Lição 2 - A Firmeza Do Caráter Moral e Espiritual De Daniel, 1 parte

Lição 2 - A Firmeza Do Caráter Moral e Espiritual De Daniel
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: A Integridade Moral e Espiritual - O Legado Do Livro De Daniel Para A Igreja Hoje.
Comentários: Pr. Elienai Cabral
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm
 
 
Quem era o jovem Daniel? Quem eram Hananias, Misael e Azarias, seus amigos? O livro de Daniel inicia a história desses jovens situando-os no processo de deportação de Jerusalém para a Babilônia de Nabucodonosor. A respeito desses quatro jovens, a Bíblia descreve cinco características importantes: Eram "de linhagem real, dos nobres"; "sem defeito algum"; "formosos de aparência"; "instruídos em toda a sabedoria"; "sábios em ciência".
 
TEXTO ÁUREO
"E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, [...] portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar" (Dn 1.8).
 
 
VERDADE PRÁTICA
A integridade de caráter implica uma disposição interior para se manter fiel aos princípios da vida cristã.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Dn 1.8 A fidelidade de Daniel
Terça  - Lv 11.43-45 A alimentação de Daniel
Quarta - Sl 65.5; 118.8,9;  Is 26.4 Daniel e a confiança em DEUS
Quinta - Dn 6.10 A firmeza de Daniel
Sexta - Dn 2.30 A humildade de Daniel
Sábado - Ez 14.14,20 Daniel entre os piedosos
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Daniel 1.1-8, 17, 20
1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. 2
E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da Casa de DEUS, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu DEUS, e pôs os utensílios na casa do tesouro do seu DEUS. 3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres, 4 jovens em quem não houvesse defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus. 5 E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei. 6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. 7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque, e a Azarias, o de Abede-Nego. 8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.
17 Ora, a esses quatro jovens DEUS deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos.
20 E em toda matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino.
 
INTERAÇÃO
Esta lição mostrará  o caráter  diferenciado de Daniel e seus amigos. Mesmo vivendo em uma sociedade pagã eles não se deixaram contaminar. A fé de Daniel fez com que ele se tornasse um exemplo de fidelidade para os crentes de todas as épocas. O profeta compreendia visões e sonhos. Ele e os seus amigos estudaram com afinco a língua dos caldeus, bem como a sua literatura. Os jovens se aplicaram e DEUS lhes recompensou. Treinados pela academia real, Daniel e seus companheiros recusaram-se a comer alimentos reais. Eles não eram vegetarianos, mas como Judeus a lei proibia que comessem animais "imundos" (Lv 11; Dt 14). Nas sociedades pagãs, as carnes em geral também eram dedicadas a alguma divindade. A decisão de não comer o alimento real era uma forma de dizer não à idolatria e ao paganismo babilônico.
 
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Fazer uma retrospectiva da situação moral e política de Israel.
Explicar a força do caráter de Daniel.
Analisar as atitudes de Daniel e seus amigos na corte babilônica.
 
Resumo da Lição 2 - A Firmeza Do Caráter Moral e Espiritual De Daniel
I. UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1. A situação moral e política de Judá.
2.  A  situação espiritual de Judá.
3. O império babilônico arrasa o reino  de Judá.
II. A FORÇA DO CARÁTER
1. A tentativa de aculturamento dos jovens hebreus (1.3,4). 
2.  O caráter colocado à prova (1.5-8). 
III. - A ATITUDE DE DANIEL E DE SEUS AMIGOS
1. Uma firme resolução: não se contaminar (Dn 1.8).
2. Daniel, um  modelo  de excelência.
3. Daniel: modelo de integridade x sociedade corrupta.
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) - Judá se encontrava espiritual e politicamente em uma situação desfavorável, o que facilitou a invasão e o domínio de Nabucodonosor.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - Daniel e seus amigos tinham um caráter imaculado e não se deixaram seduzir pelas ofertas malignas de Nabucodonosor.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - Daniel estava no exílio, mas seu relacionamento com DEUS não foi afetado. Ele manteve-se fiel ao Senhor e às suas leis.
 
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I - Subsídio Bibliológico
"Que tivessem habilidade para viver no palácio do rei
Quando DEUS permitiu a Nabucodonosor a vitória sobre Jeoaquim em 605 a.C., o monarca babilônico levou alguns vasos do templo e também alguns escolhidos dentre os príncipes e nobres. Depois da destruição de Nínive, sete anos antes, o império babilônico começou a crescer tão rapidamente que não dispunha de números suficientes de babilônios cultos para a cúpula governamental. Por isso, Nabucodonosor levou para a Babilônia jovens saudáveis de boa aparência e de alto nível cultural a fim de ensinar-lhes a cultura e a língua dos caldeus e, assim, torná-los úteis no serviço real. Entre eles estavam Daniel e seus três amigos" (Bíblia de Estudo  Pentecostal. Rio de   Janeiro: CPAD, 1995, p.1244).
 
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ZUCK, Roy B (Ed). Teologia do Antigo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular  de Profecia Bíblica. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
 
Revista Ensinador. Editora CPAD. pag. 37.
A identidade dos quatro jovens - Flávio Josefo, historiador judeu de linhagem sacerdotal (37-103 d.C), em sua célebre obra, História dos Hebreus, editada pela CPAD, confirma a linhagem real e nobre de Daniel e dos seus três amigos: "Dentre todos os filhos da nação judaica, parentes do rei Zedequias e outros de origem mais ilustre, Nabucodonosor escolheu os que eram mais perfeitos e competentes". Outro apontamento de Josefo chama-nos a atenção: "Dentre os moços que eram parentes de Zedequias, havia quatro perfeitamente honestos e inteligentes: Daniel, Hananias, Misael e Azarias". Tanto pela Bíblia quanto por fonte extra, está claro que esses jovens pertenciam à realeza e à nobreza de Israel. Ambos eram parentes do rei Zedequias. Entretanto, as características mais importantes destacada pela Bíblia e, igualmente por Josefo, eram a honestidade, firmeza e integridade no caráter.
Educados na Lei de DEUS, os jovens levavam a sério a ética social da Torá na cultura paganizada da Babilônia. Prova disso foi a tentativa de Nabucodonosor em apagar a identidade social e religiosa deles. Os nomes dos rapazes foi mudado para nomenclaturas pagãs: a Daniel foi dado o nome de Beltessazar; Hananias foi dado o nome de Sadraque; a Misael foi dado o nome de Mesaque; a Azarias foi dado o nome de Abede-Nego.
A firmeza do caráter - Frequentemente, o termo caráter é conceituado como um tipo ou sinal convencionado numa sociedade. Refere-se à índole, ao temperamento e a forma moral. A família, a escola e a religião de um grupo social contribuem para formar o caráter de uma pessoa.
Ao impor a troca dos nomes de Daniel e os seus três amigos se estava "mudando" a identidade deles, tanto cultural quanto religiosa, advinda da Lei de DEUS. Mas o que fizeram os jovens rapazes? Resistiram sabiamente, propondo outra estratégia para viverem no palácio da Babilônia sem desonrar a DEUS e conservando a integridade de caráter herdado do seu povo.
Revista Ensinador. Editora CPAD. pag. 37.
 
