam e ele orava. Jacó desejava os melhores dons; ele desenvolveu princípios religiosos fixos; e, finalmente, tornou-se firme em seus hábitos. Mas a vida de Jacó era repleta de conflitos. A luta em sua alma foi longa e violenta - mas a graça venceu e por isso Jacó, o “enganador”, tomou-se Israel, aquele “que luta com Deus”.
O uso do termo “Jacó" nas Escrituras. O nome “Jacó” é mencionado muitas vezes na Bíblia Sagrada. “Jacó” é retratado como um indivíduo marcado, como um filho favorecido (Ml 1.2; Rm 9.10-13), um herdeiro da promessa divina (cf. Hb 11.9), e um homem abençoado (Hb 11.20,21). Como o terceiro patriarca notável, Jacó é freqüentemente ligado a Abraão e Isaque. E assim, o nome do Deus dos três renomados e célebres patriarcas é EÍ Shaddai (Êx 6.3) e Yahweh (Ex 3.6,15), aquele que é fiel à sua aliança (Ex 2.24; 32.13; Dt 29.12), e aquele que se compadece de Israel (2 Rs 13,23). Os patriarcas judeus habitam com Ele (Mc 12,26,27), e sentam-se à sna mesa, em seu reino celestial (Mt 8.11).
O portador do nome da nação de Israel, Jacó, aparece frequentemente nas Escrituras. Israel é a “casa de Jacó” (Lc 1.33); o seu Deus é o “Rei de Jacó” (Is 41.21); o Templo do Senhor Deus é a habitação do Deus de Jacó (Act 7.46). Afigura de Jacó (Israel) é compendia- da no título “servo do Senhor” (Is 41.8; 44.1,2,21; 48.20; 49.3), de quem o Messias era o cumprimento (Is 42.1-7; 49.1-10; 50.4- 9; 52.13-53.12; Mt 8.17; 12.15-21; Mc 10.45; Lc 2.30-32; Act 3.13,26; 4.27,30; 8.30-35; 1 Pe 2.21-25).
Veja Servo do Senhor.
Bibliografia. S. R. Driver, The Book of Genesis, Westminster Commentaries, 9* ed., Londres. Methuen Co., Ltd., 1913, pp. 244- 401. L. Hicks, “Jacob (Israel)”, IDB, íl, 782- 787. William S. LaSor, Great Personalities of tke Old Testament, Nova York. Revell, 1959, pp. 31,39. A. R. Millard, “Jacob”, NBD, pp. 593-596. John Muílenberg, “The birth of Benjamin”, JBL, LXXV (1956), 194-200. Martin Noth, The History of Israel, Nova York. Harper, 1958, pp, 1-7, 53-84, 120-126.
G.E. Wright, Bíblica! Archaeology, Filadélfia. Westminster, 1951, pp. 40-68.
2. O pai de José. O nome do pai de José, marido de Maria, de acordo com a genealogia de Cristo em Mt 1.15-16. D.W.D.
 
JACÓ - AJUDAS BÍBLICAS EXAUSTIVAS - BÍBLIA THOMPSON - (“suplantador”), filho de Isaque
Referências gerais:
Gn 25:26,3427:6,3028:129:1,18;30:2531:332:9,3033:10,1735:136:637:342:143:1145:2646:547:948:249:3350:13.
Resumo de seu caráter
Astuto, Gn 25:31–33.
Enganador, Gn 27:18–29.
Colheu o resultado do próprio pecado, Gn 27:42,43.
Tornou–se religioso, Gn 28:10,20,21.
Afetuoso, Gn 29:18.
Trabalhador, Gn 31:40.
Habituado à oração, Gn 32:9–12,24–30.
Disciplinado pela aflição, Gn 37:2842:36.
Homem de fé, Hb 11:21.
Ver tb: Gn 32:27Gn 37:1Gn 43:6Êx 1:1Js 24:41Sm 12:81Rs 18:311Cr 1:341Cr 2:1Sl 105:10Mt 1:2Mt 22:32Mc 12:26Lc 3:34Lc 13:28Lc 20:37Jo 4:5Jo 4:12At 3:13At 7:8At 7:12At 7:32Hb 11:9Hb 11:20
 
JACÓ - Comentários Moody - Isaque. 25:19 - 26:35. 1) Isaque e Sua Família. 25:19-34.
19-23. Sara, Rebeca, Raquel e Ana, todas foram estéreis e portanto sem filhos até uma certa idade. Foi uma experiência trágica para cada uma delas. Isaque orou ao Senhor por sua mulher. O verbo hebraico 'eitar significa "orar suplicando", ou "implorar". Quando usado no sentido passivo, indica que o sujeito foi vencido pela oração e atendeu. Isaque orou fervorosamente por sua esposa estéril, e Jeová submeteu-se às suas súplicas. Rebeca deixou de ser estéril e concebeu. A oração incessante recebeu a recompensa divina.
24-34. Eis que se achavam gêmeos no seu ventre. (v. 24). Antes mesmo de Esaú e Jacó nascerem, lutaram entre si em seu confinamento pré-natal. E continuaram vivendo em conflito conforme foram crescendo. Hoje seus muitos descendentes lutam apaixonadamente para se sobrepujarem no Oriente Médio. Esaú foi um peludo homem do campo, pouco apreciando os valores espirituais. Ele mergulhou arriscadamente dentro da vida, apenas para descobrir que fora defraudado da melhor coisa que possuía, sofrendo um xeque-mate de um astuto suplantador. Jacó recebeu sua inspiração de Rebeca, que não via obstáculos quando queria alguma coisa. Isaque era fraco demais para manter a disciplina e impedir as tramas de Jacó e Rebeca.
Esaú parecia se preocupar apenas com assuntos materiais. Para ele, o direito de primogenitura, que envolvia bênçãos materiais e espirituais, tinha pouco valor até que o perdeu por sua própria culpa. O direito de primogenitura pertencia ao primogênito. Garantia-lhe uma posição mais honrosa do que a dos seus irmãos, a melhor parte da herança, as terras mais ricas, além das bênçãos que Deus fizera a Abraão e aos seus descendentes. O direito de primogenitura era de Esaú porque Deus permitiu que nascesse primeiro.
Nem Esaú nem Jacó demonstraram qualquer interesse louvável pelos tesouros espirituais. Ambos eram sordidamente egoístas e não compreendiam qual comportamento à altura de um homem que era príncipe de Deus. Jacó era ambicioso e queria pala si mesmo tudo o que pudesse lhe conceder algum destaque. Rebeca forneceu a faísca e tramou o esquema que garantiram vantagens para o seu filho favorito. Este teria um longo caminho a percorrer até se tomar o líder espiritual daqueles que teriam de adorar Jeová. Mas Deus era paciente; Ele não tinha pressa; Ele treinaria Seu líder.
Esaú estabeleceu sua residência nas montanhas rochosas do Edom. Anos mais tarde seus descendentes, o povo cuja nação ele instituiu, revelariam o mesmo tipo de filosofia que tinha seu antepassado e a mesma indiferença profana pelo programa eterno de Jeová dos Exércitos. Apesar de todos os incidentes desanimadores, o reino de Deus prosseguiu na direção da realização total do propósito divino.
27:1 - 36:43.
Gênesis 27

1) Jacó e Esaú. 27:1-46.
1-17. Tendo-se envelhecido Isaque .. . chamou a Esaú. É difícil imaginar todo o sofrimento, agonia e cruel desapontamento envolvidos nesta narrativa pitoresca. O velho patriarca, cego e trôpego, fez planos de transmitir as sagradas bênçãos ao seu filho primogênito. Mas a astuciosa Rebeca, que ouviu as instruções dadas a Esaú, imediatamente resolveu subverter e frustrar seus planos. Jacó, seu filho predileto, já tinha o direito de primogenitura; ela determinou que ele também receberia a bênção oral, dos lábios do representante do Senhor, para que tudo ficasse em ordem com a herança divina. Ela não podia arriscar-se esperando que Deus realizasse Seus planos à Sua maneira. Por isso apelou para a mais desprezível mentira a fim de assegurar-se da bênção para o seu filho mais moço.
18-29. Respondeu Jacó . . . Sou Esaú, teu primogênito. Apoiado por sua mãe, Jacó compareceu diante de seu velho pai com enganos e mentiras. Chegou até a declarar que Jeová o ajudara nos rápidos preparativos. Depois de mentir a seu pai, depositou um beijo falso sobre o rosto do velho homem.
34-40. E, levantando Esaú a voz, chorou (v. 38). A tragédia de Esaú era que ele estava completamente ignorante da santidade da bênção, e só desejava as vantagens que esta lhe proporcionaria. A dor profunda que sentia por Jacó ter-lhe passado a perna da obtenção da primogenitura, Seu amargo desapontamento, seus soluços patéticos e ardente vergonha que logo se transformaram em ódio intenso e desejo de vingança são profundamente comoventes.
41-46. Retira-te para a casa de Labão. Para proteger Jacó da vingança de seu irmão, Rebeca encontrou uma desculpa para mandá-lo embora. Qual desses três – Rebeca, Jacó ou Esaú – era o mais digno de dó? Sua vida familiar foi destruída, e cada um deles teve de agüentar longas horas de separação, desilusão e arrependimento. Rebeca jamais veria seu filho favorito novamente, e Jacó teria de enfrentar a vida sem pai, sem mãe, sem irmão. E o que dizer dos planos divinos para o reino? Como seriam executados em face de tamanho egoísmo, tanta intriga e mentira? O Senhor dos Exércitos não pode ser impedido pela oposição, fracasso ou falta de fé do homem. Ele é capaz de fazer a Sua vontade prevalecer apesar de tudo. Enquanto Isaque se aproximava mais da hora da sua morte, Rebeca lamentava a situação desesperadora que ela provocara e Esaú pensava em vingança, Jacó fez a sua solitária viagem de Berseba para Padã-Arã.
Jacó, Labão, Lia e Raquel. 28:1 - 30:43.
Gênesis 28
28:1-5. Isaque . . . dando-lhe a sua bênção, lhe ordenou... vai a Padã-Arã (vs. 1, 2). Isaque não permitiu que Jacó partisse sem uma bênção. Ele falou em tom de pronunciamento profético, e numa linda linguagem que revela sua percepção espiritual. Jacó devia procurar esposa entre seus parentes em Harã, mas devia se preocupar mais com a sul participação na rica promessa herdada por Abraão. Isaque invocou 'El Shadday, Deus Todo-poderoso (v. 3), para que este fornecesse riqueza, prosperidade e perspicácia para tomar Jacó capaz de assumir a liderança espiritual. Profetizou que, se o seu filho entregasse seus caminhos ao Senhor, as bênçãos de Deus prometidas a Abraão, seriam dele. Através de Isaque, Deus deu a Jacó uma ordem, um desafio, uma certeza e orientação para a viagem.
6-9. Esaú observou e ouviu; depois foi à casa de Ismael à procura de uma esposa dentro da linhagem familiar, a fim de agradar a seus pais. Evidentemente queda fazer um esforço na direção certa. Mas, sendo basicamente mundano, sua carreira na terra de Edom deixou de ser do tipo que agradasse ao Senhor Jeová.
10-17. Jacó fez a viagem de Berseba até Luz, cerca de doze milhas ao norte de Jerusalém, onde passou a noite. Betel ficava ali perto. De noite recebeu uma honrosa e especial comunicação de Deus, uma visão ou sonho com anjos subindo e descendo uma escada que ia da terra ao céu. Ele tomou conhecimento de que, na realidade, há uma comunicação entre o céu e a terra. Reconheceu que, naquele lugar, Deus estava ao seu lado, prometendo-lhe orientação pela vida afora e um trituro grandioso. Jeová disse, Eis que estou contigo, e te guardarei . . . e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei (v.15). Que mensagem desafiante! Não foi por menos que Jacó exclamou: O Senhor está neste lugar... Quão temível (pavoroso) é este lugar! (vs. 16,17). Ele ficou profundamente emocionado. Talvez pela primeira vez em sua vida tomou consciência da presença de Deus ao seu lado. A voz, as palavras de esperança, a presença real de 'El Shadday levaram-no a adorar com admiração e submissão.
