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Lição 9- Um lugar de adoração a Deus no deserto, 1 parte


Lição 9 - Um lugar de adoração no deserto
LIÇÕES BÍBLICAS - 1º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos
Tema: Uma Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual
Comentário: Pr. Antônio Gilberto
Complementos, ilustrações, questionários e vídeos: Ev. Luiz Henrique de Almeida Silva
Questionário
NÃO DEIXE DE ASSISTIR AOS VÍDEOS DA LIÇÃO ONDE TEMOS MAPAS, FIGURAS, IMAGENS E EXPLICAÇÕES DETALHADAS DA LIÇÃO
http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/videosebdnatv.htm

 
 
TEXTO ÁUREO
E me farão um santuário, e habitarei no meio deles (Êx 25.8).
 
 
VERDADE PRÁTICA
DEUS deseja habitar entre nós, para que Ele seja o nosso DEUS e para que nós sejamos o seu povo.
 
 
LEITURA DIÁRIA
Segunda- Êx 29.45,46 DEUS habita no meio do seu povo
Terça- Êx 2 5-10-16  A arca de madeira de cetim
Quarta- Êx 25.1 7-22 O propiciatório de ouro puro
Quinta- Êx 25.23-30 A mesa de madeira de cetim
Sexta- Êx 26.1-14 As cortinas do tabernáculo
Sábado - Êx 26.31-33 O véu do tabernáculo
 
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Êxodo 25.1-9
1 - Então, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 2 - Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada. 3 - E esta é a oferta alçada que tomareis deles: ouro, e prata, e cobre, 4 - e pano azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino, e pelos de cabras, 5 - e peles de carneiros tintas de vermelho, e peles de texugos, e madeira de cetim, 6 - e azeite para a luz, e especiarias para o óleo da unção} e especiarias para o incenso, 7 - e pedras sardônicas, e pedras de engaste para o éfode e para o peitoral. 8 - E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. 9 - Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.
 
INTERAÇÃO
DEUS revelou diretamente a Moisés um modelo para a construção do Tabernáculo. Ele deixou claro que a sua habitação devia ser única, sem a mistura com o paganismo do Egito.
 
OBJETIVOS
Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer as instruções para a construção do Tabernáculo.
Elencar os utensílios presentes no pátio do Tabernáculo.
Compreender que o Tabernáculo representava o lugar de habitação de DEUS em pleno deserto.
 
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para ministrar a presente lição sugerimos que você leve para a classe uma gravura do Tabernáculo.
 
Resumo da Lição 9 - um lugar de adoração no deserto
I - AS INSTRUÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO
1. O propósito divino.
2. As ofertas.
3. Tudo segundo a ordenança divina (Êx 25.8, 9,40).
II - O PÁTIO DO TABERNÁCULO
1. O pátio.
2. O altar dos holocaustos. .
3. A pia de bronze (Êx 30-17-21)..
III - O LUGAR DA HABITAÇÃO DE DEUS
1. O castiçal de ouro (Êx 25.31-40).
2. Os pães da proposição e o altar do incenso (Êx 25.30).
3 - O Santo dos Santos e a arca da aliança (Êx 25.10-22).
 
SINOPSE DO TÓPICO (1) - As instruções para a construção do Tabernáculo foram rigorosamente acatadas por Moisés segundo a ordenança divina.
SINOPSE DO TÓPICO (2) - No pátio do Tabernáculo localizava-se o altar dos holocaustos e a pia de bronze.
SINOPSE DO TÓPICO (3) - No interior do Tabernáculo ficavam o castiçal de ouro, os pães da proposição, o altar do incenso, o Santo dos santos e a arca da aliança.
 
VOCABULÁRIO
Sedimentada: Processo de formação e acumulação de camadas sólidas.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012,
MERRJL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que DEUS colocou entre as nações. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
 
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I - Subsídio Teológico
Ao contrário de muitos ministros que várias vezes imploram e bajulam por dinheiro, Moisés teve de impedir que o povo continuasse doando. Foi, sem dúvida, uma grande demonstração de generosidade por parte do povo (36.2-7)!
 
Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 57, p.40.
A planta do santuário, assim como os seus objetos, não seriam idealizados pelo homem, mas todo o projeto foi elaborado e entregue a Moisés pelo próprio Senhor.
Os recursos para a construção do local de adoração vieram do povo de DEUS. Eles foram convidados a ofertarem e o fizeram com alegria (2 Co 9.7). Tem você contribuído com alegria ou por constrangimento?
Segundo o Comentário Bíblico Moody o tabernáculo "simbolizava para Israel, como para nós também, grandes virtudes espirituais. Claramente ensinava o fato da presença de DEUS no meio do Seu povo".
O tabernáculo era dividido em três partes: o Átrio, o lugar Santo e o lugar Santíssimo.
O átrio era um pátio:"Farás também o pátio do tabernáculo " (Êx 27.9), um lugar cercado, reservado que mostrava os israelitas que a adoração a DEUS exige sempre santidade, separação. O acesso ao átrio era feito por intermédio de uma única porta. Esta porta apontava para JESUS CRISTO. Nosso Redentor, certa vez declarou:"Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á [...] (Jo 10.9). JESUS é o único caminho que leva o homem até a presença do Todo-Poderoso (Jo 14. 6).
No pátio havia duas peças principais, o altar do holocausto e a pia de bronze. Antes de realizar qualquer ação o sacerdote deveria ir até a pia e ali se purificar. Ao olhar na bacia, o sacerdote poderia ver a sua imagem ali refletida e se lembrar de que era pecador e que sem purificação não poderia se chegar diante de DEUS. Somos imperfeitos e impuros, mas "o sangue de JESUS CRISTO nos purifica de todo pecado " (1 Jo 1.7).
 "Farás também o altar de madeira de cetim [...] (Êx 27.1). Depois de passar pela pia, o sacerdote se dirigia até o altar do holocausto. O altar apontava para CRISTO e o seu sacrifício na cruz. Vários animais eram mortos para cobrir os pecados, todavia o sacrifício de JESUS foi único e substitutivo:"mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos " (Is 53.6).
Depois de entrar no pátio, se purificar na bacia de lavar e oferecer sacrifícios pelo pecado, o sacerdote podia entrar em um lugar ainda mais reservado, o lugar Santo. Ali ele veria a luz do castiçal de ouro (Êx 25.31-40) que apontava para JESUS CRISTO, a luz do mundo (Jo 8.12). No lugar santo também era colocada a mesa com os pães da proposição e o altar de incenso.
O terceiro e último compartimento era o Santo dos Santos, um local restrito, onde somente o sumo sacerdote poderia entrar uma única vez ao ano. Dentro deste compartimento secreto ficava a arca da aliança.
 