Observação minha - Ev. Henrique - Aspenaz não consentiu, mas Daniel conseguiu convencer ao encarregado de cuidar deles, devido ao seu caráter diferenciado.
Quem colocou os nomes babilônios em Daniel, Hananias, Misael e Azarias não foi Nabucodonosor, mas Aspenaz, o chefe dos eunucos.
 
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS LIVROS - INTRODUÇÃO
Este primeiro capítulo apresenta os personagens que são os protagonistas de episódios relatados nos capítulos seguintes. Eles revelam a capacidade de serem fieis a DEUS mesmo quando as circunstâncias se mostram adversas. É a história de quatro jovens que não se corromperam, nem antes nem depois de se tornarem exilados numa outra terra e sob o domínio de um rei pagão.
Os seis primeiros capítulos do livro são históricos. Neles encontramos a história verdadeira de quatro jovens judeus, os quais, levados cativos para a Babilônia foram desafiados na sua fé em DEUS. Dos quatro rapazes judeus, Daniel, Ananias, Misael e Azarias, é o jovem Daniel que ganha espaço nesta história pela demonstração de sua fé, fidelidade e integridade em meio a uma situação instável e oposta a tudo que conhecia no meio do seu povo.
Nesta história destaca-se a firmeza de caráter demonstrada pelos quatro jovens que deu a eles a capacidade de enfrentar o desafio à sua fé no DEUS de Israel. Essa atitude significava a disposição interior e era fruto da formação moral e espiritual recebida de seus pais.Tratava-se de uma postura mais firme que colocava as suas vidas em risco por não obedecer a ordem do Rei que afetava a sua fé.
Neste início do século XXI, somos desafiados na nossa integridade como cristãos a termos uma postura que jamais renegue a nossa fé cristã. Haverá em nossos dias gente confiável? Para esse tempo de crise de integridade, a história de Daniel serve de modelo aos cristãos.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 27-28.
 
Poucas personagens no A.T. são tão conhecidas quanto Daniel, um homem desarraigado da sua terra natal, educado numa sociedade estrangeira, que manteve uma lealdade inabalável ao DEUS do seu povo. As suas habilidades e a integridade inspirada pela sua fé o conduziram a altos escalões de governo.
Chamado para fazer o impossível, a contar ao rei o sonho deste, a sua fé foi recompensada com percepção divina, salvando-o da morte.
Durante o comumente generoso governo da Pérsia, ele não estava disposto a fazer concessões nem por um mês, e os seus inimigos sabiam que ele não o faria. A sua fé não era nem ostentosa nem secreta, mas firme, pronta para dar a resposta quando questionada, até mesmo para repreender um rei por ter cometido sacrilégio negligente. Apto para as maiores responsabilidades ministeriais no governo, ele também estava apto para a responsabilidade singular de receber e anunciar revelações acerca da sua nação em questões internacionais nos séculos por vir.
DONALD C. FLEMING. Comentário Bíblico NVI. Editora Vida. Eclesiastes. pag. 1174.
 
a- Daniel e seus três amigos optaram por não comer a comida do rei.
b- Eles não se curvaram à imagem do rei, mesmo sob pena de morte.
c- Daniel continuou a orar, embora soubesse que poderia ser notado e condenado à morte.
Estes homens são exemplos inspiradores de como viver uma vida com DEUS em um mundo pecaminoso. Quando enfrentamos provações, podemos ter certeza de que DEUS está conosco. Que Ele nos dê a mesma coragem para sermos capazes de permanecer fiéis sob pressão.
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 1089.
 
Daniel viveu em meio a todos esses acontecimentos marcantes. Não sabemos exatamente que impacto ele causou na comunidade dos exilados, mas temos evidências de que foi uma grande influência em favor do bem, tanto aos exilados como aos babilônicos.
Daniel tornou-se confidente de Nabucodonosor ao longo do reinado deste (605—562 a.C.). Mais tarde serviu com igual distinção na corte de Ciro, o governante persa que conquistou a Babilônia. Uma das primeiras políticas implementadas por Ciro após subjugar a Babilônia foi permitir que os judeus retornassem à sua terra e retomassem seu estilo de vida. É muito provável que Daniel tenha influenciado a decisão do monarca. O livro de Daniel serve como testemunho do modo como DEUS opera Seus propósitos por meio de Seus servos, ainda que estes estejam servindo na corte de governantes pagãos (Dn 2.21; 4.18).
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1273-1274.
 
 
I – UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA
1. A situação moral e política de Judá.
“No ano terceiro do reinado de Jeoaquím” (1.1). Segundo alguns estudiosos da cronologia histórica que envolve o terceiro ano do reinado de Jeoaquim o tempo mais próximo foi entre 606 e 605 a.C. Nesse tempo, Nabucodonosor era o filho de Nabopolasar que era, tão somente, o herdeiro do trono da Babilônia. Porém, destacou-se quando fez campanhas de conquistas de outras terras em lugar de seu pai. Sua ascensão ao trono da Babilônia aconteceu em 605 a.C., mediante a vitória que teve em Carquemis assegurando aos babilônios a dominação sobre a Síria e a Palestina. Foi depois desta vitória que lhe foi dado o título de Rei da Babilônia. Foi em 605 a.C., que Nabucodonosor entrou em Judá e Jerusalém e confiscou utensílios de valor do templo de Jerusalém, levando-os para a Babilônia. Cumpria-se, então, a profecia de Isaías ao rei Ezequias muitos anos antes (Is 39.1-6). Outros profetas profetizaram sobre essa queda de Judá, através de Hulda, a profetisa (2 Cr 43.22-28), além dos profetas que profetizaram sobre o exílio de Judá na Babilônia, tais como Miqueias (Mq 4.10), Jeremias (Jr 25.11) e Habacuque (Hc 1.5-11).
“veio Nabucodonosor, rei da Babilônia a Jerusalém e a sitiou” (1.1).
Houve três incursões do rei babilônico. Na primeira vez este rei levou os tesouros da casa de DEUS no ano terceiro de Jeoaquim em 606 a.C. Na segunda incursão, Nabucodonosor fez a segunda deportação que foi no ano oitavo de Jeoaquim em 597 a.C. Na terceira incursão foi no ano 586 a.C., quando o templo foi saqueado, destruído e queimado, bem como a cidade e os muros de Jerusalém (2 Rs 25.8-21). Os utensílios do templo de Jerusalém consagrados a Jeová foram levados para a casa do deus de Nabucodonosor, porque atribuía suas conquistas ao seu deus.
“Jeoaquim, rei de Judá” (1.1). Os antecedentes históricos desse rei são cheios de maldade e rebelião contra DEUS. Jeoaquim foi colocado no trono de Judá pelo Faraó-Neco, o rei do Egito (2 Rs 23.34) nos anos 608 a 597 a.C. Jeoaquim foi colocado no lugar de seu irmão Jeoacaz , que foi deposto pelo rei do Egito. No ano 606 a.C., Nabucodonosor invadiu Jerusalém, dominou a cidade e levou para a Babilônia os tesouros da casa de DEUS (templo). Porém, as pretensões de Nabucodonosor foram além dos valores materiais de Jerusalém. Ele levou alguns nobres da casa real que eram versados em ciências e conhecimentos gerais, entre os quais, quatro jovens chamados Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Em meio àquela crise espiritual do reino de Judá, esses jovens se mantiveram fiéis aos princípios ensinados e que foram testados logo.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 28-29.
 
