Figuras Ilustrativas da Lição 6, O Impiedoso Mundo de Lameque

































Lição 6, O Impiedoso Mundo de Lameque, 1 parte

Lição 6, O Impiedoso Mundo de Lameque
4º trimestre de 2015 - O Começo de Todas as Coisas - Estudos Sobre O Livro de Gênesis
Comentarista da CPAD: Pr. Claudionor Correa de Andrade
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
 
 
TEXTO ÁUREO"E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente." (Gn 6.5)
 

VERDADE PRÁTICAO mundo de Lameque em nada diferia do nosso; resistindo à graça de DEUS, entregaram-se à devassidão, à violência e à resistência ao ESPÍRITO SANTO.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Gn 4.19 Lameque, o bígamo que não andou segundo as leis de DEUS
Terça - Gn 4.20-21 Lameque e sua descendência corrompida
Quarta - Gn 4.23,24 Lameque, o poeta da violência e da maldade
Quinta - Gn 6.1,2 Lameque e o seu mundo pecaminoso e distante de DEUS
Sexta - Gn 6.3 O mundo de Lameque resiste ao ESPÍRITO de DEUS
Sábado - Gn 6.5,6 O mundo de Lameque deteriora-se totalmente

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Gênesis 6.1-8
1 - E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, 2 - viram os filhos de DEUS que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. 3 - Então, disse o Senhor: Não contenderá o meu ESPÍRITO para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos. 4 - Havia, naqueles dias, gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de DEUS entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama. 5 - E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. 6 - Então, arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração. 7 - E disse o Senhor: Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. 8 - Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.
 
OBJETIVO GERALCompreender que o mundo de Lameque em nada difere do nosso, resistindo à graça de DEUS.
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Explicar a maravilha que era o mundo enquanto o pecado ainda não havia degenerado as pessoas;
Compreender como o pecado se espalhou pela raça humana produzindo um mundo depravado;
Explicar que o mundo depravado estava condenado à destruição.
 
PONTO CENTRAL
DEUS julga a maldade do mundo de Lameque
 
Resumo da Lição 6, O Impiedoso Mundo de Lameque
I - UM MUNDO AINDA MARAVILHOSO
1. Fartura de pão.
2. Saúde perfeita.
3. Beleza perfeita.
4. Tecnologia avançada.
II - UM MUNDO TOTALMENTE DEPRAVADO
1. Devassidão sexual.
2. Violência sem limites.
3. Resistência à graça divina.
III - UM MUNDO CONDENADO À DESTRUIÇÃO
1. A pregação de Noé.
2. Uma geração corrompida.
 
SÍNTESE DO TÓPICO I - Apesar da Queda, o mundo antediluviano ainda era maravilhoso.
SÍNTESE DO TÓPICO II - A maldade crescia a cada dia e as pessoas iam se tornando totalmente depravadas.
SÍNTESE DO TÓPICO III - O mundo de Lameque estava condenado a destruição.
 
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO top1"Lameque
1. Filho de Metusael, um descendente de Caim, que foi o primeiro polígamo, tendo se casado com Ada e Zilá (Gn 4.18-24). Seus filhos foram Jabal (pai dos que habitam em tendas e têm gado), e Jubal (pai de todos que tocam harpa e órgão), e Tubalcaim (mestre de toda a obra de cobre e de ferro). Lameque cantou para suas esposas, vangloriando-se de ter matado os homens que o feriram ou o golpearam. Essa vanglória é geralmente entendida como sendo a confiança nas armas de metal de seu filho, em oposição à confiança em DEUS. Estes filhos parecem torná-lo o pai dos nômades, músicos e artífices em metal.
2. O filho de Matusalém que, com a idade de 182 anos, se tornou o pai de Noé, e viveu até a idade de 777 anos (Gn 5.25-31). Por ocasião do nascimento de seu filho, ele expressou o desejo de que em Noé a maldição de Adão chegasse ao fim: 'Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou' (Gn 5.29). Ele está incluído na genealogia do Senhor JESUS (Lc 3.36)" (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1130).
 
PARA REFLETIR - A respeito do livro de Gênesis:
O que caracterizava o mundo de Lameque?Violência sem limites, devassidão sexual e resistência à graça divina.
Qual o ofício de Tubalcaim?Metalurgia, fabricação de instrumentos cortantes.
Que pecados caracterizavam os contemporâneos de Noé?Era uma geração corrompida pelo pecado e caracterizada pela depravação moral.
É possível resistir a graça divina?A graça de DEUS, ainda que perfeita e infalível, pode ser resistida.
De que forma Noé apregoava a justiça divina?Ele pregava a justiça divina com a voz e com as obras.
 
CONSULTE - Revista Ensinador Cristão - CPAD, nº 64, p. 40. Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São artigos que buscam expandir certos assuntos.
SUGESTÃO DE LEITURA - Dicionário de Referências Bíblicas, Dicionário Vine e Dicionário Teológico
 
Comentários de várias revistas e livros com algumas modificações do Ev. Luiz Henrique
Observação minhas (Ev. Luiz Henrique)
2 Lameques. 1 filho de Belial, do maligno, filho de Matuselá, outro filho de DEUS, filho de Matusalém, pai de Noé.
Filhos de Deus, descendentes de Sete. Filhas dos homens, descendentes de Caim e Lameque.
Arca acima das águas do dilúvio, levada com Noé e sua família para cima do juízo de DEUS que estava acontecendo a todos os habitantes da Terra. Igreja levada para cima do juízo de DEUS, igreja arrebatada para o céu, acima do juízo de DEUS à Terra e seus habitantes.
Como se vê até Satanás antes era Lúcifer. O problema está em se dar lugar ao pecado. Os filhos de Caim, em sua maioria, eram pessoas que inventaram coisas boas, mas depois se desviaram para o pecados e usaram as coisas boas que inventaram para produzirem mais pecados ainda.
Sinal de Caim pode ser Cicatriz, Lepra, pode DEUS t~e-lo tornado gigante, etc... Não sabemos qual o sinal, mas este sinal livrou Caim de ser morto por qualquer que lhe encontrasse, então é sinal de livramento para qem não merecia, é graça de DEUS, mas também é juízo de DEUS a marca, pois Caim seria identificado como assassino de seu irmão por onde passasse.
PREGAR AOS ESPÍRITOS EM PRISÃO 
I Pedro 3:19-20: “No qual também foi, e pregou a espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus  esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água.” 
Os antediluvianos tiveram cento e vinte anos de Graça (Gên. 6: 3). Todo esse tempo o Espírito Santo apelou insistentemente aos seus corações através do pregoeiro da justiça – Noé (II Pedro 2:5); e estes, rebelados, resistiram, recusaram a longanimidade de Deus, até que a paciência divina esgotou-se e, assim, cometeram o pecado imperdoável. E, se é imperdoável, não pode haver segunda oportunidade de perdão nem mesmo vivo, quanto mais morto.
Pedro não diz que eram “espíritos desencarnados”. Informa apenas: “espíritos”. Portanto, nesta assertiva do apóstolo, o lógico e razoável é aceitar que o “espírito” é um símbolo de pessoa. Exemplo:
Meu espírito significa mim, eu.
Teu espírito significa tu, você.
Adam Clark, concluindo pela impossibilidade de se tratar de “espíritos desencarnados” diz que a frase “os espíritos dos justos aperfeiçoados” (Heb. 12:23) “certamente se refere a homens justos, e homens que se acham ainda na igreja militante; e o Pai dos ‘espíritos’ (Heb. 12:9) tem referência a homens ainda no corpo; e o ‘Deus dos espíritos de toda a carne’ (Núm. 16:22; 27:16) significa homens, não em estado desencarnado.” – Clarke’s Commentary, Vol. 6, pág. 862.
Eminentes teólogos partidários da doutrina imortalista, recusam a teoria de que Pedro, neste texto, ensina a imortalidade da alma. Eis alguns: Dr. Pearson, da Igreja Anglicana, diz:
“É certo pois, que Cristo pregou àquelas pessoas que nos dias de Noé eram desobedientes, em todo o tempo em que a ‘longanimidade de Deus esperava’ e, consequentemente, enquanto era oferecido o arrependimento, e é igualmente certo que Ele nunca lhes pregou depois de haverem morrido.” – Exposição do Credo, Dr. João Pearson, grifos meus.
Agora o testemunho de João Wesley:
“Por meio de que Espírito Ele pregou? – Através do ministério de Noé, aos espíritos em prisão, isto é, os homens perversos antes do dilúvio. ... Quando a longanimidade de Deus esperava. Durante cento e vinte anos, por todo o tempo em que estava sendo preparada a arca; quando então Noé os admoestava a que fugissem da ira futura.” – Explanatory Notes Upon the New Testament, pág. 615.
Finalizando, irmão, a obra de Jesus foi a “abertura da prisão aos presos” (Luc. 4:18-21; Isa. 42:6,7 e 6; 61:1). Toda pessoa desobediente está presa ao pecado (Prov. 5:22). Pecado é a prisão de Satanás. Quem morre no pecado está irremediavelmente preso até o juízo final. Heb. 9:27.
Seguramente, os apelos ao arrependimento feito por Jesus aos homens de Seus dias, foram os mesmos veementes apelos feitos por Noé em sua época. Em outras palavras: Jesus Cristo pregou aos antediluvianos pelo Espírito Santo através do ministério de Noé, durante o tempo de construção da arca; 120 anos.
 
 
Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Comentarista pastor Elienai Cabral
LIÇÃO 5 - DUAS LINHAGENS.HISTÓRICAS DE ADÃO
TEXTO ÁUREO - "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios" (Ef-5,15).
VERDADE PRÁTICA - Num mundo corrompido de maldade e violência, a linha­gem do pecado está fadada ao juízo final; mas a do bem está destinada a felicidade eterna.
LEITURA EM CLASSE - Gn 4.17-19, 25, 26
E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque; E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e Metusael gerou a Lameque. E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá. E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, DEUS me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor.
 