COMENTÁRIO/INTRODUÇÃO
Do capítulo 25 ao capítulo 40 do livro de Êxodo, encontramos a instituição dos métodos de adoração a DEUS entre o povo de Israel. As instruções divinas para o culto são dadas a Moisés, que as repassa ao povo; e elas consistem não só de orientação quanto à confecção de objetos a serem usados na organização dessa adoração, mas também de orientações voltadas para a liturgia do culto a DEUS.
Como afirma o Comentário Bíblico Beacon, “esta seção final do Livro do Êxodo revela a paciência de DEUS em lidar com seu povo rebelde e mostra os detalhes minuciosos que são requisitos para o povo adorá-lo”. Ou seja, a adoração equivocada, a misericórdia de DEUS e a adoração correta são os assuntos que, não por acaso, perpassam os capítulos que compreendem a última seção do livro de Êxodo. As instruções para o Tabernáculo e a apostasia do povo de Israel no deserto são episódios que estão entrelaçados não apenas cronologicamente, mas também tematicamente, porque evidenciam o tremendo contraste entre a verdadeira e a falsa adoração.
É chocante ver que enquanto DEUS estava manifestando a Moisés o desejo de habitar no meio dos israelitas e dava-lhe as instruções para que houvesse um maior relacionamento dEle com o povo por meio da instituição de um santuário, os judeus estavam envolvidos em um projeto pessoal de religião, criando seus próprios símbolos de adoração, seu próprio culto e se chafurdando no pecado. Esses capítulos mostram o contraste entre a verdadeira e a falsa adoração, entre os frutos e o espírito do verdadeiro culto a DEUS e os do falso culto. E a suma desse contraste é: enquanto o verdadeiro culto a DEUS, através do ritual dos sacrifícios e do significado dos símbolos que ele carregava, evoca arrependimento, quebrantamento, humildade e conclamava a santidade, o culto apóstata leva o povo à licenciosidade (Ex 32.6,25).
Eis a grande lição desses últimos capítulos do livro de Êxodo.
A seguir, vejamos e analisemos as orientações divinas dadas a Moisés para uma verdadeira adoração a Ele, e notemos como elas refletem verdades neotestamentários sobre a verdadeira adoração. Afinal, a adoração a DEUS no Antigo Testamento pode se diferenciar externamente da adoração no Novo Testamento — além, claro, do fato de contarmos hoje com um acesso maior a DEUS por meio do sacrifício perfeito e definitivo de CRISTO —, mas os princípios que subjazem na adoração a DEUS no Antigo Testamento são os mesmos no Novo Testamento.
Como afirma o escritor da Epístola aos Hebreus, tudo que envolvia o ritual de adoração a DEUS no Antigo Testamento era “sombra” das verdades celestiais evidenciadas no Novo Testamento por meio de CRISTO (Hb 8.5). Ou, como bem resume a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal ao comentar essa passagem de Hebreus, “o padrão para o Tabernáculo construído por Moisés foi dado por DEUS. Era um padrão da realidade espiritual do sacrifício de CRISTO e, deste modo, antecipava a realidade futura. [...] O Tabernáculo terrestre era uma expressão dos princípios eternos e teológicos”.
Aprendamos, portanto, um pouco mais sobre a verdadeira adoração com os princípios eternos subjacentes nas instruções divinas para a construção do Tabernáculo.
 "E Habitarei no Meio Deles "
Depois da entrega da Lei, encontramos, bem no início do capítulo 25, as primeiras instruções de DEUS a Moisés para a construção do Tabernáculo. O homem de DEUS estava já há algum tempo na presença divina no alto do monte, quando o Senhor começa a transmitir-lhe o projeto de um santuário a ser erguido entre o povo e o propósito de sua construção: “... e habitarei no meio deles” (Ex 25.8).
“Habitarei no meio deles.” Até aquele momento, DEUS já havia se manifestado várias vezes em favor de Israel, mas não fora visto ainda “no meio deles”. Quando DEUS falava a Moisés no monte, o povo assistia a distância, impactado pela visão dos raios projetados lá de cima. Agora, porém, DEUS está dizendo que a sua presença, que os assistira até ali, estaria permanentemente no meio do arraial, representada por e habitando um santuário erguido sob sua orientação.
Enfim, DEUS queria que o povo tivesse um relacionamento mais íntimo com Ele, e hoje não é diferente: Ele deseja o mesmo conosco por meio do seu SANTO ESPÍRITO, que, como asseverou JESUS, habita em nós desde o dia em que entregamos nossa vida a CRISTO: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o ESPÍRITO da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14.16,17 — grifo meu).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 88-91.
História
Estritamente falando, houve três Tabernáculos históricos, cada qual tomando o lugar de seu predecessor, na maioria dos aspectos.
1. Um tabernáculo provisional foi erigido após o incidente do louvor ao bezerro de ouro. Essa "barraca de reunião " não tinha nenhum ritual e nenhum sacerdócio, mas era tratada como um oráculo (Êxo. 33.7). Moisés, é claro, estava encarregado de todos os procedimentos.
2. O tabernáculo sinaítico, cuja construção e equipamento foram instruídos por Yahweh.
3. O tabernáculo provisional de Davi, erigido em Jerusalém como o predecessor do Templo de Salomão (II Sam. 6.12). O antigo tabernáculo (sinaítico) permaneceu em Gibeão com o altar insolente, e sacrifícios continuaram sendo feitos ali (I Cro. 16.39; II Cro. 1.3).
O tabernáculo de Moisés passou os seguintes processos históricos:
1. Depois do incidente do bezerro de ouro, devido à intercessão de Moisés, outra cópia da lei foi fornecida, o pacto foi renovado e foram coletados materiais para a construção do tabernáculo (Êxo. 36. 5,6). O povo colaborou com grande generosidade, até o ponto de excesso.
2. O tabernáculo foi terminado em um curto período de tempo, no primeiro dia de nisã, do segundo ano após o Êxodo. O ritual complexo foi iniciado (Exo. 40.2).
3. O tabernáculo provisional estava fora do campo, mas se tomou o centro com as várias tribos estacionadas em uma ordem específica estendendo-se para fora (Núm. Capo 2).
4. O tabernáculo continuou em Siló durante o período dos juízes. Na época de Eli, o sumo sacerdote (I Sam. 4.4), a arca foi removida desse local e o próprio tabernáculo foi destruído pelos filisteus. A época era cerca de 1050 a.C.
5. Quando Samuel era um juiz, os cultos de louvor central foram movidos a Mispa (I Sam. 7.6) e então a outros lugares (l Sam. 9.12; 10.3; 20.6).
6. Nos primeiros anos de Davi, o pão da proposição era mantido em Nobe, o que implica que pelo menos parte dos móveis do tabernáculo de Moisés era mantida ali (I Sam. 21.1-6). O lugar alto em Gibeão reteve o altar de ofertas queimadas e talvez alguns outros remanescentes do tabernáculo de Moisés (I Cro. 16.39; 21.39).
7. Depois de capturar Jerusalém e tomar essa cidade sua capital, Davi levou a arca da aliança àquele lugar e montou um tabernáculo provisional, no aguardo da construção do templo por seu filho Salomão. Isto foi feito no monte Sião (l Crô. 15.1; 61.1; II Sam. 6.17). Esse local também era chamado de "Cidade de Davi", pois esse rei a tomou sua capital. A época era em tomo de 1000 a C.
8. Quando o templo foi construído, os móveis do antigo tabernáculo que restavam foram ali colocados, e o local sagrado e o local mais sagrado foram incorporados na estrutura do prédio novo. Assim, o tabernáculo tomou-se o centro do templo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 308-309.
DEUS cria um plano (Êx 25:9, 40; 26:30)
Sempre que DEUS realiza uma obra, tem um plano, seja a construção do tabernáculo, do templo (1 Cr 28:11, 12, 18, 19), de uma igreja local (Fp 2:12, 13), da vida cristã ou do ministério de indivíduos (Ef. 2:10). DEUS advertiu Moisés para que fizesse tudo de acordo com os planos revelados a ele no monte (Êx 25:40; Hb 8:5).
O tabernáculo na Terra era uma figura do tabernáculo celestial, onde nosso Senhor encontra-se agora ministrando a seu povo e para ele (Hb 8:1-5; 9:1). O Livro de Apocalipse menciona um altar de bronze (6:9-11), um altar de incenso (8:3-5), um trono (4:2), anciãos/sacerdotes (vv. 4, 5), lâmpadas (v. 5), um "mar " (v. 6) e querubins (vv. 6, 7), sendo que todas essas coisas encontram paralelos nos principais móveis e utensílios do tabernáculo aqui na Terra. Um princípio básico do ministério é que devemos seguir o plano que recebemos do céu e não o deste mundo (Rm 12:2).
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 304.
 