A situação política de Judá
Nos anos 608 a 597 a.C., reinava em Jerusalém Jeoaquim, que havia sido empossado por Neco, faraó do Egito (2Rs 23.34). Naqueles dias, duas nações lutavam pelo domínio da região: a Assíria e o Egito. Neco, rei do Egito, subira para batalhar contra o rei da Assíria (2Rs 23.29). Josias, rei de Judá, temendo pela segurança de seu reino, achou melhor atacar o exército egípcio, mas morreu na batalha de Carquemis, em 608 a.C. Neco, que agora estava com todos os trunfos na mão, destituiu a Jeoacaz, filho de Josias, quando este havia reinado apenas três meses, impôs pesado tributo a Judá, e constituiu rei a Jeoaquim, irmão do deposto Jeoacaz (2Rs 23.31-35). O castigo de DEUS foi retardado, mas não evitado (2Rs 23.26,27). Jeoaquim foi um rei ímpio. Seu pai Josias rasgou suas roupas em sinal de contrição e arrependimento. Ao contrário, Jeoaquim rasgou e queimou o rolo da Palavra de DEUS que continha as mensagens do profeta Jeremias e mandou prender o mensageiro (Jr 36.20-26).
Jeoaquim era também assassino. Porque as mensagens do profeta Urias eram contrárias aos seus interesses, ele mandou matá-lo. Urias fugiu para o Egito, mas Jeoaquim mandou sequestra-lo. Ele foi trazido à sua presença e morto à espada (Jr 26.20-23).
O cenário político ao redor de Judá
No ano 606 a.C., novos acontecimentos vieram modificar o cenário político-militar da conturbada região. Uma vitória de Nabucodonosor, rei da Babilônia, sobre o faraó Neco, consolidou a Babilônia como nova potência mundial em ascensão. O Egito e a Assíria haviam disputado o predomínio, mas a luta enfraquecera a ambos. Assim, a Babilônia foi quem mais ganhou com essas brigas. Quando dois cães brigam por um osso, pode aparecer um terceiro e levá-lo com a maior facilidade.
Nabucodonosor fez três incursões sobre Jerusalém: em 606 a.C., levou os nobres (dentre eles Daniel) e os vasos do templo. Em 597 a.C., noutra incursão, levou mais cativos. O rei Jeoaquim rendeu-se sem resistência. Nesse tempo, também, foi ao cativeiro o profeta Ezequiel (2Rs 24.8). Em 586 a.C., após dezoito meses de sítio, os exércitos do rei da Babilônia saquearam a cidade de Jerusalém. Arrasaram-na totalmente, destruindo também o templo. O rei Zedequias foi capturado quando tentava fugir e levado à presença de Nabucodonosor. Seus filhos foram mortos em sua presença, seus olhos foram vazados, e ele levado cativo para a Babilônia com o seu povo (2Rs 25).
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 19-20.
 
O povo de DEUS: novas questões em teologia e em política
No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia a Jerusalém, e a sitiou. o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da casa de DEUS; (vs. 1-2a).
Quando tudo isso realmente aconteceu a maioria do povo de Judá teve que mudar sua ótica sobre como DEUS iria realizar o seu propósito com relação a eles dentro da História e como iria cumprir as suas promessas. Eles haviam sido levados a pensar e a planejar erradamente, interpretando a Palavra de DEUS de acordo com os seus próprios desejos egocêntricos. A maneira de ler e interpretar suas escrituras e tradições levava-os a pensar que seria a partir de certos princípios inalteráveis que DEUS cumpriria os seus propósitos. A linha real de Davi deveria continuar ininterruptamente, sem nenhuma interrupção, até que o segundo glorioso Davi, o Messias prometido, descendente do primeiro, aparecesse no trono de Judá. Sob este reinado Israel experimentaria o triunfo e a satisfação de ser o centro de uma comunidade de um grande e novo estado mundial, onde a paz e a prosperidade floresceriam para a alegria de todos. Mas até que chegasse esse dia, Jerusalém, a cidade santa, e o templo deveriam permanecer livres e invioláveis, como nos bons tempos de Davi e Salomão, sendo assim um sinal de que aqui DEUS realizaria essas coisas maravilhosas.
Portanto quando tudo aconteceu às avessas, quando a cidade e o templo invioláveis foram destruídos, foi difícil para eles admitirem que o futuro pretendido por DEUS pudesse envolver tanto a humilhação como a glória, o exílio e a vergonha, bem como a segurança e a prosperidade. Será que DEUS poderia realmente usar um pagão como Nabucodonosor como instrumento para o bem e a educação do seu povo? Será que DEUS esperava que acreditassem que, enquanto estavam nas mãos brutais do rei, eles ainda estariam nas mãos de DEUS?
Em particular era-lhes muito difícil ver o templo arruinado e os utensílios da casa de DEUS profanados. Tinham-se curvado em temor perante o que acreditavam e sentiam ser a presença de DEUS naquele templo, onde estes utensílios eram usados e santificados. A tradição era permeada de histórias que advertiam que a ninguém seria permitido sequer tocar nesses utensílios com mãos profanas sem sofrer pavorosa e imediata punição. Mas agora um monarca pagão atreveu-se, e teve permissão, de fazer exatamente isso!
Precisavam de uma nova teologia, e o seu desenvolvimento seria um processo moroso, envolvendo introspecção e muita discussão. O livro de Daniel leva-nos para um mundo no qual estes problemas estavam sendo enfrentados e dissecados em toda a sua amplitude. Mas além dos problemas de uma nova teologia tinham também que definir como viver naquela situação. Deveriam viver como um grupo minoritário dentro de um ambiente ora ameaçador, ora amigável, mas sempre alienado de sua cultura e de sua fé religiosa. Um pastor trabalhando entre imigrantes que moram numa grande cidade resumiu o problema básico de tal grupo: “Como podemos nos ajustar sem sermos tragados?”
Como povo escolhido de DEUS jamais deveriam ter-se permitido esquecer, mesmo lá na Babilônia, das promessas específicas de DEUS sobre o futuro, feitas primeiramente a Abraão, e freqüentemente repetidas e ampliadas nos tempos cruciais de sua história. Estas promessas asseveravam-lhes que possuiriam a terra de Canaã. Lá construiriam uma cidade e uma casa para o DEUS vivo; produziriam uma linhagem de reis que culminaria com o rei divino; seriam abençoados e tornar-se-iam bênção para todas as nações da terra. Para mantê-los unidos era necessário acreditar nesse processo, o que os preservaria ante todas as outras nações. Mas como seria cumprido agora este destino, sob o governo de Nabucodonosor, sob a incerteza da situação mundial, e ante as sublevações destes novos tempos? Será que haveria uma mínima possibilidade da promessa feita a Abraão e aos patriarcas de realizar? Eles haviam sido arrancados da terra em que foram plantados. Estavam dispersos em países distantes. Será que valia a pena apegar-se a esta tradição do passado e procurar permanecer fiel ao chamado que os patriarcas ouviram tantas vezes? Poderiam atrever-se a esperar que o milagre do grande êxodo do Egito viesse a se repetir num novo êxodo da Babilônia naqueles dias?
Ronald S. Wallace. A Mensagem de Daniel. Editora ABU. pag. 20-22.
 