LINHAGEM MÁ DE CAIM
1. Lameque (Gn 4.18-24).
 No hebraico, este nome significa vigoroso. Na descendência de Caim, ele constituí a quinta geração e foi pai de muitos filhos, em cuja posteridade destacaram-se agricultores, e os que trabalhavam com metais e instrumentos musicais. Lameque se tornou o primeiro homem bígamo, pois tomou para si duas mulheres. É o tipo de casamento que DEUS nunca legitimou e nem autorizou.
2. Jabal. Dos filhos de Lameque, Jabal ficou conhecido como o pai dos construtores de tendas e criadores de gado (Gn 4.20).
3. Jubal. Este, irmão de Jabal, destacou-se como o inventor de instrumentos musicais. Por isso, ficou conhecido como "o pai dos músicos"(Gn 4.21). Sem dúvida, muito contribuiu para a cultura mais bela da humanidade.
4.Tubal-Caim (Gn 4.22). Filho de Lameque e sua mulher Zilá. Há um aspecto positivo, que deve ser considerado nesta descendência cainita. Nem tudo o que faziam era mau ou ruim. No caso de Tubal­Caim, ele foi o iniciador da metalurgia, ao descobrir e trabalhar com metais.
5. Naamá. No texto de Genesis 4.22, há urna referência especial ao nome desta mulher, filha de Lameque. "Naamah", no hebraico, significa a bela, a graciosa. Ela é irmã de Tubal-Caim e é citada, de modo especial, no capítulo 4 de Genesis, pois não se mencionavam nomes de mulheres nas genealogias antigas. Esta citação não vem como um elogio, mas como urna denúncia do começo da prostituição no meio da humanidade.
A LINHAGEM PIEDOSA DE SETE
1. Como surgiu a linhagem de Sete (Gn 4.25). Há urna expressão bem comum na Bíblia, quando ela fala da formação de famílias ou geração de filhos, que é: "e ... conheceu a sua mulher". Este tipo de linguagem tem um sentido bem mais amplo do que o simples relato de um contato íntimo, pois conhecer, no ato conjugal, significa muito mais que urna simples relação sexual (que está incluída, é evidente).
2. A nova linhagem genealógica de Sete. Com o nascimento de Sete nasce, também, urna nova esperança.
3.Alguns nomes têm destaque da linhagem de Sete: 
ENOS (Gn 4.26; 5.6,11). Do hebraico "ENOSH", sugere "o homem em sua fragilidade", pois, até então, na linhagem de Caim, foram a arrogância e rebeldia contra DEUS que prevaleceram.
MAALALEL (Gn 5.12). Filho de Cainã, da linhagem de Sete, e cabeça da quarta geração de Adão ( Gn 5.12-17; 1 Cr 1.2; Le 3.37). O seu nome, no hebraico, significa "louvor de DEUS ". Percebe-se que a descendência piedosa não estagnou no tempo, mas continuou a adorar ao Senhor, até os dias de Noé.
ENOQUE (Gn 5.1.8,21-24). Desde Adão até Noé, apenas dois nomes se destacaram como homens tementes ao Senhor: Enoque e Noé. O primeiro andou com DEUS 300 anos (Gn 5.22,23), após gerar Matusalém, o ser humano que mais viveu sobre a face da Terra: 965anos. "ENOQUE" significa: instruir, iniciar, dedicar.
NOÉ (Gn 5.28,29). Aparece, no capítulo 5 de Genesis, um outro Lameque, que nada tem a ver com o da linhagem de Caim. Foi ele quem gerou, dentro da descendência de Sete, a Noé, cujo nome, no hebraico, significa :aquele que consola, ou consolador.
CONCLUSÃO 
Nesta lição, além dos aspectos históricos que aprendemos, descobrimos que, em um mundo corrompido e pecador, DEUS tem urna linhagem especial que preserva o seu nome, a Igreja de JESUS CRISTO.
ENSINAMENTOS PRÁTICOS
1. O ambiente em que vivemos influencia, negativa ou positivamente na formação de nosso caráter. Caim, após matar seu irmão, partiu para urna terra distante, e fez o que era mau aos olhos do Senhor. Por isso, influenciou, negativamente, no comportamento de seus filhos.
2. O pecado surtiu o seu efeito, imediatamente, na face da Terra. Caim não era um pecador, ao nascer, mas já tinha a tendência para o mal. Só porque DEUS recebeu o sacrifício oferecido por Abel, e não o seu, por causa de sua displicência, voltou-se contra seu irmão e o matou.
3. DEUS consolou Adão e Eva, ao conceder-lhes um outro filho, para ocupar o lugar de Abel, assassinado por Caim, e o chamaram de Sete. Este era temente ao Senhor e seus filhos seguiram os seus passos. Por isso, tiveram o privilégio de serem chamados "filhos de DEUS" (Gn 6.2).
Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Comentarista pastor Elienai Cabral

GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
GÊNESIS 4:16-24
4:16-24. A família de Caim.

Os começos da vida civilizada mostram característica potencialidade para o bem e para o mal, com as artes e ofícios que serão bênçãos para a humanidade, flanqueados por abusos (19,23,24) que serão verdadeira maldição para ela. A cultura, usada ou abusada, não oferece nenhuma redenção; a única centelha de esperança está na dádiva de DEUS e na tardia resposta do homem, registradas nos dois versículos finais do capítulo.
16. Fora na presença do Senhor que havia surgido a crise (5). A partida de Caim foi ao mesmo tempo sua sentença e sua escolha. Por um lado, temera o exílio, ser banido “ da tua presença” (14), e o vagar “ errante” , agora expresso no nome Node (“ peregrinação” ; Gesenius: “ fuga” , “ exílio” ); por outro lado, desdenhara a contrição, e agora.se dispõe a conseguir algum sucesso com a sua independência. O relato subsequente permite provar o primeiro sabor de uma sociedade autossuficiente, que constitui a essência daquilo que o Novo Testamento denomina “ o mundo”.
17. A frase inicial sugere que por esse tempo Caim já era casado, e 14,15 com 5:3 dão a impressão de que a família humana começara a multiplicar-se, a menos que no v. 14 os temores de Caim fossem apenas quanto ao futuro.
O nome Enoque (hanôk) tem parentesco com o verbo “ iniciar” . Talvez haja a idéia de um novo princípio no fato de se dar esse nome ao primeiro filho e à primeira cidade de Caim independente. No hebraico, cidade é um termo que se pode aplicar a qualquer povoação, pequena ou grande. As respectivas pretensões à fama dos dois Enoques (cf. 5:22-24) estabelecem nada bela comparação entre os dois ramos da humanidade, cujas linhagens vão até
às famílias do belicoso Lameque (4:24) e do piedoso Noé (5:32).
18. Dois dos nomes aqui, Enoque e Lameque, são usados nas duas famílias (cf. 5:18,25); as semelhanças entre outros são mais notórias no inglês do que no hebraico.
19-24. Um relato tendencioso não atribuiria nada de bom a Caim. A verdade é mais complexa: DEUS iria fazer muito uso das técnicas cainitas em favor do Seu povo, desde a própria disciplina seminômade.
 
GÊNESIS 4:25,26
(20; cf. Hb 11:9) até às artes e ofícios civilizados (porex., Êx 35:35). A frase "este foi o pai de todos os que ou dos que" reconhece o débito aos empreendimentos seculares, e nos prepara para aceitarmos o mesmo débito; pois a Bíblia não ensina em parte nenhuma que os piedosos ficariam com todos os dons. Ao mesmo tempo, a informação bíblica nos livra de exagerarmos a avaliação dessas habilidades: a família de Lameque podia impor sua direção ao meio ambiente, mas não a si própria. A tentativa de melhorar a ordenança divina sobre o casamento (19; cf. 2:24) abriu um precedente desastroso, do qual o restante de Gênesis é suficiente comentário. E a mudança do
trabalho em metais para a fabricação de armas, mudança que se seguiu logo, é igualmente nefasta. A família de Caim é um microcosmo: seu padrão de proezas técnicas e de fracasso moral é o da humanidade.
A canção de sarcástico desafio de Lameque revela o rápido progresso do pecado. Enquanto Caim havia sucumbido a ele (7), Lameque exulta nele; enquanto Caim tinha procurado proteção (14,15), Lameque olha à sua volta em atitude de provocação: a selvagem desproporção entre matar um simples rapaz (hebraico, yeled, “ criança” ) e uma simples ferida, constitui o ponto determinante da sua jactância (cf. 24). Com esta nota de bravata, a família desaparece da narrativa. Em contraste, bem pode ser que JESUS tivesse em mente essa expressão, “ setenta vezes sete” , quando falou que devemos perdoar o irmão “ até setenta vezes sete” .

4:25,26. Sete substitui a Abel.A fé revelada por Eva ao salientar a vontade de DEUS pelo nome Sete (“ designado” ) fica ainda mais evidente aqui do que no v. 1. A menção de outro descendente (AV, RV: “ outra semente” ) também parece ligar-se a 3:15.
26. Enos significa “ homem” (cf. SI 8:4,5), talvez com um matiz de ênfase em sua fragilidade.
A nota final, daí se começou... tem duplo interesse, registrando o primeiro brotar do desenvolvimento espiritual desde Abel e desde a primeira revelação do nome Yahweh (o Senhor). Em Gênesis, este é um 7 No v. 22, a tradução “ forjador” (RV, RSV) inclui mais do que o hebraico Ifftês, “ malhador” ou “ afiador” . O ferro meteórico e o cobre de minas a céu aberto eram batidos e polidos muito antes de se ouvir falar de fundição e forja. Perecíveis como esses metais são, sobreviveram alguns exemplares de ferro do terceiro milênio a. C ., e de cobre do quinto milênio, ou até antes; cf. JSA, SVIII, 1966, p. 31.

NOTA ADICIONAL: OS DESCENDENTES DE CAIMDEUS só se tornou “ conhecido” pelo nome Yahweh depois de lhe dar conteúdo na mensagem comunicada por ocasião da sarça ardente (Êx 3:13, 14; 6:3).
Elaborou-se uma argumentação no sentido de identificar os cainitas com os quenitas. Os termos hebraicos são idênticos (cf. Nm 24:21,22, RV, RSV), e o equivalente árabe significa “ ferreiro”. Há, evidência da existência, em tempos remotos, de grupos viageiros como a família descrita em Gn 4, principalmente habitantes em tendas que se mudavam de um lugar a outro como artesões e músicos. Uma famosa pintura tumular da era patriarcal em Beni Hasan mostra um grupo desses equipado de armas, instrumentos musicais e foles. Daí se sugere comumente que os fatos deste capítulo foram extraídos de memórias tribais, juntamente com uma narrativa escrita para explicar
as origens dessa existência errante, e foram postos em novo uso pelo compilador de Gênesis.Naturalmente a teoria é incompatível com a narrativa do dilúvio, que revela uma clara ruptura com as primitivas famílias mencionadas aqui, exceto mediante Noé. Tem valor, todavia, em chamar a atenção para um conhecido padrão de vida que incorpora todos os traços de Gn 4:16. O termo qayin, “ ferreiro” , seria motivo bastante para dar aos quenitas o seu nome, e, por sua vez, poderia ter-se originado do nome de Caim, exatamente como nos tempos modernos um pioneiro (por ex., Watt, Ohm, Volt) podem deixar marca permanente na terminologia do seu ofício. Podemos concluir que a sucessão cainita-quenita foi deveras real, mas em termos profissionais, não hereditários.
GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970

Dicionário Vine antigo e novo testamentos - CPAD
Curiosidades Bíblicas - TRABALHAR - Substantivo - nuiaseh (rftWjD): “trabalho, obra, ação, labor, labuta, comportamento”. Este substantivo é usado 235 vezes no hebraico bíblico. Lameque, pai de Noé, expressando sua esperança por um mundo novo, usou o substantivo pela primeira vez no Antigo Testamento: “E chamou o seu nome Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que o SENHOR amaldiçoou” (Gn 5.29). A palavra está espalhada ao longo do Antigo Testamento e em todos os tipos de literatura.
O significado básico de nuiaseli é “trabalho”. Lameque usou a palavra para significar o trabalho agrícola (Gn 5.29).
 