 
I - AS INSTRUÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO
1. O propósito divino.
Os capítulos 25 a 31 apresentam as diretrizes para a construção do Tabernáculo, e os capítulos 35 a 40, a execução dessas diretrizes. Alguns pontos chamam a atenção nessas instruções divinas.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 91.
O tabernáculo (no hebraico, Mishkan),"local de moradia", é local onde Yahweh torna conhecida Sua presença, por assim dizer, seu "lar longe de seu lar", onde ele trata com Seu povo e faz conhecido Seu desejo. Ver Exo. 25.8. O tabernáculo era uma tenda portátil que os israelitas carregaram nos 40 anos de vagueações no deserto e durante seus anos na Terra Prometida até que Salomão construiu o Primeiro Templo. A época era por volta de 1450 a 950 a.C., o que significa que o tabernáculo teve uma "carreira " de cerca de 500 anos! O livro de Êxodo representa Yahweh como dando a Moisés todas as ordens necessárias para a construção e os cultos do Tabernáculo, incluindo suas medições e especificações (Êxo. caps. 2527) e um diminuto relato de sua execução (Êxo. 36.8- 38.1). O relato no Êxodo informa-nos que, após a entrega da Lei no Sinai, Yahweh ordenou que artesãos especiais construíssem a tenda e seus móveis de materiais doados pelo povo (Exo, 31.11; 35.36.7). O local onde Yahweh manifestou Sua presença também era chamado de "Tenda da Reunião " (Êxo, 29.42-45).
Propósitos do Tabernáculo. O principal propósito desta estrutura é explicado em Êxo, 25.8, 21,22:" ... para que eu (Yahweh) possa habitar no meio deles"; "... dentro dela porás o Testemunho...";" ... ali virei a ti ... falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel".
O tabernáculo, como o templo posterior, tinha o objetivo de centralizar o louvor de Israel, evitando que muitos "oráculos " lá fora, que poderiam corromper os cultos a Yahweh ou permitir alguma espécie de sincretismo, se misturassem com influências pagãs. Altares isolados (ver Gên. 12.7, 8) onde render sua autoridade àquela investida no tabernáculo. Isto não aconteceu de uma forma absoluta.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 308.
25:1—40: 38 DEUS no meio de seu povo O último versículo do livro de Êxodo é a chave para a seção final: “De dia, a nuvem do Senhor repousava sobre o tabernáculo, e, à vista de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas” (40:38). Este versículo é importante, pois a última parte do livro trata do lugar da habitação de DEUS, o tabernáculo (25:1— 31:18); de como Israel quebrou a aliança e DEUS ameaçou se retirar do meio deles (32:1—34:35); e. por fim, da presença permanente de DEUS no meio de seu povo ao longo de toda a jornada até a terra prometida. O tabernáculo, o lugar da habitação de DEUS é, agora, o local onde ele se manifesta (35:1—40: 38).
25:1—31: 18 O planejamento do tabernáculo - DEUS dá ordens para a construção de um lugar de adoração. Uma vez que o povo estava viajando pelo deserto a caminho da terra prometida, esse lugar de adoração deveria ser desmontável e móvel como o restante do acampamento israelita.
Os vários nomes usados na Bíblia para esse lugar de adoração nos ajudam a entender seu papel no meio do povo. Ele é chamado de santuário (25:8a), ou seja, um lugar sagrado e um centro visível de adoração. Também recebe o nome de tabernáculo (25:9; 26:1), uma palavra que significa “tenda” em latim e descreve a aparência desse santuário. Mas, no hebraico, o significado mais exato do termo traduzido como “tabernáculo” é o verbo “habitar”, lembrando que o santuário simboliza a habitação de DEUS no meio do povo (25:8). Essa tenda (26:7,11-14,36) seria o local onde DEUS se encontraria com seus adoradores ali reunidos. Daí o nome tenda da congregação (27:21). Por fim, também é chamado de tabernáculo do Testemunho (38:21), pois as tábuas da lei guardadas nesse local eram conhecidas como tábuas do Testemunho (31:18).
Moisés recebe instruções detalhadas para a construção do tabernáculo e seus utensílios. Combinando as informações encontradas nos capítulos 25—28, 30 e 35— 40, podemos deduzir que o tabernáculo era dividido em duas partes:
• Um átrio externo (27:9-17; 38:9-20) medindo 100 côvados de comprimento e cinqüenta côvados de largura (45 x 22,5 metros). Essa área cercada indicava a exclusão dos gentios do tabernáculo.
Era aberta apenas para israelitas e para aqueles que haviam se identificado com o povo de DEUS pela circuncisão.
Nesse átrio ficava a bacia de bronze (30: 17-21; 38:8) e o altar revestido de bronze para os holocaustos (27:1-8; 38:1-7).
• O tabernáculo propriamente dito (26:1-37; 36:8-38) medindo trinta côvados de comprimento, dez côvados de largura e dez côvados de altura (13,5 x 4,5 x 4,5 m).
Essas medidas não são especificadas claramente, mas podem ser deduzidas dos detalhes fornecidos em 26:15-23. (Vinte tábuas, cada uma com um côvado e meio de largura, num total de trinta côvados. Cada tábua tinha dez côvados de comprimento.) o tabernáculo em si era dividido em dois cômodos: o Santo Lugar medindo vinte côvados por dez (9 x 4,5 m) e o Santo dos Santos, medindo dez côvados por dez (4,5 x 4,5 m).
No Santo Lugar ficavam três objetos revestidos de ouro: a mesa dos pães da proposição (25:23-30; 37:10-16), um candelabro com sete hastes (25:31-40; 37:17-24) e o altar de incenso (30:1-10; 37:25-29). Estes três objetos são associados a conceitos do NT. JESUS se refere a si mesmo como pão da vida (Jo 6:32,35) e luz do mundo (Jo 8:12) e sumo-sacerdote que apresenta nossa oração ao pai, nosso intercessor(Rm 8.34). Também a oração (representada pelo incenso) deve ser o modo de vida do cristão (l Ts 5:17).
O Santo dos Santos abrigava a arca da aliança que simbolizava a presença de DEUS (25: 10-22; 37:1-9) e continha as duas tábuas da lei, um pote de maná e o bordão de Arão que havia florescido (cf. Ex 16:33; Nm 17:10; tb. Hb 9:4). O maná e o bordão de Arão eram uma lembrança de como DEUS havia conduzido os israelitas e provido suas necessidades. Esses objetos serão descritos em detalhes mais adiante.
Abel Ndjerareou. Comentário Bíblico Africano. Êxodo. Editora Mundo Cristão. pag.121-122.
 
(Observação minha - Ev. Luiz Henrique) - As tábuas representavam DEUS pai que deu a lei aos israelitas; o maná representava JESUS o pão descido do céu e a vara de Arão que floresceu representava o ESPÍRITO SANTO que dá vida e revelação a tudo que o Pai projeta e o filho realiza.
 