18-22. Ele chamou o lugar de Betel, Casa de Deus, pois Deus estava ali. Para tornar a experiência inesquecível, levantou ali uma coluna de pedras para indicar que aquele era um local santo, um santuário onde seria sempre possível desfrutar da íntima comunhão com Deus (v. 18). Espiritualmente, ainda tinha um longo caminho a percorrer, mas já fizera progressos neste seu encontro com Deus. Também ofereceu sua vida ao Senhor e o dízimo de tudo o que viesse a possuir. Mas impôs uma condição. Se Deus continuasse ao seu lado, e o guardasse em sua viagem, e o trouxesse de volta novamente, ele cumpriria a sua parte no voto. Era um grande passo que estava dando. A pedra (massebâ) que erigiu seda um lembrete permanente do voto que fizera (v. 22).
29:1-12. Pôs-se Jacó a caminho (v. 1). A expressão idiomática hebraica, levantou os seus pés, fala da reação do jovem diante do estÍmulo divino. Estava a caminho de Padã-Arã, à procura da família de sua mãe perto de Harã. Era difícil fazer tão longa viagem, mas parece que Jacó não tinha outra alternativa. Finalmente se encontrou ao lado de um poço, no meio de rebanhos de ovelhas, com seus pastores aguardando que a grande pedra fosse removida da boca do poço para que suas ovelhas pudessem se dessedentar. Possivelmente foi o mesmo poço onde Eliézer encontrou Rebeca para o jovem Isaque. Embora muitos anos tivessem passado, Labão ainda estava vivo, conforme Jacó ficou sabendo dos pastores, e sua filha Raquel era a guardadora do seu rebanho (v. 6). Quando Raquel se aproximou com o rebanho de Labão, Jacó se aproximou para remover a grande pedra a fim de que as ovelhas pudessem matar a sua sede. Depois beijou sua prima e apresentou-se. Profundamente comovido com tudo o que lhe tinha acontecido e com este seu primeiro encontro com seus parentes, Jacó, erguendo a voz, chorou, enquanto Raquel corria para contar a Labão que seu sobrinho tinha chegado.
13,14. Labão, irmão de Rebeca, neto de Naor, ficou felicíssimo em poder dar as boas-vindas a alguém que era de sua própria família. Já se passara tanto tempo desde que sua irmã partira como noiva de Isaque. Alegremente recebeu o filho de Rebeca no seio de sua família. Talvez ele se lembrasse da generosa demonstração de riqueza feita por Elíézer. Talvez ficasse impressionado pela robustez do jovem, que poderia dar um bom pastor. Quase com certeza ele considerou a possibilidade de um marido para suas filhas. Lia e Raquel, ambas eram moças casadouras. Labão nunca perdia a oportunidade de fazer um bom negócio. O jovem sobrinho vindo das montanhas logo aprenderia a lidar com ele cautelosamente. Na verdade, Jacó aprenderia a superar o principal trapaceiro de todos os "filhos do Oriente".
15-20. Raquel era excepcionalmente linda e atraente e Jacó já estava impressionado com ela. As Escrituras dizem, Jacó amava Raquel (v. 18). Lia, a irmã mais velha, estava longe de ser bonita. Seus olhos não tinham o brilho, a vivacidade e atração que os homens admiram. Mas Lia ficou tão firmemente evidenciada na história sagrada que gerações sucessivas teriam de levá-la em conta. Seria um dos seus filhos que seria escolhido para tomar lugar na linhagem messiânica. Estes quatro – Labão, Jacó, Lia e Raquel – foram figuras significativas no procedimento divino com Seu povo escolhido.
21-30. Depois de trabalhar arduamente sete anos pela filha mais moça, Jacó foi enganado e induzido a se casar com Lia. Depois das festividades do casamento de Lia, Jacó casou-se com Raquel, sua irmã mais moça, mas teve de trabalhar mais sete anos em pagamento. Assim ele teve duas esposas de igual posição. Seu ardente amor por Raquel tornou o relacionamento com Lia mais ou menos estranho e frustrante. Lia devia sofrer muito sabendo que seu marido não a amava. Contudo tinha esperanças de que um dia o coração de Jacó se voltaria para ela.
31-35. No começo nem Raquel nem Lia deram filhos a Jacó. Naquele tempo, ser estéril era uma situação patética. Contudo, no devido tempo, Jeová veio em socorro de Lia e curou a sua esterilidade, e ela veio a ser mãe. Um após o outro seus filhos vieram, até que já tinha seis filhos. Uma filha, Diná, foi-lhe acrescentada. Com regularidade de partir o coração, Lia apresentava um filho com as palavras: Agora me amará meu marido. Mas nenhuma palavra de reconhecimento ou apreciação partia de Jacó. A palavra traduzida para preterida (seini) indica "menos afeição", ou "menos devoção". Não indica ódio positivo.
30:1-13. Raquel também sofria, pois sua esterilidade não se alterava e ela não estava dando filhos a Jacó. O hebraico qeini', ciúmes, envolve nele o sentimento de alguém que já agüentou o máximo. Inveja, descontentamento, petulância marcavam sua voz, sua linguagem e sua expressão facial. Lia, Raquel e Jacó eram todos infelizes. Seus problemas domésticos e sofrimento tornavam suas palavras e atitudes indignas, desnecessárias e indecorosas. Tentativas humanas de se remediar a situação provaram-se insatisfatórias. O oferecimento de Bila e Zilpa como esposas secundárias para ajudarem a "edificar" a família, só tornou a situação ainda mais dolorosa. Filhos nasciam, mas os corações continuavam em desarmonia e infelizes. Além dos seis filhos e uma filha (ao menos) de Lia, dois filhos nasceram de Bila e dois de Zilpa.
14-24. Raquel tentou usar mandrágoras (dudei'im) para induzir a fertilidade. Essas mandrágoras eram popularmente chamadas de "maçãs do amor". Ryle diz: "A mandrágora é uma planta tuberosa, como fruto amarelo semelhante à ameixa. Supunha-se que agia como um talismã do amor. Amadurece em maio, o que está de acordo com a menção (v. 14) dos dias da ceifa do trigo" (Cambridge Bible, in loco). Raquel continuou estéril apesar do supersticioso talismã . A situação estava nas mãos do Senhor e Ele não permitiria que tentativas humanas a mudassem. Finalmente, lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e a fez fecunda. Ela concebeu, deu à luz um filho. . . e lhe chamou José (vs. 22-24). Na hora determinada por Ele, Jeová deu a resposta. Retirou o vexame de Raquel e a encheu de alegria e louvor.
25-30. Disse Jacó a Labão: Permite-me que eu volte . . . à minha terra. Quanto José nasceu, Jacó já terminara de pagar todo o seu débito a Labão, e queria retornar a Canaã. Se tivesse partido nessa ocasião só teria levado consigo sua família; nada possuía. Pediu ao tio que o deixasse voltar para casa. Labão declarou que recebera revelação especial (tenho experimentado) por meio de mágica ou adivinhação dos seus deuses domésticos, que devia manter Jacó por perto a fim de garantir o seu sucesso e prosperidade.
31-36. Ofereceu a Jacó que estipulasse seu salário. Imagine a sua surpresa quando o seu sobrinho lhe fez uma contra-oferta que lhe pareceu esmagadoramente a seu favor. Na Síria as ovelhas são brancas e as cabras são negras, com muito poucas exceções. Jacó ofereceu-lhe para começar o seu acordo imediatamente, aceitando como suas as ovelhas que não fossem brancas e as cabras que não fossem negras, deixando o restante para Labão. Assim, ambos os patrimônios poderiam prosperar. Labão aceitou a oferta imediatamente. Naquele mesmo dia levou para uma distância segura todas as ovelhas e cabras "fora de série" para que Jacó não tivesse com o que começar. Os animais que ele separou entregou a seus filhos. Foi um ardil baixo e covarde Labão acreditava que tornara impossível a vitória de Jacó, porque removera todo o capital de Jacó antes de começar a competição.
37-42. Mas Jacó não se entregava tão facilmente assim. Ele usou de três expedientes para derrotar seu tio. Colocou varas listadas diante das ovelhas nos locais onde bebiam água, para que o colorido das crias ficasse sujeito à influência pré-natal. É fato estabelecido, declara Delitzsch, que se pode garantir crias brancas nas ovelhas colocando muitos objetos brancos junto dos bebedouros (New Commentary on Genesis, in loco). Jacó também separou do rebanho os cordeiros e cabritos listados e salpicados. mas os manteve à vista das ovelhas, para que estas fossem influenciadas. Seu terceiro expediente foi deixar que essas influências predeterminantes agissem sobre as ovelhas mais fortes, para que os seus cordeiros e cabritos fossem mais fortes e mais viris que os outros. Jacó foi bastante astuto para recorrer à influência pré-natal e reprodução seletiva.
43. Como resultado desse esquema, dentro de poucos anos Jacó ficou imensamente rico em ovelhas e cabras. Embora tivesse usado a sua cabeça, ele foi o primeiro a declarar que o Senhor interveio na sua vitória. Jeová tornava possível que o patriarca retornasse a terra prometida com recursos, vindo a ser o príncipe de Deus, que executara à vontade divina.
Jacó Retorna a Canaã. 31:1-55.
1-3. O rosto de Labão não lhe era favorável, como anteriormente. Finalmente, o relacionamento entre o tio e sobrinho chegou ao fim. Jacó percebeu que Labão e seus filhos eram-lhe hostis por causa do seu sucesso. Além disso, já possuía riqueza e propriedades suficientes para satisfazê-lo. Assim, quando recebeu ordem do Deus de Betel para se por a caminho, sabia que já era hora de voltar para casa. Vinte anos tinham se passado, durante os quais sua mãe já morrera. Talvez Labão ficasse ainda mais desagradável. Era hora de partir.
4-13. Jacó explicou sua decisão às suas esposas, dizendo-lhes como o Anjo de Deus lhe falara em sonho e o encorajara em seu propósito. O "anjo" se identificou com Aquele que apareceu a Jacó em Betel. Era realmente o próprio Jeová.
14-16. Lia e Raquel apoiaram fortemente a decisão de Jacó. Elas conheciam seu pai e tinham perdido o amor e o respeito por ele. Lembraram-se que recebera quatorze anos de trabalho de Jacó sem lhes dar a parte que uma noiva tinha direito de receber. Não nos considera ele como estrangeiras? disseram. Pois nos vendeu, e consumiu tudo o que nos era devido (v. 15 ).
17-21. Jacó aprontou seus rebanhos, gado, filhos e propriedades para a longa viagem, e aguardou que Labão saísse para o festival da tosquia. Enquanto isso Raquel providenciou que Jacó pudesse reclamar uma boa parte dos direitos hereditários levando consigo os ídolos do lar ou tereipim (cons. latim penates), altamente estimados por Labão. As placas de Nuzu datadas do século quinze A.C. indicam que a posse dos tereipim tornava o proprietário o herdeiro principal. Evidentemente Raquel não aprendera a confiar em Jeová para suprimento de suas necessidades. Jacó fracassou em ensinar a sua família a confiar e adorar a Deus de todo o coração. Dali a pouco Jacó e o seu grupo partiram de Harã, atravessaram o Eufrates e viajaram o mais rapidamente possível na direção de Canaã. Seu destino imediato eram as montanhas de Gileade no lado oriental do Rio Jordão.
22-24. Labão... saiu-lhe no encalço. Depois de três dias Labão ficou sabendo da fuga. Labão logo conseguiu organizar seus homens para a perseguição, já estava a caminho para os alcançar. Embora fosse uma viagem de 480 kms, ele conseguiu alcançar o grupo fugitivo nas montanhas de Gileade. No caminho Labão recebeu uma estranha mensagem de Deus, uma ordem de abster-se de fazer qualquer pressão contra Jacó. Não devia falar bem nem mal, isto é, não devia dizer nada.
(Os opostos são freqüentemente usados nas Escrituras para indicar totalidade.)