O Cerco de Jerusalém.
Nesses versículos temos um relato:
I. Do primeiro ataque súbito que Nabucodonosor, rei da Babilônia, ainda no primeiro ano do seu reinado, fez contra Judá e Jerusalém, no terceiro ano do reinado de Jeoaquim, e seu êxito nessa expedição (w. 1,2): Ele sitiou Jerusalém, em pouco tempo se tornou seu senhor, apoderou-se do rei, levou consigo a quem quis e o que quis, e deixou Jeoaquim para reinar como tributário. O que ele fez por cerca de oito anos. Mas este então se rebelou, e isto foi a sua ruína. Quanto a esse primeiro cativeiro, a maioria dos intérpretes pensa que os setenta anos devem ser datados (embora Jerusalém não fosse destruída, nem o cativeiro tivesse sido concluído), cerca de dezenove anos depois. Naquele primeiro ano, Daniel foi levado para a Babilônia e, ali, continuou por todos os setenta anos (v. 21), durante o tempo em que todas as nações serviriam a Nabucodonosor (Jr 25.11). Esse único profeta, portanto, testemunhou no período de sua própria vida o surgimento, o reinado, e a ruína dessa monarquia. Dessa forma, esse foi o assunto de uma época singular, por que os reinos da terra são coisas efêmeras, mas o reino dos céus é eterno. Os justos, que os vêem se enraizando, verão sua queda (Jó 5.3; Pv 29.16).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 824.
 
2. A situação espiritual de Judá.
“E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoaquim, rei de Judá” (1.2). Nas mãos de quem? Claro, nas mãos de Nabucodonosor. Esta declaração bíblica revela a soberania divina sobre os reinos do mundo. Ele tinha poder para tirar e colocar reis sobre as nações. Neste caso, DEUS toma um rei inimigo do povo de DEUS e o faz dominar sobre o rei de Judá e seu povo. Segundo a história, depois que Josias havia feito a grande reforma política e religiosa em Judá, os anos se passaram e os filhos de Josias se desviaram da fé de seu pai e foram muito ímpios. Os sacerdotes, o rei e todo o povo se endureceram espiritualmente. O próprio rei, Jeoaquim, “endureceu a sua serviz e tanto se obstinou no seu coração, que se não converteu ao Senhor, DEUS de Israel”{2 Cr 36.13). A casa de DEUS foi profanada com as abominações gentílicas e o coração de DEUS foi entristecido.
“e uma parte dos utensílios da Casa de DEUS, e ele os levou para a terra de Sinar” (1.2). Na verdade, Nabucodonosor não levou tudo o que havia no templo, apenas parte. Em outra incursão ele levou o restante, nada deixando em Jerusalém. Na verdade, ele destruiu a cidade para não ficar lembrança alguma na mente dos exilados (2 Cr 36.18). A terra de Sinar ou Sineat; fica na Mesopotâmia, ou seja, na Babilônia, o mesmo lugar onde foi construída a Torre de Babel.
Esse lugar era sinônimo de oposição a DEUS, onde a perversidade fora marcante. Ao levar os utensílios do Templo judeu, Nabucodonosor desafiava ao DEUS de Israel. Mais tarde, Belsazar profana os utensílios sagrados do templo de Israel no capítulo 5.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 29-30.
 
O cenário espiritual em Judá
Depois da reforma de Josias, Judá voltou a se esquecer de DEUS. Os filhos de Josias não temiam a DEUS como ele. Os reis foram homens ímpios. Eles não aceitavam mais ouvir a Palavra de DEUS. Alguns profetas e sacerdotes se corromperam. Os profetas de DEUS foram perseguidos, presos e mortos.
Em vez de haver quebrantamento, arrependimento e volta para DEUS, o rei, os sacerdotes e o povo se endureceram ainda mais. Contudo o rei: "... endureceu a sua cerviz e se obstinou no seu coração, para não voltar ao Senhor, DEUS de Israel” (2Cr 36.13). Diz ainda a Palavra de DEUS que: “... todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam cada vez mais a sua infidelidade, seguindo todas as abominações dos gentios; e profanaram a casa do Senhor, que ele tinha santificado para si em Jerusalém” (2Cr 36.14).
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 21.
 