2. As ofertas.
O primeiro deles é que esse santuário, onde DEUS estaria habitando no meio do seu povo, deveria ser construído com ofertas espontâneas (Êx 25-2). As ofertas deveriam ser voluntárias. Essa mesma orientação é vista em outras passagens bíblicas relativas a ofertas alçadas (1 Cr 29.17; 2 Co 9.7). Isso nos ensina que o princípio basilar para encetar qualquer relação mais íntima do homem com DEUS é a disposição sincera do coração. Não se pode construir um relacionamento com DEUS sem esse item inicial. Ele vem antes de qualquer “tijolo” a ser colocado e permanece durante todo o processo, porque, como bem disse Davi, ainda que tenhamos um templo belo e o sacrifício que levemos ao altar seja perfeito, se não há, antes de tudo, esse coração aberto, sensível e voltado para DEUS, não adianta nada: “Os sacrifícios para DEUS são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó DEUS” (SI 51.17).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 91.
Êx 25.2 Que me tragam oferta. Várias oferendas faziam-se necessárias. A edificação da primeira congregação da tradição judaico-cristã exigiu generosas oferendas por parte do povo, porque o deserto não dispunha de recursos próprios para tal edificação. Grande parte derivar-se-ia das coisas que os egípcios tinham dado aos israelitas, mediante uma generosidade forçada. Ver Êxo. 3.22; 11.2. Moisés, pois, exortou o povo de Israel a sacrificar parte dessas riquezas em favor da ereção do santuário portátil, o tabernáculo.
As ofertas seriam voluntárias, inspiradas pela generosidade espiritual. Ver Êxo. 35.29. A gratidão inspira o homem à generosidade. Fazer parte de algo maior do que o próprio indivíduo abre o seu coração para a generosidade. Posteriormente, quando o templo foi renovado (I Reis 12.4,5), ofertas voluntárias novamente acudiram à necessidade. DEUS ama a quem dá com alegria (II Cor. 9.7).
“A ereção de santuários é uma das melhores ocasiões para os homens mostrarem sua gratidão a DEUS, dando-Lhe algo que lhe pertence, abundante e liberalmente” (Ellicott, in loc.).
Êx 25.3 Ouro, prata e bronze. Três metais preciosos, alistados segundo a ordem de seu valor. Todos os três metais, do mais dispendioso ao mais barato, serviriam para o fabrico de itens do templo. Cf. a metáfora de Paulo sobre os materiais de edificação na vida espiritual (I Cor. 3.12 ss.). Os homens mais pobres, que não pudessem doar nem ouro e nem prata, podiam dar cobre. Cada dádiva teria sua utilidade; e cada indivíduo seria abençoado por dar o que pudesse.
Israel Tinha Recursos Próprios: Aquilo que eles tinham tomado dos egípcios (Êxo. 3.22; 11.2). Também devemos pensar no que eles tinham acumulado durante o exílio, e também o que haviam tomado dos amalequitas como despojo (Êxo. 17). Ver em Êxo. 35.22,24 o que seria possível amealhar. O ferro não é mencionado, pois esse metal limitar-se-ia ao fabrico de instrumentos agrícolas e armas de guerra. A tenda, um lugar pacífico, não precisaria de um metal usado em matanças.
Tipos. Os eruditos cristãos exageram sobre a questão dos tipos envolvidos no tabernáculo. Dou apenas alguns exemplos disso, Os materiais e suas cores recebem sentidos simbólicos: o ouro (a deidade em suas manifestações, e até mesmo a deidade de CRISTO, João 1.1,14). A prata (a redenção, Êxo. 30.12-16; 38.27). O bronze (julgamento, como foi do caso do altar e da serpente de bronze, Núm. 21.6-9).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 413.
2. Todo homem cujo coração o mover. Esta é a maneira pitoresca do hebraico expressar “todo homem que desejar”: o indivíduo não o podia evitar.
3. Ouro, prata e bronze. A última palavra seria melhor traduzida “cobre”. Driver ressalta que há um princípio definido pelo qual a proximidade a DEUS está relacionada ao valor do metal usado. A Arabá, ao sul do Mar Morto, era rica em minas de cobre: o ouro também era encontrado na península do Sinai. Se, como é provável, os midianitas fossem mineiros, Israel teria fácil acesso aos metais: além disso, o “despojo” do Egito, quando da partida, deve ser levado em conta (12:35). O fato de um povo nômade viver em tendas não implica em que não possua objetos preciosos: testemunha disso são os valiosos e raros tapetes em algumas tendas orientais hoje em dia. A despeito da opinião de Hyátt, a ausência de qualquer menção ao ferro nesta passagem é provavelmente uma indicação de uma data remota de composição.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 182-183.
“Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada”. E havia todas as razões do mundo para que eles fizessem isto, pois (v. 1): Quem solicitou foi o próprio DEUS, o DEUS que não somente os tinha engrandecido, mas os tinha enriquecido com os despojos dos egípcios. Ele os tinha instruído a tomar empréstimos, e tinha predisposto os egípcios a emprestar, de modo que por Ele eles tinham a sua riqueza, e por isto era adequado que a devotassem a Ele e a usassem por Ele, desta maneira proporcionando um reconhecimento agradecido dos favores que tinham recebido. Observe, em primeiro lugar, que o melhor uso que podemos fazer da nossa riqueza terrena é honrar a DEUS, com ela, em obras de piedade e caridade. Em segundo lugar, que quando formos abençoados com algum sucesso notável nos nossos negócios, e tivermos recebido, como dizemos, um favor, pode-se, com razão, esperar que devamos fazer alguma coisa extraordinária para a glória de DEUS, consagrando o nosso ganho, em alguma proporção razoável, ao Senhor de toda a terra, Miquéias 4.13. O santuário que devia ser erigido destinava-se ao beneficio e conforto do próprio povo, e por isto eles deveriam arcar com as despesas para a sua construção. Eles teriam sido indignos do privilégio, se tivessem reclamado desta incumbência. Eles podiam muito bem permitir-se oferecer livremente, para a honra de DEUS, enquanto vivessem livremente e sem despesas, tendo alimentos para si mesmos e para suas famílias, que choviam diariamente do céu sobre eles. Também devemos reconhecer que tudo o que temos é devido à generosidade de DEUS, e por isto devemos usar tudo para a sua glória. Uma vez que vivemos por Ele, devemos viver para Ele.
Esta oferta deveria ser oferecida voluntariamente, e de coração, isto é: Não lhes foi prescrito o que ou quanto deveriam dar, mas este particular foi deixado a critério da sua generosidade. Assim, eles poderiam demonstrar a sua boa vontade para com a casa de DEUS, e as suas funções, fazendo todas as coisas com uma santa emulação. O zelo de poucos estaria estimulando a muitos, 2 Coríntios 9.2. Nós devemos perguntar, não somente “O que devemos fazer?”, mas “O que podemos fazer, por DEUS?” Seja o que for que eles dessem, deveriam dá-lo alegremente, não reclamando e com relutância, pois “DEUS ama ao que dá com alegria”, 2 Coríntios 9.7. Podemos considerar aquilo que é colocado a serviço de DEUS, como sendo bem empregado.
Aqui é especificado o que eles deveriam oferecer (w. 3-7): Todas as coisas para as quais haveria razão de ser, no tabernáculo, ou para o seu serviço. Tudo o que foi provido era muito rico e elegante, e o melhor do seu tipo. Pois DEUS, que é o melhor, deve receber o melhor.
O próprio DEUS forneceria o modelo a Moisés: “Conforme tudo o que eu te mostrar”, v. 9. DEUS lhe mostrou um modelo exato do tabernáculo, em miniatura, ao qual ele devia obedecer, em todos os pontos. Da mesma maneira, Ezequiel viu a forma de uma casa e a sua figura, Ezequiel 43.11. Observe que o que quer que seja feito a serviço de DEUS deve ser feito segundo a sua orientação, e não de outra maneira. Quando Moisés, no início do livro de Gênesis, teve que descrever a criação do mundo, embora isto fosse uma criação tão grandiosa e curiosa, feita de tal variedade e quantidade de detalhes, ele fez um relato muito curto e genérico, em nada comparável com o que a sabedoria deste mundo teria desejado e esperado de alguém que escrevia por revelação divina. Mas, quando ele passa a descrever o tabernáculo, ele o faz com a maior meticulosidade e precisão imagináveis. Aquele que não nos explicou as linhas e os círculos do globo, o diâmetro da terra, ou a altura e a magnitude das estrelas, nos contou, detalhadamente, a medida de cada tábua e cortina do tabernáculo. Pois a igreja de DEUS e a sua religião instituída são mais preciosas para Ele, e mais importantes do que todo o restante do mundo. E as Escrituras foram escritas, não para nos descrever as obras da natureza, das quais uma visão geral é suficiente para nos levar ao conhecimento e ao serviço do Criador, mas para nos familiarizar com os métodos da graça, e aquelas coisas que são puramente questões de revelação divina. A bem-aventurança da nação futura é mais completamente representada sob a noção de uma nova Jerusalém do que sob a noção de novos céus e nova terra.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 312.
 
        A criação da Terra e de tudo o que foi criado por DEUS no início não era para ser copiado pelo homem, mas a criação do tabernáculo (figura do verdadeiro) deveria ser mencionada em detalhes para fosse reproduzido pelo homem, construindo o tabernáculo. (obs. Ev. Henrique)
 