23-25. Labão não poderia ser detido por visitações divinas. Deu início ao seu protesto, expressando grande desespero ao ver suas filhas e netos arrastados para fora de sua casa sem as devidas despedidas. De repente fez a pergunta: Por que me furtaste os meus deuses? Referia-se aos seus tereipim (v. 30; cons, 19). Evidentemente Labão estava mais preocupado com as imagens do que com a família de Jacó. Uma busca mostrou-se infrutífera e os pequenos "deuses" não foram achados, porque Raquel os escondera na cesta de vime que fazia parte da sela sobre a qual estava assentada. Esta sela de um camelo (v. 34) proporcionava às senhora do Oriente um pouco de conforto e intimidade durante as viagens.
36-55. Sem dúvida Jacó sentiu grande alívio em poder replicar a Labão. A atmosfera clareou-se e Labão abandonou a sua mordacidade. Os dois homens fizeram um acordo, ratificando-o e comemorando o acontecimento com o levantamento de uma coluna de pedras no alto da colina. A coluna constituiu o que foi chamado de Mispa ou "posto de observação", de onde um observador podia ver toda a terra em ambas as direções. Indicava suspeitas e falta de confiança. Ao levantar essa coluna os homens queriam dizer que estavam convidando Jeová para se assentar ali e observar as duas pessoas nas quais não se podia confiar. Deus tinha de ser uma sentinela para vigiar Labão e Jacó, na esperança de que a luta fosse evitada. Jacó foi obrigado a prometer que trataria as filhas de Labão com bondade e consideração. Nenhuma das duas partes deveria atravessar a fronteira estabelecida para praticar violência contra a outra. Jamais uma deveria prejudicar a outra.
O Encontro de Jacó com Esaú. 32:1 - 33:17.
Gênesis 32 
32:1-5. Jacó seguiu o seu caminho, e anjos de Deus lhe saíram a encontrá-lo. Tanto no caminho da saída como no caminho da entrada em Canaã, esses mensageiros celestes vieram ter com Jacó para fazê-lo cônscio da presença celestial e para lhe assegurar da proteção divina. A palavra Maanaim, dois acampamentos, descreve um acampamento interno formado pelo grupo de Jacó e outro externo formado pelos mensageiros de Deus, o externo formando um maravilhoso círculo de proteção à volta dos viajantes. Um lindo quadro de segurança e proteção e serenidade de alma! (cons. II Reis 6:15-17).
6-8. Esaú vinha de Edom, os mensageiros de Jacó o informaram, para se encontrar com o grande grupo de viajantes que vinha de Padã-Arã. Edom era a terra que ficava ao sul do Mar Morto, que geralmente é chamada de Seir, no Monte Seir (v. 3) na Bíblia. No Novo Testamento o povo de Edom é chamado de os idumeus. Jacó estava com o coração cheio de medo, lembrando-se das ameaças de Esaú anos antes e imaginando que o seu irmão estivesse fazendo planos para se vingar dele. Quatrocentos homens sob o comando do selvagem homem de Edom poderiam ser perigosos. Jacó adotou três medidas definidas para garantir a segurança. Primeiro, orou ao Senhor humildemente. Segundo, enviou pródigos presentes a Esaú para despertar sua boa vontade. Terceiro, arrumou sua família, suas propriedades e seus guerreiros da maneira mais vantajosa e preparou-se para lutar caso fosse necessário.
9-12. Na sua oração Jacó fez o Senhor se lembrar de que Ele o convocara a fazer esta viagem para Canaã e lhe prometera proteção e vitória. A oração foi sincera e humilde. uma sincera súplica pedindo segurança, livramento e proteção na emergência que se lhe defrontava. Embora nenhuma palavra de confissão saísse dos lábios do suplicante com referência as injustiças que cometera a Esaú e Isaque, Jacó admitiu humildemente que era completamente indigno do favor de Deus literalmente, sou indigno (v.10). Demonstrou o seu temor de Deus e a sua fé nEle. Estava literalmente lançando-se nos braços do Senhor para obter a vitória e o livramento.
13-21a. O presente, ou minha foi algo muito bem escolhido, consistindo de cerca de 580 animais dentre os seus melhores rebanhos. O minha era um presente que geralmente se oferecia a um superior com a intenção de se obter um favor ou para despertar sua boa vontade. Jacó disse: Eu o aplacarei (v. 20). A palavra é muito significativa no que se refere à expiação. Seu sentido literal é, eu cobrirei. Por meio do presente, Jacó esperava "cobrir" o rosto de Esaú, de modo que ele fizesse vista grossa para a injúria, abandonando sua ira. Suas próximas palavras – porventura me aceitará – são, literalmente, para que ele levante o meu rosto. É uma linguagem simbólica, indicando plena aceitação depois do perdão. Jacó foi excepcionalmente humilde, cortês e conciliatório em suas mensagens para Esaú. Ele chamou Esaú de "meu Senhor" e intitulou-se "seu servo". Ele não deixaria nenhuma pedra que não fosse revolvida em busca da reconciliação.
21b-23. Na noite antes da chegada de Esaú, Jacó enfrentou o teste decisivo de toda a sua vida. Depois de fazer suas esposas e filhos atravessassem o Jaboque em segurança, ele voltou para a margem setentrional do rio para ficar sozinho na escuridão. O Jaboque era um tributário do Jordão, ao qual se juntava a cerca de meio caminho do Mar da Galiléia e Mar Morto. Hoje se conhece o Jaboque pelo nome de Zerka.
24-32. Lutava com ele um homem, ate ao romper do dia. Na solidão da escura noite. Jacó encontrou-se com um homem que lutou com ele. O hebraico 'abaq, "dar voltas" ou "lutar", tem alguma ligação com a palavra Jaboque. Depois de uma longa luta, o visitante desconhecido exigiu que Jacó o soltasse. Jacó recusou-se a fazê-lo até que o estranho o abençoasse. O "homem" pediu a Jacó que declarasse o seu nome, o qual significa suplantador. Então o estranho disse que daquele momento em diante ele teria um novo nome com um novo significado.
A palavra Israel pode ser traduzida para aquele que luta com Deus, ou Deus luta, ou aquele que persevera, ou, pode ser associado com a palavra 'sar, "príncipe". O "homem" declarou: Lutaste com Deus .. . e prevaleceste. Era uma certeza da vitória no seu relacionamento com Esaú, como também certeza de triunfo ao longo do caminho. Na titânica luta, Jacó percebeu a sua própria fraqueza e a superioridade dAquele que o tocou. No momento em que se submeteu, tornou-se um novo homem, que pôde receber as bênçãos divinas e tomar o seu lugar no plano divino. O novo nome, Israel, dá idéia de realeza, poder e soberania entre os homens. Estava destinado a ser um homem governado por Deus, em vez de um suplantador inescrupuloso. Por meio da derrota alcançara o poder. Todo o resto de sua vida ficaria aleijado; mas sua manqueira seria um lembrete de sua nova realeza.
Peniel (ou Penuel) significa face de Deus. O i e o u são simplesmente vogais de ligação entre os substantivos pen e el. É provável que se localize a cerca de 11,2 ou 12,8 kms do Jordão no Vale de Jaboque. Jacó vira a lace de Deus e continuara vivo. Jamais esqueceria essa incrível experiência.
33:1-3. Levantando Jacó os olhos viu que Esaú se aproximava. Finalmente, chegou o momento do encontro. Esaú, com seus quatrocentos homens, já podia ser visto. Com temor e tremor, Jacó encontrou-se com o irmão que se lhe tornara um estranho e prostrou-se diante dele sete vezes. Assim, indicava sua completa subserviência.
4-11. Esaú, de sua parte, revelou um espírito generoso e magnânimo, quase bom demais para ser verdadeiro. Alimentara hostilidade contra Jacó e trouxera quatrocentos homens fortes com ele, como se planejasse executar suas ameaças. Mas ele não fez. Seu coração fora mudado. Deus transformara seu ódio em magnanimidade. Encontrou-se com Jacó cheio de compreensão e perdão. Nos vinte anos que haviam se passado, a mão de Deus que tudo controla operara mudanças nos dois homens. Agora, aquele que tão recentemente fora humilhado diante de Deus encontrou o seu caminho aplainado.
12-17. Os presentes de Jacó e as boas-vindas sinceras e afetuosas de Esaú foram a prova de que os dias futuros trariam novas vitórias para o reino de Deus. Aqueles homens não lutariam, nem se matariam. Embora Jacó não aceitasse a generosa oferta de proteção de Esaú, nem o seu insistente convite a que fosse para o Monte Seir, apreciou grandemente o espírito magnânimo do seu irmão. Esaú provara que era capaz de perdoar e esquecer. Os irmãos separaram-se em paz. Em Sucote (cabana), Jacó, com o seu grupo, encontrou um lar (v. 17). Chegou até a construir ali uma casa. Sucote era uma magnífica região montanhosa no lado oriental do Jordão ao norte de Jaboque.
Jacó e Sua Família em Siquém. 33:18 - 34:31.
Não temos provas conclusivas quanto ao tempo que Jacó ficou em Sucote. Pode ter sido muito tempo. Depois de fazer as pazes com Esaú, não precisava mais se apressar. Antes de atravessar o Jordão, provavelmente passou vários anos na região bem aguada ao leste do rio.
33:18-20. Atravessando o no, encontrou-se nas redondezas de Siquém, onde Abraão acampara em sua primeira viagem à terra de Canaã. Siquém ficava aproximadamente 61,6 kms ao norte de Jerusalém, no vale entre o Monte Ebal e o Monte Gerizim. O poço de Jacó ficava ali e Sicar não ficava muito longe. Jacó comprou algumas terras nas vizinhanças de Siquém, e assim estabeleceu-se como proprietário em Canaã. Recebera ordens de retomar à terra de seus pais e ao seu povo, provavelmente significando que devia dirigir-se ao Hebrom. Certamente deveria ter ao menos ido até Betel. Ele aprenderia que o povo de Siquém não seria uma boa influência para a sua família.
34:1-5. Diná, uma filha de Jacó e Lia, fizeram uma visita desastrosa à vizinha cidade de Siquém. A imatura jovenzinha não tinha formação espiritual para apoiá-la na hora da necessidade. Siquém, o jovem filho de Hamor, apaixonou-se desesperadamente por ela e logo a família de Jacó conheceria as trágicas conseqüências do incidente. O hebraico leiqah, tomando-a (v. 2), indica que foi usada força irresistível. A palavra eina, humilhou (desonrou), indica tratamento desonroso. A pobre moça estava arruinada. Imediatamente Siquém falou-lhe ao coração (v. 3), tentando consolar aquela a quem fizera mal. Amava-a e queria se casar com ela.
6-12. A palavra nebeila, desatino, indica um feito vergonhoso, vil, sem sentido, que revela completa insensibilidade de comportamento moral. Para Jacó e seus filhos, o ato de Siquém era um ato de grave imoralidade, um ultraje contra a decência e honra da família. Hamor e Siquém tentaram arranjar um casamento, uma vez que Siquém amava a moça. Jacó estava pronto a fazer um acordo com eles. O mohar – presente para a noiva – seria bom. Os dois grupos se uniram de modo que os casamentos entre eles seriam legais.
13-24. Entretanto, os filhos de Jacó eram esquentados, obstinados e inescrupulosos. Com o subterfúgio de exigirem observâncias religiosas, obrigaram os homens de Siquém a se circuncidarem. Todos os homens da tribo submeteram-se ao ritual.
25-29. Então Simeão e Levi atacaram a cidade. Os filhos de Jacó mataram todos os homens enquanto estavam incapacitados de lutar e levaram consigo suas famílias e propriedades. Na história da família do patriarca, este é um sórdido capítulo de paixão, crueldade e desgraça.
30,31. O povo escolhido por Deus comportara-se, em sua terra santa, como um grupo de cruéis pagãos. O pobre e velho Jacó desesperou-se. Fez seus filhos se lembrarem de que agora seria difícil manter relações de boa-vizinhança com os povos à volta. Sua atitude foi indigna de um homem de fé que fora escolhido como representante de Deus diante dos povos da terra. Medo egoísta parecia ser a coisa mais importante em sua cabeça Não repreendeu seus filhos pela crueldade indizível, como também não expressou tristeza por terem desonrado o nome de Deus.