Que proveito ele teve desse acontecimento. Ele não destruiu a cidade ou o reino, mas fez apenas aquilo que cumpria a primeira ameaça maliciosa da Babilônia. Foi dito contra o rei Ezequias, por mostrar seus tesouros aos embaixadores do rei da Babilônia (Is 39.6,7), que os tesouros e seus filhos seriam levados. Mas, se eles tivessem se humilhado e se arrependido disto, o poder e o sucesso do rei da Babilônia poderiam ter avançado, mas não por muito tempo. Se juízos menores cumprirem seus objetivos, DEUS não enviará maiores. Mas, se não cumprirem, Ele aquecerá a fornalha sete vezes mais. Vejamos o que foi feito então:
1. Uma parte dos utensílios do santuário foi levada (v. 2). Eles ingenuamente confiavam no Templo para defendê-los, embora continuassem em sua iniquidade. E agora, para lhes mostrar a vaidade desta convicção, o Templo é o primeiro a ser saqueado. Muitos dos utensílios sagrados que costumavam ser empregados no serviço de DEUS foram levados pelo rei da Babilônia, dentre eles, muito provavelmente, os que eram mais valiosos. Contudo, ele os levou como troféus de vitória para a casa do seu deus, a quem, com uma devoção cega, ele dedicou a conquista de seu sucesso. E tendo se apropriado desses utensílios, em sinal de gratidão ao seu deus, ele os colocou no tesouro do seu templo. Seu povo havia trazido as imagens de outros deuses para o seu Templo, e então Ele permitiu que os utensílios do Templo fossem levados para os tesouros desses deuses. Observe que quando os homens profanam os utensílios do santuário com os seus pecados, pode-se esperar como algo justo que DEUS os profane através dos seus juízos. E provável que os tesouros da casa do rei tenham sido saqueados, como foi predito, mas uma menção especial é feita à remoção dos utensílios do santuário. Sim, pois encontrarmos mais tarde que a profanação deles foi o que encheu a medida da iniquidade dos caldeus (cap. 5.3). Mas observe que foi apenas uma parte deles que foi levada ao cativeiro. Alguns ainda foram deixados em aflição, para ver se tomariam a atitude certa a fim de evitar que tudo fosse levado embora. Veja Jeremias 27.18.
2. As crianças e os jovens foram levados, especialmente os que eram de origem nobre ou real, que eram belos e promissores, aqueles que aparentemente poderiam se destacai'. Assim, a iniquidade dos pais foi visitada neles próprios, pois perderam os seus filhos (e estes filhos também sofreram por causa dos seus pais). Estes foram levados embora por Nabucodonosor: (1) Como troféus, a fim de serem exibidos para evidência e glorificação do seu sucesso. (2) Como penhores da fidelidade dos seus pais em sua própria terra, que se preocupariam em se comportar bem para que seus filhos pudessem receber um tratamento melhor. (3) Como uma semente para servi-lo. Ele os levou para treiná-los para serviços e cargos honoríficos sujeitos a si, ou por uma inexplicável afetação, que os homens poderosos freqüentemente têm de serem servidos por estrangeiros (sejam de quaisquer raças), em vez dos da sua própria nação. Outra possível explicação é o fato de eles acharem que não havia tantos jovens espirituosos, alegres, e engenhosos que pudessem ser encontrados entre os seus caldeus, como havia em grande número entre os jovens de Israel. E, se isso fosse assim, era mais pela honra da nação judaica, possuir um talento incomum acima de outros povos, e um fruto da bênção de DEUS. Mas era uma vergonha que um povo que tinha tanta inteligência tivesse tão pouca sabedoria e graça. Agora observe: [1] As instruções que o rei da Babilônia deu para a escolha desses jovens (v. 4). Eles não deveriam escolher os que tivessem qualquer deficiência física, mas que fossem bonitos e atraentes, cujas fisionomias fossem indicadoras de habilidade, destreza e bom humor. Mas isto não era suficiente. Eles deveriam ser habilidosos em toda a sabedoria e em sagacidade. O seu conhecimento devia ser visível, assim como o entendimento que possuíam da ciência. Como eram rápidos e vigorosos, poderiam dar uma descrição pronta e inteligente do seu próprio país e do aprendizado que até então haviam obtido. Nabucodonosor escolheu os que eram jovens, porque seriam dóceis e tratáveis, esqueceriam o seu próprio povo e se incorporariam aos caldeus. Ele tinha em vista o que planejou para eles. Eles deveriam ter a habilidade necessária para se comportarem a altura do ambiente do palácio real, não só para servirem ao rei, mas para administrarem os seus assuntos. Este é um exemplo da política desse monarca emergente, então no início do seu reinado. E era um bom presságio de sua prosperidade que ele estivesse preocupado em preparar uma série de pessoas capacitadas para cuidar das atividades públicas. Ele não os nomeou, como Assuero, para escolherem para ele mulheres jovens, mas para o serviço do seu governo. E do interesse dos príncipes terem homens sábios empregados às suas ordens. Portanto, trata-se de um gesto de sabedoria deles terem o cuidado de encontrar e treinar tais pessoas. É uma das desgraças deste mundo que tantos que são qualificados para as funções públicas sejam sepultados na obscuridade, enquanto tantos que são desqualificados para elas sejam honrados. [2] O cuidado que Nabucodonosor tomou a respeito deles. Primeiro, com a educação deles. Ele ordenou que fossem ensinados os conhecimentos e a língua dos caldeus a eles. Eles deviam ser jovens sábios e cultos, e ainda assim deviam receber mais instrução. Dê instruções a um homem sábio e ele crescerá em conhecimento. Observe que aqueles que quiserem fazer o bem no mundo quando forem adultos, eles precisarão aprender enquanto forem jovens. Essa é a idade do aprendizado. Se esse tempo for perdido, dificilmente será recuperado. Não parece que Nabucodonosor quisesse que eles aprendessem as artes ilícitas que eram usadas entre os caldeus, como a mágica e a adivinhação. Se ele quisesse isso, Daniel e seus companheiros não se contaminariam com elas. Não achamos que ele tenha ordenado que lhes fosse ensinada a religião dos caldeus, pois parece que nesse momento Nabucodonosor não era um homem fanático. Se os homens fossem habilidosos e fiéis, e qualificados para o seu trabalho, não era tão importante para ele a religião que professavam, contanto que tivessem alguma religião. Eles deviam ser instruídos no idioma e nas leis do país. Em história, filosofia, e matemática. Nos conhecimentos da agricultura, da guerra, e da navegação. Sim, no aprendizado que poderia qualificá-los para servir à sua geração. Note que é um verdadeiro serviço para o bem público prover uma boa educação para os jovens. Em segundo lugar, com o sustento deles. Ele lhes deu o sustento por três anos, não só os produtos de primeira necessidade, mas guloseimas para incentivá-los em seus estudos. Eles tinham a provisão diária dos manjares do rei, e do vinho que ele bebia (v. 5). Este era um exemplo da sua generosidade e humanidade. Embora eles fossem cativos, ele levava em consideração o nascimento e qualidade deles, seu espírito e habilidade, e os tratava com respeito, e estudava como poderia tornar o cativeiro mais fácil para eles. E necessário haver respeito para com aqueles que são bem nascidos e criados, especialmente quando enfrentam situações difíceis e angustiantes. Com uma educação liberal deve haver um sustento liberal.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 824-825.
 
3. O império babilônico arrasa o reino de Judá.
O poder do império babilônico
A Babilônia tornou-se o maior império do mundo. Era senhora do universo. O reinado de Nabucodonosor abarcou um período de 43 anos. Durante seu reinado, a cidade de Babilônia foi embelezada. As muralhas da cidade eram inexpugnáveis, com trinta metros de altura e dava para três carros aparelhados, com mais de 1.200 torres. Ali havia uma das sete maravilhas do mundo antigo, os jardins suspensos da Babilônia.
O povo de Judá foi arrancado da cidade santa, e o templo destruído. O cerco trouxe morte e desespero. As crianças morriam de fome, os velhos eram pisados, e as jovens forçadas. Isso trouxe dor e lágrimas ao jovem profeta Jeremias. Ele chega a dizer que mais felizes foram os que foram mortos à espada que aqueles que morreram pela fome (Lm 4.9).
O povo levado ao cativeiro se assenta, chora, curte a sua dor, dependura as harpas e sonha com uma vingança sangrenta (SI 137.1-9).
A nação inteira estava vivendo em flagrante desobediência a DEUS. Os tempos de fervor espiritual haviam se acabado com a reforma religiosa do rei Josias. DEUS, portanto, por intermédio de Jeremias e Habacuque alerta o povo que um tempo de calamidade aconteceria. A poderosa Babilônia invadiria Jerusalém e levaria o povo para o cativeiro.
Em 606 a.C., Nabucodonozor cercou Jerusalém e saqueou o templo e levou todos os seus tesouros para a Babilônia. Levou também as pessoas ricas, jovens e bem dotadas, deixando os demais para trás. Estabeleceu Zedequias no governo, mas este se rebelou contra a Babilônia. Então, Nabucodonozor cercou a cidade até que a fome vencesse o povo dentro de suas muralhas. Depois, invadiu a cidade, incendiou o templo, quebrou os muros, forçou as jovens, matou os jovens e levou o povo para o cativeiro.
A Babilônia era o maior império do mundo. Era a senhora do universo. Nesse contexto de apostasia, mundanismo, infidelidade, desobediência, guerra e ameaça de uma invasão internacional é que Daniel cresceu. Foi nesse tempo dramático que ele viveu sua infância e adolescência. Seria ele produto do meio? Seria ele um a mais a embrenhar-se nas sombras espessas do pecado? Como ser um jovem fiel a DEUS num tempo assim?
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 21-22; 29-30.
 