As Ofertas para a Construção do Tabernáculo (25.1-9; cf. 35.4-19)
Antes da construção de um lugar de habitação para DEUS, o povo teria de levar suas ofertas. Cada israelita daria conforme o coração o movesse voluntariamente. A oferta para a casa de DEUS não era um imposto, mas uma doação de livre e espontânea vontade.
Os metais preciosos que Israel possuía nesta época eram provenientes da riqueza dos ancestrais e dos ricos presentes recebidos dos egípcios na saída do Êxodo. A pilhagem que os israelitas realizou entre os amalequitas angariou mais riquezas. A provisão de ouro foi abundante; também levaram prata e cobre (bronze, provavelmente).
O azul, a púrpura e o carmesim se referiam a fios de linho dessas cores. O linho fino era uma linha macia e branca torcida da fibra do linho. Pêlos de cabras eram comumente usados para confeccionar tendas, e tais materiais ainda hoje são utilizados para esse fim no Oriente Próximo.
O norte da África era famoso por suas peles de carneiros tintas de vermelho; Israel trouxe estes materiais do Egito. Visto que os texugos não eram naturais do norte da África, é provável que a palavra original se refira a alguma criatura marinha (cf. NVI, nota de rodapé; “peles finas”, ARA; NTLH). A madeira de cetim provinha da acácia, árvore encontrada com abundância na península do Sinai.
A descrição do azeite para a luz é mais detalhada em 27.20. As especiarias eram necessárias para fazer o óleo da unção e o incenso. Não está claro o que seriam as pedras sardônicas.
Israel tinha de fazer um santuário no qual DEUS habitaria. Embora o Senhor não possa ser contido em uma habitação, era do seu agrado se manifestar por meio de um edifício. O santuário seria feito de acordo com o modelo do tabernáculo mostrado no monte (9; cf. Hb 8.5).
O santuário, ou santo lugar, era alusão geral à totalidade das instalações do edifício, inclusive o pátio, ao passo que o termo tabernáculo ou “Tenda do Encontro” (27.21, NVI) se aplicava somente à tenda.
Mais tarde, o nome “templo” foi aplicado ao santuário depois de ficar mais permanentemente situado em determinado local (1 Sm 1.9; 3.3).
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 206-207.
3. Tudo segundo a ordenança divina (Êx 25.8, 9,40)
O segundo ponto é que o Tabernáculo também não poderia ser feito de qualquer jeito. Seus detalhes não foram entregues ao gosto de Moisés ou do povo. Não! O Tabernáculo deveria ser construído seguindo as minuciosas diretrizes divinas: “Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis” (Êx 25.9). DEUS não habitaria no meio do povo em um Tabernáculo construído como o povo queria, mas em um Tabernáculo construído como Ele queria.
O modelo tanto do santuário como de seus utensílios foi dado pelo próprio DEUS. E justamente por causa desse modelo preestabelecido, as ofertas alçadas também teriam que se enquadrar dentro de uma lista predeterminada pelo Senhor (Ex 25.3-7). O povo deveria ofertar espontaneamente, mas não poderia ofertar qualquer coisa. Ofertar espontaneamente não significa ofertar o que você quer, mas ofertar porque você quer.
Isso nos ensina que não podemos nos relacionar com DEUS e chegar a Ele como nós queremos, mas segundo os parâmetros estabelecidos por Ele para as nossas vidas. Não podemos apresentar ao altar de DEUS qualquer coisa, mas só aquilo que lhe agrada, que está dentro de sua vontade. Mais à frente, vemos DEUS afirmando que não receberia sacrifícios com animais imperfeitos nem aceitaria fogo estranho no seu altar (Lv 1.1-3; 10.1-3). Ou seja, a verdadeira adoração se dá segundo os parâmetros estabelecidos pelo próprio DEUS, os quais nos são expressos pela sua Palavra. Por exemplo: só podemos chegar a DEUS por meio de CRISTO (Jo 14.6); a verdadeira adoração deve ser em espírito e em verdade (Jo 4.23); o nosso culto deve ser racional (Rm 12.1); devemos envolver todo o nosso ser na adoração a Ele (SI 103.1; Rm 12.1); nosso zelo diante de DEUS deve ser com entendimento (Rm 10.2); devemos viver uma vida de santidade (Hb 12.14); devemos pedir a DEUS somente o que está dentro da sua vontade (1 Jo 5-14); devemos fazer tudo para glória de DEUS (1 Co 10.31); devemos colocar em primeiro plano em nossas vidas o Reino de DEUS e a sua justiça (Mt 6.33); em tudo o que fizermos deve haver uma intenção pura e genuína norteada pelo verdadeiro amor (1 Co 13.1-7); tudo que ocorrer no culto público deve ser “para edificação” (1 Co 14.26); o culto público deve ter louvor, Palavra e manifestação sadia de dons (1 Co 14.26); tudo deve ser feito “com decência e ordem” (1 Co 14.40); etc.
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 91-92.
A ORDEM DIVINA
Este capítulo é o começo de um dos mais ricos filões da mina inesgotável de inspiração—um veio no qual cada pancada do alvião (enxadão ou picareta) descobre riquezas incontáveis. Sabemos qual é o único alvião com o qual podemos trabalhar numa tal mina, a saber, o ministério distinto do ESPÍRITO SANTO. A natureza humana nada pode fazer aqui. A razão é cega e a imaginação completamente inútil; a inteligência mais elevada, em vez de estar em estado de interpretar os símbolos sagrados, parece-se mais a um morcego ante o resplendor do sol, chocando-se contra os objetos que é inteiramente incapaz de discernir. Devemos obrigar a razão e a imaginação a ficarem a parte, enquanto, com um coração puro, um olhar sensato e pensamentos reverentes entramos nos recintos santos e contemplamos fixamente o mobiliário cheio de significado. DEUS, o ESPÍRITO SANTO é o único que nos pode guiar através dos recintos da casa do Senhor e de interpretar para as nossas almas o verdadeiro significado de tudo que se apresenta à nossa vista. Querer dar a sua explicação com o auxílio de faculdades não santificadas seria mais absurdo do que tentar reparar um relógio com as tenazes e o martelo de um ferreiro."As figuras das coisas que estão no céu " (Hb 9:23) não podem ser interpretadas pela mente natural, ainda mesmo a mais cultivada. Devem ser lidas à luz do céu.
O mundo não tem nenhuma luz que possa revelar as suas belezas. Aquele que produziu as figuras é o único que pode explicar o que elas significam. E Aquele que deu os símbolos é quem pode interpretá-los.