Jacó passara vinte anos nas terras de Labão e agora provavelmente mais dez em Sucote e Siquém sem nada fazer que fosse digno de nota para preparar sua família espiritualmente. a fim de enfrentar as tensões da vida. Estivera ocupado demais construindo um império e buscando vantagens materiais, para que lhe sobrasse tempo, a fim de estabelecer os fundamentos éticos e espirituais nas vidas de seus filhos. Ainda não alcançara Betel. Seria tarde demais para Diná, Simeão; Levi e todos os outros? A história pode fazer chorar até um homem forte.
A Volta a Betel. 35:1-29.
1. Jeová enunciou uma ordem severa para Jacó prosseguir no seu alvo: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali; faze ali um altar. Betel ficava 310 ms acima de Siquém e estava situada junto à estrada que levava a Jerusalém, Belém e Hebrom. Jacó já se demorara demais em alcançar este santo lugar. Devia agora edificar ali um altar, como Abraão o fizera na sua memorável viagem à Palestina. Jacó edificara um massiba, isto é, uma coluna de pedras, depois de sua inesquecível experiência com Jeová, ao fugir para Harã. Esta volta ao lugar santo envolveria uma entrega total de sua vida ao Senhor. Ele negligenciara o altar de Deus. A ênfase espiritual estivera ausente do seu pensamento e vida.
2-7. Imediata e obedientemente, Jacó aprontou-se para a viagem a Betel. Primeiro, convocou sua família semi-pagã e ordenou que todos se purificassem (v. 2), abandonando todos os tereipim e representações visíveis de deuses estranhos. Então a família de Jacó prosseguiu em sua santa peregrinação a Betel. O povo dos lugares pelos quais eles passaram estavam tão pasmados com o terror de Deus que não molestaram os peregrinos (v. 5). Quando Jacó chegou a Luz, sabia que estava para pisar em terreno santo. Levantou um altar a Jeová e chamou aquele lugar de El-Betel, o Deus da casa de Deus.
9-15. Novamente Deus apareceu a Jacó e assegurou-lhe que seu novo nome, Israel, seria um lembrete constante de seu novo caráter, seu novo relacionamento com Jeová, e sua caminhada real no divino caminho da vida. Ele era o herdeiro das promessas feitas a Abraão. A aliança continuava em pleno vigor, e continuariam a agir sobre ele e seus descendentes. Ao falar com Jacó, Deus usou o Seu nome, Deus Todo-poderoso, 'El Shadday, "o Todo-suficiente" (v. 11). Jacó podia contar com 'El Shadday para suprir qualquer necessidade e para lhe dar graça para enfrentar qualquer emergência.
16-20. Agora Raquel, que fornecera a Jacó a inspiração e o amor necessários, chegava ao fim de sua vida. Morreu dando à luz o seu segundo filho, o qual chamou de Benoni, filho da minha tristeza. Mas Jacó escolheu o nome Benjamim, filho da minha destra. Raquel deve ter sido sepultada em algum lugar ao sul de Betel, na estrada que vai para o Hebrom (cons. 35:16, 19). Betel ficava 16kms ao norte de Jerusalém, e Belém ficava cerca de 9,6 kms ao sul de Jerusalém. Conclui-se que Raquel foi sepultada nas imediações de Belém. O lugar tradicional costuma ainda ser apontado para os visitantes da cidade.
27-29. Isaque viveu até a volta de Jacó, de Harã. De Berseba mudou-se para Mamre, pertinho da cidade de Hebrom. Ali Abraão comprou a Caverna de Macpela para o sepultamento de Sara. Agora com 189 anos de idade, expirou Isaque e morreu. A palavra hebraica geiwei significa "decair" ou "enfraquecer-se". Na hora do sepultamento, Esaú e Jacó estiveram juntos ao lado da sepultura, em homenagem ao seu pai. Os irmãos estavam unidos por uma dor comum, como Ismael e Isaque estiveram junto à sepultura de Abraão. 
 
 
JACÓ - COMENTÁRIO MESQUITA ( AT )Por algum tempo, Isaque parece ter gozado calma e paz, até que Esaú casou com duas mulheres hetéias. Se houve intervalo entre os dois casamentos não se pode dizer, mas pelo menos apresentou as duas mulheres a Isaque ao mesmo tempo. Este ato seria um ultraje à crença e programa de seu pai, mas Esaú era homem a quem pouco importavam interesses religiosos ou domésticos, contanto que conseguisse aumentar seu prestígio e grandeza. Tanto Isaque quanto sua mulher se afligiram com este casamento e viram que o filho estava inteiramente divorciado do plano divino de ser o continuador das promessas paternas.
Se outra coisa não tivesse havido, este ato, por parte de Esaú, era suficiente para lhe fazer perder o direito de primogenitura, visto que se afastava dos costumes familiares e introduzia na família raças inimigas e da linhagem dos pecadores da terra que, por causa dos seus pecados, seriam mais tarde condenados à destruição, e, com alianças desta natureza, seria impossível executar o programa divino. Nada há que mais ponha em perigo nossa vida e futuro espiritual do que as alianças com o mundo.
Jacó Tira Fraudulentamente a Bênção de Esaú - 27:1-29
O último verso do capítulo precedente dá-nos o casamento de Esaú com as mulheres hetéias. Conforme alguns comentadores, Esaú tinha vendido sua primogenitura a Jacó um ano antes do casamento, ou seja, quando tinha 39 anos. Neste caso, Jacó fugiu para Padã-Arã quando tinha 40 anos de idade, voltando dali aos 60. Com 139 anos (cap. 47:3) desceu ao Egito, e fica assim um período de 70 anos de sua vida sem qualquer notícia de suas atividades. Adam Clark coloca o casamento de Esaú no ano 1804 a.C., e a ocasião do roubo da primogenitura no ano 1779 a.C., ou seja, 25 anos depois do casamento de Esaú, quando os dois irmãos tinham 65 anos. Conforme a cronologia comum, Esaú teria 77 anos agora, tendo vendido a primogenitura 44 anos antes, quando tinha 33 anos.
Isaque havia chegado ao ponto culminante de suas atividades; cego, paralítico e julgando morrer de um momento para outro, achou conveniente dispor os negócios, ou, diríamos hoje, fazer seu testamento. Conforme o costume patriarcal, toda a casa pertencia a Esaú, filho mais velho; a Jacó tocava qualquer parte que o pai quisesse dar como presente. Portanto, chamou Esaú e ordenou-lhe que fosse ao campo apanhar uma caça e lhe preparasse um guisado do jeito que ele gostava. Parece que o fim era, como diz o verso 4, alegrar o coração do velho pai, para que, na transmissão do direito paterno e bênção patriarcal, a própria alma de Isaque como que se derramasse sobre a vida do filho primogênito. Pelo menos não vemos que este ato fosse praticado por Abraão e repetido por Jacó mais tarde.
Os movimentos, palavras e atos de Isaque eram cuidadosamente vigiados por sua mulher, que queria inverter os papéis, e fazer recair a bênção de Esaú em favor do seu filho predileto, Jacó. Assim que ouviu a conversação e apenas Esaú saiu para o campo, chamou Jacó e relatou que havia chegado o dia de decidir sua sorte. Não havia tempo a perder. Esaú em breve estaria de volta. Portanto, convinha matar um dos animais domésticos e sem perda de tempo preparar o guisado e apresentar-se a Isaque para receber a bênção. Às palavras de Rebeca, Jacó responde com uma solução pronta, como se todos estes planos estivessem amadurecidos em sua mente. Rebeca era mulher de ação e de espírito imaginativo. Seja qual for o juízo que se faça sobre seu caráter, não resta dúvida alguma em relação ao seu talento, e sua falta pode ser levada à conta da simpatia e afeto que Jacó devotava a seus pais, bem como sua fidelidade às tradições da família e repulsa à vida mundana de Esaú. Pelo que aprendemos na Bíblia, Deus mesmo não se agradou da vida de Esaú, pelo que o aborreceu e amou Jacó.
Jacó sujeitou-se a tudo que sua mãe quis fazer: vestiu as roupas de Esaú, cobriu o pescoço e as mãos com peles de cabras e, com o guisado na mão, apresentou-se a Isaque. Este desconfiou que tão depressa o filho tivesse matado a caça e preparado o guisado, mas uma mentirazinha desfez a dúvida do velho, dizendo Jacó que Deus tinha mandado a caça ao seu encontro. Talvez esta provisão fosse também de Rebeca. A segunda dúvida foi sobre a voz. Apalpando, viu que era Esaú, mas a voz era de Jacó. Quem poderia, porém, tirar esta dúvida e confirmar a suspeita? Perguntando Isaque se era mesmo Esaú, respondeu-lhe logo Jacó: Eu sou. A comprovação foi o cheiro do rapaz; cheirando os vestidos de Esaú, reconheceu que de fato eram do filho amado e, sem hesitação, concedeu-lhe a bênção.
Esta bênção contém três elementos importantes:
1. Prosperidade material: abundância de tudo que há na terra.
2. Domínio sobre outros povos: seus próprios parentes ficavam doravante sujeitos a ele, inclusive o primogênito.
3. Segurança contra as maldições de outrem: todas as coisas boas reverteriam a seu favor, e as más seriam devolvidas ao próprio autor.
A Decepção de Esaú - 27:30-40
Mal Jacó acaba de sair da presença do pai, entra Esaú do campo com a caça. Apressadamente a prepara e corre à presença do pai, para receber a bênção. Perguntando quem é, recebe em resposta ser o filho Esaú. O logro do pobre velho estava descoberto, mas tarde demais para ser remediado. A bênção patriarcal tinha sido dada a Jacó e não podia ser retirada.
Podemos imaginar o desespero de Esaú. Era o culpado, pois por sua frivolidade e glutonice vendera a primogenitura uns 40 ou 50 anos antes. É perigoso brincar com as coisas santas, e foi o que Esaú fez. Em realidade, tinha de ser assim, porquanto fora profetizado que o maior serviria ao menor, mas a falta de Esaú em vender a primogenitura e a de Jacó em apossar-se dela de um modo tão desairoso é indesculpável para qualquer deles. No auge do desespero, Esaú pergunta: "Não reservaste uma bênção para mim também? Tens tu só uma bênção, meu pai? Abençoa-me também." Acerca deste desespero, o autor da Carta aos Hebreus (cap. 12:15-17) tem uma boa explanação, que deve ser lida.
Incompativelmente, Isaque responde a Esaú: "Eis que eu o tenho posto por senhor sobre ti, e teus irmãos lhe tenho dado por servos."
Ante a insistência de Esaú, Isaque lhe deu uma quase bênção também (vv. 39 e 40). Notemos que esta bênção não se refere aos dois irmãos, e, sim, às suas gerações, embora haja certos elementos pessoais nas ditas bênçãos. A promessa de que Esaú viveria das gorduras da terra e por sua espada cumpriu-se tanto na sua vida como na de sua geração. Sua descendência tem sido sempre belicosa, e a parte que ela tem ocupado nas montanhas de Seir é rica em pastagens para gado e abundante de árvores, conforme diz o Dr. Robinson nas suas investigações bíblicas. Quando os jacobitas voltavam do Egito, tinham de passar pelas vinhas dos esauítas, o que estes se recusaram a permitir; e quando Jacó voltou de Padã-Arã, com fartos presentes para apaziguar o irmão defraudado este lhe respondeu que tinha bastante e não precisava de presentes.
A Ira de Esaú - 27:41-48
"E aborreceu Esaú a Jacó..." Jacó e sua mãe colheram desta fraude o que mereciam. Esaú ameaçou matar o irmão e este teve de fugir para Padã-Arã. Assim, Rebeca se viu privada do filho de sua afeição. Se esperasse em Deus para executar a promessa, outro seria o resultado, mas, como Sara, teve pressa e a conseqüência foi triste. Há sempre perigo em fazermos o que Deus deve fazer. Ela mesma teve de aconselhar o filho a fugir. Padã-Arã era a terra de Rebeca. Lá estavam seu irmão Labão e seus parentes, e Jacó estaria, assim, a salvo da ira de Esaú. Ela morreu sem poder ver a volta do filho amado ou a reconciliação dos dois. Esaú esperava a morte do pai para se vingar. Não havendo tribunais para punir o criminoso, toda a justiça partia do pai; morto este, estava afastada a possibilidade de qualquer castigo, e Esaú podia vingar-se. Isto, porém, chegou aos ouvidos de sua mãe e esta divisou o meio de frustrar a tentativa.