Jerusalém é Saqueada pelos Babilônios, 25.8-17 (cf. Jr 52.12-23)
No mês posterior àquele em que Zedequias foi capturado e levado a Nabucodonosor em Ribla, Nebuzaradã (8), seu general, queimou os maiores edifícios de Jerusalém (9), derribou os muros (10) e reuniu reféns de guerra (11). Os rebeldes que se renderam refere-se àqueles “que já haviam se rendido” (Moffatt). Ele também levou os utensílios do Templo (14), as duas colunas (16) e o mar (a grande pia de bronze; cf. 1 Rs 7.13-47). Estes foram cortados em pequenos pedaços, o suficiente para serem levados para a Babilônia. De puro ouro ou de prata (15) pode ser lido como: “O que era de ouro, o capitão da guarda levou como ouro e o que era de prata como prata”. Talvez pelo menos alguns dos instrumentos tenham sido derretidos e transformados em lingotes de ouro e prata. O magnífico Templo, planejado para permanecer como uma testemunha do Senhor DEUS e daquilo que Ele havia feito pelo seu povo, foi demolido e despojado de sua riqueza material e de sua simples beleza. Foi transformado em um lugar que faria com que aqueles que por ele passassem ficassem pasmados e assobiassem com menosprezo (cf. 1 Rs 9.8).
Outra Deportação, 25.18-21 (cf. Jr 52.24-30)
Nebuzaradã, o capitão da guarda (18), moveu-se, então, contra aqueles que ainda o desafiavam. É possível que algumas informações indicassem que esses líderes em particular tenham sido contra os babilônicos em suas atitudes e ações. Isto é sugerido pelo modo como Nabucodonosor ficou ciente da posição pró-babilônica de Jeremias e ordenou que ele fosse solto (Jr 39.11-18). Entre os executados estava o sumo sacerdote (18), bem como outros sacerdotes e oficiais (18,19). Os sessenta homens do povo da terra (cf. 21.4) talvez fossem anciãos das províncias que representavam o povo de suas localidades. De acordo com Jeremias (52.29), o número daqueles que foram levados ao exílio desta vez totalizou 832 pessoas.
Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 391.
 
Dn 25.8 Nebuzaradã... veio a Jerusalém. “Cerca de quatro semanas depois que a cidade de Jerusalém foi invadida (vss. 3 e 8), Nabucodonosor mandou Nebuzaradã, comandante de sua guarda imperial, incendiar Jerusalém. Era o sétimo dia do quinto mês do décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor (16 de agosto de 586 A. C.). Entretanto, o trecho de Jeremias 52.12,diz ‘o décimo dia’. Esse oficial liderou suas tropas para incendiarem cada edifício importante de Jerusalém, incluindo o templo e o palácio real, que tinha ficado de pé por quase quatro séculos" (Thomas L. Constable, in loc.). Norman H. Snaith (in loc.) informa-nos que a cronologia de II Reis é correta, em contradição com a declaração de Jeremias.
Chefe da guarda. Literalmente, o principal executor, o comandante da guarda pessoal do rei, um chefe militar, está em pauta. De acordo com um antigo costume, esse homem era o instrumento de execuções importantes, o que explica a conexão entre as duas funções. O trecho de Jeremias 39.3 não menciona esse chefe militar, mas não há nenhuma razão para duvidarmos da autenticidade desse registro.
Foi assim que o glorioso templo de Salomão foi reduzido a nada, porque Yahweh deixara de ser o objeto da adoração em Jerusalém. Um tempo novo mas inferior, em todos os sentidos, seria construído após o cativeiro. O templo de Salomão ficara de pé cerca de quatrocentos e vinte e quatro anos.
Dn 25.9 E a casa do rei, como também todas as casas de Jerusalém. Além do templo e do palácio real, Nebuzaradã também incendiou todo edifício importante, incluindo as residências dos ricos e poderosos. Foi um terrível dia em que a cidade foi nivelada até o chão. A narrativa é simples, mas nossa imaginação enche-se de terror ao imaginar o povo vendo tudo ser destruído e incendiado, e os gritos dos que eram executados por tentarem defender suas propriedades. II Crônicas 36.19 diz “palácios”, em lugar de “casas" dos cidadãos importantes. As casas comuns dos pobres permaneceram intocadas, porque não mereciam a atenção do exército babilônico. Além disso, a maior parte do povo de Jerusalém seria deportada, e os povos importados poderiam fazer uso daquelas casas.
Dn 25.10 Metáfora. O pecado derruba as muralhas da defesa da alma, e deixa-a exposta aos ataques dos inimigos.
Derribou os muros em redor de Jerusalém. As muralhas eram agentes comuns de proteção das cidades antigas, porquanto, naquele tempo, não havia jeito de voar por cima delas e deixar cair paraquedistas. A entrada nas cidades precisava ser obtida no solo e através das muralhas. Quanto mais rica fosse uma cidade, mais altas e espessas eram as muralhas protetoras. As muralhas de Jerusalém foram demolidas e não havia poder para reconstruí-las. Por conseguinte, a cidade ficou indefesa. Terminado o cativeiro, Neemias reconstruiria as muralhas da cidade e o seu templo, sendo essa a informação que nos é dada no livro que tem o seu nome e também no livro de Esdras.
Dn 25.11,12 O chefe da guarda, levou cativos. Outra Deportação. O cativeiro babilônico (tal como o assírio) não ocorreu relatante uma única deportação. Houve vários estágios, pois várias deportações estiveram envolvidas. O texto à nossa frente descreve a segunda deportação. Os povos que tinham sobrevivido à primeira deportação e aqueles que tinham sido deixados após a matança, juntamente com os desertores, os quais em temor se tinham bandeado para o lado dos babilônios, foram reunidos e levados para a Babilônia. Somente alguns pequenos agricultores foram deixados na Palestina (vs. 12), para garantir que ela não se transformasse em terrenos devolutos. A agricultura continuou em pequena escala, e podemos estar certos e que o rei da Babilônia tinha controle até sobre aquelas batatinhas, conforme se diz em uma expressão idiomática inglesa, para indicar algo insignificante. Cf. II Reis 24.14 e Jeremias 39.10. A passagem de Jeremias 52.29 diz-nos que somente oitocentas e trinta e duas pessoas foram levadas para a Babilônia nessa segunda deportação. Mas o mais provável é que estejam em vista somente os chefes de famílias e os oficiais. As mulheres e as crianças sem dúvida aumentavam de modo significativo esse número, tal como aconteceu aos dez mil da primeira deportação.
Dn 25.13 E levaram o bronze para a Babilônia. Este versículo deve ser comparado a uma declaração similar feita em II Reis 24.13, que diz respeito à primeira deportação. A maior parte das obras de metal que havia no templo de Salomão foram cortadas, e os metais preciosos foram transformados em dinheiro. Mas alguns vasos foram transportados inteiros para a Babilônia. Esses vasos foram postos em um templo pagão na Babilônia (ver Daniel 1.2). E, após o cativeiro, alguns desses vasos foram restituídos ao segundo templo, conforme aprendemos em Esdras 1.2,7.
A Lição. Os vasos que tinham sido feitos para a promoção do yahwismo, quando não mais estavam sendo usados com essa finalidade, foram levados para um templo pagão. O yahwismo foi abandonado, e Yahweh abandonou o povo de Judá (ver II Reis 24.20). A presença de DEUS se foi.
As colunas de bronze. As maciças colunas de bronze tiveram de ser cortadas. Cf. Jeremias 52.19,20. O grande altar de bronze não é mencionado, mas é provável que ele também tenha sido cortado para ser deportado. “A remoção de uma vasta quantidade de metal para a Babilônia deve ter sido um empreendimento formidável" (Jamieson, in kx.).
Neste ponto (II Reis 25.13), o trecho paralelo do capitulo 39 de Jeremias deixa de ser um paralelo. Várias fontes informativas foram usadas, e nem todo autor tinha acesso a todas essas fontes informativas. Seleções diferentes de material informativo produziram relatos diferentes, com declarações variegadas e, algumas vezes, até contraditórias.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1570-1571.
 