Para a vista do homem parecerá que há irregularidade na maneira como o ESPÍRITO apresenta o mobiliário do tabernáculo; mas, na realidade, como poderia esperar-se, existe a mais perfeita ordem, a precisão mais notável e a exatidão mais minuciosa. Desde o capítulo 25 ao capítulo 30, inclusive, temos uma parte distinta do Livro do Êxodo. Esta parte subdivide-se em duas partes, das quais a primeira termina no versículo 19 do capítulo 27, e a segunda no fim do capítulo 30. A primeira começa com a descrição da arca do concerto, dentro do véu, e termina com o altar de bronze e o átrio no qual o altar devia ser posto. Quer dizer, dá-nos, em primeiro lugar, o trono do juízo do Senhor, sobre o qual Ele se assentava como Senhor de toda a terra; e este trono conduz-nos àquele lugar onde o Senhor encontra o pecador em virtude e com base na obra de uma expiação consumada. Depois, na segunda parte temos a maneira de o homem se aproximar de DEUS—os privilégios, as honras, e as responsabilidades daqueles que, como sacerdotes, podem aproximar-se da presença Divina para prestarem culto e gozarem da Sua comunhão. Deste modo a ordem é perfeita e bela. Como poderia ser de outro modo, visto que é divinal A arca e o altar de bronze apresentam, em certo sentido, dois extremos. A primeira era o trono de DEUS estabelecido em  "justiça e juízo " (SI 89:14). A última era o lugar onde o pecador podia aproximar-se, porque  "a misericórdia e a verdade " iam adiante do rosto de Jeová. O homem, por si mesmo, não ousava aproximar-se da arca para se encontrar com DEUS, porque o caminho do santuário não estava ainda descoberto (Hb 9:8).
Porém, DEUS podia vir ao altar de bronze para encontrar o pecador."A justiça e o juízo " não podiam admitir o pecador no santuário; mas a misericórdia e a verdade podiam fazer sair DEUS—não envolto naquele resplendor irresistível e majestade com que costumava brilhar do meio das colunas místicas do Seu trono— "os querubins de glória "—, mas rodeado daquele ministério gracioso que nos é apresentado, simbolicamente, no mobiliário e nas ordenações do tabernáculo.
Tudo isto nos pode muito bem recordar o caminho que percorreu Aquele bendito Senhor que é o antítipo de todos estes símbolos - a substância destas sombras. Ele desceu do trono eterno de DEUS no céu até à profundidade da cruz no Calvário. Deixou toda a glória do céu pela vergonha da cruz, a fim de poder conduzir o Seu povo remido, perdoado e aceito por Si Mesmo, e apresentá-lo inculpável diante daquele próprio trono que Ele havia abandonado por amor deles. O Senhor JESUS preenche, em Sua própria Pessoa e obra, todo o espaço entre o trono de DEUS e o pó da morte, assim como a distância entre o pó da morte e o trono de DEUS.
N'Ele DEUS desceu, em perfeita graça, até ao pecador, e n'Ele o pecador é conduzido, em perfeita justiça, até DEUS. Todo o caminho, desde a arca ao altar, está marcado com as pegadas do amor; e todo o caminho desde o altar de bronze até a arca de DEUS estava salpicado com sangue da expiação; e todo adorador ao passar por esse caminho maravilhoso vê o nome de JESUS impresso em tudo que se oferece à sua vista. Que este nome venha a ser o mais precioso de nossos corações! Vamos proceder agora ao exame dos capítulos que se seguem.
É interessante notar que a primeira coisa que o Senhor revela a Moisés é o Seu propósito gracioso de ter um santuário ou santa habitação no meio do Seu povo — um santuário formado de materiais que indicavam CRISTO, a Sua Pessoa, a Sua obra, e o fruto precioso dessa obra, como os vemos à luz, no poder e diversas mercês do ESPÍRITO SANTO. Além disso, estes materiais eram o fruto fragrante da graça de DEUS — as ofertas voluntárias de corações consagrados. Jeová, cuja Majestade o céu dos céus não poderia conter (l Rs 8:27), achava o Seu agrado em habitar numa tenda erigida para Si por aqueles que nutriam o desejo ardente de saudar a Sua presença no meio deles. Este tabernáculo pode ser considerado de duas maneiras; primeira, como uma  "figura das coisas celestiais"; e, segunda, como uma figura profundamente significativa do corpo de CRISTO. Os vários materiais de que se compunha este tabernáculo serão apresentados à nossa consideração à medida que formos desenrolando o assunto. Portanto, vamos considerar os três assuntos mais importantes que este capítulo põe diante de nós, a saber: a arca, a mesa e o castiçal.
C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editora Associação Religiosa Imprensa da Fé.
Um santuário. Ou seja, o tabernáculo, lugar onde a presença de DEUS poderia manifestar-se de modo especial. O termo santuário refere-se á inteira área sagrada fechada, incluindo o átrio. Foram baixadas instruções divinas quanto à sua construção (Êxo. 25.9,40; 26.30; 27.8). DEUS foi o seu arquiteto. O trecho de I Crô. 28.19 diz-nos que houve algum modelo divino envolvido na estrutura, e que os judeus tolamente imaginaram que havia um tabernáculo paralelo mais elevado, no próprio céu, e que foi copiado no tabernáculo terrestre. Essa ideia, parecida com a dos universais e os particulares de Platão, é ventilada em Heb. 9.23 ss, onde há notas completas no Novo Testamento Interpretado. “A noção de um modelo celestial de templos, objetos de culto e leis é universal no antigo Oriente Próximo” (J. Edgar Parke, in Ioc.). “Assim como a obra de criação precisou de sete dias, e assim como a edificação do segundo templo ocupou sete anos (I Reis 6.38), assim também a ereção do tabernáculo precisou de sete meses (cf. Êxo. 19.1 ss.; 24.18; 34.28; 40.17). A narrativa de Êxo. 39.1-31 divide-se em sete parágrafos, assinalados pela expressão ‘e Yahweh ordenou a Moisés’; o que também se vê em Êxo. 40.17-32. O editor arranjou a série de comandos em sete seções (25.1 ss.), cada qual começando com as palavras ׳e Yahweh falou a Moisés, dizendo. Algumas das seções, por sua vez, estão subdivididas em sete partes, cada qual começando pelas palavras ‘e farás”. (J. Coert Rylaarsdam, in Ioc.). Assim, o registro escrito foi feito com grande previsão e execução, visto estarem sendo tratadas questões de grande importância.
Para que eu possa habitar no meio deles. Um lugar onde a presença divina pudesse ter comunhão com os homens, na verdade um lugar humilde em comparação com as riquezas do culto do Egito e de outras nações, mas um lugar onde havia reais manifestações da divindade, e não próprias da idolatria. Ver também Êxo. 29.42-46; 40.34-38 quanto à ênfase sobre a habitação entre os homens. Como é claro, isso tipificava a encarnação do Logos (João 1.1,14), a habitação maior e o acesso superior (Atos 7.48).
O Tipo.
Um Tipo Tríplice:
1. A Igreja (o tabernáculo ou templo do Novo Testamento) é o lugar da habitação do ESPÍRITO de DEUS (Êxo. 25.8; Efé. 2.19-22).
2. O tabernáculo tipificava o crente individual, por igual modo (II Cor. 6.16).
3. Em seus vários itens de construções e de mobiliário, representava vários aspectos do caráter, do poder e das graças de CRISTO, sendo uma figura de coisas celestiais (Heb. 9.23,24).
Assim, na arca, feita de madeira revestida de ouro, temos o símbolo da natureza divino-humana de CRISTO (Madeira-Humano; Ouro-Realeza). Sua lei tem paralelo na lei do ESPÍRITO, implantada no coração do crente. A ressurreição é tipificada na vara de Arão que floresceu (Núm. 17.10). O propiciatório ou tampa da arca refere-se à graça da expiação (lugar da presença de DEUS).
 