CAP. XXIV - FUGA E CONVERSÃO DE JACÓ
(Caps. 28-33)
Jacó foge para a casa do tio e ali fica por 20 anos.
Dois foram os motivos que fizeram Jacó deixar o lar paterno e ir à terra de sua parentela em Padã-Arã: fugir à ira do seu irmão e casar com uma mulher da mesma linhagem. . Entretanto, o primeiro verso deste capítulo parece ignorar o primeiro motivo. Talvez Isaque mesmo ignorasse o que seu filho mais velho planejava contra o mais moço, e aprovasse a viagem do filho com o simples motivo de este casar entre os seus. Esaú tinha casado havia muitos anos, talvez 35 anos antes, enquanto Jacó permanecia solteiro, o que, sem dúvida, seria apreensivo para o velho patriarca, que, na beira da sepultura, temia morrer, e não gostaria que o herdeiro das promessas cometesse o mesmo erro que o filho mais velho tinha cometido, casando com mulheres de outras raças. Assim, ou ignorando o outro motivo ou dando-lhe valor secundário, seu pensamento centralizou-se no casamento. Isaque não tinha seguido a mesma tática de Abraão, em procurar esposa para o seu filho, ou porque Esaú tivesse prejudicado este costume, casando sem permissão paterna com as cananéias ou por qualquer outra circunstância que ignoramos. Bem diferente foi o casamento de Jacó do de seu pai. Eliézer, carregado de presentes, foi por Abraão mandado ao mesmo lugar onde Jacó se dirigia agora, a fim de trazer de lá uma mulher. Jacó, porém, vai como um foragido, com as mãos vazias, ele mesmo, buscar a companheira.
Padã-Arã era o lugar onde Terá parou com a família depois de virem de Ur dos Caldeus. Abraão continuou a viagem, mas toda a família ali ficou e foi ali que nasceram as mulheres de Isaque e de Jacó. A começar com Abraão, todos estes personagens casaram com pessoas da família. Abraão casou com a sobrinha, ou meio irmã; Isaque, com uma prima carnal, e Jacó também. Alguns casamentos em família foram por Moisés proibidos, mas os de primos jamais foram.
A conduta de Isaque, recomendando ao filho para casar com uma parenta, despertou Esaú a fazer o mesmo e foi à família de Ismael, seu tio, e de lá tirou outra mulher (vv. 6-9), pensando que assim remediava todo o mal que tinha cometido antes; assim, porém, como era tarde para reaver a bênção vendida, o era para desfazer o mal que os outros casamentos lhe tinham causado. Entretanto, louvemos o seu desejo de corrigir os erros passados.
Isaque residia em Berseba, antiga morada dos patriarcas. Dali, Jacó partiu para Harã. Em certo lugar, cansado da viagem, deitou-se, adormeceu e sonhou. Tinha viajado umas poucas léguas, talvez 20 ou 25. No sonho teve a visão bem familiar a todos os leitores de Gênesis: Deus se aproximou diretamente do seu servo, e, desta aproximação, saiu um outro Jacó. Segundo João, esta escada representava Jesus ligando o céu com a terra. Esta foi a primeira lição que Deus ensinou a Jacó, e ele a aprendeu bem. Mundano em suas aspirações, pouco escrupuloso em seus métodos, atirado fora da casa paterna, sem dinheiro e sem proteção, foi um momento azado para Deus começar o trabalho que havia de transformar este Jacó no doce e amoroso patriarca.
Acordado do sonho, seu primeiro pensamento foi que Deus morava ali e que mui terrível era aquele lugar! Os antigos não tinham a concepção espiritual da divindade que nós temos, nem conheciam tanto de sua onipresença como nós, de modo que uma aparição destas era tomada logo como prova de que Deus morava ali; em seguida, erigia-se o altar para o culto dos sacrifícios. Apressado como ia, Jacó não tinha tempo de construir este altar. Portanto, usou a pedra que lhe tinha servido de travesseiro, botou nela um pouco de azeite do que levava consigo para fins medicinais e chamou ao lugar "Betel", que significa "Casa de Deus". O nome do lugar antes era Luz. Nesta visão, Jeová repete a promessa tantas vezes feita de que sua linhagem seria numerosa. Jacó, por sua vez, faz um voto em base toda comercial, de que, de tudo que Deus lhe desse, lhe daria o dízimo. Nisto podemos ver a nova idéia que Jacó teve de Deus, na sua vida. Esta manifestação foi o despertamento para um novo começo de vida, muito diferente da que tinha vivido antes. A isto se tem chamado a conversão de Jacó, e tem sido bem empregada a frase. As experiências que o esperavam não amorteceriam esta nova concepção de Deus, e, uns trinta anos depois, encontramos Jacó neste mesmo lugar, oferecendo a Jeová o dízimo de todas as coisas que tinha conseguido (cap. 35:7).
Esta é a segunda vez que encontramos a prática do dizimo no Velho Testamento antes da Lei de Moisés. A primeira foi no caso de Abraão e Melquisedeque. O dízimo parece ter sido um costume inerente à religião dos patriarcas, ou melhor, uma prática instintiva da religião. Como não sabemos onde Caím e Abel aprenderam o costume de oferecer sacrifícios a Deus, assim não sabemos onde Abraão e Jacó aprenderam a dar o dízimo. O autor crê que estes costumes são tão naturais à religião do indivíduo como à religião mesma, e a sua não prática representa uma violência estúpida, uma degeneração de nossa natureza religiosa. Jacó não tinha praticado o dizimo antes porque sua religião parece ter sido fraca, mas logo que chegou à noção perfeita de dependência divina em sua vida, o dízimo aparece espontâneo, como uma parte da religião. Os que se opõem ao dízimo têm uma tarefa difícil para estabelecer o costume contrário; têm de derruir uma parte considerável de nossa religião, para desfazer a prática natural desta bênção. O fato é que os que dão o dízimo ordinariamente podem dar muito mais, e os que não o dão, nunca podem dar coisa alguma sem constrangimento. Deus tem abençoado maravilhosamente os que são fiéis a esta prática e assim tem reivindicado o lugar que ocupa na Bíblia. Jacó parece haver-se descuidado de dar o dizimo depois de ter prosperado em Padã-Arã, e foi somente depois do trágico acontecimento com sua filha Diná, 7 anos após a volta de Harã, que ele veio a Betel e ali ofereceu de uma só vez os dízimos de todos os anos. Talvez sua negligência causasse aquela infelicidade doméstica. Lembremo-nos de que Deus manda que paguemos nossos votos e que melhor é não prometer do que prometer e não pagar.
Terminada a ereção da pedra como memorial do aparecimento de Jeová a Jacó e da promessa de pagar os dízimos de tudo, põe-se a caminho para a terra de seus parentes, em busca da companheira.
Sobre este costume de usar pedras como monumentos religiosos, grande crítica se tem feito aos antigos patriarcas, e muitos críticos têm mesmo afirmado que eles adoravam as pedras ou praticavam o que se chama Totemismo, prova da religião grosseira e indigna. Mas este costume em nada revela adoração de pedras, e sim um simples memorial. O que Jacó fez não foi mais nem menos do que o que hoje em dia se faz em memória dos grandes vultos, erigindo-lhes estátuas que lembram seus feitos aos vindouros. Em muitas partes, ainda hoje se pratica o animismo, com toda sua corte de práticas grosseiras, mas nesta e noutras histórias dos patriarcas nada há que garanta terem adorado pedras ou árvores ou qualquer outro objeto inanimado ou animado, senão somente a Jeová; e foi em memória do aparecimento de Jeová que esta pedra foi ungida por Jacó. Se, pois, qualquer idéia de adoração existe neste ato, a adoração é a Deus, e não à pedra.
Jacó Continua Alegremente Sua Viagem até Encontrar os
Pastores em Harã - 29:1-14
Radiante de alegria com o que tinha acontecido, Jacó levantou o seu pé, como diz o texto em hebraico, e foi à terra que não conhecia ainda. O primeiro encontro foi com os pastores, a quem perguntou por Labão, seu tio. Quando ainda estavam falando, chega Raquel. Encontro dos mais tocantes. Mesmo sem a conhecer, beijou-a e chorou. Choro de alegria, certamente, por encontrar, uma pessoa da família logo ao chegar à terra estranha. Beijou-a, num extravasamento de afeto e carinho para com a que tão de perto falava de sua própria mãe, a quem não mais veria. Este momento trouxe à mente de Jacó todas as recordações e experiências da vida passada. Todos os momentos especiais passaram na sua mente como na tela passam as vistas e figuras da película cinematográfica. Como uma pessoa perdida e que repentinamente encontra salvação, assim parece que aconteceu com Jacó. Fugindo à ira de seu irmão, forçado a abandonar o lar paterno e ir a uma terra desconhecida, ao encontrar a prima, sentiu-se de novo no meio da família, e isto por si só explica aquela impetuosidade com que depositou nas faces coloridas da bela Raquel o seu primeiro ósculo.
Passado o momento de comoção, diz quem é, de onde vem, e Raquel, meio assustada e confundida, corre a anunciar a Labão a chegada do sobrinho. O encontro foi dos mais cordiais. Após o abraço de cordialidade, Labão diz que Jacó é seu osso e sua carne, e pede que fique com ele. Esta expressão, tão comum na Bíblia, indica íntima relação de parentesco ou afeto.
Jacó Faz Contrato com Labão para Ganhar Raquel - 15-20
Por um mês Jacó foi hóspede de seu tio. Depois deste tempo, convinha acertar as condições de permanência na casa, e Labão perguntou qual seria seu salário. Jacó voluntariamente se ofereceu para trabalhar 7 anos, para ganhar a sua amada Raquel. Raquel era a mais nova e, segundo o costume, era a mais velha que devia casar primeiro. Admitindo-se que Léia fosse meiga, ainda assim a beleza de Raquel venceu o herói.
Labão, despretensiosamente, diz que lha daria sem preço, e que melhor seria dá-la a ele do que a outro. Ainda assim, serviu-o Jacó por 7 anos, o que lhe pareceu como 7 dias, tal o amor que tinha pela noiva.
Convém notar que nesta transação nada há que indique o costume de vender as filhas. Jacó tinha de dizer quanto queria ganhar, e cego pelo amor ofereceu-se para trabalhar 7 anos, e depois casar. Em receber Raquel deu-se por bem pago. Certamente, havia o costume de dar arras. e, não tendo dinheiro nem bens, deu-se a si mesmo. Quando Abraão quis casar Isaque, mandou grandes presentes, tanto à noiva como à família. Este era o costume. Jacó foi mandado vazio, coisa difícil de explicar. Ou porque os direitos de primogenitura ainda não estivessem decididos, ou por qualquer outra circunstância desconhecida, Jacó, filho de homem rico, tinha de dar um valioso presente e, como nada possuísse à mão, deu-se a si mesmo.
Ainda hoje, entre os árabes, é costume dar as filhas aos parentes mais aproximados, e o primo carnal tem, ordinariamente, a preferência, caso possa dar o devido prêmio ou arras.
Triste Desapontamento de Jacó - 21-30
Findos os 7 anos, Jacó pediu sua esposa. Labão fez uma festa e convidou os vizinhos. No fim da festa, posto o véu sobre a cabeça de Léia, entregou-a a Jacó como sendo Raquel. Só na manhã seguinte Jacó deu pelo logro e foi pedir satisfação a Labão. Este responde que não era costume dar a mais nova enquanto a mais velha estivesse solteira, o que era mais uma desculpa e uma trica financeira do que outra coisa, ainda que de fato este fosse o costume. Talvez Labão soubesse como Jacó tinha roubado de Esaú o direito da primogenitura, e o defraudador viu-se defraudado também. Labão morava num lugar de almocreves e traficantes e devia ser bem perito em tricas comerciais. Tinha gostado do trabalho sincero e honesto de Jacó, e queria-o por mais 7 anos. Conhecedor do seu amor pela sua filha, sabia que de bom grado o serviria outros 7 anos. Se os costumes de então fossem como os de nossos dias, em que o juiz é chamado e as testemunhas têm de assinar o contrato, seria impossível uma decepção desta natureza. A simplicidade da vida daqueles tempos, porém, dispensava certas cerimônias, que tão necessárias são para evitar fraudes sociais e garantir a estabilidade da família.