VINGAR - nãqam (□?:): “vingar, tomar vingança, castigar”. Esta raiz e seus derivados ocorrem 87 vezes no Antigo Testamento, com muita freqüência no Pentateuco, Isaías e Jeremias; ocorre ocasionalmente nos livros históricos e nos Salmos. A raiz também ocorre no aramaico, assírio, árabe, etiópico e hebraico recente.
A canção da espada de Lameque é um desafio depreciativo aos seus companheiros e um descarado ataque à justiça de DEUS: “Porque eu matei um varão, por me ferir, e um jovem, por me pisar. Porque sete vezes Caim será vingado', mas Lameque, setenta vezes sete” (Gn 4.23,24).
O Senhor reserva a vingança como esfera de Sua ação: “Minha é a vingança e a recompensa, [...] porque [Ele] vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários fará tornar a vingança” (Dt 32.35,43). A lei proibia a vingança pessoal: “Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR” (Lv 19.18).
Dicionário Vine antigo e novo testamentos - CPAD
 
Revista CPAD - Lições Bíblicas 1942 - 1º trimestre de 1942 - A Mensagem do Livro de Gênesis - LIÇÃO 2 - 11/01/1942 – A CRIAÇÃO DO HOMEM - Adalberto Arraes 
LIÇÃO 5 — 1 D E FEVEREIRO - CORRUPÇÃO E CASTIGO
GÊN. 6:5-8-13-14; 7:1-4, 17-23
Texto Áureo: — "Disse DEUS: Hei resolvido dar cabo de toda a carne, porque a terra está cheia de violência dos homens* — Gên. 6:13.
RESUMO DA LIÇÃO
I — "Os dias de Noé" ~ 6:5-6, 13.
II — A corrupção traz o castigo — 6:7, 17-18.
III — A salvaguarda dos que andam na fé e na obediência — 6:8, 14 7:1-4.
IV — Aspectos do dilúvio — 7:19-23.
 
I — "Os dias de Noé" ~ 6:5-6, 13.
O estado da terra nos dias de Noé, era de avançada corrupção. A iniquidade era múltipla entre os homens. Embora não caiba neste ligeiro comentário uma referência ampla às profundas lições de Gên. 6:1-5, contudo, para podermos ver alguma coisa do estado da terra daquela época, somos forçados a considerar que:
1) o homem havia sido criado à semelhança de DEUS; 2) vivia na situação de decaído; 3) não tinha lei nem temor algum 4) sofrera uma transformação constitucional no seu corpo. Diz a escola transformista que o homem é o resultado do aperfeiçoamento de outros animais, como o macaco, mandris, etc., mas nós vemos exatamente o contrário: o homem é a degenerescência da imagem de DEUS, em qual a fora criado. O verso 3 do cap* 6 de Gên. nos revela que o homem teve a sua vida limitada e se tornou carne por causa do pecado: "Então disse Jeová:. . . por causa do seu errar é ele carne". Alguém perguntará:^ "Mas o homem, então, não era carne?" Sim, mas que espécie de carne, não o sabemos. Paulo diz que há corpos com muita glória e os há com pouca ou até sem nenhuma. Nem toda a carne é uma mesma carne." (Comp. I Cor. 15:39-40). Antes, porém, que DEUS destruísse todas as vidas pelo dilúvio, teve o cuidado de limitar a existência do homem. DEUS não ignorava que viriam ser necessárias novas destruições, como a de Sodoma Gomorra e ainda a que virá no dia do Filho do Homem. O homem daqueles dias reflete bem a situação de alguém que sendo espiritual vai aos poucos se transformando carnal por causa do pecado até atingir o estado de não mais aceitar, em absoluto, as coisas do ESPÍRITO: É carne e nada mais; sua vida, que era eterna, passou a ser finita.
II — A corrupção traz o castigo — 6:7, 17-18.
Ha uma lei natural que confirma e aponta claramente a oportunidade da* destruição devido à corrupção. Vemos isso sempre. Todo indivíduo que age contra os desígnios da natureza acaba sofrendo algum abalo no seu físico desobediente; seja o tabagista, o ébrio ou o homem dado às devassidões, todos mostram no seu aspecto "destruído" a sua vida "completa". Além dessa decomposição pelo desequilíbrio das leis naturais, há, ainda, uma operação importante, o ESPÍRITO de DEUS que se entristece e castiga. DEUS é bom mas é também severo. Rom. 11:22. Até na maneira do Senhor falar (6:13) nos impressiona o motivo do castigo: "O fim da carne é vindo perante a minha face". E não: — "A minha face será voltada para dar fim à carne Os acusadores de DEUS, filhos do grande Acusador (Gên. 3:5), sabem sempre lembrar que DEUS destruiu a terra, mas escondem a sua própria maldade, provocadora da mesma destruição. "A tua malícia te castigará", (diz Jeremias — 2:19).
III — A salvaguarda dos que andam na fé e na obediência — 6:8, 14 7:1-4.
Muitas pessoas julgam que o Senhor não será capaz de cuidar duma única pessoa fiel, dentre uma completa geração perversa. Mero engano. Suponhamos que um homem de negócios, inteligente e zeloso, resolvesse fechar todas as empresas que lhe dessem prejuízo. Certamente ele não cerraria as portas e um estabelecimento que lhe desse bons lucros. Ora se um homem imperfeito sabe agir dessa forma, quanto mais DEUS que é perfeito e nos tem por mais precioso que os negócios humanos. JESUS disse que como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem"; logo, temos que descobrir em Noé o que agradava a DEUS, a fim de podermos conferir a nossa vida. Se ele foi preservado da destruição, nós também queremos ser. Noé teve fé (sem a qual é impossível agradar a DEUS — Hebr. 11:6), e mostrou zelosa obediência, pois fez tudo o que o Senhor mandara (obediência é melhor do que sacrifício). Aquele que, na presente dispensação guarda estes pontos como fez Noé, certamente, já pode ouvir: "Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre o mundo (Apo« 3:10). Era preciso fé e fidelidade para estar um homem construindo no seco uma arca" que se' destinava a navegar. Contudo, se alguém zombasse de Noé ou procurasse persuadi-lo, ele podia usar um forte argumento: "DEUS me falou e vocês, que não crêem, são os pecadores condenados por esta arca' (Heb. 11:7). Hoje ainda se dá o mesmo. Dizem-nos: "Vocês são fanáticos venham para o mundo; há tantos prazeres; gozemos a vida, pois daqui nada se leva. Mas nós temos o mesmo argumento: "DEUS nos falou por seu Filho conhecemos a sua voz e dele somos conhecidos, JESUS é a arca posta para salvar, mas a sua palavra julgará o mundo. A graça salva; a verdade julga. (João 12:47-48).
IV — Aspectos do dilúvio — 7:19-23.
O dilúvio foi total, isto é, as águas cobriram todo o globo terrestre. Ha pessoas que procuram negar isso, mas a Escritura o afirma de duas maneiras: direta e indireta, ou racional. A afirmação direta está no vers. 6:19-20 onde diz que as águas cobriram e prevaleceram sobre os mais altos montes da terra. A afirmação indireta é o que se deduz racionalmente, se a, arca ao baixar das águas pousou nos montes de Arará. Tendo esse monte mais de 5.200 metros de altura e sendo o ponto culminante da Arábia, num dilúvio parcial a arca nunca poderia pousar sobre ele, mas desceria fatalmente. Na primeira lição do trimestre, falamos ligeiramente numa destruição sofrida pela terra e que a tornou sem forma e vazia e, segundo se apreende do texto, também foi por água. (Gên. 1:2). Em ambos os casos, após o cataclismo, o homem tinha diante de si a terra refeita, enxuta e apta para produzir. E assim como DEUS fez o pacto com Adão, entregando-lhe a terra, também o fez com Noé, no mesmo sentido. Mas, infelizmente, havia não somente descendentes de Sete sobre a terra, mas ali se achavam também os filhos de Caim, os quais estão até hoje buscando uma nova destruição que, certamente, não tardará.

Revista CPAD - Lições Bíblicas 1942 - 1º trimestre de 1942 - A Mensagem do Livro de Gênesis - LIÇÃO 2 - 11/01/1942 – A CRIAÇÃO DO HOMEM - Adalberto Arraes 

Lição 6, O Impiedoso Mundo de Lameque, 2 parte

Lição 6, O Impiedoso Mundo de Lameque, 2 parte
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
Depois do relato introdutório da criação, o livro se concentra fundamentalmente em homens importantes e seus descendentes. Estes homens são Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José. Personagens de menor importância relacionados a estes indivíduos notáveis são tratados pelo simples alistamento de suas genealogias.
Em Gênesis, há um movimento sequencial que passa do universal para o específico. A história da criação do universo concentra a atenção em Adão e sua esposa Eva; depois se estende para traçar de modo incompleto o aumento dos seus descendentes pelas linhagens de Caim e de Sete. Tendo descrito vigorosamente a corrupção destes povos em 6.1-4, o relato anuncia a decisão do Todo-poderoso em puni-los por meio de um grandioso dilúvio, mas, ao mesmo tempo, salvar um remanescente dando proteção a Noé e sua família numa arca. Os descendentes de Noé também são apresentados no aumento numérico e na expansão via migração através de uma lista genealógica. Abraão vem em primeiro plano.
Geograficamente, os primeiros onze capítulos são direcionados ao vale mesopotâmico.
 