SIMBOLISMOS DO TABERNÁCULO
1. Da igreja como a habitação de DEUS através do ESPÍRITO: Êxo. 25.8; Efé. 2.19-22
2. Do crente: II Cor. 6.16
3. Uma figura das coisas nos céus: Heb. 9.23,24
4. O propiciatório, o trono de DEUS; Seu lugar de manifestação: Gên. 3.24; Eze. 1.6; Rom. 3.15
5. A encarnação de CRISTO: Col. 1.19
6. Graus de acesso a DEUS, simbolizados por suas três cortinas e compartimentos internos. As divisões foram anuladas em CRISTO: Heb. 10.10 ss.
7. A auto-revelação divina e o progresso em revelação: Apo. 21.3. A revelação traz a salvação como seu maior benefício.
8. O tabernáculo era o centro da vida de Israel. As tribos acampavam ao redor dele. Quando substituiu o tabernáculo, o Templo se tornou o centro da atenção de Israel. Na época no Novo Testamento, o ESPÍRITO transforma cada pessoa em um templo e ali habita.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 414; 416.
 
 
II - O PÁTIO DO TABERNÁCULO
1. O pátio  "Farás também o pátio do tabernáculo” (Êx 27.9).
DEUS ordenara que o Tabernáculo deveria ter um pátio (Ex 27.9). Esse pátio tinha formato retangular e media cerca de 22 metros de largura por 45 metros de comprimento (Ex 27.18). Ele era cercado por cortinas e havia uma única entrada para ele. O pátio cercado por cortinas simbolizava a separação que deve haver para a adoração a DEUS. Como bem explica Matthew Henry, “o pátio era um tipo da igreja, fechada e separada do resto do mundo, encerrada por colunas, indicando a estabilidade da igreja, fechada com o linho limpo, que está escrito que é a justiça dos santos (Ap 19.8). Este eram os átrios pelos quais ansiava Davi e onde ele anelava residir (SI 84.2,10), e onde o povo de DEUS entrava com louvor e agradecimentos (SI 100.4)”.
A porta única de entrada para o pátio representava CRISTO, que é a única Porta de acesso a DEUS, o único Caminho para o céu (Jo 10.9; 14.6).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 93.
TEMPLO (ÁTRIOS)
Quatro átrios faziam parte do templo de Jerusalém:
1. O átrio dos gentios. Era assim chamado porque os gentios podiam entrar no mesmo, mas não mais adiante, sob pena de morte. Simbólico e espiritualmente, esse átrio mostrava que os gentios tinham um acesso apenas limitado à adoração e ao serviço de DEUS. Eles não podiam adentrar o santuário, e, muito menos ainda, o Santo dos Santos. Porém, em CRISTO todas essas barreiras foram derrubadas.
Agora há acesso a todos os crentes, até o trono de DEUS (Heb. 10: 19,20), por intermédio do Caminho, que é CRISTO. Temos acesso mediante o sangue de CRISTO, o novo e vivo caminho que nos foi aberto. Agora CRISTO é o nosso Sumo Sacerdote, e nós somos um reino de sacerdotes (Apo. I: 6; 5: 10). Mais do que isso, o crente tomou-se um templo do ESPÍRITO de DEUS (I Cor. 3: 16), e a Igreja, coletivamente falando, é o templo para habitação de DEUS, em ESPÍRITO (Efé. 2: 19,20).
2. O átrio de Israel. Os homens de Israel tinham o direito de admissão a esse átrio. Esse átrio representava um outro nível de acesso. Embora participassem da adoração no templo, os israelitas comuns não tinham acesso ao Santo dos Santos. Somente o sumo sacerdote, e isso mesmo apenas uma vez por ano, podia entrar ali, a fim de cumprir a expiação simbólica sobre o propiciatório. Ver Exo. 30:10.
3. O átrio dos sacerdotes. Era nesse átrio que ficava o altar dos holocaustos, e onde os sacerdotes e levitas exerciam o seu ministério. Esse átrio representava ainda um outro nível de acesso a DEUS, embora ainda não o mais elevado. Até mesmo o Santo dos Santos era mero símbolo e acesso preliminar. Portanto, o templo de Jerusalém, com suas muitas divisões e níveis de acesso, servia de tipo de um acesso gradual a DEUS. O evangelho de CRISTO elimina todas as divisões. Ver Efé. 2: 17 ss. O ESPÍRITO SANTO confere aos crentes o mais pleno acesso.
4. O átrio das mulheres. Esse átrio ficava um pouco mais próximo do santuário do que o átrio dos gentios. O átrio das mulheres era posto à disposição das mulheres israelitas. No entanto, em CRISTO não há qualquer distinção entre homem e mulher, no que concerne a privilégios espirituais (Gál, 3:28). Essa é uma doutrina revolucionária, exposta pelo cristianismo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 338.
27:9-19.o ÁTRIO.
9. O átrio do Tabernáculo. Esta área externa cercada provavelmente correspondia, como sugerido, a algo como um “curral” . No que diz respeito ao Tabernáculo, o átrio marcava os limites externos de sua santidade (cf. os demarcadores colocados ao redor do Sinai no dia em que DEUS desceu e Se revelou ali, (19:12). O futuro Templo em Jerusalém teria paredes para demarcar seus átrios (soreg). No deserto, a divisão correspondente era formada de uma série de postes que sustentavam pedaços de tecido, formando uma espécie de tela protetora como a usada hoje em dia ao redor de quadras de tênis. Seu propósito era oferecer uma área ampla ao ar livre (50m x 2Sm) onde o sacrifício pudesse ser realizado e outros ritos de natureza pública pudessem acontecer. Como o Tabernáculo propriamente dito ocupava apenas seis por cento da área do átrio, havia espaço de sobra, já que a época da Lei desconhecia as vastas multidões que lotavam os átrios do Templo em dias futuros (Is 1:12). Como em templos chineses na atualidade, só se ia ao Tabernáculo de YHWH com algum propósito específico, e normalmente só por ocasião de alguma festa religiosa. Em dias mais recentes, o número de átrios se multiplicou: aqui havia apenas um.
18. E cinco côvados de alto. A “cerca” ao redor do átrio parece ter tido dois metros e meio de altura (ninguém poderia olhar por sobre ela), mas possuía uma abertura em um dos lados, que funcionava como porta.
19. Todas as suas estacas. As estacas firmavam a estrutura como , um todo, tal como o fazem hoje com grandes tendas ou toldos.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 191.
 