Para amenizar a decepção de Jacó, Labão pede que ele cumpra a semana de Léia e então lhe dará Raquel, na condição de o servir por mais 7 anos. Jacó teve de aceitar a proposta, e assim tornou-se polígamo à força. Os efeitos foram terríveis na vida do patriarca. A disputa e o ciúme da progênie fizeram amargurados muitos dias de Jacó, como veremos nos capítulos seguintes.
Jacó com Quatro Mulheres em Lugar de uma Só - As Disputas de Família - 30:1-24
Amoroso como era Jacó, devotado a uma só mulher como Raquel, viu-se de um momento para outro nas malhas da poligamia. Raquel era estéril, enquanto sua irmã, Léia, tinha filhos. Os filhos sempre foram e continuam a ser o mais forte laço entre marido e mulher, mas a questão aqui ia mais além. A presença de um filho entre os israelitas era sempre considerada como uma graça e favor de Deus, e a esterilidade, como desagrado e falta de favor divino. Por outro lado, existia o desejo e a ambição, por parte de cada homem e de cada mulher, de ser progenitor de uma numerosa prole.
Uma família numerosa era a melhor parte da riqueza doméstica. Tomemos estes fatos como razão sobeja para que Raquel desejasse ter filhos. Há ainda o fato de que, sendo sua própria irmã sua companheira de lar e não tendo filhos, era muito natural que o ciúme e a inveja começassem a dominar o seu coração. A tal ponto foi a sua tristeza, que exigiu de Jacó filhos ou a morte. Este, irado, respondeu que não estava em lugar de Deus, para dar ou reter prole. Raquel, nesta emergência, lançou mão do recurso de sua velha parenta Sara, entregando sua escrava Bilha a Jacó, para que por meio dela tivesse filhos. Jacó, ou por desejo de ver sua amada satisfeita, ou pelo desejo de numerosa prole, ouviu a mulher e tomou a escrava como concubina e deu-lhe dois filhos. A este tempo, Léia tinha deixado de ter filhos e, enciumada pelo progresso da irmã, ofereceu também a Jacó sua escrava, para dela ter outros filhos. Assim, viu-se o patriarca, marido de quatro mulheres, em lugar de uma. Qualquer que seja a culpa que se possa botar em Jacó, o responsável imediato foi Labão. Tivesse cumprido sua palavra, dando Raquel ao seu amado, teria conservado indiviso o seu afeto. Entretanto, quão profundos e inescrutáveis são os caminhos de Deus! Desprezando e dissimulando estas fraquezas, Deus usou isto para cumprimento de sua promessa. É assim que faz conosco muitas vezes: esquece nossas fraquezas e tira delas, para nós e para sua Causa, grandes proventos.
Nos versos 14-17 temos um incidente interessante e que só as condições sociais da época nos podem ajudar a compreender. Léia tinha cessado de ter filhos, e, ao pedido de Raquel de lhe dar as mandrágoras que Rúben tinha encontrado no campo (espécie de maçãs), queixou-se de não só ter sido roubada de seu marido pela irmã, mas de ainda esta querer as frutas de seu filho. Como no caso de Esaú, vendendo a primogenitura a Jacó pelo prato de lentilhas, assim Raquel consentiu em que Jacó, seu amado, ficasse com Léia por um pouco de mandrágoras. Transação infantil e ingênua. Mas decerto não foi o desejo de comer as mandrágoras simplesmente, mas a idéia reinante, ainda hoje, no Oriente, de que estas frutas predispõem para a concepção. Assim, o pedido de Raquel torna-se razoável em querer comer a fruta desejada. Esta narrativa revela também o domínio que Raquel exercia sobre Jacó, a ponto de a outra esposa ter de comprar um pouco de seu afeto.
Ao leitor desacostumado ou pouco familiar com os costumes orientais, estas histórias parecerão um pouco desconcertantes, e até já têm sido, por alguns críticos, acoimadas de imorais. É, porém, preciso ter presente que aquele povo tinha seus próprios costumes e viveu há 4.000 anos passados. Nós estamos no século XX e temos nossos próprios costumes e uma civilização que em muitos pontos escandalizaria os personagens daquele tempo. Nossa opinião do juízo deve ser formulado de acordo com os tempos e os costumes daquela época. Assim fazendo, nos livramos de uma injustiça e poupamos alguém de verberar nossa pouca familiaridade com a história antiga.
Depois de sete anos de impaciência e de vergonha, Raquel teve finalmente um filho, a quem deu o nome de José, que significa "Acrescentará", esperando que Jeová lhe daria ainda outros. Como temos notado, a paixão por filhos ia ao extremo, mormente em caso de competição, como esta, em que duas irmãs disputavam para ver qual teria o maior número. Raquel de fato teve outro filho, mas mal sabia quanto lhe custaria (35:18).
Jacó Faz Novo Contrato com Labão - 30:25-43
Os catorze anos de serviço e exílio tinham terminado, e Jacó desejava voltar à sua terra. Os motivos que o tinham feito sair talvez tivessem sido amenizados pelo tempo, mas, enquanto ali permanecesse, não passaria de um empregado sem salário nas mãos do ambicioso Labão. Toda sua fortuna consistia, depois de catorze anos de incessante labor em 4 mulheres, 12 filhos e uma filha. Nada mais. Labão, porém, que sabia o valor de tal servo, sobretudo tendo conhecimento de que Jeová o abençoava, a ele, Labão, por causa de Jacó, não consentiu que saísse, e pediu-lhe outra vez que dissesse quanto queria ganhar, alegando ter visto como Jeová abençoava os seus serviços. Jacó, por sua vez, sabia com que qualidade de homem estava lidando e cumpria ser seguro no novo contrato, para não ser espoliado uma vez mais. As condições do acordo encontram-se no verso 32. Todas as cabras e ovelhas malhadas seriam separadas, e todas as malhadas que dali em diante nascessem seriam o salário de Jacó. Para evitar mistura, Jacó separou-se da outra parte do rebanho por um espaço de três dias de caminho. Labão alegremente aceitou o plano, talvez esperando que Jacó saísse logrado, pois um negócio destes bem poderia ser chamado negócio de azar. Jacó, porém, devia ter estudado bem seu plano, sobretudo, devia ter confiança que Jeová vingaria o seu trabalho das mãos do patrão usurário. O expediente usado por Jacó encontra-se nos versos 37-43. O autor deixa a explicação do fenômeno para quem melhor a possa fazer. Entretanto, sabe-se que no tempo da prenhez e, sobretudo, no ato de concepção, qualquer vívida impressão feita na fêmea é susceptível de reprodução no novo ser. Descascou, pois, Jacó, as varas em riscos e as pôs diante do rebanho quando vinha beber, na época do cruzamento, concebendo as fêmeas diante destas varas postas dentro d'água, cujas listras, pelo movimento das mesmas águas, ondulavam e produziam impressão no animal. O mais esquisito é saber onde Jacó adquiriu este conhecimento. Que tinha certeza de que Deus o abençoaria, não há dúvida! Mas ter conhecimento de tal experiência parece singular. Entretanto, acusam os antigos de ignorantes. Há muitos milhares de sábios, hoje, que ignoram este fato e muitos outros semelhantes a este.
No verso 42, há alguma coisa que requer explicação. Parece haver duas qualidades de animais no rebanho, e assim era com efeito. Os animais nascidos no começo da primavera são mais fortes; os que nascem mais tarde são mais fracos. Estes Jacó deixava para Labão, não punha à prova das varas. Assim, Labão foi logrado, tanto na qualidade como na quantidade.
Quanto à honestidade do ato de Jacó, não pode haver dúvida. Agia de pleno acordo com o contrato. Todos os expedientes eram aceitáveis, contanto que não tomasse animal algum além dos malhados. Se pudesse fazer com que todos assim nascessem, ainda estaria sendo perfeitamente fiel ao trato. Parece que Jacó não tinha compaixão do patrão ao explorá-lo assim, mas, tratando-se de um homem sem escrúpulos como Labão, era conveniente fazer tudo, menos roubo, para pagar-se do seu trabalho de 14 anos passados. Esta prosperidade não agradou a Labão, que em breve tratou de se desfazer do genro, que estava fazendo toda a fortuna para si próprio. Deus condescendeu em abençoar este servo seu contra a rapacidade de Labão, e serviu-se de um expediente natural, para compensar a honestidade do homem que tinha trabalhado noite e dia fielmente, apesar de saber que estava sendo explorado. Entretanto, diga-se que Jacó colheu o fruto do seu trabalho com seu próprio irmão Esaú. É possível que tivesse aprendido a lição e que depois procurasse remir sua falta com aquele grande presente que preparou para Esaú.
A Prosperidade de Jacó Causa Separação - 31:1-21
Os filhos de Labão não estavam satisfeitos com o progresso de Jacó, e começaram a murmurar, dizendo que os tinha roubado. Jacó podia desafiá-los a provar o que diziam, porque no seu rebanho não havia animal que pertencesse a Labão, conforme o acordo feito. Labão estava calado e os filhos limitavam-se a murmurar, embora não satisfeitos, o que Jacó viu no rosto de Labão. Tinha-se criado uma nova situação. Deus viu que era tempo de haver separação e avisou Jacó que devia partir para a sua terra. A comunicação divina vem nos versos seguintes. Labão estava ausente 3 dias, de viagem (v. 19), para assistir à tosquia dos rebanhos, ocasião de grandes festas, e Jacó aproveitou a oportunidade da ausência para, de acordo com a ordem divina, pôr-se a caminho. Certamente, nada tinha que temer, visto ter um cadastro limpo diante do sogro, porém a prudência mandava que evitasse qualquer conflito, pois conhecia o homem com quem estava lidando e bem sabia que não seria fácil a saída, como podemos ver mais tarde.
Chamou as mulheres, fez um ligeiro histórico da transação com o pai delas e propôs-lhes o caso da retirada, acrescentando que o Anjo Jeová lhe tinha aparecido, prometendo confirmar o acordo que fizera com Labão, e que ordenava a volta à terra nativa. As mulheres, Raquel e Léia, responderam como quem bem conhecia o que as esperava na casa paterna. "Há qualquer parte ou herança para nós na casa de nosso pai?" Elas mesmas tinham visto a injustiça com que haviam sido tratadas pelo próprio pai, que as tinha vendido como escravas, se bem que as condições tivessem sido algo diferentes. Em si mesmo, o caso implicava em catorze anos de serviço de Jacó para o pai, e nada para elas. Portanto, alegremente replicaram que era tempo de partir.
Depois de um longo intervalo, aparece de novo o Anjo Jeová, que expressamente diz ser o "Deus de Betel" que tinha aparecido a Jacó quando vinha fugindo para Harã. Os leitores já estão familiarizados com esta divina pessoa, que é a segunda da Santíssima Trindade.