Uma comparação das genealogias em ambos os Testamentos logo deixa claro várias características. São genealogias altamente seletivas e não alistam necessariamente toda geração. Um estudo de “pai” e “filho”, que só pode ser feito adequadamente em hebraico, revela que estes termos podem ser aplicados, respectivamente, a qualquer antepassado ou a qualquer descendente. O papel das genealogias na Bíblia nem sempre é fornecer uma cronologia histórica; sua função varia de lugar para lugar.
É interessante observar um ponto de comparação entre a linhagem de Caim e a linhagem de Sete. O sétimo depois de Caim foi Lameque, que era o epítome da hostilidade furiosa, embora seus três filhos fossem gênios criativos. O sétimo na linhagem de Sete foi o piedoso Enoque, que DEUS para si... tomou. Noé, o décimo na linhagem de Sete, e seus três filhos começaram uma nova população depois do dilúvio.
Não há modo fácil de explicar a longa extensão de vida atribuída aos patriarcas relacionados no capítulo 5. A vida mais longa é de Matusalém, 969 anos. Estudiosos conservadores tomam uma de duas possíveis interpretações. Alguns (notavelmente John Davis, na sua obra muito consultada Dicionário da Bíblia, e mais recentemente Bernard Ramm) sugerem que os nomes representam o homem individual e o seu clã. Um paralelo bíblico é encontrado em Atos 7.16, onde o nome “Abraão” se refere à sua família ou clã, visto que o procedimento informado ocorreu depois da morte do patriarca. Outros destacam que nos primórdios da raça, antes que o pecado prolongado e persistente reduzisse a vitalidade humana e as doenças se desenvolvessem ao ponto em que estão hoje, idade avançada e vigor longo eram bem possíveis.
A Grande Apostasia (6.1-8)
As genealogias de Caim e de Sete são coroadas por uma história, que é veemente em sua acusação. Extensa controvérsia ainda gira em torno desta passagem.
Um aspecto do problema centraliza-se no significado da frase "os filhos de DEUS". Pela razão de esta frase aparecer em Jó 1.6; 2.1; 38.7 e Daniel 3.25 como designação a seres divinos ou anjos, argumenta-se que os anjos caídos vieram à terra e se casaram com mulheres (cf. SI 29.1; 89.6, onde “poderosos” e “filhos dos poderosos” aludem a DEUS). Contudo, em nenhuma parte das Escrituras há a descrição de seres divinos corrompendo o gênero humano. Eles sempre são benéficos em suas relações com o homem. JESUS foi claro em declarar que os que serão ressuscitados “nem casam, nem são dados em casamento; mas serão como os anjos no céu” (Mt 22.30). Por conseguinte, esta visão é contrária ao teor geral da Bíblia.
A presença muito difundida de histórias mitológicas entre os antigos pagãos, remontando aos hurritas (1500-1400 a. C) e descrevendo deuses e deusas da natureza engajados em relações ilícitas entre si, levam alguns a advogar que esta passagem é um conto mitológico. Contudo, admite-se prontamente que mitologia erótica não aparece em outros lugares na Bíblia. Por isso, os estudiosos concluíram que o escritor de Gênesis alterou um conto mitológico e, com um jeito envergonhado, o apresentou como justificação para o julgamento de DEUS que logo viria.
Outro ponto de vista popular é que os filhos de DEUS eram descendentes de Sete. De importância aqui é a palavra DEUS (ha’elohim), que em outros lugares no Antigo Testamento significa “o único DEUS verdadeiro” e, assim, o distingue das deidades pagãs. Este ponto de vista parece tornar impossível a teoria mitológica.
Na verdade, não se pode discutir que o conceito de uma relação filial entre DEUS e seus adoradores seja estranho ao Antigo Testamento. Esta questão não se apoia em uma frase precisa; apoia-se em um conceito. Em referência ao verdadeiro DEUS há uma declaração em Deuteronômio 32.5, que diz: “Seus filhos eles não são, e a sua mancha é deles” (hb., banaw, “filhos dele”). Também em referência a DEUS, o salmista (SI 73.15) disse: “Também falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos” (hb., banayka, “teus filhos”). E certo que nestes contextos “seus filhos” e “teus filhos” são equivalentes a filhos de DEUS. E de forma mais clara, Oséias (Os 1.10) disse acerca de Israel: “Se lhes dirá: Vós sois filhos do DEUS [’el hay] vivo”. No pensamento do Antigo Testamento, he’elohim e ’el hay quase não poderiam ter sido dois deuses distintos. Repare também em Oséias 11.1 a frase “meu filho”, que se remonta ao Senhor.
No Novo Testamento, a expressão “filhos de DEUS” ocorre em referência a seres humanos em João 1.12; Romanos 8.14; Filipenses 2.15; 1 João 3.1 e Apocalipse 21.7. Estas passagens do Novo Testamento não são extraídas do paganismo, mas estão solidamente baseadas no conceito do Antigo Testamento mencionado acima.
A conclusão de que os adoradores do Senhor (4.26) da linhagem de Sete também eram os filhos de DEUS preenche de maneira natural a lacuna entre as genealogias e o dilúvio. Estes homens não escolheram suas esposas com base na fé, mas por impulso, sem consideração pela formação religiosa. Seguiu-se corrupção após esta vida devassa e DEUS reagiu com ira divina.
A palavra hebraica traduzida por contenderá (3, yadon) tem vários significados. A formação verbal pode aludir a raízes que significam “permanecer, ser humilhado” ou, remetendo-se ao acádio, “proteger, servir de proteção”. Contender, trabalhar, esforçar-se ou proteger se ajustam bem ao contexto. O homem não devia sentir-se mimado, porque ele também é carne. Ele foi posto em provação por cento e vinte anos.
Em 6.3, há o pensamento interessante “Não para Sempre”. 1) O ESPÍRITO de DEUS contende com o homem; 2) O ESPÍRITO nem sempre contenderá; 3) O homem pode achar graça aos olhos do Senhor, 8 (G. B. Williamson).
A tradução gigantes (4, nefilim) remonta à Septuaginta. O contexto do outro exemplo onde a palavra aparece (Nm 13.33) sugere estatura incomum. Literalmente, o termo nefilim significa “os caídos ou aqueles que caem sobre [atacam] os outros”. Em todo caso, eram indivíduos malévolos. Eles precederam e coexistiram com o ajuntamento dos filhos de DEUS e das filhas dos homens. Nada no texto apoia a idéia de que eles eram descendentes deste ajuntamento que os rivalizavam como varões de fama, ou seja, homens de notoriedade e renome.
A reação de DEUS aos assuntos da sociedade humana aumentava de intensidade à medida que a corrupção pecaminosa se tornava dominante em escala universal. A degradação do homem estava interiormente completa, era só má continuamente (5).
A frase arrependeu-se o SENHOR (6), e outras semelhantes (ver Ex 32.14; 1 Sm 15.11; Jr 18.7,8; 26.3,13,19; Jn 3.10), incomoda muitos estudiosos da Bíblia. O conceito comum de arrependimento está relacionado com afastar-se de atos imorais. Assim, uma mudança de direção, de caráter e de propósito é inerente no ato. Duas passagens no Antigo Testamento asseveram definitivamente que DEUS não mente e se arrepende como o homem (Nm 23.19; 1 Sm 15.29). Um estudo das passagens relacionadas acima mostra que arrependimento divino não brota da tristeza por más ações feitas. As mudanças na relação do homem com DEUS resultam em mudanças nos procedimentos de DEUS com o homem. Quando o homem se afasta de DEUS para o pecado, DEUS muda a relação de comunhão para uma relação de repreensão julgadora. Quando o homem se afasta do pecado para DEUS, este estabelece uma nova relação de comunhão. Este é o arrependimento divino. Em nosso texto (6), DEUS muda de comunhão para julgamento.
As mudanças de relacionamento que DEUS executa nunca são descritas no Antigo Testamento como algo impessoal ou passivo. DEUS sempre está profundamente envolvido. Visto que a mudança de relação é pessoal, que melhores termos humanos se usariam do que expressões profundamente emocionais? Assim, pesou a DEUS em seu coração. Quando o homem peca, DEUS julga; mas Ele também sofre intensamente.
DEUS não se gloriou no ato de julgamento implementado a seguir. Toda palavra do pronunciamento está imbuída de agonia. Que criei (7) sugere “Todos os produtos da minha criatividade amorosa devem ser destruídos, exceto um”. Só um homem era adorador de DEUS: Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR (8).
De 6.5-8, G. B. Williamson analisa “O Dilúvio”. 1) O julgamento pelo pecado é inevitável, 5-7; 2) A justiça é indestrutível, 8; 3) A fidelidade de DEUS aos homens que confiam e obedecem é inalterável, 8.
A Corrupção Universal e Seu Resultado, 6.9—11.26
Um indivíduo se destaca novamente como objeto principal da preocupação de DEUS. Depois de livrar Noé e sua família do “dia da destruição”, DEUS estabeleceu uma relação de concerto com eles. Mas as promessas de guardar o concerto ainda estavam soando quando entrou a profanação para turvar o relacionamento, e as coisas não melhoraram com o aumento e difusão da posteridade por toda a terra. Parece ser triste repetição de uma velha história.
As Façanhas do Justo Noé (6.9—9.17)
Embora esta história seja popularmente conhecida como “A História do Dilúvio”, há poucos detalhes sobre o dilúvio em si. O foco principal está nas relações de DEUS com o gênero humano, sobretudo com aqueles com quem Ele escolhe tratar diretamente, e nas respostas que dão às afirmações que Ele faz acerca deles. Noé é o personagem proeminente da história e sua obediência é de importância para o ato de salvação de DEUS e não apenas para julgamento.
A seqüência da história é composta de cenário (6.9-12), uma série de ordens (6.13— 7.5), a execução do julgamento (7.6-24), a dilatação da misericórdia (8.1-22) e um concerto (9.1-17).
a) Um Justo em um Mundo Corrupto (6.9-12). Imediatamente, Noé (9) é definido como indivíduo incomum, embora as características associadas a ele não sejam incomuns entre os homens de DEUS no Antigo e Novo Testamento. Ele era justo (tsadik), ou seja, vivia de acordo com um padrão, marcando a vida com obediência a DEUS e interesse pelo gênero humano. Ele era reto (tamim), isto é, era indiviso em sua lealdade, orientada em direção a uma meta definida e motivado por paixão controladora. Como Enoque (5.24), Noé andava com DEUS, ou seja, desfrutava de comunhão ininterrupta e íntima com DEUS. Este andar infundia as características anteriormente mencionadas com uma ternura e profundidade de relação interpessoal com DEUS que transcende a religião formal.
A condição moral da geração de Noé não só se contrasta com a vida de Noé, mas elucida os termos que a descrevem. A corrupção do povo se destacava como o oposto da justiça de Noé. Noé exibia fidelidade e conformidade à vontade de DEUS; o povo não. A autenticidade de Noé, sua qualidade de vida sadia (tamim) era radicalmente diferente da violência (11, chamas) que permeava a sociedade dos seus dias. Uma comparação dos versículos 11 e 12 com o versículo 5 indica que esta violência era interior, severamente contaminada com imaginações imorais e tendências corruptas.
A declaração "viu DEUS" (12), não significa que Ele precisou de informação, mas que a situação na terra era de sua grande preocupação e exigia sério exame. Note significados semelhantes desta frase em 30.1,9 e 50.15. Em cada caso, uma avaliação da situação resultou em decisão e, depois, em ação.
b) O Julgamento de DEUS sobre a Raça Humana (6.13—7.5). Apalavra divina: O fim de toda carne é vindo perante a minha face (13), ressoou como toque de morte pela consciência de Noé. O fato de a terra estar cheia de violência não podia continuar sem controle. DEUS tomou a decisão e estava pronto para passar à ação. A falta de lei do povo estava desenfreada, assim a punição tinha de ser drástica. O gênero humano e sua casa, a terra, seriam destruídos. Aterra foi destruída no sentido de deixar de sustentar vida no decorrer da duração do dilúvio.
O julgamento não devia ser privado da oportunidade de salvação. Noé recebeu orientações específicas. Ele tinha de tomar madeira de gofer (14) e construir uma estrutura grande e semelhante a uma caixa. Não se sabe como era realmente a madeira de gofer, mas o betume era material asfáltico razoavelmente comum no vale mesopotâmico. Aceitando-se o côvado de aproximadamente 45 centímetros de comprimento, a arca teria cerca de 137 metros de comprimento, 22 metros de largura e 13 metros de altura. A ventilação era fornecida por uma janela (16) ou abertura de luz, que pode ter sido espaçada ao redor da extremidade do topo. Quanto à questão dos detalhes construtivos, o texto diz pouco. Uma porta estava do lado da arca, mas não há indicação de qual era a relação da porta com os três níveis da arca.
Um dilúvio de águas (17) foi o expediente do julgamento, mas um pacto (18) seria estabelecido com Noé (ver 9.9-17). Esta é a primeira vez que a palavra pacto (ou concerto) aparece no Antigo Testamento. Em passagens posteriores é o modo preferido de descrever a relação pessoal entre DEUS e as pessoas com quem Ele escolheu ter uma relação especial. Neste caso, Noé e sua família imediata, inclusive noras, foram os poucos escolhidos. Neste ponto, a relação de concerto era apenas uma promessa.
Em seguida, o Senhor informou a Noé que ele tinha de colocar casais de pássaros e animais na arca. A frase conforme a sua espécie (20), também encontrada em 1.21,24,25 em referência aos animais, é vaga no que tange às pretensas classificações de animais. Só os grupos gerais são especificamente mencionados: aves (20, of), animais (behemah) e réptil {remes). Atualmente, as “espécies” de animais são de aproximadamente um milhão. Seria erro presumir que o povo de antigamente pensasse em espécies de animais no mesmo sentido. O conceito pode estar mais próximo aos termos “classes, ordens, famílias ou gêneros”, mas hoje não há meio de determinar a questão. A arca também foi abastecida com comida (21).
Ainda que a palavra de DEUS fosse incomum, Noé seguiu obedientemente as instruções. Em Hebreus 11.7, há a observação de que Noé “temeu” quando obedeceu a DEUS. Pedro o chamou “pregoeiro da justiça” (2 Pe 2.5).
De 6.9-22, Alexander Maclaren pregou sobre “O SANTO entre Pecadores”. 1) O SANTO solitário, 9-11; 2) A apostasia universal, 11,12; 3) A dura sentença, 13; 4) A obediência exata de Noé, 22; 5) A defesa da fé, 7.21-23.
Depois que a arca estava pronta, o SENHOR (7.1) apareceu a Noé outra vez. Ele foi elogiado por sua obediência identificada pela palavra justo. O que Noé fez contou com a aprovação de DEUS.
A lista dos animais que entram na arca faz distinção entre animal limpo (2) e animais que não são limpos. Os animais limpos, em sentido ritualista, foram privilegiados para entrar sete e sete. Se o significado é sete pares ou três pares mais um indivíduo extra não está claro. Dos animais não limpos só um par de cada um foi permitido. Não é feita classificação entre aves (3) imundas e limpas, mas também tinham de entrar sete e sete. Noé teve sete dias (4) para carregar a arca antes do início do julgamento. Este viria na forma de um dilúvio que destruiria o homem e os animais. Noé obedeceu prontamente à mensagem de DEUS em todos os detalhes.
c) O Dilúvio (7.6-24). Na época desta catástrofe, era Noé da idade de seiscentos anos (6). A descrição da entrada na arca é de um evento tranquilo e ordeiro, que se deu do modo como DEUS ordenou que fosse feito. De acordo com o tempo estabelecido, vieram as águas do dilúvio (10).
A segunda anotação cronológica menciona o mês e o dia quando irrompeu o dilúvio.
A fonte das águas era dupla: jorraram de baixo, do grande abismo (11), e se derramaram de cima, pelas janelas do céu. Esta brevidade de descrição ocasiona uma avalanche de conjecturas relativas ao significado destes termos. A Bíblia se contenta em apenas dizer que esta turbulência continuou por quarenta dias e quarenta noites (12). Antes do início do dilúvio, Noé e sua família, com os animais, já estavam na arca conforme a ordem divina. DEUS, então, fechou a porta de forma que a arca flutuou com segurança sobre as águas em formação que cresceram grandemente (18) até cobrirem todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu (19).
As águas subiram quinze côvados (20), distância de cerca de 6,75 metros, mas não informa se esta medida era do cume da montanha mais alta até à superfície das águas ou de algum outro ponto de partida.
As águas cumpriram seu propósito mortal, destruindo as criaturas que estão mais à vontade no seco (22) do que em cima ou dentro d’água. A destruição é acentuada duas vezes (21,23), pois o julgamento era assunto apavorante. Somente os que estavam na arca escaparam da fúria da tempestade, cujas conseqüências perduraram por um total de cento e cinquenta dias (24)
d) Mas DEUS se Lembrou (8.1-19). A declaração lembrou-se DEUS (1) é como um raio de luz em uma cena escura. Violência e corrupção trazem uma colheita de destruição, mas a obediência fiel de uns poucos evoca expressões de bondade do Juiz celestial. O dilúvio não ia durar para sempre, nem aqueles que estavam na arca iam ficar nela como se estivessem numa prisão. Uma vez mais, DEUS agiu, fazendo soprar um vento seco por sobre as águas, que continuamente retrocederam do cume das montanhas. Logo, a arca (4) encalhou nos montes de Ararate, uma cadeia de montanhas na Turquia oriental. Lentamente, os cumes dos montes (5) mais baixos foram aparecendo. Quando abriu Noé a janela da arca (6) e enviou a pomba (8), ainda não havia terra seca para ela pousar, por isso voltou... para a arca (9). Uma semana depois, ele enviou novamente a pomba (10), que voltou com uma folha de oliveira no seu bico (11).
Depois de outros sete dias (12), libertou a pomba pela terceira vez. Desta feita, não voltou, instigando Noé a tirar a cobertura da arca (13). Ele não permitiu que ninguém saísse até que a terra estivesse completamente seca, 57 dias depois. Note que no versículo 13, as águas se secaram (harevu), mas no versículo seguinte a terra estava seca (yavesah). A mudança do verbo hebraico indica uma seca mais completa que o esgotamento das águas de sobre a terra (13). Em resposta à ordem de DEUS, Noé (18) abriu a arca e tudo que havia nela veio para fora da arca (19).
e) Sacrifício e Promessa (8.20-22). Saindo da arca, Noé dirigiu seus pensamentos e ações primeiramente a DEUS. Sacrificou no altar (20) animais e pássaros limpos, dos quais havia número em excesso (7.2,8,9), e DEUS respondeu. Aqui, a frase cheirou o suave cheiro (21) não indica que DEUS estava sofregamente faminto, mas que estava ciente do ato de Noé e o aprovava. DEUS toma a resolução interior de não usar um dilúvio outra vez como meio de punição. As razões para tal punição ainda permaneciam, porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice (21), mas a misericórdia de DEUS impediria um dilúvio como punição. Isto não significa que não haveria mais punições. Enquanto o pecado persistir entre os homens, a punição virá, embora por outros meios. Como sinal da sua decisão, DEUS estabeleceu uma regularidade de sequencias naturais que encorajariam o homem a ter esperança no futuro.
f) O Concerto de DEUS com Noé (9.1-17). Rememorativo de 1.28,29, abençoou DEUS a Noé e a seus filhos (1), os quais receberam uma ordem igual de povoar a terra. Eles tinham de dominar sobre todas as outras criaturas da terra. Além de vegetais para comer, agora recebem a permissão de comer carne, com certa limitação. Eles não têm permissão de participar de carne na qual fique sangue (4). O sangue era símbolo da vida, e no homem particularmente não tinha de ser tratado de modo leviano. DEUS fez o homem conforme a sua imagem (6) e, por isso, tinha uma condição especial.
Tendo esclarecido o papel inigualável do homem sobre a terra, DEUS passa a dar mais destaque à sua relação especial com o homem estabelecendo um concerto (9) com Noé e seus descendentes. A ênfase deste concerto estava na misericórdia e não na punição — misericórdia estendida a todas as criaturas. O fato de um arco... na nuvem (13) ser o sinal peculiar deste concerto não significa que antes não houvesse arco-íris. Sua estreita associação com a chuva parece ter sido seu valor primário como sinal do concerto de DEUS de que um dilúvio universal não aconteceria novamente. A questão é tão importante que é reiterada seis vezes nos versículos 11 a 17.
As nuanças teológicas das experiências de Noé relacionadas ao dilúvio estão implícitas, mas são claras. A origem da dificuldade acha-se na rebelião do homem contra DEUS, sua imaginação e propensão ao mal. DEUS não tolera o pecado além de certa medida. Há um ponto terminal que resulta em julgamento para o homem, mas não sem dor para DEUS (6.6). DEUS deu o primeiro passo na preparação do julgamento provendo a subsistência dos que vivem obedientemente na sua presença. Os outros foram julgados porque excluíram DEUS de suas vidas. As experiências de Noé descrevem DEUS como Senhor completo de todas as forças naturais, algumas das quais Ele usa como ferramentas para julgamento ou salvação. A preocupação de DEUS no meio do julgamento é salientada na declaração de que Ele se lembrou daqueles que estavam na arca. Por mais perigosa que lhes fosse a situação, eles nunca estavam ausentes dos pensamentos de DEUS. Quando o perigo passou, o Senhor comprovou sua preocupação entrando em relação de concerto pessoal com o homem e criatura, fazendo livremente promessas de misericórdias futuras. A relação de DEUS com o homem não estava na natureza de um complexo de forças naturais chamado deuses e deusas caracterizados por capricho e pirraça. Ele é o DEUS- Criador que exige retidão e pune a corrupção. Seus procedimentos com o homem são profundamente pessoais.
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
 
GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
6:1-8. A crise iminente.
1-4. Filhos de DEUS e filhas dos homens. O ponto em questão nesta passagem crítica, seja qual for o modo como a abordemos, é que se alcançou novo estágio no progresso do mal, com os limites impostos por DEUS ultrapassados em mais outra esfera.
2. Os filhos de DEUS são identificados por alguns como sendo os filhos de Sete, em oposição aos de Caim. Outros, inclusos os primitivos escritores judeus, entendem que se trata de anjos. (Obs. Ev. Henrique -Melhor a primeira).
3. Neste versículo muito controvertido, sigamos a RSV: Meu ESPÍRITO não permanecerá para sempre no homem, pois ele é carne, mas...”. A palavra permanecer (yadôn), usada pela Tradução Brasileira, recebe apoio das principais versões antigas, embora sua etimologia seja incerta. A tradução de AV, RV (“ lutar por” ; Almeida, Edição Revista e Corrigida, “ contender” ) parece exigir a forma yãdin ou possivelmente yãdün. Mesmo a palavra “ pois” (Ifsaggam, “ porquanto, como também” ) não fica livre de objeção (ver RVmg), mas os melhores MSS a apoiam.
Os cento e vinte anos poderiam ser o período de espera antes do dilúvio (c/. 1 Pe 3:20), ou a média menor da duração da vida humana, que doravante se deveria esperar. Qualquer destes significados harmoniza-se com o que se segue em Gênesis Parece, então, que nesta altura DEUS está preocupado, não com a depravação, que o versículo 5 introduzirá, mas com a presunção. Este foi o tema de 3:5 (“ como DEUS” ; ou “ como deuses” ) e de 3:22 (“ e viva eternamente”); reaparece em 11:4 (“ chegue até aos céus”), e o presente episódio bem poderia pertencer à série como uma tentativa, desta vez de iniciativa angélica, de trazer para a terra, ilicitamente, um poder sobrenatural, ou mesmo a imortalidade. Daí o contraste entre ESPÍRITO e carne, no comentário que DEUS fez. O homem é ainda um simples mortal, sustentado pelo ESPÍRITO alentador de DEUS (como no SI 104:29,30), unicamente segundo o Seu beneplácito.
4. A famosa frase de AV, AA, havia gigantes deriva da LXX mediante a Vulgata, mas RV, RSV confessam a obscuridade da palavra chave transliterando-a, “the Nephilim” (os nefilins). Contudo, a expressão homens poderosos, juntamente com Nm 13:33, tende a fortalecer o uso da tradução costumeira. Vale a pena observar que não se diz que os gigantes provieram exclusivamente dessa origem. Se alguns surgiram desse modo (e também depois), outros já existiam (naquele tempo) .
5-8. O pecado plenamente desenvolvido. No v. 5, a expressão “Viu o Senhor” convida a amarga comparação com a narrativa da criação, 1:31. Nas duas metades do versículo a maldade do homem é apresentada extensiva e intensivamente, a última com força devastadora nas palavras“ continuamente... todo” (AV: toda... somente... continuamente).
“Dificilmente se pode conceber mais enfática declaração da impiedade do coração humano.
O termo imaginação (AV), hebr. yêser, está mais perto da ação do que o inglês sugere (como também o português). Deriva do verbo do oleiro, “ formar” (c/. 2:7), e inclui a ideia de desígnio (ver AA) ou propósito. O judaísmo mais recente fez dele um termo técnico para cada um dos impulsos gêmeos, para o bem e para o mal, que considera coexistentes no homem. Mas o Novo Testamento é o fiel expositor da passagem, não encontrando “ bem nenhum” em nossa natureza decaída (Rm 7:18).
6. Esta descrição deveras humana transmite a força intensa da situação, deixando a palavra se arrependeu (RSV, lamentou) salvaguardada noutra ocasião contra a implicação de capricho (1 Sm 15:29,35).
Esta é a maneira de falar do Velho Testamento, em que emprega as expressões mais ousadas, contrabalançadas em outros lugares, se necessário, mas não enfraquecidas. A palavra pesou tem afinidade com as palavras aflição (“ dor”, RSV) e fadiga (AA: sofrimentos, dores, fadigas) de 3:16,17. Agora DEUS sofre por causa do homem. Acrescente-se que U. Cassuto expõe que os três verbos aqui empregados, “ se arrependeu...ter feito... lhe pesou”, reproduzem as três raízes hebraicas de “ consolará... trabalhos... fadigas”, em 5:29, ampliando imensuravelmente o escopo das palavras de Lameque. O homem anseia por alívio temporal; DEUS tem de fazer direito as coisas. “ As esperanças depositadas por Lameque em seu filho vieram a realizar-se de maneira muito diversa da que ele imaginara 7,8. A singela brevidade do v. 8 é extremamente eloquente depois dos demolidores termos do v. 7. Juntos, os dois versículos mostram a maneira característica como DEUS trata o mal: enfrenta-o não com meias medidas, mas com os extremos simultâneos de juízo de salvação.
A graça (8) é ainda simples bondade, quer seu beneficiário seja um Noé ou (c/. 19:19) um Ló. O fato adicional de que toda a vida é interligada fica igualmente claro, com as criaturas companheiras do homem compartilhando a sua ruína e, conforme se desenrola a narrativa, partilhando também da sua libertação — tema retomado ulteriormente em Rm 8:19-21.
GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
 
Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP
O DILÚVIO - (Gênesis 6-8) - Noé
O capítulo 5 termina com o nascimento dos três filhos de Noé. Noé significa "descanso". As agruras da vida tinham trazido amargas experiências a todos estes homens, e o nascimento de Noé foi para Lameque como que uma nova estrela no horizonte da vida. Daqui em diante começa um novo capítulo na história da humanidade.
Causa do Dilúvio: Casamentos Mistos (6:1-8)
Este capítulo começa descrevendo as terríveis condições a que tinha chegado a raça e dá, ao mesmo tempo, estas condições como a causa do Dilúvio. A iniquidade vinha se multiplicando na terra desde a morte de Abel. A despeito de todos os esforços divinos para conservar sua criação nos moldes do programa original, a corrupção cada vez mais se acentuava. DEUS tinha posto o homem na terra para dominar sobre ela, para ser o seu rei, mas estes foros e direitos estavam se perdendo pouco a pouco, e de tal modo se corrompeu, que perdeu totalmente todos os direitos de senhor e dominador da criação divina. Uma das causas mencionadas nestes primeiros versos, e talvez a maior delas, foi o casamento de crentes piedosos, da semente de Sete, com a descendência corrupta de Caim. A terra estava começando a ser povoada. Não era mais uma família, ou duas, mas uma numerosa prole, dividindo-se e subdividindo-se em diferentes tipos, com diferentes inclinações. Era problema complexo e difícil. Os primórdios da religião da família estavam sendo descartados, o culto abandonado, a união de um homem com uma mulher tomou caráter profano e, conforme as condições, cada homem tomava para si tantas mulheres quantas sua cobiça pudesse desejar. O bígamo Lameque tinha incubado o germe da corrupção da família, e no seu próprio tempo apareceram os frutos patentes, numa poligamia desbragada. A família é a base e estrutura da sociedade. O padrão familiar de qualquer povo decidirá o seu futuro como povo civilizado e honesto. A decadência de qualquer nação começa no lar. A ruína dos primitivos habitantes começou com a não observância dos estatutos divinos de multiplicar-se pelos processos lícitos e consentâneos com a natureza da raça mesma. Neste ponto, o programa divino ficou frustrado e só restava um recurso: destruir a raça apóstata e começar de novo. DEUS não pode ser acusado de injustiça, porquanto o homem tinha perdido todos os direitos a senhor da terra.
Muitos anos se passaram desde a morte de Abel, e durante esse tempo os homens se multiplicaram na terra (v. 1) e nasceram-lhes filhas, que iam sendo tomadas por outros homens, sem reserva de espécie alguma: "Viram os filhos de DEUS que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas que escolheram." Neste verso temos uma das escrituras mais debatidas e sobre que mais se tem escrito. O verso é, geralmente, interpretado de três modos, e pode dizer-se que todas as escolas teológicas têm dado sua palavra sobre o assunto. Reconhecemos que é difícil a interpretação, mas, à luz dos precedentes capítulos e da história da raça, não parece haver lugar para as extravagâncias racionalistas a respeito da diversidade de raças sobre a terra.
Dou aqui as três interpretações e a que penso ser verdadeira:
1. A causa da multiplicação do pecado no mundo e conseqüente punição pela vinda do Dilúvio sobre a terra teria sido o casamento dos filhos de DEUS, a descendência de Adão, com as filhas dos homens, mulheres meio brutas, descendentes de animais inferiores, que pelo processo da evolução tinham chegado a ter forma humana, andavam eretas, mas, além dessas aparências humanas, eram ainda seres brutos e irracionais. Esta teoria nega que as outras raças, além da branca, sejam descendentes de Adão. Haveria, portanto, no mundo, duas raças fundamentalmente diferentes: uma, criação direta de DEUS, a outra, produto da evolução, desde o protoplasma até ao macaco e depois ao homem.
Os que advogam esta teoria crêem que estas mulheres foram os seres intermediários entre o homem e o macaco, ou o elo de que tanto falam e que há dezenas de anos procuram, em achar. Reconhecem que, a despeito de o macaco oferecer certas imagináveis aparências, não deixa, entretanto, de haver um abismo entre ele e o homem, e que, portanto, não é possível que a descendência do quadrumano seja o homem. Daí a necessidade que têm os aderentes desta doutrina de recorrerem a outros seres intermediários, de que estas mulheres teriam sido parte.
Esta escola pode ainda dividir-se em duas: a que admite a criação da matéria por DEUS, e a que nega, tanto a existência de DEUS, quanto a conseqüente criação. A primeira chama-se teísta, e a segunda, ateísta.
Conforme a doutrina da primeira, DEUS criou o mundo e talvez algumas espécies elementares de vida animal, que, pela lei da evolução, foram se desenvolvendo até chegar ao homem. Outros vão mais longe e dizem que DEUS criou apenas a matéria e deu-lhe certas leis, a que chamam forças residentes, mediante as quais a dita matéria se desenvolveu por si mesma, até produzir o primeiro elemento vivo, que geralmente é chamado protoplasma, o qual, nela mesma lei da evolução, produziu todos os seres que se encontram na face da terra. Em qualquer dos casos, esta teoria requer centenas de milhares de anos, para poder produzir todas as espécies que se encontram espalhadas pelas cinco partes do mundo. Alguns teólogos, meio críticos, admitem que DEUS criou o primeiro par conforme ficou dito, donde vem a raça branca; e que as outras raças são produto da evolução, pertencendo as mulheres que são aqui chamadas "filhas dos homens" a esta raça não criada por DEUS. Em resumo, as "filhas dos homens" são o produto da evolução, e os "filhos de DEUS" são os descendentes de Adão e Eva.
Convém notar que entre a teoria teísta, que aceita DEUS como o criador da matéria e talvez de algumas espécies originais, e a teoria ateísta, que nega em absoluto, tanto DEUS como a criação, não há muita diferença, porque em ambas é admitida a evolução como causa necessária da criação. Mesmo no ramo mais conservador, que admite a criação de um par original, Adão e Eva, aceitando que as outras raças sejam o resultado da evolução, não há muita diferença, porque no final todas elas se confundem na célebre evolução.
2. A segunda escola de interpretação diz que as "filhas dos homens" eram realmente a descendência de Adão e Eva e que os "filhos de DEUS" eram os anjos que entraram em conúbio com a raça humana. Os adeptos desta teoria baseiam-se, primeiro, no teor geral das Escrituras, que chama aos anjos "filhos de DEUS"; segundo, que alguns manuscritos da Septuaginta têm "anjos" em lugar de "filhos de DEUS"; terceiro, que os versos 6 e 7 de Judas mostram que a falta dos anjos foi darem-se ao pecado de miscigenação, entrando em contacto com a carne; quarto, que os gigantes de Gênesis 6:4 eram anjos, e que, finalmente, a descendência deste conúbio deu uma raça de gigantes, de que fala Gênesis em diversos lugares, cuja descendência habitava Canaã, quando os doze espias foram revistar a terra.
Examinando, ligeiramente, esta teoria, responde-se:
(1) que em algumas passagens das Escrituras os anjos são chamados filhos de DEUS, mas nunca em Gênesis, (2) a Septuaginta, traduzindo "anjos" em lugar de "filhos de DEUS", violenta o texto hebraico para se conformar à teologia alexandrina;
(3) o argumento de Judas 6 e 7 desfaz-se à primeira análise. O verso 6 refere-se aos anjos que não guardaram sua própria habitação, isto é, que não ficaram fiéis à sua missão, ficando por isso reservados para o dia do Juízo. O verso 7 é uma analogia ou aplicação do verso 6. Assim como os sodomitas tinham fornicado, desviando-se das normas naturais, semelhantemente, os anjos se tinham desviado de sua posição. DEUS entregou os sodomitas ao juízo, sofrendo eles a pena do fogo eterno. A expressão "ido após outra carne", no verso 7, refere-se à relação sexual dos sodomitas e gomorritas que, conforme Romanos 1:27, se tinham desviado da ordem da natureza, para se corromperem entre si mesmos. Não há nenhuma confusão neste sentido, e simplesmente comparação entre o ato dos anjos e o ato dos sodomitas.
Demais, o caso em Judas é diferente de Gênesis 6:2. Aqui é casamento legal, enquanto em Judas é pecado de sodomia. A natureza dos anjos exclui em si mesmo tal união. Os anjos são incorpóreos (Sal. 104:4.; Hb. 1:14; Ef. 4:12); não têm sexo (Mat. 22:30); são imortais (Lc. 20:36); são super humanos e ao mesmo tempo finitos, com sabedoria e poder diferentes dos do homem (II Sm. 14:20; II Pedro 2:11; Mat. 24:36; I Pedro 1:2; Ef. 3:10); eles não têm descendência nem ascendência, não têm família. Não foram criados na mesma ordem que o homem. Cada um permanece fiel ou cai por si mesmo; não fazem parte da economia humana, sendo sua redenção, em caso de pecado, possível, mediante processo diferente do que redime o homem (Hb. 2:16). Os anjos são, sim, criados, e, portanto, finitos, mas por origem são chamados filhos de DEUS; por natureza, espíritos; pelo caráter, santos (Jó 5:1; Sal. 98:5-7; Daniel 18:13; Judas 14). Todos estes predicados os excluem de, por sua natureza, entrarem em relação com a humanidade.
(4) Os Nefelins (Gênesis 6:4 e Números 13:33) não são anjos, mas homens de grande estatura, célebres por seu caráter violento. A palavra "nefelim" será examinada ligeiramente, e o leitor verá que ela significa, conforme a raiz de onde se deriva, "caidores". O verbo "nafel" significa cair, não sabendo os teólogos se "nefelim" significa "caidores" sobre os outros homens mais fracos, dando-Ihes, desta forma, a ascendência sobre eles, ou se significa "caídos" moral e espiritualmente. Seja qual for a mais correta significação de nefelim, o termo nada oferece que se possa aceitar como indicativo de ser diferente da raça humana.
(5) A origem desta raça de gigantes é coisa explicável, sem necessidade de admitir miscigenação de seres humanos e espirituais. Ainda hoje há homens que junto de outros são verdadeiras gigantes. Os irlandeses são de estatura muito maior que os brasileiros. Nem por isso se diria que os irlandeses são gigantes para os brasileiros.
3. A terceira interpretação diz que "os filhos de DEUS" são descendentes de Sete, ou seja, a linhagem piedosa e obediente a DEUS, e as filhas dos homens, as mulheres da descendência de Caim, ou seja, a linhagem da desobediência e rebelião. Com isto, está de acordo Gênesis 4:26: "então começaram os homens a invocar o nome do Senhor", ou como seria melhor traduzido: "Então começaram os homens a ser chamados pelo nome do Senhor." Estas duas correntes humanas são claras através de toda a história da humanidade. Hoje mesmo, os homens se dividem em duas correntes, uma, seguindo a CRISTO e a sua lei, outra, seguindo as inclinações de seu coração corrompido. Em favor desta interpretação, pode mencionar-se a lei da reprodução "segundo sua espécie". Os homens se reproduzem segundo a união de naturezas iguais, bem como os outros animais.
A natureza dos anjos, sendo espirituais e sem sexo, os inibe de entrar em relações sexuais com qualquer espécie. O fato de Moisés mencionar estes casamentos e dá-los mesmo como causa da corrupção que se seguiu, não nos deve surpreender, porque o Novo e o Velho Testamento proíbem casamento de pessoas de condições espirituais diferentes (Ed. 10; Nm. 13; Êx. 34:15, 16; Deut. 7:3, bem como, no N.T., II Cor. 4:14-17).
Em muitos outros casos no V. T., o casamento de crentes com descrentes foi causa de sérios embaraços, como se deu com Salomão. O pecado dos filhos de DEUS consistiu em entrarem em relações matrimoniais com mulheres de sentimentos e educação diferentes, somente porque eram bonitas. Dentre as teorias mencionadas, o autor aceita esta última.