II – FORÇA DO CARÁTER
1. A tentativa de aculturamento dos jovens hebreus (1.3-4).
“Aspenaz, chefe dos eunucos”. A palavra “eunuco” vem do hebraico “soris” (1.3) e pode referir-se a um oficial do palácio, ou homens que fossem castrados sexualmente para poderem servir na casa das mulheres do rei. Porém, não há nada absolutamente que prove que Daniel e seus três amigos foram castrados ou transformados em eunucos. Sabe-se que os quatro jovens eram de linhagem real do palácio de Judá e, por isso, altamente preparados para serem úteis no palácio. Esses dois versículos (1.3,4) falam de um “chefe dos eunucos” chamado Aspenaz, altamente qualificado para educar os jovens exilados levados para o Palácio da Babilônia. A despeito de eles serem educados em línguas e ciências, Nabucodonosor queria muito mais. Ele queria educá-los nas ciências dos caldeus para que tivessem conhecimento de astrologia e adivinhação, além de todo conhecimento que haviam recebido na sua terra em Judá. Percebendo que o plano de Aspenaz poderia envolve-los em costumes que afetariam suas vidas em relação ao seu DEUS. Daniel e seus amigos, com sabedoria e respeito pela autoridade de Aspenaz, procuraram um modo de convencê-lo de que tinham um plano especial, sem a necessidade de adotarem a dieta alimentar do palácio. Antes de tudo, os jovens judeus decidiram não se contaminar com as comidas e bebidas da mesa do Rei, as quais eram oferecidas aos deuses da Babilônia. Então Daniel e seus três amigos judeus, inteligentemente propuseram a Aspenaz adotarem uma dieta alimentar de frutas e verduras. Eles tiveram coragem e confiança no seu DEUS porque tinham um caráter irrepreensível. A postura inteligente desses jovens revelava a força do caráter que tinham mesmo em circunstâncias adversas.
 
Observação minha - Ev. Henrique - Aspenaz não consentiu, mas Daniel conseguiu convencer ao encarregado de cuidar deles, devido ao seu caráter diferenciado.
Quem colocou os nomes babilônios em Daniel, Hananias, Misael e Azarias não foi Nabucodonosor, mas Aspenaz, o chefe dos eunucos.
 
(1.5-7) Esses versículos demonstram que Nabucodonosor, através de seu servo imediato Aspenaz, queria o aculturamento babilônicos dos quatro jovens, além de outros mais de outras nações. Esse aculturamento requeria saúde perfeita e inteligência para poderem servir no palácio diante do Rei.
 
Observação minha - Ev. Henrique - Aspenaz não consentiu, mas Daniel conseguiu convencer ao encarregado de cuidar deles, devido ao seu caráter diferenciado.
Quem colocou os nomes babilônios em Daniel, Hananias, Misael e Azarias não foi Nabucodonosor, mas Aspenaz, o chefe dos eunucos.
 
Por esse modo, os jovens superaram a ameaça de contaminação da dieta babilônica. Segundo as definições da Psicologia, “caráter é a parte enrijecida da personalidade de uma pessoa. Aqueles jovens hebreus tiveram uma formação de caráter invejável mediante o testemunho da história. Nabucodonosor sabia que para obter apoio da inteligência daqueles jovens precisaria que eles fossem aculturados, também, nas ciências dos caldeus. Aqueles jovens judeus tinham uma formação cultural e religiosa muito forte. A força da fé dos judeus era algo que aparecia em suas falas e convicções e não seria fácil fazê-los esquecer, por socialização, aculturamento e contextualização à cultura babilônica. Para essa finalidade, Aspenaz preparou, não só um programa cultural de língua e ciência, mas quis submetê-los a uma dieta alimentar da própria mesa do rei (1.5).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 31-32.
 
Dn 1.3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos. Aspenaz figura por nome somente aqui, e não aparece em nenhum outro trecho do Antigo Testamento. Ele é chamado de outros modos por seis vezes, por “o eunuco" ou “o chefe dos eunucos”, em Dan. 1.7-11,18. A derivação desse nome é incerta, mas sua versão hebraica parece significar “narina de cavalo”, por razões desconhecidas. Ele era o chefe dos eunucos do rei Nabucodonosor. Daniel e seus companheiros foram entregues aos seus cuidados, e ele lhes trocou os nomes (ver Dan. 1.3,7). O tempo foi cerca de 604 A. C. A petição de Daniel, no sentido de que não fosse compelido a comer as provisões enviadas à mesa real, foi aceita favoravelmente, bondade que o profeta, agradecido, registrou em Dan. 1.16. Os eruditos subentendem do fato que o homem era o chefe dos eunucos, e Daniel e seus companheiros hebreus também foram feitos eunucos. Mas esse ponto é disputado. Além disso, o chefe dos eunucos nem sempre era castrado. Aspenaz tinha o dever de preparar jovens promissores para o serviço especial ao rei, e Daniel estava entre aqueles que foram escolhidos para esse mister.
Assim da linhagem real como dos nobres. Quase incidentalmente, aprendemos algo do nascimento real ou nobre de Daniel. Mas não é dada nenhuma genealogia, o que seria comum, sabendo-se da importância atribuída à questão pelos hebreus. Quanto a comentários sobre o pano de fundo de Daniel, ver a seção II da Introdução. Josefo (Antiq. X.10.1) diz-nos que Daniel e seus companheiros pertenciam à família de Zedequias, mas não sabemos se essa informação é correta, ou se ele supôs que tal informação fosse correta devido à declaração deste versículo.
Dn 1.4 Jovens sem nenhum defeito, de boa aparência. Daniel e seus amigos nobres (ou reais) eram espécies físicos perfeitos. Ademais, embora jovens, eram conhecidos por sua sabedoria e erudição, pelo que também se distinguiam intelectualmente.
Conforme a narrativa se desdobra, descobrimos que eles eram homens espirituais especiais, que levavam a sério sua fé religiosa. Portanto, foi apenas natural que tivessem sido escolhidos pelo rei da Babilônia para receber um treinamento especial, a fim de que fossem empregados em algum serviço que lhes fosse planejado, em benefício do império. Essa história me faz lembrar do “dreno de cérebros” em que os Estados Unidos da América está envolvido. Intelectuais de muitos países, que ali vão para receber treinamento, terminam ficando no país e servindo a América do Norte, e não seus próprios países. Notemos que aqueles jovens também eram “simpáticos”, pelo que os homens bonitos sempre têm alguma vantagem, e tanto mais quando possuem outras qualidades que acompanham a beleza física.
Para assistirem no palácio do rei. Literalmente, diz o hebraico: “para se porem de pé perante o rei”. O texto fala em “serviço da corte” (ver I Sam. 16.21; I Reis 12.6), mesma expressão usada para indicar os atendentes angelicais que estão de pé na presença de DEUS, em Dan. 7.10. Esses homens extraordinários seriam usados em toda a espécie de serviço divino. E lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. Note o leitor a ênfase sobre a educação e a cultura. Esses homens bons tornar-se-iam ainda melhores por uma boa educação que incluiria sério estudo da linguagem. Como eles deveriam servir na Babilônia, teriam de falar o idioma do lugar. “O programa educacional provavelmente incluiu o estudo da agricultura, da arquitetura, da astrologia, da astronomia, das leis, da matemática e da difícil língua acádica” (J. Dwight Pentecost, in loc.). Nenhum prêmio é oferecido à ignorância. Um pai cuidará para que seus filhos obtenham uma boa educação. Não basta fazê-los ler a Bíblia.
O acádico, conforme aprendemos em Jer. 5.15, era o neobabilônico. Embora fosse um idioma semítico, não era entendido pelos judeus. Abraão, naturalmente, veio de Ur, antiga cidade babilônica. Ver o artigo sobre Babilônia, no Dicionário. Até mesmo um judeu esperto teria pouco conhecimento em comparação com os homens bem-educados da Babilônia. Os judeus eram especialistas nos campos da religião e da literatura, mas pouco sabiam sobre as ciências e seus muitos ramos.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3373-3374.
 