Tudo decidido, Jacó pôs-se a preparar a partida. Talvez, com seus planos antecipadamente preparados, só lhe restava aproveitar a ausência do sogro e sair. As mulheres o ajudaram bastante, anuindo à quase fuga. Pôs o povo nos camelos e o gado na frente e partiu, roubando o coração de Labão, por sair sem avisar, e Raquel roubando os serafins da casa. É a primeira vez que ouvimos falar de serafins na Bíblia. É provável que a família de Labão fosse idólatra, visto ter vindo de uma terra idólatra. Mas estas imagens não eram propriamente ídolos a que prestassem culto. Eram os deuses do lar, a que os antigos romanos chamavam penares. Estes deuses domésticos eram da família, talvez tivessem pertencido a Terá, Abraão, Naor, e é o que a linguagem de Labão implica (vv. 30 e 53). Alguns comentadores não poupam Labão e sua família, taxando-os de idólatras, pelo fato de terem em casa estes serafins. O autor pensa diferentemente, ainda que ache plausível, que não fossem rigorosamente monoteístas. Abraão e Naor vieram de uma terra idólatra, e talvez fossem idólatras até Deus lhes aparecer, e não seria possível que de um momento para o outro mudassem radicalmente de religião. Mudanças desta natureza não se operam da noite para o dia. Daí o fato de reterem certos objetos de culto. O que não parece razoável é que continuassem idólatras como os demais povos. Por outro lado, a comunicação divina foi especialmente para Abraão, e não para Naor e seus filhos, de modo que, enquanto Abraão e sua geração se desfizeram da idolatria, seus parentes bem podiam continuar praticando-a em certo grau. Jacó não pode, de modo algum, ser acusado de comparticipar do ato da mulher, roubando e escondendo os deuses. Estava inteiramente ignorante do ocorrido, como se vê no cap. 31, V. 32
Labão Persegue a Jacó - 31:22-35
Três dias depois da partida de Jacó, alguém disse a Labão que seu genro tinha fugido. Labão estava longe da casa três dias de caminho. Pela narrativa, parece que voltou à casa para ajuntar seus irmãos e perseguir o genro. Portanto, Jacó estava com seis dias de viagem, quando Labão saiu de Padã-Arã. A viagem era demorada, por causa dos rebanhos, das mulheres e crianças, de maneira a tornar possível a Labão alcançá-lo depois de alguns dias.
Talvez Labão encontrou Jacó pelo oitavo dia de viagem, nas montanhas de Gileade. A expressão "seus irmãos" não quer dizer os irmãos carnais de Labão, mas estes e todos os aparentados, vizinhos e associados, servos, etc. Podemos inferir que uma boa companhia de perseguidores se reuniu em torno de Labão como capitão. O propósito não parece ser tirar uma mera satisfação, mas fazer voltar o fugitivo, com toda a sua casa, e reduzi-lo a pior condição do que aquela em que tinha estado por muitos anos. Valeu a Jacó o seu Deus, que em sonho proibiu Labão de tocá-lo. Deus era seu protetor e bastava isto para que estivesse a coberto de qualquer incidente desagradável.
Não é possível dizer se Labão encontrou Jacó no monte Gileade mesmo ou nas montanhas do mesmo nome. Em hebraico é fácil a confusão entre monte ou montanhas. Em qualquer dos casos, Jacó estava longe de Padã. As montanhas de Gileade formam a região elevada, a leste do Jordão, com umas 60 milhas de extensão. O ponto culminante é chamado Monte Gileade. Parece que Jacó encontrava-se nas montanhas de Gileade e não, propriamente, no monte principal. Labão acampou perto do seu inimigo. Muito suntuosamente, Labão repreende Jacó por fugir sem lhe ter dado ocasião de beijar os filhos e as filhas, e então despedi-los com música e flores. Estas palavras de Labão não eram verdadeiras. O que o fez falar assim foi a entrevista que Deus teve com ele.
Pelo que nos diz o texto sagrado, o propósito era, como vimos, reduzir Jacó à submissão e fá-lo voltar. Não havia motivo para tanta gente acompanhar Labão, se este não fosse o propósito, mas agora Deus lhe proibiu de fazer bem ou mal a Jacó, e mostrasse contrariado porque não houve oportunidade para separação amistosa e alegre. O ímpeto de Labão arrefeceu depressa.
A resposta de Jacó foi que tinha medo de ser roubado na família e em tudo mais. Declaração franca e verdadeira. Agora que não era possível levar por diante o propósito de fazer voltar Jacó, só uma outra coisa faltava a Labão: achar os ídolos. Jacó nem sequer suspeitava que a sua amada Raquel os tivesse roubado e escondido.
Não trepidou em oferecer a vida de alguém que os tivesse tomado. Por certo o que animou Jacó foi a certeza de que os deuses não estavam em seu acampamento, e que isto era um mero pretexto de Labão e não o desprezo que ele, Jacó, tivesse pela vida de qualquer dos seus. Quando chegou perto de Raquel, ela deu sua desculpa de não poder mover-se. No seu tratamento para com o próprio pai, usa linguagem muito do seu tempo, chamando o pai de senhor, no sentido de escrava. Depois de a devassa terminar e nada ser encontrado, a ira de Jacó chegou ao auge. Os versos 36-42 são um discurso vindicativo, onde a honestidade de um homem contra a vilania de outro chega ao ápice. Jacó queixa-se dos maus tratos a que tinha sido submetido por 20 anos e, por fim, do vexame causado por seu sogro, de lhe remexer tudo, para achar uma coisa que lá não estava; de o haver julgado ladrão e de ter pouca cortesia pelo lar alheio. Remata, dizendo que se não fora o Deus de seus pais, por certo teria sido despedido vazio. Jacó colheu, em dobrada medida, os frutos de sua sementeira com seu próprio irmão.
Concerto entre Jacó e Labão - 31-43-45
Aos protestos de Jacó, replica Labão, em tom orgulhoso e adulador, que as filhas eram suas filhas, e os meninos seus meninos, o gado e tudo mais que Jacó possuía era seu. Agora, que posso eu fazer a ti e a tudo que é teu? Conforme os costumes orientais do tempo e de acordo com o uso patriarcal, o chefe da casa era o senhor de tudo, mas, no caso atual, isto não era exato. Serviu para adoçar a boca de Jacó e fazer terminar a contenda de bons termos. Assim, depois de feitas as pazes, Labão convida o genro para entrarem num concerto amigável. Juntaram um monte de pedras, para servir de testemunho, conforme o costume, comeram e beberam sobre o monte e invocou cada um o seu Deus. Labão invocou o Deus de Abraão, de Naor e de Isaque. Jacó invocou o "Temor de seu pai Isaque". Labão invocou a Deus em linguagem politeísta, e Jacó, para invocar o Deus verdadeiro, chamou-o pelo "Temor de Isaque". O monte de pedras foi chamado "o monte do testemunho" ou Jeo-ar-Saaduta. Jacó chamou o monte pelo nome Galced que significa o mesmo. Labão acrescentou o nome "Mizpá", que significa a torre do testemunho.
Terminada a cerimônia, ofereceram sacrifícios e se despediram amigavelmente.
Nota: Labão usou o nome Elohim, que é traduzido Deus, mas a palavra está no plural, e foi no sentido de deuses que a usou, pelo que Jacó preferiu usar o "Temor de Isaque", que significa o verdadeiro Deus que Isaque conhecia. É inexplicável por que todas as traduções são a palavra Elohim, Deus, na boca de um idólatra, quando devia ser deuses, que é o que a palavra literalmente significa.
No verso 53, tanto o verbo como o substantivo, estão no plural, significando os "deuses de Abraão", e não o Deus de Abraão. As traduções inglesas e americanas inserem na margem: "ou deuses". Não há possibilidade de dúvida sobre esta interpretação. Labão conhecia alguma coisa do Deus verdadeiro, mas não o bastante para o reconhecer como o único Deus.
Terminada a cerimônia, Jacó ofereceu sacrifícios no monte, convidando os parentes para a festa. Estes sacrifícios, como temos visto, são, ordinariamente, a maneira de selar um pacto feito entre duas ou mais pessoas.
Jacó Prepara-se para Encontrar Esaú - 32:1-12
Após os incidentes do último capítulo, Jacó marchou para a terra de seu nascimento. De caminho, encontrou um exército de anjos. Nada se nos diz do motivo deste aparecimento celestial, mas é bem possível que viessem confortá-lo, depois da transação que tinha tido com Labão. Este lugar ficou sendo chamado "Manada" que significa dois acampamentos ou exércitos. A geografia é um tanto incerta sobre o lugar exato deste aparecimento, mas os melhores mapas o colocam ao norte do ribeiro de Jacó. Davi, em sua fuga de Absalão, chegou a este lugar no segundo dia da saída de Jerusalém, o que mostra não ser muito distante do citado ribeiro.
De Maanaim para o país de Seir, onde Esaú morava, era jornada de alguns dias. Jacó mandou mensageiros a seu irmão, anunciando sua prosperidade e grandeza, para desta forma ganhar sua simpatia. Enquanto voltavam, Jacó esperava pela resposta. Ele não se aventurava a chegar perto. A submissão oferecida por Jacó foi humilhante. Era o senhor, mas aqui se declara servo. Jacó não era homem para a luta. Se tivesse oportunidade de conseguir vitória por qualquer meio astuto, bem; .se não, deixava as coisas correrem por si mesmas.
O sucesso da embaixada foi infeliz. Mal os mensageiros tinham viajado alguns dias, souberam que Esaú vinha ao encontro do irmão. A impressão foi desoladora, como podemos imaginar. Demais, vinha acompanhado de quatrocentos homens. Estes preparativos denunciavam motivos hostis, e sobre isto Jacó não tinha a menor dúvida. A ira e o rancor de meu irmão não esmoreceu, pensava Jacó, e agora é o tempo de pagar caro a minha astúcia. Escapando de Labão, caiu nas mãos de seu maior inimigo. Outro, que não fora este servo de Deus, poderia ter tão pouca confiança no Deus que lhe tinha dito: "Sai e vai-te à terra de teus pais." Mas, depois de tantas provas de apreço por parte de Deus, não era motivo para temer; porém Jacó não era homem para todas as ocasiões. Diante disto, só lhe restava orar, e foi o que fez.
A Oração de Jacó
O primeiro expediente foi dividir o povo que estava consigo em duas companhias, cada uma com uma parte do gado, para, no caso de uma ser apanhada, a outra poder escapar. Feito isto, derramou seu coração perturbado diante de Deus e orou. Nesta simples, mas bela oração, lembrou que Deus era o Deus de seus pais Abraão e Isaque, e sobretudo, o Deus que o tinha mandado sair de Padã-Arã, como que dizendo: "Se era para cair nas mãos de meu irmão, para que me mandaste vir?" Humildade e inteira dependência dominam o espírito desta súplica. Talvez, a primeira oração encontrada na Bíblia, como Pratis sugere. Sobretudo, ele apelou para o fato de que Deus lhe tinha prometido fazer bem.
Dividido em dois grupos, desfalecido e desalentado, seu coração pairava sobre suas mulheres e filhos, que não viessem a ser presa da ira do irmão ofendido. Quão terrível a consciência de que estamos recebendo os frutos da sementeira na vida! 20 anos se tinham passado, mas a consciência da ofensa ao irmão mais velho não tinha morrido e, se não fora a idéia de que Deus lhe havia prometido fazer bem, teria sucumbido. Na oração, ele encontrou lenitivo.
O Expediente de Jacó para Ganhar o Irmão - 32:13-31
O nosso herói era rico em expedientes. Descansou aquela noite, e de manhã pôs mãos à obra. Não obstante saber ou calcular o propósito da vinda do irmão, pensou também que um bom presente acalmaria o ímpeto do irmão irado. Preparou um presente de 200 cabras, 20 bodes, 200 ovelhas, 20 carneiros, 30 camelas de leite com as crias, 40 vacas, 10 novilhas, 20 jumentas e 10 jumentinhos. Entregou cada grupo na mão de um servo e mandou-os adiante com instruções para, quando se encontrassem com Esaú e este perguntasse de quem era o gado, respondessem: "São de teu servo Jacó, é presente que envia a meu senhor Esaú." Encontrando o segundo rebanho, receberia a mesma resposta, o terceiro, o quarto e até o último.
Por mais duro que fosse o coração, em busca de vingança, seria quebrantado diante de tanta liberalidade e amizade por parte do ofensor. Demais, criaria a impressão de que este homem que assim vinha oferecer presentes era pessoa cuja amizade valia alguma coisa, não era inimigo fácil de vencer. Finalmente, se tudo isto não apaziguasse Esaú, pelo menos abrandaria o seu furor e tornaria a tarefa do encontro algo mais suave. Como diz Provérbios 18:16: "O presente do homem lhe alarga o caminho e leva adiante os grandes." Parece que
o homem mais zangado do mundo se acalmaria antes de acabar de receber todos esses presentes, diz o Dr. Carroll.
Tudo que um homem sábio podia fazer estava feito. Agora, cumpria enfrentar o inimigo cara a cara. Fugir era impossível e desastroso. Em Padã-Arã nada havia. A leste ou oeste, as terras não eram suas. Assim, mandou o presente adiante e, com um pouco de distância, continuou a marcha em direção do sul.