A expressão "de todas que escolheram", parece indicar que cada um tomou mais de uma mulher, continuando a poligamia que Lameque tinha introduzido no mundo. O grande comentador Conant sumaria assim a passagem: "Os descendentes de Caim eram uma raça irreligiosa, e alguns se distinguiram por proezas e opressões. Os descendentes de Sete entraram em relações matrimoniais com as mulheres dessa raça, e desta união saíram homens distinguidos por igual caráter e conduta. Assim, toda a raça se corrompeu." (Conant, Comentário ao Livro de Gênesis).
Seja qual for o verdadeiro significado da palavra que denomina os descendentes destes casamentos ilícitos, é certo que eles foram o resultado imediato da falta de obediência a DEUS. A terra encheu-se de violência, e DEUS, como que se fatigou de lutar com a raça, deliberou destruí-la. O ESPÍRITO de DEUS, o doador e preservador da vida, foi retirado do homem, e o fim chegou em breve: Meu ESPÍRITO não contenderá para sempre com o homem... O ESPÍRITO divino no homem é a única esperança para sua conduta, mas sua persistência no erro terminará afugentando-o, e o homem, uma vez entregue a si mesmo, breve se afoga na corrupção. Notemos, porém, que DEUS, por meio do seu ESPÍRITO, tenta guiar o homem e encaminhá-lo na trilha do bem e da virtude, e só depois que vê baldado seu esforço é que deixa o homem a sós, é o pecado contra o ESPÍRITO SANTO, de resistir profanamente contra sua presença visível, tanto na vida pessoal como coletiva. Não há remédio para o homem nestas condições.
"Porque ele também é carne." Em outras palavras, "porque ele... é carne", e nesta carnalidade continuará em seu erro.
A palavra não pode ser, pois, entendida aqui em seu sentido ordinário, como que comparando fisicamente o homem a DEUS. Em seu pecado e na continuidade do erro, o homem é sempre carnal.
Por causa desta carnalidade, DEUS mareou um limite à vida humana, não um limite para a idade do homem, mas para a idade da raça. "Seus dias serão 120 anos". A raça sobre a terra duraria mais 120 anos e então seria destruída pelo Dilúvio.
"E arrependeu-se Jeová de ter feito o homem sobre a terra". Aparentemente, temos aqui duas dificuldades a vencer: a primeira, que DEUS, sendo impassível, imutável, conforme nosso credo, não se pode arrepender (I Sm. 15:29). A segunda, que DEUS se pode arrepender. Ponhamos à margem nosso credo e examinemos as Escrituras. O texto diz: "Pesou-lhe em seu coração". O Dr. Conant expressa-se assim: "Não podemos penetrar no profundo significado da linguagem, quando tratamos com o DEUS Infinito e Perfeito. Como DEUS é afetado pelo pecado não pode ser conhecido por nós; esta linguagem tem por fim exprimir o pensamento divino, tanto quanto possível, para a nossa concepção e imperfeita natureza. O escritor de Gênesis está pondo pensamentos divinos em termos humanos, e o abismo que medeia entre as duas coisas não tentaremos abordar. Em JESUS temos um vivo exemplo desta resolução de DEUS. Como JESUS pôde ser tocado pelos problemas, tristezas e angústias humanas dificilmente compreenderemos; sabemos que foi. É assim também com DEUS."
Conforme isto, DEUS não se arrependeu no sentido em que o homem se arrepende, mas sim, pesou-lhe em seu coração, ficou triste por ver sua obra destruída. É tudo que podemos dizer sobre o assunto. É o limite do nosso pensamento. Há uma grande verdade através das Escrituras: nós determinamos o curso do trabalho providencial de DEUS, o condicionamos à diretriz de nossa vida.
Façamos ligeira pausa e inquiramos a razão de ser da catástrofe que ameaça o mundo, o Dilúvio. Até que ponto era a raça responsável pelo que ia acontecer? Teria ela se afastado de DEUS por voluntária e impenitente disposição, ou ter-se-ia afastado naturalmente, por falta de luz e meios preservativos? Tê-la-ia DEUS deixado entregue a si mesma, para seguir seu curso natural, ou teria sido encaminhada divinamente, de modo que pudesse perpetuar a boa disposição de Sete, Enoque e tantos outros santos? Do peso destas considerações dependem em grande medida o valor do juízo e a dignidade do "veredictum" humano, se "veredictum" se pode chamar a destruição da humanidade.
Em outras palavras, destruiu DEUS a sua criação, sem lhe dar uma oportunidade de se corrigir e melhorar? A narrativa é de tal modo breve, que o estudante precisa de capacidade, de perspicácia, para conseguir documentar a justiça do ato divino. Não que ao homem reste direito, em qualquer tempo, de apelo, diante da sentença divina, pois, que é o barro para que se volte contra o oleiro? Não obstante isto, convém certificar-nos da rigorosa justiça com que DEUS sempre faz acompanhar seus atos. Veremos que não foi a falta de luz e conhecimento divinos que levou esta geração à ruína, mas o desprezo votado por ela à revelação. Os antediluvianos tinham os mesmos conhecimentos que nós temos hoje, com a diferença de grau apenas. Tinham a revelação da natureza a respeito do poder e bondade de DEUS (Sal. 19:6; Rm. 1:18-20; Atos 14:17). Tinham a revelação de DEUS internamente, em suas próprias consciências (Rm. 2:15). Tinham a noção e o conhecimento da natureza divina e de suas próprias ordens, pelo intercurso de DEUS mesmo com o homem, desde o tempo de Adão. Tudo isto reunido, não era tanto quanto ao que a natureza caída da raça podia recorrer, mas era suficiente para que perecesse sem culpa. Eles recusaram esta revelação no mesmo grau que os homens rejeitam a luz do evangelho. Os motivos são os mesmos, qualquer que seja o grau de revelação que possuam. Ainda se pode dizer, em favor da justiça divina, que DEUS lhes tinha oferecido oportunidades e meios convenientes, de modo a poderem manter a primitiva comunhão que Adão gozou mesmo depois de pecar.
Examinemos alguns casos que deixam sem desculpa a raça e exaltam a divina justiça do castigo:
1. A promessa de um Redentor feita no Éden (Gên. 3:15). Esta promessa tinha sido perfeitamente entendida por Adão e Eva, como se pode ver no próprio nome que Adão deu à mulher - Eva, que significa, mãe dos viventes e no nascimento do primeiro filho (Gên. 4:1) Caim, que significa "Aquisição", exprimindo a esperança de Adão e Eva de que este seria o redentor do pecado.
2. O estabelecimento do lugar de culto ao oriente do Éden, onde o homem,
por meio do sacrifício, podia ver seus pecados expiados e continuar a gozar as delícias da
comunhão com DEUS (Gên. 3:24). À entrada do jardim, entre os querubins, DEUS podia ser propiciado. Foi ali que Abel ofereceu o seu holocausto e foi declarado justo pela fé.
3. DEUS mesmo instituiu sacrifícios expiatórios, como meio para o pecador poder se aproximar dele (Gên. 3:21; 4:3,4). Adão e seus filhos praticavam este culto ao Altíssimo.
4. O sábado, como dia de culto (Gên. 2:3; 4:3).
5. A facilidade de perpetuar as primitivas tradições, devido à longevidade dos antediluvianos.
6. A existência de profetas como Enoque, que não cessariam de admoestar o povo.
7. A pregação de Noé, que 120 anos anunciou a vinda do juízo.
8. Ministério do ESPÍRITO SANTO (Gên. 6:3) no coração dos homens, admoestando-os de seus pecados.
Estas e outras oportunidades DEUS deu ao povo, para que se desviasse de seus pecados. O castigo veio em tempo e justamente. Diante do estado pecaminoso a que chegou a raça humana, DEUS deliberou destruí-la e começar de novo com a família de Noé. Talvez o exemplo aproveitasse e o novo começo satisfizesse às exigências divinas.
O Dilúvio foi a terceira experiência de DEUS para ver se era possível manter a sua criação dentro dos moldes a que tinha sido destinada. Lembremo-nos de que DEUS não está experimentando achar o caminho que suas criaturas devem trilhar para se convencer a si mesmo da completa ruína espiritual do homem, mas para nos mostrar seu caminho e complacência e ao mesmo tempo convencer-nos de que só há um meio para podermos servi-lo e que este meio deve ser crido e aprendido pela experiência. O último recurso de que o Criador usou foi severo e jamais será esquecido enquanto durar o mundo. "E Jeová disse: destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei." Não somente o homem, mas os próprios irracionais. Estes eram irresponsáveis, porém, como auxiliares do homem, só tinham razão de existir se vivesse o homem. A criação principal no mundo somos nós.
Tudo mais existe para nosso proveito e conforto, daí sua aniquilação juntamente com a humanidade, que se tinha tornado indigna.
No meio de toda a geração ímpia viu DEUS um homem justo: Noé; e o justo não perece com o ímpio. Com ele o Criador se comunica e lhe anuncia o fim de toda a carne, dá instruções sobre os meios de preservar a si e a seus filhos, bem como um par de cada espécie. A lei de repovoamento da terra tinha de continuar como desde o princípio: " ... cada um segundo sua espécie".
Ainda que tudo estava irremediavelmente perdido, DEUS deu 120 anos para que o castigo não surpreendesse a raça rebelde. "Seus dias serão 120 anos". Desde o divino decreto, de destruir a terra, até a sua execução, medíou o período de 120 anos. Noé foi o pregoeiro da justiça durante esse tempo e, se houvesse arrependimento, a sentença divina podia ser derrogada. Nínive seria destruída depois de 40 dias, mas a pregação de Jonas e o consequente arrependimento do povo evitaram a catástrofe. Se os antediluvianos se houvessem arrependido como os ninivitas, não teria vindo o Dilúvio. DEUS é misericordioso e longânimo.
A Construção da Arca Salvadora
DEUS vem a Noé e lhe ordena que construa uma arca de madeira de gofer. Não se sabe que madeira era esta, mas certamente não se refere a uma qualidade qualquer, mas a madeira incorruptível. Gofer talvez signifique "madeira incorruptível" ante a ação da água, tal como o cedro ou cipreste, conforme edição atualizada. Este enorme navio tinha 300 côvados de comprido por 50 de largo. Não era um navio com toda a estética naval de nossos dias, mas obedecia ao mesmo princípio. Cada côvado tinha cerca de 22 polegadas; portanto, a arca tinha 450 pés de comprimento, 75 de largo e 45 de altura, em números redondos. Com os três andares, oferecia espaço suficiente para alojar todos os espécimes de animais da terra, bem como Noé e sua família.
A Bíblia menciona três filhos de Noé ao tempo do Dilúvio, mas é provável, senão certo, que tinha outros, porém talvez do tipo do resto da raça e que, portanto, não são mencionados ou então teriam morrido. Durante os 120 anos, Noé ocupou-se da construção da Arca e da pregação do arrependimento. A Bíblia nada diz de como DEUS proveu Noé do necessário às despesas de tão grande empreendimento. É possível que fosse homem de meios e os gastasse na construção. Pelo menos os 120 anos ele deu a este trabalho.
É admirável a fé que este homem tinha, entregando-se a uma obra tão grande, no meio de um povo que o cercaria de contínuo da pecha de tresloucado. Sua fé e pregação nada conseguiram, porque apenas ele e sua família, mencionada na ocasião do decreto fatal, tiveram o privilégio de salvar-se.
DEUS promete fazer com Noé um concerto que serviria de base ao novo princípio. É a primeira vez que a palavra "concerto" ocorre na Bíblia, embora houvesse outro concerto anterior entre Adão, Eva e DEUS. Mas aquele concerto era tão diferente em si mesmo, que não oferecia os termos de concerto, propriamente. Parece que a ocasião em que DEUS promete entrar em concerto com Noé foi posterior àquela em que ordena a construção da arca e anuncia o Dilúvio. Houve, não há dúvida, diversas manifestações divinas durante os 120 anos. Os filhos dos filhos de Noé aqui mencionados podem ser os filhos que nasceram depois do Dilúvio ou a geração futura. O concerto foi feito com Noé e com toda a humanidade depois dele. Houve diversos concertos feitos em ocasiões diferentes, mas todos baseados no molde original - a promessa de um Salvador. Tudo mais é secundário depois deste plano. A salvação e restauração da raça perdida em Adão é a chave da Bíblia. Meu concerto estabelecerei contigo mostra que não fez um novo concerto, mas o restabelecimento do antigo, em novos moldes. Nada mais alto podia premiar Noé, pela sua fé e obediência, do que ser usado para restabelecer o concerto de DEUS com a criação.
Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP
 