Dn 1.3. Chefe dos seus eunucos. Eunuco (heb. sarîs), um macho castrado. Por motivos óbvios, os eunucos eram freqüentemente encarregados dos haréns reais. Às vezes a palavra, por metáfora, era usada simplesmente com referência a um oficial. Há uma grande possibilidade de que Daniel e seus amigos tenham sido desvirilizados. Veja novamente a predição sinistra de Isaías (II Rs. 20:18). Dos filhos de Israel (heb. Mib-benê-yis-ra-el, lit, tirados dos filhos de Israel). Esses eram originalmente todos os descendentes de Jacó ou Israel. Mais tarde, Israel passou a ser o nome das dez tribos que se separaram e se juntaram a Jeroboão (I Rs. 11:13; cons. 12:19). Mas depois da destruição do "Reino do Norte", o nome Israel voltou ao seu primitivo significado. Da linhagem real (lit, semente da reato). Isto se refere à família de Davi (cons. Is. 7:2, 13). Quanto a um exemplo da degeneração espiritual de certos membros da linhagem real mais ou menos nesse período, veja II Rs. 25:25; Jr. 41:1 e segs. Como dos nobres. A palavra nobres (Heb, partemîm) é um termo persa aparentemente cognata de palavras usadas com referência a pessoas importantes em diversas línguas indo-européias. Talvez fosse de uso comum na corte. Refere-se a importantes famílias, não à casa de Davi. O sentido dos três termos, Israel . . . linhagem real . . . nobres, indica que a seleção tinha de ser feita entre os hebreus, tanto da família real como de outras famílias da nobreza.
Dn 1.4. Jovens sem nenhum defeito. Esta é a primeira de uma série de qualificações estipuladas para a seleção de homens a serem treinados na corte da Babilônia. Jovens. No hebraico, yeladîm é uma palavra de significado indefinido, dependendo da idade da pessoa que fala. Em uma narrativa objetiva como esta, a estimativa comum de quatorze ou quinze anos de idade é o que parece certo. Ausência de defeito não elimina a possibilidade de sua castração. Ao serem selecionados, naturalmente não tinham essa mutilação. De boa aparência. O rei devia olhar para pessoas e coisas perfeitas e lindas. A mesma combinação de palavras se usou em relação à beleza de Raquel (Gn. 24:16; 26:7), Bate-Seba (II Sm. 11:3), da Rainha Vasti (Ester 1:11) e de Ester (Ester 2:2, 3,7). Instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, e versados no conhecimento. Essas três expressões cumulativas enfatizam a capacidade natural e a instrução prévia. A redundância da expressão hebraica é para dar ênfase e não para estabelecer distinções. Referia-se mais ao que os jovens já eram e não ao que iriam se tornar. Geralmente, a capacidade intelectual se revela em pessoas que não eram muito brilhantes na infância. Que fossem competentes para assistirem no palácio do rei. Talentos naturais e adquiridos que capacitassem esses homens a servirem um rei esplêndido em um edifício magnífico é o que se quis dizer. Os rapazes deviam ser humildes mas não tímidos, nem obtusos.
E lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. O aprendizado (Heb. livro) dos conhecimentos dos caldeus refere-se à literatura do povo da Mesopotâmia inferior. Desde que as descobertas arqueológicas do século passado trouxeram à luz e forneceram a chave para a tradução desta literatura, sabemos como era vasto o conhecimento dos caldeus. Recentes descobertas nas regiões mais próximas do Egeu Oriental demonstraram que um grande acúmulo de intercâmbio cultural aconteceu entre as duas áreas. E os vizinhos filisteus de Israel eram, ao que parece, de origem grega. Com eles, prova o Livro de Juízes, houve intercâmbio cultural. (Veja G. Bonfante, "Quem Eram os Filisteus?" American Journal of Archaeology, 1, 2, abril/junho, 1946, págs, 251.262.) A língua dos caldeus deve-se referir ao acadiano (babilônio, assírio), a língua da época. Caldeus aqui foi aparentemente usado em um sentido mais extenso, para designar os habitantes da região da Caldéia, que no seu significado mais amplo incluía toda a Babilônia. As diversas línguas da região, incluindo a muito antiga língua ritual, eram escritas sobre o barro com caracteres cuneiformes. Era um sistema ideográfico e silábico, muito diferente da escrita alfabética dos papiros feita com tinta e pena a que o povo da Palestina e Síria estava acostumado. Os fundamentos da astronomia, a matemática, as leis e uma dúzia de outras disciplinas eram registradas nessa antiga escrita cuneiforme, ao lado de uma grande quantidade de falsidades mágicas. Se tudo isso tinha de ser ensinado a esses jovens, então três anos (com. v. 5) não era demais para a sua educação.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Daniel. Editora Batista Regular. pag. 10-12.
 
Não nos é dito imediatamente porque os quatro moços hebreus, Daniel, Hananias, Misael e Azarias, são mencionados de modo específico (1:6). Mas a informação que temos é que seus captores logo iniciaram um processo de despersonalização, começando pela mudança do nome dos jovens. Para os semitas, os nomes não são meras insígnias.
Da mesma forma que os nomes africanos ligam as pessoas a seus ancestrais, a seus valores tribais e a seu destino coletivo, assim era para aqueles hebreus. Daniel significa “DEUS é meu juiz”. Hananias significa “aquele a quem Javé demonstra graça”, Misael é uma pergunta: “Quem é como DEUS?”, e Azarias significa “aquele a quem Javé ajuda”. Esses jovens foram educados em lares judeus piedosos. Daniel pode até ter sido um descendente do rei Ezequias, um rei que temia a DEUS (cf. 2Rs 20:17-19; Is 39:6-7). Com o propósito de desligá-los de seus antepassados, de sua aliança com o Senhor e de seu destino coletivo como povo, Aspenaz, o chefe dos eunucos, deu-lhes nomes derivados de divindades babilônicas. Beltessazar significa “Príncipe de Bel”, conforme Bel, deus patrono da Babilônia (Is 46:1; Jr 51:44). Sadraque significa “inspirado pelo deus sol, Aku”. Mesaque significa “quem pode ser comparado a Shak?”, nome dado à deusa Vênus, a quem os babilônios adoravam. Abede-Nego significa “servo do fogo resplandecente”, alusão ao deus-fogo ou uma corrupção do nome Nebo.
Tokunboh Adeyemo. COMENTÁRIO BÍBLICO AFRICANO. Editora Mundo Cristão. pag. 1018.