A Luta com o Anjo - vv. 22-32
Toda a narrativa passada teve lugar em Maanaim. Agora que os presentes iam adiante, Jacó passou a família para o lado oposto do rio Jaboque e ficou sozinho por algum tempo, pensam alguns comentadores, para poder orar melhor. A noite devia estar em meio. Que apreensões e ansiedades dominariam seu pensamento! Por fim, ele mesmo dispõe-se a passar o riacho. De repente, um estranho personagem se aproxima e a luta começa. A princípio Jacó desejava ver-se livre, mas pouco a pouco a luta pareceu algo misteriosa, e não deixou que o companheiro de luta se separasse antes de o abençoar.
Este pedido de bênção torna claro que conheceu estar lutando com uma personalidade celeste. Quando o dia vinha clareando, disse o Anjo: "Deixa-me ir, porque já a alva subiu." Jacó, porém, não o deixou antes que o abençoasse. O Anjo pergunta-lhe qual o seu nome e ele responde: Jacó. O Anjo muda-lhe este nome, de Suplantador, para o de "Israel", que é Lutador com Deus. O nome de Jacó relembrava um dos feitos mais tristes de sua vida e, agora que estava nas vésperas de se cumprirem as grandes promessas de Deus, seu nome era mudado. (Alguns comentadores traduzem a expressão por: "príncipe que luta com Deus" ou "soldado de Deus".) O motivo de o Anjo lhe dar este nome foi porque lutou com Deus como príncipe e prevaleceu com ele e com os homens. Com Deus tinha lutado, saindo vencedor, mas quem eram os homens com quem prevaleceu? Os 400 homens de Esaú, pensam muitos comentadores, e há razão para este pensamento. O autor, porém, crê que a expressão inclui mais do que estes 400 homens, que todos os inimigos presentes e futuros: Labão, cananeus, egípcios etc. Jacó perguntou-lhe também como se chamava. Mas o Anjo recusou-se a responder. Abençoou-o ali, e se foi. Jacó, entretanto, sabia quem era o visitante, porque deu ao lugar o nome de "Penuel" (face de Deus), acrescentando que tinha visto Deus face a face e não tinha morrido. A crença era que homem algum podia ver a Deus e viver. Mais tarde, esta crença foi confirmada por Deus mesmo (Êx. 33:20). Oséias chama este Anjo pelo nome de Deus (Oséias 12:1-5). Este Anjo era o LOGOS, o Filho de Deus, que é já bastante familiar aos leitores destas notas, e que daqui até à eternidade será o constante guia e diretor do seu povo, o capitão das hostes de Jeová (conf. Éx. 3:2Jz. 13:21-23 e ref.). O Anjo do concerto aparece agora ao herdeiro das promessas como havia aparecido ao primeiro, a quem haviam sido feitas, o eterno Filho de Deus, que em tempo havia de aparecer entre os homens, e aparece aqui como um raio de luz numa noite de trevas, anunciando que a alvorada vem em breve.
Nesta luta, Jacó ganhou uma medalha, que não mais perdeu. Vendo o Anjo que não prevalecia, adaptando a linguagem às inteligências humanas, tocou-lhe a coxa e marcou-o para toda a vida. Quando passou o ribeiro, manquejava. Por isto os filhos de Israel não comem esta parte dos animais.
Qual seria o efeito sobre Esaú, ao ver este homem coxeando? Sem pau na mão, sem capacidade física para uma luta corporal, com um coração penitente, revelado no grande presente feito, não teria isto influído poderosamente em Esaú, caso quisesse vingar-se? Este Jacó não é mais o Jacó que roubou a bênção auxiliado por sua mãe. O tempo, as circunstâncias, as experiências e sobretudo Deus mudaram este homem. O Dr. Carroll aconselhava seus discípulos a comprar todos os comentários e livros sobre esta luta de Jacó com o Anjo, e dizia que neste incidente está o segredo de poder de Jacó. É certo isto. Vale a pena os pregadores lerem e relerem esta história. Ela é sempre nova. Depois de um contacto destes com Deus, Abraão, Paulo e muitos outros foram mudados para toda a vida.
(O riacho de Jaboque está seco seis meses do ano, e mesmo quando cheio tem pouca água. O autor passou a seco este rio há tempos atrás. Nem sinal de água. Em certo ponto os árabes Indicam o lugar da luta entre o Anjo e Jacó. É um lugar deserto atualmente; a não ser uma birosca, nada mais se vê no local.)
 
JACÓ - Manual de Duvidas, Enigmas e Contradiçoes da Biblia
GÊNESIS 25:31-33 - Jacó comprou o direito da primogenitura ou o conseguiu por meio do engano? 
PROBLEMA: Este texto diz que Jacó pediu a Esaú que lhe vendesse o direito de primogenitura. Mas Gênesis 29:1ss conta-nos que para recebê-lo ele valeu-se do engano.
SOLUÇÃO: Jacó comprou o "direito da primogenitura", mas obteve a "bênção" por meio do engano. São duas coisas diferentes. Assim, não há uma real divergência.
GÊNESIS 27:42-44 - Jacó retornou a Harã para fugir de Esaú ou para ter uma esposa?

PROBLEMA: Rebeca disse a Jacó: "Retira-te para a casa de Labão, meu irmão, em Harã; fica com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão" (Gn 27:43-44). Mas em Gênesis 28:2 a razão dada foi para que tomasse "lá por esposa uma das filhas de Labão, irmão de sua mãe". Qual foi a razão afinal? 
SOLUÇÃO: Jacó retornou para Harã pelas duas razões. Duas ou mais razões para a mesma coisa não é incomum na Bíblia. Compare os seguintes casos:
1.A exclusão de Moisés da Terra Prometida foi por causa da incredulidade (Nm 20:12), da rebelião (Nm 27:14), da transgressão (Dt 32:51) e das palavras irrefletidas (SI 106:33).
2.Saul foi rejeitado por Deus por um sacrifício ilegal (1 Sm 13:12-13), por desobediência (1 Sm 28:18) e por consultar a feiticeira de En-Dor(l Cr 10:13).

GÊNESIS 29:21-30 - Quando Raquel foi dada a Jacó como esposa?
PROBLEMA: Em Gênesis 29:27 Labão diz a Jacó que complete a semana das festas nupciais com Lia, e que então Raquel lhe seria dada. Entretanto, o versículo também diz que ficou acertado entre Labão e Jacó que em contrapartida a mais um período de sete anos de serviço, Raquel seria dada a Jacó. Quando Raquel foi dada a Jacó: no fim da semana nupcial com Lia, ou ao se completarem os sete anos de serviço?
SOLUÇÃO: A passagem indica que Raquel foi dada a Jacó após os sete dias que compreendiam as festas nupciais de Lia. A festa de casamento geralmente durava sete dias (cf. Jz 14:12). Labão acertou com Jacó que Raquel se tornaria sua mulher ao fim daquela festa de sete dias e, em contrapartida, Jacó serviria Labão por um período adicional de sete anos. Ironicamente, Jacó, que tinha usado do engano na questão da primogenitura de Esaú, agora fora enganado por Labão

GÊNESIS 31:20 - Como pôde Deus abençoar Jacó, depois de ter ele enganado Labão?
PROBLEMA: Em Gênesis 31:20, o texto diz que "Jacó logrou a Labão" ou seja, enganou-o, "não lhe dando a saber que fugia". Entretanto, Deus abençoou Jacó ao aparecer a Labão, advertindo-o de que não falasse a Jacó "nem bem nem mal" (Gn 31:24). Como Deus pôde abençoar Jacó depois de ele ter enganado Labão?
SOLUÇÃO: Primeiro, a tradução da palavra hebraica de Gênesis 31:20 não é necessariamente "enganar". Literalmente, no hebraico a frase é: "E Jacó roubou o coração de Labão". Esta é uma expressão idiomática hebraica que pode ser utilizada, num determinado contexto, para significar "enganar" ou "usar de astúcia". Jacó não disse a Labão que ia sair, nem lhe disse que ia ficar. A razão por que ele saiu sem nada dizer a Labão possivelmente tenha sido o fato de que ele temia Labão (cf. Gn 31:2). Jacó tampouco tinha qualquer obrigação de permanecer com Labão, porque ele havia cumprido tudo o que fora tratado entre eles. Apesar das acusações feitas por Labão, eram justos o temor de Jacó e o seu ato de sair sem nada dizer a Labão.
Segundo, mesmo admitindo-se que Jacó estivesse envolvido numa farsa, Deus não o abençoaria por causa desse pecado, mas apesar de suas falhas. Este caso é outro exemplo do princípio de que "nem tudo que é registrado na Bíblia é por ela aprovado " (veja a Introdução).
Deus havia escolhido Jacó para que ele viesse a tornar-se o pai das doze tribos de Israel não porque ele fosse reto, mas por causa da graça de Deus. O Senhor pôde abençoar Jacó segundo a sua graça, mesmo sendo ele um pecador. Através da experiência de Jacó com Labão, e mais tarde seu confronto com Esaú e sua luta com o anjo do Senhor à noite, é que o caráter de Jacó foi trabalhado de forma a tornar-se um vaso adequado para o uso de Deus.
 
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
 Bíblia Amplificada -  Bíblia Católica Edições Ave-Maria -  Bíblia da Liderança cristã - John C Maxwell -  Bíblia de Estudo Aplicação pessoal - CPAD
 Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP:Sociedade Bíblica do Brasil, 2006 - Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
 Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA:CPAD, 1999.
 BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD. -  Biblia NVI -  Bíblia Reina Valera -  Bíblia SWord -  Biblia Thompson -  Bíblia VIVA -  Bíblia Vivir
 Bíblias e comentários e dicionários diversas da Bíblia The Word  - Comentario Biblico Moody -  Comentário Bíblico Wesleyano
 Champlin, Comentário Bíblico. Hagnos, 2001 -  Coleção Comentários Expositivos Hagnos - Hernandes Dias Lopes -  Comentário Bíblico - John Macarthur
 Concordância Exaustiva do Conhecimento Bíblico "The Treasury of Scripture Knowledge" -  CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
 Dicionário de Referências Bíblicas, CPAD -  Dicionário Strong Hebraico e Grego -  Dicionário Teológico, Claudionor de Andrade, CPAD -  Dicionário Vine antigo e novo testamentos - CPAD
 Enciclopédia Ilúmina -  Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP -  Gênesis - Comentário Adam Clarke -  Série Cultura Bíblica - Vários autores - Vida Nova
 Gênesis - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
 Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
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 Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
 Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Pr. Elienai Cabral -  Revista CPAD
 Revista CPAD - Lições Bíblicas 1942 - 1º trimestre de 1942 - A Mensagem do Livro de Gênesis - Lição 2 - 11/01/1942 – A CRIAÇÃO DO HOMEM - Adalberto Arraes 
 Revista CPAD - ABRAÃO - 4º Trimestre de 2002 - ÊXITOS E FRACASSOS DO AMIGO DE DEUS - COMENTÁRIOS DE Pr. ELIENAI CABRAL
 Hermenêutica Fácil e descomplicada, CPAD - HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996
 Dicionário Bíblico Wycliffe - Charles F. Pfeiffer, Howard F. Vos, John Rea - CPAD - Manual Bíblico Entendendo a Bíblia, CPAD -  Peq.Enc.Bíb. - Orlando Boyer - CPAD
 Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Comentarista pastor Elienai Cabral
 Revista CPAD - Lições Bíblicas 1942 - 1º trimestre de 1942 - A Mensagem do Livro de Gênesis - LIÇÃO 2 - 11/01/1942 – A CRIAÇÃO DO HOMEM - Adalberto Arraes
 Tesouro de Conhecimentos Biblicos / Emilio Conde. - 2* ed. Rio de Janeiro:Casa Publicadora das Assembleias de DEUS, 1983
 VÍDEOS da EBD na TV, da LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm -- www.ebdweb.com.br - www.escoladominical.net - www.gospelbook.net - www.portalebd.org.br/
 Wiesber, Comentário Bíblico. Editora Geográfica, 2008 - W. W. Wiersbe Expositivo