Referências Bibliográficas (outras estão acima)
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Almeida. Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. Texto bíblico Almeida Revista e Corrigida.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, com referências e algumas variantes. Revista e Corrigida, Edição de 1995, Flórida- EUA: CPAD, 1999.
BÍBLIA ILUMINA EM CD - BÍBLIA de Estudo NVI EM CD - BÍBLIA Thompson EM CD.
CPAD - http://www.cpad.com.br/ - Bíblias, CD'S, DVD'S, Livros e Revistas. BEP - Bíblia de Estudos Pentecostal.
VÍDEOS da EBD na TV, DE LIÇÃO INCLUSIVE - http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
www.ebdweb.com.br - www.escoladominical.net - www.gospelbook.net - www.portalebd.org.br/
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/alianca.htm
Dicionário Vine antigo e novo testamentos - CPAD
GÊNESIS - Introdução e Comentário - REV. DEREK KIDNER, M. A. - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova ,Caixa Postal 21486, São Paulo - SP, 04602-970
Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.
Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Comentarista pastor Elienai Cabral
Gênesis - Comentário Adam Clarke
Revista CPAD - Lições Bíblicas - 1995 - 4º Trimestre - Gênesis, O Princípio de Todas as Coisas - Comentarista pastor Elienai Cabral
Revista CPAD - Lições Bíblicas 1942 - 1º trimestre de 1942 - A Mensagem do Livro de Gênesis - LIÇÃO 2 - 11/01/1942 – A CRIAÇÃO DO HOMEM - Adalberto Arraes 

Estudo no livro de Gênesis - Antônio Neves de Mesquita - Editora: JUERP