 
2. O altar dos holocaustos.
A primeira coisa que era vista pela pessoa que adentrava o pátio era o Altar dos Holocaustos, que era feito de madeira de cetim (acácia) coberta de bronze e seu formato era de um quadrado com 2,25 metros de cada lado por 1,35 metro de altura (Ex 27.1,2). Era ali que os animais eram imolados em sacrifício para expiação dos pecados. O sangue das vítimas era colocado nas pontas do altar e o restante dele, derramado na sua base (Lv 4.7). O Comentário Bíblico Beacon afirma que as pontas projetadas nos quatro cantos do altar “tinham provavelmente a forma de chifre de animal”, o que fazia deles, conforme o costume da época, “símbolos de poder e proteção”. Donald Stamps acrescenta que simbolizavam, portanto, “o poder e a proteção através do sacrifício”, conforme pode ser visto nas passagens de 1 Reis 1.50,51 e 2.28, e Salmos 18.2.
Matthew Henry lembra que tanto os animais sacrificados sobre o altar como a própria constituição do altar com madeira coberta de cobre (ou bronze, que nada mais é do que a liga de cobre e estanho) apontam para CRISTO:
Este altar de cobre era um tipo de CRISTO. [...] A madeira teria sido consumida pelo fogo do céu, se não tivesse sido protegida pelo cobre. E a natureza humana de CRISTO não teria suportado a ira de DEUS, se não fosse sustentada pelo poder divino. CRISTO santificou-se pela sua Igreja, assim como o seu altar (Jo 17.9). E pela sua mediação Ele santifica os serviços diários do seu povo, que também tem o direito de comer deste altar (Hb 13.10), pois ali servem como sacerdotes espirituais. Às pontas deste altar, os pobres pecadores fogem em busca de refúgio, quando a justiça os persegue, e ali estão a salvo, em virtude do sacrifício ali oferecido.
Varas colocadas em argolas na estrutura do altar tinham a finalidade de propiciar o seu transporte pelos levitas (Ex 27.6,7), assim como acontecia com toda a mobília do Tabernáculo, que era móvel, com toda a sua estrutura desmontável. O altar era oco (Êx 27.8) e, como frisa o Beacon, “considerando que Israel só devia fazer altares de terra ou com pedras naturais, sem uso de instrumentos de ferro (Ex 20.24,25), julgamos que este altar semelhante a caixa era cheio de terra sempre que Israel assentava acampamento” e que “os animais sacrificiais eram colocados em cima da terra que enchia a armação de madeira e bronze”.
As instruções de Êxodo 20.24-26 sobre a construção de altares é bastante interessante. Diz DEUS:
Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, [...] [e] virei a ti e te abençoarei. E, se me fizeres um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; se sobre ele levantares o teu buril, profaná-lo-ás. Não subirás também por degraus ao meu altar, para que a tua nudez não seja descoberta diante deles.
Sobre esse final, é curioso ver o cuidado de DEUS com os detalhes; especificamente aqui, o cuidado para que alguém não se apresentasse diante dEle e do povo mostrando, mesmo que de modo involuntário, a sua nudez. Aliás, esse cuidado pode ser visto até na roupa dos sacerdotes, que era extremamente composta, formal e — devido à importante função que exerciam -— tinha também, claro, a sua imponência, além dos simbolismos (Ex 28.4-43).
Diante desse cuidado divino, não há como não pensar nos dias de hoje, quando muitos acham que podem cultuar a DEUS em público (não estamos falando aqui do privado) de qualquer maneira, mesmo com roupas que revelam a sua nudez. Ninguém está dizendo aqui que as pessoas devem ir para a igreja agora com as vestes dos sacerdotes do Antigo Testamento ou somente com roupas extremamente formais. A questão aqui são a compostura e a decência na Casa de DEUS, que muitas vezes são esquecidas.
Quanto aos demais detalhes dessa instrução sobre os altares em Êxodo 20, a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal traz uma importante reflexão: [DEUS] [...] concedeu-lhes instruções específicas sobre construção de altares, pois desejava controlar o modo de oferecer os sacrifícios.
Para evitar que a idolatria pervertesse a adoração, DEUS não permitiu que as pedras do altar fossem de alguma forma cortadas ou modeladas. Também não permitiu que o povo construísse um altar em qualquer lugar. Tal atitude visava a impedir que iniciassem suas próprias religiões ou mudassem o modo como DEUS desejava que as coisas fossem feitas. DEUS não é contra a criatividade, mas Ele não admite que criemos a nossa própria religião.
Como observa também o Comentário Bíblico Beacon, “a simplicidade do altar [de terra] fazia o homem tirar a atenção de si mesmo e das coisas materiais para [voltar-se para] o DEUS Exaltado. [...] [E] o uso de pedras em sua forma natural impedia que, nesta época, Israel fizesse embelezamentos artísticos, provavelmente por causa do perigo de idolatria”. Ou seja, o princípio aqui é claro: DEUS não é contra a criatividade, mas é preciso ter cuidado para que, em nome da nossa criatividade, não percamos a simplicidade ou mesmo subvertamos o modelo bíblico do culto a DEUS. Quando DEUS permitiu que Israel tivesse altares mais elaborados, que foram justamente o Altar dos Holocaustos e o Altar do Incenso, estes foram burilados conforme a determinação divina (Ex 27.1-8; 30.1-5).
COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 93-96.
ALTAR
Lugar de se entrar em contato com o poder divino, por meio de um sacrifício e de oferendas. As religiões primitivas supunham que o altar de uma divindade seria o lugar onde ela manifestava a sua presença. O altar (do latim, altus, estrutura elevada), presumivelmente chamava a atenção do poder invocado.
Oferendas eram postas nessas estruturas a fim de aplacar ou solicitar o favor do deus do altar.
I. Altares pagãos. Eram de muitos tipos, formatos e dimensões. Na Idade do Bronze Antiga, alguns altares eram de meras pedras arrumadas. Na Idade do Bronze Moderna, alguns altares eram retangulares, feitos de tijolos ou de pedras, erguidos com cimento de argila. Alguns altares eram estruturas imensas, e outros eram pequenos. Montões de pedras também serviam de altares, entre os povos pagãos.
II. Semitas. Eram similares aos altares acima descritos, em diferentes épocas. Altares foram edificados por Noé (Gên. 8:20), Abraão, em Siquém(Gên. 12:7), Isaque, em Beerseba (Gên. 26:25), Jacó, em Siquém (Gên. 33:20) e em Betel (Gên. 35:7), Moisés, em Refidim (Êxo, 17: 15) e Horebe (Êxo, 24:4). Na cultura semita, os altares usualmente eram erigidos com propósitos sacrificiais, mas não exclusivamente.
Muitos eram feitos de rocha natural, com canais para que escorresse o sangue; ou eram montes de terra ou rochas escavadas, com valetas ao redor, com o mesmo propósito. Cria-se que o sangue derramado sobre o altar estava carregado com o poder da divindade, sendo assim útil para vários ritos de purificação e busca de poder.
III. ALTAR DO TABERNÁCULO. Na verdade, dois eram os altares do tabernáculo.
Um deles, que ficava na metade oriental do trio, era de «bronze.., recoberto de madeira de acácia (Exo. 27:1-8). As suas dimensões eram 2,5 m x 2,5 m x 1,5 m. Era o altar dos holocaustos. Tinha chifres que se projetavam nas pontas, bem como argolas e varas para ser transportado. Não havia topo, e talvez contasse com uma armação gradeada de metal, cheia de terra, o que explica como era resistente ao fogo ali posto.
O segundo desses altares era menor, com 0,5 m x 0,5 x 1,0 m, de madeira de acácia recoberto de ouro (Êxo, 30:1-10). Tinha quatro chifres e uma borda de ouro, com argolas e varas para ser transportado. Era o altar do incenso, símbolo de nossas orações e intercessões (Lev. 16: 12) - Ficava no lugar santo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 122-123.
ALTAR (mia; local de sacrifício, plataforma elevada).
1. O nome. A palavra comum em latim para altar era ara. Os termos altare ou altariwn, dos quais nosso termo em português deriva, são posteriores, criados no ambiente eclesiástico. Era um substantivo formado a partir do adjetivo altos, que significa “elevado” e implica na ideia de alguma estrutura alta, com um topo plano, sobre o qual eram colocadas as ofertas para uma divindade ou eram feitos sacrifícios.
O termo grego comum era bomós, o qual aparentemente deriva-se de baino, “vir” ou “ir”. Assim, o significado básico seria “aproximar”, visto que se aplicava originalmente a qualquer plataforma elevada sobre a qual se colocava algo — como, por exemplo, um estacionamento alto para carruagens (Ilíada 8.441) ou a base de uma estátua (Odisseia 7.100). Aparentemente os antigos sentiram a necessidade de acrescentar o adjetivo hieros (“santo”) quando o termo bomos era usado para indicar um altar propriamente dito. No NT, este termo grego é empregado apenas uma vez, justamente em referência ao altar ateniense dedicado ao deus desconhecido. O termo marca a característica de Paulo de adaptar seu discurso à sua audiência não cristã (At 17.23).
O significado fundamental do termo hebraico é o local elevado onde o sacrifício era feito, embora tenha passado a ser usado para qualquer forma de mesa de oferta, como o “altar do incenso” (Êx 30.1-10).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 236.
27:1-8. O ALTAR. Conforme ressaltado por Napier, há um constante movimento em direção ao exterior na ordem de descrição dos objetos.
Primeiro há a descrição da arca, na parte mais sagrada do Tabernáculo, e do candelabro, na parte mais ampla do Tabernáculo. Aí o movimento cessou por um pouco, para descrever a construção do Tabernáculo. Uma vez fora da tenda, caminhamos em direção ao altar, e ao átrio em que ele ficava. Quanto mais nos afastamos do centro, menos preciosos se tornam os materiais, e menos complexa a estrutura. Mais uma vez o simbolismo é claro.
1. O altar de madeira de acácia. Para permitir sua mobilidade, o altar foi feito de chapas de madeira de acácia revestidas de placas de cobre.
Era de formato quadrado, com aproximadamente 2,5 metros de lado, bem menor que o altar de cobre construído por Salomão, séculos mais tarde, que tinha 10 metros de lado por 5 metros de altura (2 Cr 4:1). Provavelmente os altares “de terra” e “de pedras toscas” previamente mencionados (20:24,25) eram de uso estritamente local, a não ser que admitamos (como fazem alguns comentaristas) que o interior desta estrutura oca de madeira e cobre ficasse sempre cheio de terra ou pedras não-lavradas até uma altura apropriada, de modo a que o altar continuasse a observar as regras do livro da aliança.
2. Farás levantar-se quatro chifres. Pontas em forma de chifre nos quatro cantos do altar, como era comum à maioria dos altares antigos. Tais chifres podem ter representado, no passado, os chifres dos animais oferecidos em sacrifício. Mais tarde passaram a ter a útil função de ganchos aos quais os sacrifícios podiam ser amarrados (SI 118:27), ou aos quais criminosos involuntários se agarrassem. Uma vez que o altar era “um santuário” , jima “cidade de refúgio” em miniatura, o réu podia-se agarrar a esses chifres, fazendo de si mesmo um sacrifício vivo, devotado a YHWH, e assim sob Sua proteção.
4. Uma grelha de bronze. Esta descrição não deixa suficientemente clara a posição e o propósito da grelha de bronze. Como a maioria dos altares, este era oco (v. 8). A grelha de bronze provavelmente repousava sobre uma saliência na parede interior do altar, na metade de sua altura (38:4, N.T.). Neste caso, o que se fazia com a carne era virtualmente um churrasco, permitindo que a gordura e as cinzas caíssem ao fundo do altar através da grelha. Isto explica a maneira pela qual o novo altar de Jeroboão em Betel “se fendeu” , espalhando cinza por todo lado, para grande transtorno do rei (1 Rs 13:5), e também porque se fizeram pás e bacias para “raspar” o altar, tal como se faz com uma lareira ou incinerador (v. 3). Isso também explica como era possível usar um altar de madeira sem que esta se queimasse. O fogo jamais entrava em contato com a madeira, que era apenas uma armação oca. A maioria dos comentaristas, entretanto, prefere seguir a sugestão de Driver, que afirmava que a grelha de bronze era a metade inferior da parede externa do altar, que permitia a passagem de uma corrente de ar para alimentar o fogo.
Este era o único altar de sacrifício no santuário israelita nos primeiros dias: o sangue era besuntado em seus “chifres” quando da expiação cerimonial, e sobre ele os holocaustos ou ofertas queimadas eram colocados. As libações eram derramadas ao lado dele e sobre ele o sangue era aspergido. É normalmente chamado “o altar de bronze” , em vista de sua aparência externa, embora fosse, na realidade, construído de madeira. O incenso, por outro lado, era oferecido num altar menor, que aparece, quase que como uma lembrança de última hora, em cap. 30. Este também era feito de madeira de acácia, mas revestido de ouro, não de cobre ou bronze.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 189-191.